–Cara, tome mais um pouco de Vodka! Vai precisar de muita coragem agora! – João disse.

–Eu acho que você não terá coragem... Acho muito imprudente! Ela é linda demais pra você. – Ana murmurou.

–Eu vou tentar! Não vai me acontecer nada! É hoje, ou nunca mais. Estamos na festa de encerramento do terceiro ano. Não vou ver mais ninguém!

–Os benefícios de ser nerd, e passar na universidade mais foda do Rio de Janeiro. – João disse rindo.

–Mas, ainda terá que aturar olha para ela! Ou você não sabe que ela também foi aceita na mesma faculdade que você? – Ana novamente tentava me fazer desistir.

–Ana, eu não vou desistir! É a minha chance! Vocês fizeram tudo como eu pedi? – Olhei para os dois.

–Sim cara! - João me deu um soco ombro. Sorri para os dois.

’Amor da minha vida

Daqui até a eternidade

Nossos destinos

Foram traçados na maternidade”

Conheço Júlia desde o jardim, e ela sempre ela foi tímida. Fomos amigos até o 6 ano, e lá ela já tinha todos os planos e sonhos traçados. Já havia escolhido até mesmo a faculdade que iria cursar.

Foi por causa deste sonho dela que passei a me esforçar, comecei a aprimorar minhas médias, estudar muito, e tentar ser o melhor da turma. Está faculdade era só para os melhores do Rio.

Paixão cruel, desenfreada

Te trago mil rosas roubadas

Pra desculpar minhas mentiras

Minhas mancadas

Logo percebi que estava apaixonado por ela. Não era normal agir assim por ninguém, nem meus pais conseguiam me fazer estudar. E ela, apenas com seus sorrisos e sonhos, me deu um animo pra isso.

Passei a babar por ela, inventar pequenas mentiras, tudo pra ter mais assunto. Coisa de criança... Pena que as mentiras tem pernas curtas, e ela não aceitava mentiras.

Fomos nos distanciando, e quando vi... Erámos apenas colegas de sala.

“Exagerado

Jogado aos teus pés

Eu sou mesmo exagerado

Adoro um amor inventado”

Talvez fosse uma ilusão de minha mente, mas eu via seus sorrisos, seus olhares, todos direcionados para mim. Está noite eu poderia estar fazendo a maior burrada da minha vida, porém é melhor se arriscar agora, do que depois chorar por nunca ter tentado nada.

Isso poderia ser um amor inventado por minha mente, mas, eu tentaria. E que a sorte fosse minha companheira está noite.

“Eu nunca mais vou respirar

Se você não me notar

Eu posso até morrer de fome

Se você não me amar”

–Sem querer ser estraga prazeres que nem a Ana... Mas... Felipe você tem certeza disso cara?

–Eu não pratiquei canto por tanto tempo atoa! Eu tenho que fazer isso!

–Ok, não seja tão obcecado cara! – Começou a rir.

–Eu a amo a tempo demais, não sou obcecado, sou apaixonado.

–Então vai lá, está na hora! Boa sorte! – E me abraçou. João era o tipo de amigo que já é irmão.

–Boa sorte otário! Depois chore no colo do João, e não no meu!

–De nada ranzinza. – A abracei apertado.

Sai caminhando em meio à multidão, já havia a reparado desde o inicio da festa. Estava num cantinho, junto a Mirella, sua única amiga.

Assim como eu, ela sempre teve poucos amigos, sempre estudou, e sempre foi linda.

Ok, eu não sou lindo. Sou um cara normal, magrelo, não sou fortão, meus cabelos estão um pouco longos, meus olhos são escuros... Enfim, um adolescente que já é quase um homem. Ela á linda, alta, não é magrela, tem um sorriso doce, cabelos médios, olhos castanho claros, cabelos cacheados... Uma linda morena, a minha futura morena.

“E por você eu largo tudo

Vou mendigar, roubar, matar

Até nas coisas mais banais

Pra mim é tudo ou nunca mais”

Jorge estava no palco, sendo o animador da festa, sempre foi popularzinho na escola, mas nunca judiou dos nerds. Ele sabia que precisaria de nós, e nós sabíamos que precisaríamos dele.

Tomei coragem e me aproximei dele.

–Jorge? – Ele se virou assim que o chamei.

–Fala Felipe! Tudo bem cara? – Sorriu alegre, provavelmente já estava quase bêbado.

–Tudo sim. Preciso de um favor... Me ajuda? – Ele me olhou desconfiado.

Logo atrás de mim estava João. Ele carregava uma sacola de lixo preta, e encarava Jorge. Eu sabia que os dois eram muito amigos, então Jorge nos ajudaria.

–Claro! O que você precisa?

–Preciso usar o palco!

–Para...?

–Jorge, sem perguntas! – João interviu.

–Ok... Sobe lá!

“E por você eu largo tudo

Carreira, dinheiro, canudo

Até nas coisas mais banais

Pra mim é tudo ou nunca mais”

Respirei fundo e subi no palco. João fez um furo no saco, e se sentou no chão.

Sentei no banquinho (que estava ali, pois estávamos esperando uma banda chegar), e liguei o microfone.

–Hum...Boa noite! Muitos de vocês devem estar se perguntando o que estou fazendo aqui né? – Encarei os olhos dela, era dela que eu precisava pra ter coragem. O auditório estava cheio, adolescentes de outras séries vieram comemorar conosco. – Gostaria de oferecer está música que irei tocar para uma garota do 3 ano. – As meninas começaram a se encarar, João se levantou e pegou o violão que Ana estendia na direção do palco. O pegou e me entregou.

–Eu amo você Marcela, desde o 6° ano, e eu gostaria de me desculpar por todas as besteiras que eu falava naquela época. Com o passar dos anos, eu finalmente percebi que te amo. Amo muito, e faria qualquer coisa por você! Todos vocês sabem que sou muito tímido, mas, os nerds também amam! – E sorri a olhando. Os olhos dela passaram a mirar o chão.

Comecei a tocar:

https://www.youtube.com/watch?v=ZBwjT-3t2O8

“Jogado aos teus pés

Com mil rosas roubadas”

Enquanto eu cantava e tocava, João jogava as rosas. Sim, tinha rosas naquele saco de lixo preto. A música foi fluindo, alguns cantavam, outros se beijavam...

E enfim a música se acabou. Voltei a procurar o olhar de Marcela... E ela havia sumido. Sorri triste. As lágrimas já enchiam meus olhos. Desci do banquinho, agradeci, e já ia saindo do palco.

–Ei Pedro! Tá achando que vai ser fácil se livrar de mim? Vem aqui se declara e vai embora? Quero meu beijo, quero seu beijo, meu exagerado.

As pessoas começaram a assoviar e bater palma, enquanto ela se aproximou e me abraçou. Afastei seu rosto do meu ombro, acariciei seu rosto e a beijei.

“Exagerado

Eu adoro um amor inventado’’