I Want To Believe escrita por Hunter Pri Rosen


Capítulo 8
Final


Notas iniciais do capítulo

Final? Já? Sim, já, meu povo e minha pova!

Quando eu decidi participar do desafio, coloquei na minha cachola que escreveria uma fic curta, no máximo 10 capítulos, com 2000 palavras por capítulo. As coisas tomaram um rumo meio diferente, mas acho que fiquei na média kkkkk

Eu planejava desenvolver muito mais o enredo, mas acabei tendo alguns bloqueios e pouca disponibilidade para escrever, então tive que enxugar algumas coisas e formular outras. Mesmo assim, adorei participar do desafio e amei escrever sobre Arquivo X. Escrevi mais para mim mesma do que visando leitores, pois sei que este fandom não é muito popular.

Nunca tinha escrito ficção científica e este desafio serviu como experiência. Da próxima vez que eu for escrever sobre este gênero, não será mais um bicho de sete cabeças.

Enfim, sem mais delongas... O último capítulo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/634715/chapter/8

O que mais eu devia fazer? Scully desmaiou, Mia desmaiou, Chris e a sua esposa ficaram muito assustados. Eu também fiquei.

Então eu fiz o que tinha que fazer, a única coisa que eu podia fazer, o que Scully me orientou a fazer. Afinal, eu não podia ser egoísta nesta situação. Não importa o que eu queira mostrar para o mundo, isso não pode estar acima da vida da minha parceira e melhor amiga, muito menos acima do bem estar de uma criança como Mia.

Então eu... Eu envolvi o FBI nisso. E eles vieram bem rápido, por sinal. Assumiram as investigações rapidamente, enquanto eu, Chris e sua esposa nos encarregamos de levar Mia e Scully para um hospital da cidade mais próxima. Elas passaram por alguns exames e estão em observação no momento.

Por sorte, não correm nenhum tipo de perigo. Os médicos disseram que as duas vão ficar bem. No fim, não foram contaminadas nem nada parecido por aquela energia proveniente da espaçonave.

Estou no quarto de minha parceira de Arquivo X agora, sentado em uma cadeira bem desconfortável ao lado de sua cama, observando-a dormir.

Sinto um alívio profundo quando ela suspira, se mexe um pouco e finalmente começa a abrir os olhos.

Então, me levanto imediatamente e me aproximo dela, enquanto digo:

— Scully? Oi... Como você está se sentindo?

Ela se mexe mais um pouco, olha intrigada na direção da janela — provavelmente estranhando o fato de que está entardecendo lá fora — se foca em mim e responde com outra pergunta:

— O que aconteceu?

Controlo certa vontade de rir e explico:

— Os médicos disseram que você desmaiou devido a uma crise de hipoglicemia. — Observo-a por um instante, enquanto ela assimila o que ouviu, e então resolvo brincar: — Por que você não disse que estava com fome, Scully? Ninguém ia te julgar por você querer repetir a sobremesa. Ainda mais porque a Sra. Barden se superou com aquele suflê. Eu repeti.

Algo que eu disse, provavelmente a menção à esposa de Chris, chama a atenção de minha parceira para outra questão, fazendo-a indagar ansiosa:

— E Mia? Como ela está?

Recordo exatamente as palavras dos médicos que atenderam a menina e exponho com calma para não alarmar Scully:

— Fisicamente, ela está bem. Psicologicamente... Mia está sofrendo com um choque pós-traumático. Mas não se preocupe, ela está sendo bem cuidada, os médicos disseram que é apenas uma questão de tempo para que ela supere o trauma e o FBI se encarregou de financiar qualquer tratamento psicológico que ela venha a precisar. Vocês duas estão clinicamente bem, é o que importa.

Imediatamente, Dana franze o cenho e replica:

— O FBI vai financiar um possível tratamento? Como assim?

Respiro fundo, avalio a melhor forma de explicar a atual situação, mas, como sei que não preciso de meias palavras para falar com minha parceira de Arquivo X sobre qualquer coisa, resolvo expor de uma vez:

— Depois que você e Mia desmaiaram, eu, Chris e Mary trouxemos vocês duas para cá e, durante o trajeto, eu liguei para o Skinner e expliquei tudo o que aconteceu. Então... O FBI assumiu o caso prontamente.

— Mulder... Nós somos do FBI — Dana diz meio confusa.

Respiro fundo mais uma vez e resolvo ser mais claro:

— Nós estamos fora, Scully. Aparentemente, tinha uma equipe do FBI em Dallas, investigando um caso de homicídio, e agora mais agentes estão vindo de Washington D.C. para cá.

Inconformada, minha parceira contrapõe:

— Mas o Diretor Skinner não pode nos tirar das investigações assim. Nós temos que falar com ele e...

Percebendo que ela não entendeu o X da questão, a interrompo revelando:

— Skinner também está fora, Scully — E enquanto a observo ligeiramente boquiaberta, acrescento: — Ele tentou nos manter no caso, mas... Acabou sendo designado para outra investigação.

Após um longo momento de silêncio, provavelmente assimilando o que tudo isso significa, minha parceira indaga, como alguém que já sabe a resposta:

— E quem está à frente das investigações agora?

Sem conseguir disfarçar a minha insatisfação, respondo a contragosto:

— Kersh.

E eu não preciso dizer mais nada, já que o Diretor Assistente Alvin Kersh não inspira um pingo de confiança em Scully, tampouco em mim. Ambos sabemos, por experiência própria, que não podemos confiar nele. Isso porque, no que Kersh pôde nos atrapalhar em determinadas investigações, ele atrapalhou. Ele é, quase declaradamente, contra a existência do departamento Arquivo X.

Estou pensando nisso, quando Scully solta um suspiro de desânimo e lamenta com um ar de culpa:

— Mulder, eu sinto muito.

Imaginando o que ela está pensando e sentindo neste momento, tento tranquilizá-la:

— Eu não me arrependo de ter acionado o FBI, Scully. Você e Mia tinham passado mal. Não foi nada grave, mas podia ter sido, e eu fiz o que tinha que ser feito. Além disso, ser afastado do caso não me surpreende nem um pouco. Eu já imaginava que isso podia acontecer.

Prontamente e com uma culpa ainda mais palpável, minha parceira replica:

— E foi por isso que você não quis envolver o FBI, Mulder. E você estava certo. Me desculpe mesmo, eu...

Quase sem perceber, me aproximo um pouco mais da cama, seguro a mão direita de Scully sobre o lençol do hospital e tento tranquilizá-la mais uma vez:

— Está tudo bem. Mas da próxima vez, repita a sobremesa, okay? Você me assustou.

Percebo que acabei soando preocupado demais e vejo Scully olhando para nossas mãos juntas. Nos entreolhamos um tanto constrangidos por tempo demais.

Então, eu engulo em seco e me obrigo a soltá-la, antes de recomeçar como se nada tivesse acontecido:

— Olha... Não importa o que Kersh ou qualquer pessoa acima dele faça agora. Nós sabemos o que vimos naquela fazenda, Scully. Nós sabemos o que está por vir. Nós sabemos que isso não é um caso comum, é o futuro da humanidade que está em jogo. E eles podem até nos tirar das investigações, mas não vão tirar a verdade de nós. Nós sabemos e vamos continuar sabendo.

— E o que nós vamos fazer com essa verdade, Mulder? — ela questiona visivelmente perdida, talvez se sentindo de mãos atadas. — A quem nós vamos recorrer agora e como vamos impedir uma possível invasão da Terra? Eu duvido que alguém sequer acredite em nós. Aliás... Com certeza, vão nos taxar de malucos.

Sorrio inevitavelmente por já ser tratado assim há muito tempo. E numa tentativa de descontrair um pouco a situação complicada na qual nos metemos, brinco:

— Você se acostuma com o tempo — Assim que Scully entende a piada e relaxa um pouco, eu recomeço: — Olha, vamos por partes, okay? Primeiro, eu vou chamar um médico para te avaliar, e se você estiver em condições de receber alta, nós podemos ir para o hotel onde eu estou hospedado e pensarmos em alguma coisa. Quem sabe invadir a fazenda de madrugada e recolher algumas provas? As fotos que você tirou dos círculos nas plantações e as amostras que recolheu do solo ainda estão lá. Pode ser um começo.

Depois de me encarar por alguns instantes, Dana respira fundo, assente com um meneio de cabeça e concorda:

— Tudo bem. Pode ser um começo.

Então, lhe lanço um sorriso tranquilo e deixo o quarto a fim de chamar o médico.

XXX

Minha parceira de Arquivo X teve alta uma hora depois da visita do médico. Ele não receitou nenhuma medicação e assegurou que Dana Scully está em ótimas condições de saúde.

Antes de deixarmos o hospital, tentei me despedir de Chris e de sua família. Pretendia perguntar por Mia também, mas, para minha surpresa, recebi a informação de que a menina tinha sido transferida para uma clínica particular em uma cidade vizinha há uns quarenta minutos.

Então, liguei para o meu amigo e ele confirmou tudo. Assegurou que Mia está bem, mas disse que depois de tudo o que aconteceu, e do que poderia ter acontecido com a filha, ele vai se afastar por tempo indeterminado de qualquer assunto relacionado a OVNIs.

Pode ser paranoia minha, mas tive a impressão de que Chris quis encerrar a ligação logo e que talvez, alguém do FBI ou por trás do FBI o orientou a se afastar de mim e de Scully. Com certeza porque Christopher Barden é uma importante testemunha do caso, bem como Mary e a filha. Com certeza, estão querendo dificultar o meu trabalho e de Scully para nos forçar a desistir. Mas... Não é o que nós faremos.

Christopher pode estar pensando em sua família agora e pode ter sido coagido de alguma forma para esquecer o que viu naquela fazenda, mas nem eu nem Scully vamos desistir de mostrar ao mundo o que vivenciamos naquele lugar.

Ainda mais porque isso não é o tipo de coisa que podemos deixar de lado e seguir com a vida. É do futuro do planeta que estamos falando. É de um possível envolvimento do governo em um projeto de colonização alienígena que estamos falando. O mundo precisa saber. E de alguma forma, nós temos que impedir que o projeto se concretize.

A princípio, o que eu e minha parceira precisamos é de provas. Fotos, amostras do solo, depoimentos dos funcionários da fazenda, talvez gravar alguma atividade extraterrestre durante esta madrugada, qualquer coisa. Precisamos de provas para corroborar o que vimos nos últimos dias.

E é pensando em obter tais provas, que nos dirigimos à fazenda por volta das duas da madrugada.

Fomos às escondidas e esperando encontrar muita segurança nas imediações, porém, tudo o que encontramos foi... Um mundo em chamas e agentes do FBI retirando os funcionários da fazenda às pressas e os enviando sabe-se lá para onde.

Em choque e sem a necessidade de nos escondermos mais, já que ninguém está preocupado com nós neste momento, eu e Scully saímos do meu carro e assistimos a fazenda da família Barden ser consumida por um incêndio em proporções catastróficas.

Claro que a área mais atingida foi o milharal. E claro que, quando o incêndio finalmente foi contido por uma equipe de bombeiros que chegou uma hora depois, o estrago já era completo.

Não havia mais nenhum desenho ou círculo nas plantações. Porque não havia mais plantações. Tudo estava coberto por cinzas e mato retorcido. Em alguns pontos, a fumaça ainda emanava do chão.

A casa de Chris foi completamente destruída pelas chamas, junto com qualquer prova que eu e Scully pensávamos em recuperar.

Ouvindo uma conversa paralela entre dois agentes do FBI, soube que a área onde os animais ficavam não foi atingida pelo incêndio. Claro, afinal não era necessário destruir tudo, apenas a parte que podia trazer a verdade à luz. E agora tal verdade está simplesmente perdida junto com todas as provas de atividades extraterrestres neste local.

Agentes do FBI caminham por toda a parte e alguns bombeiros trabalham nas últimos focos de incêndio, quando deixo este cenário de apocalipse dominar minhas retinas por um momento e depois caminho até o meu carro, sentindo-me desolado e perdido.

Sem dizer nada, Scully me segue e entra no veículo logo depois de mim. Ficamos em silêncio por um bom tempo. A incredulidade e a sensação de frustração pairando no ar, até que ela pergunta:

— O que nós vamos fazer agora, Mulder?

Demoro uma eternidade para responder porque, honestamente, não sei o que lhe falar.

Então, resolvo dizer a única coisa que me vem à cabeça neste momento:

— Voltar para Washington D.C. — E quando ela olha para mim com uma expressão resignada e perdida, completo: — Nós temos muito trabalho pela frente, Scully.

Pela janela do carro, minha parceira observa o cenário desolador a nossa volta e replica:

— Mas tudo se foi, Mulder. Nós vamos ter que recomeçar do zero.

Sorrio discretamente e, embora eu esteja tão desanimado quanto ela, argumento pausadamente:

— Não será a primeira vez. Mas agora é diferente. Agora você acredita.

Scully volta a olhar para mim, fica pensativa por alguns instantes — talvez ainda assimilando o fato de que seres extraterrestres não só existem, como estão mais presentes em nossas vidas do que imaginamos — e finalmente confirma:

— Sim, eu acredito.

Lhe lanço um leve sorriso de satisfação e, em seguida, mudo um pouco o foco da conversa, insinuando:

— E a boa notícia é que nós não somos os únicos que teremos que recomeçar do zero.

No mesmo instante, minha parceira franze o cenho e questiona interessada:

— Como assim?

Com certo medo de soar ridículo para ela, começo com cuidado:

— Eu ia te contar quando você acordou hoje no hospital, mas decidi deixar para depois. É que... Eu tenho uma teoria sobre os círculos na plantação.

Ainda mais interessada, Scully me incentiva a prosseguir:

— Eu estou ouvindo.

Então, me encho de coragem e começo, relembrando algo que ouvimos na madrugada anterior:

— A Mia citou um mapeamento e disse que a sua conclusão era necessária para que os outros pudessem vir, lembra? — Assim que Scully afirma com um meneio de cabeça, insinuo: — Alguns desses desenhos eram tão grandes que... Com certeza poderiam ser vistos a uma distância razoável do solo.

Minha parceira me encara em silêncio por um bom tempo, até que pergunta:

— O que você está tentando dizer com isso, Mulder?

Espero que ela não ria de mim nem ache isso absurdo demais, mas tenho que lhe contar a conclusão que tirei de tudo isso. E, sendo assim, me encho de coragem mais uma vez e arrisco:

— E se os círculos faziam parte de um tipo de... Mapeamento para pouso, Scully? Para que outras espaçonaves, como aquela que você viu, soubessem exatamente onde tinham que pousar? E se a invasão da Terra fosse começar por aqui? No Texas. E se o governo, dadas as circunstâncias e todo o barulho que nós dois poderíamos fazer, preferiu destruir este mapeamento, do que correr o risco de ser desmascarado? E se os... Homenzinhos verdes estiverem prontos para começar um novo mapeamento longe daqui?

Vejo o olhar de Scully oscilando um pouco e seus lábios se entreabrem, como se ela estivesse absorvendo tudo o que eu disse, tudo o que vimos desde que nos envolvemos neste caso, ligando os pontos e pensando no que dizer agora, mas não soubesse o quê ou como falar.

Estou quase lhe pedindo para falar qualquer coisa — já que este silêncio e a possibilidade dela achar a minha teoria maluca são verdadeiras torturas para mim —, quando Scully finalmente volta a focar o seu olhar no meu e, para meu alívio, diz:

— É uma boa teoria, Mulder. E você está certo, nós temos mesmo muito trabalho pela frente.

Nos entreolhamos por alguns instantes e, profundamente satisfeito por poder contar com Scully como sempre, ligo o carro e dou partida.

No entanto, quando cruzamos a saída da fazenda, vejo algo na estrada e freio bruscamente, levantando uma nuvem de poeira e fazendo o carro sacolejar um pouco.

Assim que eu e Scully nos endireitamos nos assentos, olhamos para Toby no meio da estrada de terra.

O animal parece um pouco debilitado e assustado. Com certeza escapou por pouco do incêndio na fazenda. E eu duvido que Chris venha buscá-lo tão cedo. Ele gosta do animal, mas evitará ao máximo voltar aqui.

Aliás, eu aposto que o FBI vai providenciar uma residência temporária para ele e a família, para que esqueçam de vez o que vivenciaram na fazenda. Para que esqueçam até mesmo onde ela fica.

Sendo assim, troco um olhar cúmplice com Scully, e antes que eu diga qualquer coisa, ela abre a porta, sai do veículo, abre a porta dianteira e chama o animal.

Toby vem até nós de bom grado, correndo, aos pulos, e se acomoda no banco detrás sem qualquer cerimônia.

— Bem vindo ao time, amigão — lhe digo, antes de Scully voltar para o carro e finalmente irmos embora daqui.

Uma semana depois

I want to believe. É o que diz o pôster na parede de minha sala e de Scully, aqui no subsolo do FBI. E enquanto o observo, penso em tudo o que aconteceu nos últimos dias e também nesta manhã.

De repente, uma batida na porta me desperta, olho para trás e vejo Dana Scully parada na soleira. E... Por mais que eu tente recriminar tal pensamento, não consigo e simplesmente penso: Scully está a cada dia mais bonita.

E tenho que admitir que há algo nela, muitas coisas, na verdade, que me fascinam cada vez mais. E cada vez mais, me pergunto se... Por acaso... Um dia quem sabe, nós poderemos ser mais do que dois bons amigos e colegas de um trabalho desacreditado. Espero que sim. E espero que o mundo esteja a salvo até lá.

Depois de pigarrear — provavelmente porque devo estar com uma expressão comprometedora enquanto a encaro e penso nessas coisas —, Scully pergunta:

— Como o Toby está?

Me recomponho rapidamente e respondo:

— Destruindo o meu apartamento desde que chegou. Por falar nisso, eu estava pensando, nós podíamos compartilhar a guarda dele. O que você acha?

Sem conseguir conter um sorriso, Scully cruza os braços e redargui:

— Para que ele destrua o meu também? Não, obrigada. Eu prefiro visitá-lo sempre que possível no apartamento do pai.

Mesmo a certa distância, vejo as bochechas de Scully corarem de repente e me pergunto se é pela mesma coisa que eu pensei neste momento: se eu sou o pai de Toby, ela é a mãe com certeza.

Ainda um pouco constrangida, mas sem retirar o que sem querer acabou insinuando, minha parceira pigarreia novamente e recomeça:

O Skinner disse que você queria falar comigo.

— Feche a porta — oriento prontamente.

Intrigada, ela acata o meu pedido, depois caminha até mim e indaga:

— Aconteceu alguma coisa?

— Duas coisas — anuncio e então revelo a primeira delas: — Eu consegui localizar um dos funcionários da fazenda esta manhã. O Sr. Kent, um dos que cuidavam das plantações.

— E? — Scully arqueia as sobrancelhas, demonstrando interesse.

Lembrando da minha conversa com o Sr. Kent por telefone, relato:

E ele me disse que naquela madrugada, pouco antes do incêndio, ele acordou, perdeu o sono e resolveu sair um pouco para arejar a cabeça. Então ele viu alguém do lado de fora, Scully. Nas proximidades da casa do Chris. Estava escuro e a pessoa sumiu rapidamente, mas o Sr. Kent deu uma breve descrição do intruso. Homem de terno, cabelos grisalhos, cercado pela fumaça proveniente de um cigarro.

— O Canceroso? — Scully rapidamente mata a charada. — Você acha que era ele, Mulder? E que ele tem alguma coisa a ver com o que aconteceu lá?

Prontamente, respondo com convicção:

— Eu não duvido que o cigarro dele tenha sido o estopim do incêndio, Scully. E a presença dele naquele lugar só prova o que eu já imaginava. O Canceroso está por trás disso há muito tempo. Ele sabe sobre o plano de colonizar a Terra. É por isso que ele tem tanto interesse no fechamento do Arquivo X. É por isso que ele sempre dá um jeito de atrapalhar as nossas investigações. É por isso que ele está sempre por perto e é tão influente no FBI. O Canceroso está por trás disso, Scully. Aposto que está trabalhando em prol do governo e da colonização da Terra pelos alienígenas. Aposto que tem ajudado a acobertar os casos de abduções há anos.

Vejo o semblante de minha parceira se iluminar consideravelmente, como alguém que vê uma luz no fim do túnel, e então ela volta a se pronunciar:

— Mulder... Se nós conseguirmos provar que o Canceroso estava na fazenda pouco antes do incêndio, talvez... — Scully se detém por um instante, provavelmente intrigada com a minha expressão, que deve ser o oposto da sua, e logo depois indaga: — O que foi?

Lutando contra uma onda de desânimo dentro de mim, respiro fundo e dou a má notícia:

— Eu estava falando com o Sr. Kent e a ligação caiu. Eu retornei várias vezes e quando ele finalmente atendeu, mais de uma hora depois, desmentiu tudo o que havia me contado antes e praticamente implorou para que eu não ligasse mais.

Scully engole em seco e deduzindo por que a testemunha se comportou assim, faz uma pergunta retórica:

— Você acha que ele foi coagido?

— Eu tenho certeza, Scully — confirmo sem pestanejar. — E pelo bem do Sr. Kent, eu não vou mais procurá-lo. Nem o Chris e a família dele. Por enquanto, é melhor que o Canceroso pense que nós desistimos e nos afastamos de qualquer testemunha. Eu não quero que ninguém se machuque por nossa causa, Scully. Por isso, nós vamos precisar redobrar a atenção de agora em diante e pensar muito bem antes de envolver qualquer pessoa nisso.

Após um breve silêncio, minha parceira concorda com um meneio de cabeça, suspira profundamente e indaga:

— E o que nós vamos fazer agora?

— Trabalhar — respondo um pouco mais tranquilo e animado, antes de me virar e pegar uma pasta sobre a mesa e entregar o documento para Scully. — Em um novo caso. Essa é segunda coisa que eu tinha para te contar.

Um pouco hesitante, ela abre a pasta, folheia e percorre a papelada com os olhos por algum tempo. Depois disso, ergue aqueles olhos lindos em minha direção, de um jeito incrivelmente sexy... Digo, e então Scully me olha profissionalmente e pergunta:

— Relatos de abduções e avistamento de OVNIs em Maryland?

Engulo em seco, afasto de vez o pensamento anterior e impróprio que tive com os seus olhos, coloco as mãos nos bolsos da calça e digo do jeito mais profissional que consigo:

— Pode ser o recomeço que nós estávamos buscando.

Scully estreita o olhar em minha direção — talvez percebendo certo nervosismo em mim ou talvez porque leu a minha mente de alguma forma e sabe o que eu pensei sobre os seus olhos lindos —, fecha a pasta em seguida, a entrega a mim e só então volta a se manifestar:

— Quando nós partimos?

— Quando você quiser — respondo animado.

Após pensar por um instante, Scully me dá as costas, caminha até a porta e diz:

— Okay. Eu dirijo.

Sorrio sem que ela veja e enquanto a sigo até a saída de nossa sala, pergunto como quem não quer nada:

— Você acha que a sua mãe se incomodaria em ficar com o Toby enquanto nós estivermos fora?

Scully abre a porta, se volta para mim e indaga:

— Você acha que ele vai destruir a casa dela também?

Decido ser sincero:

— Eu tenho certeza.

Depois de pensar por um segundo, Scully dá de ombros e encerra a assunto:

— Eu falo com ela.

Assim que minha parceira deixa a nossa sala, eu cruzo a soleira também, olho para o pôster na parede uma última vez, apago a luz e fecho a porta atrás de nós.

Fim


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quis encerrar a fic como ela começou, mas com umas coisinhas diferentes, já que agora Scully acredita na existência de extraterrestres e ela e Mulder sabem dos planos de colonização da Terra.

É um final que não é um final, é um final que mostra que a jornada dos personagens continua. Eles meio que morreram na praia, mas tiraram importantes lições e informações disso, estão mais unidos e mais fortes.

Adorei o final do Toby kkkkk confesso que isso foi uma coisa que decidi de última hora.

Bem, muito obrigada a quem leu e a quem ainda vai ler, espero que tenham gostado!

E lembrem-se sempre: "A verdade está lá fora" e "Não confiem em ninguém"

Beijos de luz!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I Want To Believe" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.