I Want To Believe escrita por Hunter Pri Rosen


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Ebaaaaaaa! Com este capítulo, acho que estou na metade da história!

Espero que gostem!

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/634715/chapter/4

Através da cortina que cobre parcialmente a janela, a luz do Sol invade o quarto onde Scully dorme desde ontem e se espalha por cada canto do lugar pouco a pouco. Ela deve estar mesmo cansada, já que mal se mexe e respira profundamente.

Sentado em uma poltrona, ao lado da cômoda que há no quarto, eu olho para Mia, a filha de Chris e Mary, ao pé da cama, observando minha parceira dormindo. Trocamos um olhar cúmplice e a menina sorri de um jeito travesso, antes de dizer:

— Você não mentiu, tio Mulder, ela é mesmo muito bonita.

Acho que a observação de Mia acaba entrando no sonho de Scully, já que ela respira mais pesadamente e se mexe um pouco na cama.

Embora tenhamos vindo até aqui para acordá-la, temo que ela desperte no exato momento em que Mia disser mais alguma coisa comprometedora e, por isso, levo o dedo indicador aos lábios, lhe pedindo silêncio.

Não que não seja verdade, Scully é mesmo muito bonita e talvez eu tenha deixado isso escapar, quando Mia me pediu para descrevê-la há alguns dias.

Porém, minha parceira de Arquivo X não precisa saber que eu penso isso dela. O que mudaria, afinal? Nós somos amigos, confiamos um no outro, nos respeitamos, e tenho certeza que, assim como eu, Scully não quer abalar a nossa relação com um possível flerte.

Se bem que, às vezes, eu sinto que estamos flertando de qualquer jeito. É engraçado.

Paro de pensar nisso, quando Scully se mexe novamente e suas pálpebras tremem um pouco, se abrindo em seguida. Assim que ela abre mais os olhos e percebe que tem companhia, eu puxo o ar com força, endireito a postura e exclamo a plenos pulmões:

— Good morning, Vietnã!

Embora eu duvide muito que Mia tenha visto este filme, ela ri consideravelmente da minha brincadeira, enquanto Scully arregala os olhos, provavelmente sem entender o que nós dois estamos fazendo no seu quarto.

Rapidamente e visivelmente sem graça, ela puxa o cobertor para perto de si, cobrindo-se mais um pouco e ocultando o pijama que está vestindo. Em seguida, Scully se senta, passa uma das mãos por seus cabelos ruivos, ligeiramente bagunçados, e questiona meio zonza:

— Mulder... O que você está fazendo aqui?

Levanto da poltrona e, disposto a me explicar, começo a abrir a boca. No entanto, antes que eu consiga dizer qualquer coisa, sou interrompido:

— Oi! Eu sou Mia — a filha do meu amigo se apresenta com um sorriso gracioso, enquanto se aproxima da cama e praticamente pula sobre ela, ficando de frente para Scully.

Minha parceira parece surpresa com a desenvoltura da menina, mas, rapidamente se rende.

Scully gosta de crianças, sonha em ser mãe algum dia e, por isso, não é muito difícil conquistá-la. Uma rápida olhada e eu já tenho certeza de que essas duas se tornarão melhores amigas. Unha e carne.

Tudo bem, talvez eu esteja exagerando, mas o fato é que Mia é uma menina muito especial e doce, e Scully... Bem, ela não é mais uma menina, é verdade, mas não fica muito atrás no quesito doçura. Ela é especial também. Por isso, eu aposto que as duas vão se dar muito bem, durante a nossa estadia na fazenda.

— Oi, Mia. Muito prazer, eu sou Dana — minha parceira replica calmamente, enquanto lhe lança um olhar carinhoso e um leve sorriso, comprovando a minha teoria. Elas vão mesmo se dar bem. — Você é a filha do Sr. e da Sra. Barden, certo?

Depois de assentir com um meneio de cabeça, Mia arqueia as sobrancelhas, sorri de volta e solta uma pérola com certa travessura na voz:

— E você é a namorada do tio Mulder, não é?

Vejo Scully desmanchar o sorriso e franzir o cenho com certa confusão, antes de se voltar para mim, como se pedisse uma explicação para o que ouviu.

Rapidamente, me aproximo de Mia, coloco as mãos em seus delicados ombros, sorrio um pouco sem graça e faço questão de recordar:

— Eu já expliquei que eu a Srta. Scully somos apenas amigos, Mia. E que nós trabalhamos juntos, lembra? E que é por isso que ela está aqui.

Evito olhar para a minha parceira, sem saber ao certo por que um simples comentário de uma criança travessa me deixou meio constrangido. Não é a primeira vez que alguém insinua que eu e Scully temos algo maior do que amizade.

Seja como for, me concentro nos cachos do cabelos castanhos de Mia que, para meu desespero, decide nos constranger de novo:

— Os meus pais também eram amigos antes de se casarem. Talvez um dia, vocês...

Scully pigarreia, a interrompendo antes que a menina prossiga com este assunto que eu não sei de onde ela tirou. Será que eu falei tão bem da minha parceira, a ponto de alimentar a imaginação fértil de Mia?

Paro de pensar nisso, quando finalmente resolvo encarar Scully e o constrangimento estranho que sinto. Noto que ela também parece desconfortável, suas bochechas estão ligeiramente coradas e ela desvia do meu olhar quase no mesmo instante.

Em seguida, Scully pigarreia, se concentra na criança e muda o tema da conversa:

— Então, Mia... Quer dizer que você e o tio Mulder resolveram me acordar? Posso saber o motivo?

Para nosso alívio, a criança parece conformada em esquecer o outro assunto e responde:

— A mamãe preparou o café e disse que você devia estar com fome, já que quase não comeu ontem no jantar — após um breve instante, ela me indica com o polegar e acrescenta: — E ele está louco para conversar com você. Sobre aquelas coisas lá fora.

Percebo certa surpresa no semblante de minha parceira de FBI, quando ela arqueia as sobrancelhas e questiona:

— Você sabe o que tem lá fora? Você viu?

Prontamente e com uma tranquilidade inocente, Mia explica:

— Fui eu que achei e mostrei para o papai. O Toby não parava de latir, então eu fui atrás dele... E vi.

Scully lança um olhar estranho para mim e deduzo que ela quer me dizer alguma coisa, mas não acha apropriado fazer isso na frente da criança, já que volta a fitar Mia, sorri e pergunta de um jeito gentil:

— Então você tem um cachorro?

A menina assente rapidamente com um meneio de cabeça, mas retoma o assunto que Scully parecia querer evitar naquele momento:

— O que você acha que são aquelas coisas, Dana?

Minha parceira olha para mim, novamente daquele jeito estranho, quase acusatório. Em seguida, ela segura as mãos de Mia junto às suas, sorri e desconversa:

— Eu ainda não sei. É por isso que eu estou aqui, para ajudar o tio Mulder a descobrir o que são aquelas coisas lá fora.

— Mas você acha que foram os seres do espaço que fizeram aquilo? — Mia pergunta com uma curiosidade palpável e sem qualquer indício que denuncie medo. O que é surpreendente, já que crianças geralmente temem o desconhecido.

Scully parece bem surpresa com a pergunta. Um pouco desconcertada, eu diria. É visível que ela está insatisfeita em ver uma criança cogitando a existência de alienígenas. Se bem conheço Scully, neste momento ela deve estar questionando o tipo de educação que Chris e Mary deram para a filha, o que colocaram na cabeça da menina, como permitem que ela acredite nessas coisas.

Minha teoria se confirma, quando Dana afirma resoluta:

— Não, eu não acho que tenham sido seres do espaço. Na verdade, eu duvido muito que eles existam, Mia.

Com "eu duvido muito", Scully quer dizer que não acredita de jeito nenhum, que está certa de que extraterrestres não existem e ponto final.

Se fosse em uma conversa apenas comigo, ela teria dito isso de uma forma bem mais direta. Mas, acho que no caso de Mia, ela não se sente bem em afirmar com todas as letras que nós estamos sozinhos no espaço.

Mia, apesar de muito jovem para entender tudo o que a existência de extraterrestres pode nos revelar, admira muito o pai e adora ficar olhando para as imagens de OVNIs espalhadas pelas paredes do escritório dele. Dizer para ela que nada daquilo é real, seria como dizer que o Papai Noel não existe para uma criança que acredita piamente na existência do bom velhinho. Aliás, talvez Mia se conformasse mais fácil com isso, do que se Scully lhe dissesse que alienígenas não existem.

De repente, a menina abre a boca, provavelmente para retrucar e insistir naquele assunto, mas antes que ela diga uma palavra, eu me antecipo:

— Mia, por que você não avisa a mamãe que a Srta. Scully já acordou e que ela já vai descer para o café da manhã?

Troco um rápido olhar com minha parceira, que parece satisfeita com a desculpa que arranjei para despistar Mia. E para nosso alívio funciona, já que a menina se levanta da cama instantes depois e sai do quarto correndo, antes de concordar:

— Tudo bem! Não demore!

Assim que ficamos sozinhos, Scully afasta o cobertor, se põe de pé em um instante, coloca as mãos na cintura e questiona com uma sobrancelha levemente arqueada:

— Quantos anos a Mia tem mesmo? Sete? Seu amigo não acha que ela é muito nova para ouvir essas teorias sobre homenzinhos verdes?

Tentando descontrair o ambiente, desvio o olhar rapidamente da imagem perturbadora diante de mim — minha parceira com um pijama de flanela muito fofo — e brinco:

— Scully, pelo amor de Deus, vista alguma coisa decente. Eu não estou acostumado a te ver assim tão provocante.

— Hilário — ela retruca sem se abalar, me fazendo voltar a fitá-la e sorrir mais relaxado, apesar de um pouco frustrado por não ter conseguido deixá-la sem graça. — Eu estou falando sério, Mulder. A Mia é uma criança, deveria estar brincando e não ouvindo esse tipo de coisa.

— O pai dela é ufólogo — decido lembrá-la. — O que você esperava?

Prontamente, Scully rebate:

— Que ele tivesse o mínimo de bom senso e não assustasse a própria filha com essas histórias, por exemplo.

— Você viu alguma criança assustada aqui? — questiono sem pestanejar. — Porque tudo o que eu vi foi uma menina curiosa e empolgada com a ideia de que nós não estamos sozinhos no universo.

— Exato — Dana parece se dar por vencida por um instante. No entanto, em seguida, respira fundo e articula: — Mas não significa que isso seja saudável e bom para ela. A Mia pode não estar assustada agora, mas pode ficar se continuar ouvindo essas teorias malucas.

— Teorias malucas? — me faço de ofendido. — Obrigado pela parte que me toca.

— Você sabe o que eu quero dizer — é tudo o que minha parceira replica, antes de desviar do meu olhar.

Por algum tempo, ficamos no mais completo silêncio. Durante esses segundos, penso um pouco sobre tudo o que ouvi e sobre Chris e sua família.

Em seguida, recomeço calmamente, esperando que Scully entenda:

— A Mia admira o trabalho do pai. Não tem nada de errado nisso. E não tem nada de errado também em acreditar nessas teorias malucas sobre vida fora da Terra. Só porque não foi provado cientificamente, não significa que não seja real, verdade. — quando percebo que ela vai retrucar, fecho com chave de ouro: — Você acredita em Deus, Scully. Apesar de não haver nenhuma prova científica para a existência de uma força superior e divina, você acredita. Por que é tão difícil para você acreditar que extraterrestres também existem? E que sim, eles nos visitam frequentemente por algum motivo?

Scully me encara por alguns instantes, provavelmente avaliando o meu discurso e procurando um argumento para me contrariar.

No entanto, como a conheço muito bem e como já tivemos essa conversa várias e várias vezes, sei bem como termina. Sei bem que não consegui convencê-la sobre a existência de extraterrestres, mas sei também que ela não tem como justificar a sua crença em Deus com argumentos científicos. Então estamos quites.

Sendo assim, brinco antes de lhe dar as costas e me retirar:

— Agora é sério. Vista alguma coisa decente e desça para o café. Ah! E se prepare para um longo dia de trabalho cheio de teorias malucas de Fox Mulder.

XXX

Depois do café da manhã e de explicar para Chris que, neste primeiro momento, eu e Scully preferíamos ir sozinhos ao local onde o mistério a ser investigado se concentrava, nós dois nos dirigimos para lá.

O local exato fica um pouco longe da casa da família Barden. Já faz cerca de quinze minutos que eu e Scully estamos caminhando. Em um ritmo constante, nós continuamos andando. Eu, um pouco a sua frente, abrindo caminho em meio ao extenso milharal que parece não ter fim. Ela, logo atrás, desviando das folhas como pode.

Eu já fui até lá tantas vezes, que tenho plena certeza de que não vou me perder. Mas, em determinados momentos, eu percebo que minha parceira está um pouco receosa sobre o rumo que estamos tomando.

De vez em quando, Scully diminui o ritmo, olha tudo em volta e também para o céu, como se usasse o Sol como base para se lembrar das direções que nos levaram até aqui.

Quase não conversamos durante o trajeto, mas eu não me importo. Para a maioria das pessoas, silêncios podem ser constrangedores, mas não para mim quando estou com a minha parceira de FBI e, por que não, melhor amiga?

Aliás, Scully é a única pessoa na face da Terra com quem eu poderia ficar assim para sempre. No mais completo silêncio e sem achar a situação desconfortável ou estranha. Apenas desfrutando da sua companhia.

Mesmo em um silêncio absoluto como esse, nós somos capazes de nos dar muito bem. Na verdade, só costumamos nos desentender quando abrimos a boca e debatemos sobre as minhas crenças e o seu ceticismo. Todavia, sempre nos entendemos no final e é isso o que realmente importa.

Apesar do silêncio não me incomodar, resolvo sondar:

— Então... Você leu aquela revista que eu deixei no seu quarto ontem?

— Sim — ela assente simplesmente, sem acrescentar qualquer comentário, mais nada. O que me deixa um pouco frustrado, confesso.

Esperava que Scully estivesse mais empolgada depois do que leu. Mas quem sabe ela não tenha entendido o que eu quis dizer com aquele gesto?

Pensando que seja este o problema, resolvo sondar mais uma vez:

— Então você sabe, ou pelo menos desconfia, por que nós estamos aqui, certo?

— Sim — ela confirma novamente sem qualquer emoção na voz.

Sua falta de interesse me irrita um pouco e me faz parar no meio do milharal, fazendo-a deter o passo também e me encarar com certa confusão.

Então eu pergunto, olhando-a fixamente:

— E você não está nem um pouco empolgada com o que está prestes a ver?

Scully me encara por tanto tempo e sem dizer uma palavra, que deduzo que isso já é uma resposta. E desta vez, não é um sim.

Estou pronto para retomar a caminhada, quando ela finalmente se manifesta:

— Eu quero descobrir a verdade, Mulder. É tudo o que eu posso te dizer neste momento.

Relaxo imediatamente, sorrio para ela e encerro a questão:

— Então nós queremos a mesma coisa, Scully. Isso é bom.

Em seguida, lhe dou as costas, desvio de alguns pés de milho e sigo a caminhada rumo ao local onde a verdade pode estar escondida, só esperando para ser revelada ao mundo.

— Falta muito? — minha parceira pergunta um tanto cansada.

Abro caminho mais uma vez, afastando as folhas do milharal, até que alcanço um local onde não preciso mais me dar ao trabalho de me preocupar com isso.

Aqui, todos os pés de milho estão achatados junto ao chão, todas as suas folhas e caules estranhamente abaixados e alinhados em sentido horário, tudo formando um enorme e intrigante círculo no meio da plantação.

— Chegamos — comunico a Scully, antes de dar mais alguns passos a frente, parar no meio do círculo misterioso e me virar em sua direção.

Vejo-a deter o passo e olhar tudo em volta com atenção. Com atenção e não com a empolgação e o interesse que eu gostaria tanto de ver em seu semblante numa situação assim.

Deus... Será que algum dia, Dana Scully vai achar essas coisas no mínimo estranhas?

— O que você me diz? — pergunto, mas não sei ao certo se quero ouvir a sua resposta. Porém, preciso saber o que ela está pensando de tudo isso.

Scully se aproxima um pouco, parando diante de mim. Em seguida, ela dá mais uma olhada em volta, me encara e responde um pouco hesitante, talvez com medo de me magoar:

— Mulder, por favor não me entenda mal. Isso é realmente impressionante, mas eu preciso lembrá-lo de que há milhares de explicações possíveis para este tipo de ocorrência. Entre elas, fenômenos meteorológicos e... Ação humana.

Um pouco decepcionado, absorvo as suas palavras pouco a pouco. No fundo, eu já esperava que Scully não fosse considerar atividade alienígena uma explicação cabível.

No entanto, como tenho certeza de que o que aconteceu nesta plantação envolve muito mais do que fenômenos meteorológicos ou ação humana, resolvo argumentar:

— Há dezenas de círculos como esse espalhados pela fazenda, Scully. Este é apenas o menor e mais simples deles, e tem o que? O tamanho de um campo de futebol? — antes que ela diga qualquer coisa, eu prossigo: — Esses círculos não estavam aqui quando eu cheguei. Só dois dias depois, de manhã, um dos funcionários do Chris os descobriu. Ninguém viu como ou quando isso aconteceu exatamente, Scully. Mas, certamente, alguém teria percebido se fosse um fenômeno da natureza, como uma ventania muito forte ou uma tempestade, por exemplo. E se fosse uma fraude, se isso tivesse sido feito por homens para se divertirem às custas de um ufólogo desesperado para provar a existência de extraterrestres, você não acha que eles precisariam de máquinas para fazer um trabalho desses? E você não acha que a plantação em volta estaria cheia de sinais de como essas máquinas chegaram até aqui?

Desta vez, é Scully quem absorve as minhas palavras pouco a pouco. Posso não ter conseguido convencê-la de minha teoria para a ocorrência desses círculos, mas, com certeza, plantei a dúvida em sua cabeça.

Depois de respirar fundo e olhar tudo em volta mais uma vez, Scully me encara novamente e replica:

— É cedo para afirmar qualquer coisa, Mulder. Eu preciso analisar melhor a situação.

— Ótimo, então eu vou te dar uma visão geral dela — digo, segurando em sua mão e, praticamente, a obrigando a me seguir para fora do círculo.

Sem escolha, Scully me segue aos trancos, enquanto protesta desnorteada:

— Mulder, o que você está fazendo? Para onde você está me levando?

— Você vai ver — é tudo o que digo, enquanto aumento o ritmo da caminhada.

Apesar de não parecer feliz com a minha atitude, Scully confia em mim. Assim como eu confio plenamente nela, apesar das nossas diferenças de crenças.

Então ela caminha junto comigo, em silêncio, por cerca de dois minutos, até que alcançamos um enorme descampado. Este realmente causado por ação humana, quando a fazenda foi comprada por Chris.

Paro por um instante e avisto uma enorme estrutura metálica, com o tamanho equivalente a um prédio de quinze andares, e um catavento no topo.

— Você não vai me obrigar a subir naquela coisa, vai? — minha parceira pergunta, visivelmente temerosa.

Olho de soslaio para ela, sorrio e respondo de forma implícita:

— Confie em mim.

Nada satisfeita, Scully me segue mesmo assim, e logo nos dois estamos escalando a estrutura do catavento.

Subimos com calma, segurando bem em cada parte metálica que nos leva cada vez mais para cima, firmando bem os pés em outras partes e evitando olhar para baixo.

Minutos depois, finalmente alcançamos o topo. O vento movimenta não só o catavento atrás de nós, mas também nossas roupas e os cabelos ruivos de Scully. Ela parece ainda mais bonita aqui em cima...

Paro de pensar nisso, quando noto que ela engole em seco, visivelmente temerosa em relação a altura em que estamos.

Então, decido não prolongar muito a nossa estadia aqui em cima, me aproximo um pouco de Scully, seguro em sua mão, tentando lhe passar segurança, com a outra indico algo na vasta plantação de milho que se estende por vários hectares da fazenda, e oriento:

— Veja.

Quase no mesmo instante, minha parceira acata o meu pedido e olha para a frente, em direção ao milharal. Seus olhos exploram toda a vista da fazenda. Pouco a pouco. E com certo assombro, eu diria.

Diante de nós, há vários e vários círculos, dos mais variados tamanhos e com as mais variadas formas em seus interiores. Vários símbolos misteriosos e intrigantes espalhados pela extensa plantação.

Eles parecem ter algum tipo de significado para quem os fez, mas, neste momento, eu e Scully somos incapazes de compreender a sua lógica, o que querem dizer.

Quem os fez? Como? E por quê? São ótimas perguntas, e que eu farei de tudo para responder também.

Posso estar empolgado demais, mas acredito que a resposta para o que aconteceu com a minha irmã possa estar aqui, nessa fazenda, nesses símbolos.

Acredito que os inúmeros casos de abdução que eu e Scully investigamos, trabalhando no Arquivo X, também possam ser explicados de alguma forma, se nós descobrirmos o que está acontecendo aqui.

Todas as respostas para as minhas perguntas parecem estar aqui. Neste lugar. Nesta fazenda. Neste fim de mundo.

Pensando em tudo isso, olho de soslaio para Scully e finalmente vejo alguma emoção em seu semblante. Finalmente ela parece interessada, intrigada, impressionada com a grandiosidade do que está diante dos seus olhos. Finalmente consegui chamar a sua atenção para algo importante e que, certamente, possui explicações que vão além da Terra. Além da humanidade.

Claro que Scully vai tentar explicar isso de outra forma, mas pelo menos, consegui chamar a sua atenção. Duvido que ela ainda esteja pensando que esses círculos são obra da natureza ou de uma fraude.

De repente, o vento sopra mais forte, causando um zumbido em meus ouvidos e, é neste momento que eu noto uma coisa ao longe. Há mais um círculo em meio ao milharal. Um círculo que não estava aqui ontem, da última vez que olhei. Um círculo que só pode ter surgido em um momento.

— Scully... — começo a dizer, ainda surpreso com a recém descoberta. E quando a minha parceira olha para mim, esperando que eu prossiga, anuncio: — Eu acho que já sei o que foi aquele clarão ontem à noite — faço uma pausa, engulo em seco e concluo: — Tem um círculo a mais na plantação.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? Reviews?

Em breve tem mais!

Beijos de luz!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I Want To Believe" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.