Hanna e Alex caminhavam no anunciador, o caminho era mais longo dessa vez.

–Não entendo – Hanna disse.

–O que?

–Tudo Alex, eu sou uma guardiã, Jake é humano, como tudo se inverteu?

–Logo você ira descobrir, na hora certa.

–Esta demorando demais.

–Tem que ter paciência, uma coisa por vez.

–Ah – Hanna suspirou – meus pais devem esta preocupados, não liguei pra eles e não dei um sinal de vida.

–De boa, quando você voltar para casa terá passados apenas algumas horas.

–Como?

–Magia dos anunciadores – ele riu.

–No começo eu queria muito voltar para casa, mas agora quero descobrir tudo primeiro.

–É o melhor, alias o anunciador só vai permitir que você volte quando cumprir seu destino, que é o que você esta fazendo.

–Ali esta a luz – Hanna apontou para a luz fraca.

–Então vamos.

Eles saíram do anunciador, estavam no local de reunião no céu, os anjos estavam se reunindo.

–Outra reunião? – Hanna perguntou.

–Não é uma reunião comum, você organizou para dar o seu recado.

–Meu recado?

–Sim, vou te explicar, Jake já esta com 15 anos, você esta preparada. – ele parou – na verdade, você sempre esteve.

–preparada para que?

–Por que não vai lá e deixe que seu eu fale? – ele sorriu apontando para a poltrona dela.

Hanna assentiu e voou para sua poltrona, Azazel estava a olhando sorrindo.

Dessa vez Hanna não sorriu de volta, ela sentia que seu eu iria dizer algo muito importante, tentou buscar nos seus pensamentos, mas não descobriu, só sabia que era algo relacionado à Jake.

–Estão todos aqui guardiã – Adriel disse enrolando o pergaminho.

–Então qual o aviso importante que quer nos dizer? – o guardião ao seu lado perguntou.

Hanna se levantou, sentiu que agora seu eu estava sob controle.

–É uma decisão que já tomei faz tempo. – ela disse olhando para todos.

Os anjos a olhavam confusos e com preocupação.

–Vai ser difícil – ela completou – mas sinto que devo fazer isso, custe o preço que custar.

–Esta nos preocupando – o guardião disse.

–Conte logo guardiã! – Azazel gritou.

O guardião fez um sinal para que ele se calasse.

–A decisão que tomei é que – ela sorriu – irei descer a Terra para cuidar do humano que eu sempre observei - Azazel a olhou furioso e surpreso. – eu sei que parece errado, mas farei tudo dar certo, estou esperando por esse momento desde que o menino nasceu.

–Nos surpreendeu guardiã – o guardião ao seu lado disse. – nenhum de nós nunca quis fazer isso.

–Eu sei – ela sorriu – mas eu sou diferente, sinto que esse é o objetivo da minha vida.

–Esta ciente do que esta fazendo? Deixando o céu para ir a Terra?

–Eu estou ciente e aceitarei condições, tudo que peço é que aceitem minha decisão.

–Esta bem – o guardião falou – vou lhe dizer quais são as condições.

Hanna assentiu.

–Antes de tudo você não poderá contar que é um anjo, não poderá vir aos céus todos os dias, a não ser que seja muito urgente, caso não for, você pode ser expulsa.

–Entendi – Hanna respondeu.

–E mais uma coisa que eu sinto muito em dizer – ele suspirou a olhando – não será mais a guardiã, entregara seu cargo no céu.

–Eu... – Hanna respirou fundo – aceito.

Azazel se levantou e saiu furioso, os guardiões não o impediram, Hanna sabia que depois teria que lhe dar com ele, mas isso é o que menos importava agora.

–A ultima vez que pergunto – o guardião continuou – tem certeza que deseja fazer isso?

–Tenho sim.

–Então a partir de agora, você não é mais uma guardiã do céu. – os guardiões a abraçaram.

Hanna agora era mais um anjo como os outros, ela abriu mão de um grande cargo no céu, abriu mão da coisa mais importante que tinha em sua vida antes de Jake aparecer.

Todos saíram e dessa vez, Hanna foi a ultima a sair, ela olhou um tempo para sua poltrona e percebeu que seu nome foi desaparecendo, sentiu um aperto no coração quando viu que aquele lugar não a pertencia mais, porém também ficou feliz em saber que em pouco tempo encontraria Jake. Então ela olhou por uma ultima vez a poltrona e saiu.

–Tem noção do que abriu mão? – Alex perguntou indo ao seu lado.

–Tinha que ser assim – ela respondeu – vai valer a pena.

–Como vai lhe dar com Azazel?

–Eu estava pensando em me despedir dele – ela sorriu – quer dizer, meu eu estava, mas é melhor não.

–Não vai se despedir?

–Não quero mais confusão Alex, sei que vamos acabar discutindo e eu não quero que isso aconteça.

–Tudo bem então. Vamos para o anunciador?

–Sabe – ela sorriu – por mais que eu queira ir com Jake, esses momentos no céu foram incríveis, voar entre as nuvens daqui, acho que a melhor forma de me despedir é ir voando até lá embaixo.

–Pode ser. – ele sorriu.

Hanna olhou mais uma vez em volta do céu, os anjos voando cantalorando, aquele brilho todo, aquele lugar foi o melhor que Hanna já poderia ter vivido.

–Vamos – ela olhou para Alex.

Ele assentiu e então começaram a voar para baixo, Hanna ia em meio as nuvens, sentia o ar fresco delas em seu rosto, seu eu estava tão ansiosa para ver Jake, Hanna também, mesmo sabendo que não era exatamente o seu Jake.

Hanna sentiu algo puxar sua mão, ela e Alex pararam. Era Azazel, seus olhos ardiam em fúria e estavam vermelhos, ele tinha chorado.

–Não achou que ia ser tão fácil né? – Azazel disse ainda segurando a mão dela que a puxou mais e agora a segurou pelo braço.

–Não foi fácil Azazel.

–Abriu mão de ser guardiã para ir com esse tal humano. Como pode?

–Ele é importante pra mim.

–Eu devia ser importante pra você! – ele aumentou o tom de voz – tínhamos um compromisso.

–Eu não considerava o que tínhamos um compromisso Azazel, você só estava me usando.

–Não, eu te amo Hanna.

–Eu sei, mas seu amor não me faz feliz.

–Mas fazia, até aquele humano nascer.

–Eu abri meus olhos Azazel! Aceite logo!

–Você não vai Hanna!

–Eu já estou indo! – ela também aumentou a voz – me deixe.

–Não consigo.

–Não sou mais uma guardiã, não posso mais atender seus pedidos, não posso nem voltar ao céu.

–Eu não ligo, só preciso de você comigo Hanna! Vamos fugir juntos.

–Não posso, já disse que tenho um objetivo.

–Maldito seja aquele humano.

–Não diz isso – Hanna gritou – nunca mais repita isso.

–Você se ofende por ele?

–Sim, ele é importante pra mim, já disse.

–Como pode dizer isso depois de tudo que fiz por você?

–Você nunca fez nada por mim.

Alex ficou afastado olhando a discussão.

–Você não vai Hanna, já disse. – Azazel continuou.

–Você não manda em mim.

–Ótimo! – Azazel disse pegando sua seta.

–Não seria capaz.

–Se você não ficar comigo, não vai ficar com mais ninguém.

–Ainda diz que me ama.

–E é por esse amor que preciso fazer isso, não posso deixar que você pertença a outro.

–Quem decide o que fazer sou eu – Hanna também pegou sua seta – se é assim que você quer.

Hanna começou a luta, Azazel a rebatia, os olhos azuis dele estavam cheio de lagrimas, mas também estavam furiosos. Hanna não sabia lutar com a seta estelar, mas seu eu sabia, era melhor até mesmo que Azazel.

As setas faziam barulhos altos e brilhavam quando se tocavam.

–Toma cuidado Hanna – Alex dizia preocupado.

Hanna segurava a seta com mais força, empurrando Azazel para traz, ele foi à frente dela rapidamente e a empurrou contra uma nuvem, ele rebateu na seta estelar dela e Hanna a viu caindo, o que ela faria agora?

Ela estava deitada na nuvem, Azazel estava encima dela com a seta apontada para seu coração.

–Eu não quero fazer isso – ele disse.

–Então não faça.

–Tenho que fazer, você me obriga a isso.

Hanna entrou em pânico por dentro, se ele a matasse, seu eu morreria e ela sairia do corpo como uma humana outra vez e isso alteraria totalmente o futuro.

Azazel fechou os olhos prontos para matá-la, Hanna olhou para o lado e viu Alex indo rapidamente até ele e o empurrando.

–Voe o mais rápido que pode – Alex disse a puxando – agora ele pode me ver.

Hanna assentiu e voou o mais rápido possível, sem desviar de nuvens ou o que mais tinha em sua frente. Ela olhou para trás, já estava longe de Azazel, mas pode ver ele a observando.

–Você vai se arrepender - ouviu Azazel gritando.

Eles tinham chegado ao campo, Hanna então sentiu seus pés no chão outra vez.

–Chegamos. – Alex disse – na próxima vamos pelo anunciador em.

Hanna sorriu olhando para a casa de Jake, mal via à hora de conhecê-lo.