The Son of Mists escrita por GiullieneChan


Capítulo 6
Parte 6: O início de um novo futuro.


Notas iniciais do capítulo

Betado por Dhessy



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Há cerca de treze anos atrás a Fortaleza do Dragão surgiu bem no meio dos Jardins Sagrados. Erguido por magia das trevas e sugou a vida ao seu redor, alimentando os soldados e Cavaleiros Negros de Morgaine com o cosmo surrupiado dos habitantes dessa ilha.

Em treze anos, os Soldados que juraram fidelidade à família de Merlinus tem tentado atravessar suas muralhas em vão. Desistindo de ataques diretos devido à refém que mantinham em suas masmorras, e do poder dos Cavaleiros Negros.

Até hoje, nenhuma força conseguiu abalar suas estruturas. Até hoje...

Os cosmos que entravam em choque no local que outrora foram os Jardins Sagrados ameaçavam derrubar as torres que ainda se mantinham em pé. Shura e Agravain travavam um combate mortal, medindo forças com suas espadas sem se moverem um centímetro sequer.

A espada de Agravain encontrava na Espada Sagrada no braço de Shura uma oposição inesperada, e a força de vontade do homem que deteve por anos o título de Cavaleiro de ouro de Capricórnio, parecia sobrepujar o desejo de vingança do senhor da Fortaleza do Dragão.

—Não serei derrotado por um fraco como você! –dizia Agravain, tentando reunir mais forças em seu cosmo e concentrando-a em sua espada. –Um fraco como você que não entende seu lugar!

—Tsc... Essas palavras me trazem uma amarga nostalgia. –Shura responde, elevando seu cosmo mais ainda e jogando Agravain para trás.

Ele próprio salta para desferir um golpe, que foi repelido pelo gigante com sua espada, seguido de outro golpe que o atinge e o força a recuar alguns passos. Ele coloca a mão ao lado esquerda de seu corpo, sentindo o próprio sangue que jorrava do corte causado pelo deslocamento de ar do golpe de Agravain. O golpe conseguira rasgar sua camisa e carne. Institivamente desviou-se de outro golpe que lhe era lançado.

—Você não escapará desta vez, mortal. –Agravain prometeu.

—Não será a ameaça de um idiota que vendeu a alma para as Trevas que vai me intimidar, Agravain. –retrucou.

Agravain atacava novamente, mas desta vez Shura conseguiu saltar e girar no ar, pousando atrás de seu adversário em um movimento de contra-ataque, imobilizando o servo de Morgaine com suas pernas e impulsiona em seguida o corpo, arremessando para o alto.

—Jumping Stone!

O gigante pela força do arremesso de Shura atinge o alto da cúpula de mármore acima da árvore semimorta, destruindo-o. O cavaleiro negro cai ao chão, tendo os pedaços da cúpula caindo sobre seu corpo, causando-lhe danos graves a ele. Enquanto Shura, com a graça de um felino, caia em pé a poucos metros dele.

Shura se preparava para continuar a luta, colocando a mão diante do rosto e esta começa a brilhar intensamente por seu cosmo, quando algo chama a sua atenção. Poucos raios do sol conseguiram atravessar as nuvens negras acima deles, tocando a árvore e nesse instante ele sente que ela começava a pulsar, com uma cosmo-energia tão familiar e ao mesmo tempo estranha a ele. Uma cosmo-energia que somente deuses poderiam ter.

Esse momento de hesitação do cavaleiro, no entanto acabava por lhe cobrar um preço. Agravain salta dos escombros a uma velocidade inacreditável, agarrando o pescoço de Shura e o ergue para cima.

—Deveria ter me matado rápido, cavaleiro.

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Ao entrar no salão principal, Sephir não esperava encontrar sua irmã ainda viva. Mal tinha lembranças de sua vida em Avalon ou do rosto de Alanna quando era menino, mas lembrava vagamente de uma mulher jovem de cabelos dourados com uma linda voz, que cantava todas as noites para ele dormir.

Ver a irmã naquela situação, sendo ameaçada por seus inimigos, fez o sangue do jovem cavaleiro ferver em suas veias. Por isso não hesitou em atacar logo o inimigo, desferindo um golpe contra Galehaut e encontrando na espada dele uma defesa perfeita ao amparar seu braço na lâmina.

—Você é descuidado, rato.

Então ele é atingido por um golpe brutal que o jogou de joelhos, um segundo golpe veio rápido demais e o pegou no ombro e o esparramou no solo. Ouviu sua irmã gritar por seu nome e se levantou, percebendo que Galehaut possuía uma segunda espada, segurando as duas com grande maestria.

—O que foi rato? –Galehaut sorria. –Percebeu a diferença de poder entre nós?

Sephir rolou depressa para fora do rumo do terceiro golpe, ergueu-se com esforço e girou para se defrontar com o próximo embate. Galehaut era um guerreiro formidável, ágil e muito rápido. Sephir não conseguia vislumbrar uma brecha sequer em sua postura de ataque e defesa com as espadas gêmeas.

Mesmo assim resolveu que deveria atacar, até forçar que seu oponente cometesse algum erro. Concentrou no punho sua cosmo-energia e a lançou contra Galehaut, que como imaginara se defendeu. Realizou mais dois golpes, seguida de uma com a Excalibur, mas todas foram defendidas, e em seguida o cavaleiro negro contra atacou jogando Sephir metros para trás.

O rapaz ouviu a risada de Mordred, ainda mantendo sua irmã presa contra seu corpo. Ele levantou depressa, antecipando um próximo ataque de seu oponente, mas ao invés disso, ouviu um rosnado feroz.

O Lobo Negro gigante pulara das portas que haviam sido derrubadas pelo cavaleiro direto para a cabeça deste. Garras mortais rasgaram a carne exposta dos braços, enquanto tentava abocanhar sua face. Sephir deixou escapar dos lábios a agonia que sentia, e afastou a criatura gigante com um chute certeiro. O animal rolou, saltou de pé e agachou-se e se lança para outro ataque.

Sephir contra ataca com sua Excalibur, e o corte acertou o animal gigante no ventre. O lobo uivou, um som doloroso e agonizante, aterrissando com um baque surdo ao chão e não se movendo mais. A cena choca Mordred que permite que Alanna saia de seu abraço covarde, caindo ao chão. Morgaine assiste a tudo com uma expressão insatisfeita em seu rosto.

—Matou o Lobo!

—Agravain vai ficar aborrecido por ter matado seu bichinho de estimação, rato. –Galehaut sorri fitando o rapaz ofegante e com o braço ensanguentado. –Talvez fosse melhor te matar rápido e evitar que meu companheiro se aborreça mais.

—Não pense que será fácil maldito!

Galehaut atacou outra vez e outra, a investir, a bloquear os contragolpes e de novo, sem mesmo ouvir o tinir de golpe contra golpe, cosmo contra cosmo, conforme empurrava o jovem Cavaleiro de Atena para trás.

—Será muito fácil matar um rato!

Gabava-se o cavaleiro Negro medindo forças com Sephir, diante do olhar apreensivo de Alanna.

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Nos Jardins diante da árvore morta.

—Deveria ter me matado rápido, cavaleiro. -ameaçou Agravain, apertando mais ainda o pescoço de Shura.

—E você... Deveria aprender... A não me subestimar.

Segurou firme no pulso de seu algoz, forçando-o a abrir a mão e com um movimento rápido impulsiona as pernas para trás e as jogas para frente, dando uma joelhada certeira no braço de Agravain, quebrando a armadura negra e seus ossos em seguida com o golpe, e saltando para o chão livre do aperto de seu oponente.

Agravain urra de dor segurando o braço quebrado, mas o gigante não se intimidou, pegando sua espada com a mão canhota, mas Shura investe contra ele em velocidade maior, desferindo um golpe certeiro de sua Excalibur, cortando-lhe a carne e ossos da espinha, separando a cabeça de seu corpo.

Shura observa o corpo sem vida de Agravain caído, com a cabeça que rolou metros até parar diante da árvore no centro do jardim morto, com o olhar perplexo gravado em sua face.

Ele respira fundo e sente o corte feito pelo oponente em seu corpo, mas não tem tempo de se permitir que isso o atrapalhasse, outra batalha ainda acontecia em outro lugar e se prepara para correr para ajudar Sephir, quando uma presença atrai sua atenção, fazendo-o voltar-se mantendo uma postura defensiva.

—Quem é você?-indagou ao homem que entrava calmamente naquele recinto, sentindo o poder que dele emanava, ressoando em harmonia com a que a árvore agora pulsava com a sua chegada. –Você é..?!

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Enquanto isso no Salão do trono da Fortaleza, Galehaut continuava a se gabar de seu poder e de sua defesa perfeita com as espadas gêmeas, desdenhando o cavaleiro que o fitava ajoelhado ao chão devido aos ferimentos que recebera.

—Chegou a sua hora, rato. –se aproximou com uma de suas espadas apontada para Sephir e depois fala olhando pelo ombro para Alanna. –Veja mulher. Ratos como vocês devem saber seus lugares nessa nova ordem. Fracos e covardes apenas precisam aceitar o fim passivamente.

—Não fale besteiras! –retrucou Sephir, fazendo Galehaut o fitar com desprezo. –Acha mesmo que um cavaleiro de Atena pode cair tão fácil? Se eu deixar que me vença assim irei envergonhar meu mestre e todos os cavaleiros que vieram antes dele e tiveram a honra de usar essa armadura de Capricórnio. E ainda...

—Hm?

—Ainda tenho que derrotar sua mestra, mesmo que eu morra fazendo isso. Não será um verme como você que vai me impedir de fazer isso.

—Rato insolente! Como ousa falar assim comigo, um cavaleiro de lady Morgaine!

—Cala a boca, verme! VOCÊ NÃO É UM CAVALEIRO!- Sephir o fita com incontida raiva. –Um cavaleiro dedica a sua vida a ajudar e proteger os fracos, a trazer a justiça a todos! Você é só um covarde.

—C-como ousa? –Galehaut fita Sephir com raiva incontida, e ergue a espada que ficava em sua mão direita atacando-o em seguida. –Morra!

—SEPHIR!

Alanna grita o nome do irmão temendo o pior, mas não consegue conter o espanto com o que via. Sephir havia detido o golpe usando as mãos para segurar a espada, erguia seu corpo superando a força de seu oponente que tentava em vão mantê-lo ajoelhado ao chão. O cosmo de Sephir brilha intensamente e em seguida a lâmina da espada era reduzida a pedaços.

—I-impossível! Quebrou minha espada!-Galehaut olhava para o punho da espada perplexo. Mordred e Meleagant também não conseguiram conter o espanto. –Minhas espadas foram forjadas pela deusa das Trevas! Deveriam ser indestrutíveis!

Sephir o ataca em seguida com a Excalibur, forçando Galehaut a recuar não acreditando na reação de um oponente que julgava derrotado. Mais e mais golpes desferidos pelo jovem faziam o orgulhoso cavaleiro negro sentir pela primeira vez em anos, medo de seu adversário.

Já está na hora de acabar com o sofrimento das pessoas em Avalon! –Sephir dizia desferindo golpe após golpe de sua Excalibur em confronto com a espada de Galehaut, pressionando sem parar. –Hora de vingar todos os que vocês assassinaram!

—I-impossível! –Galehaut não conseguia mais se defender dos golpes. Sua defesa que gabava ser única estava cedendo. –Maldito seja! Cale-se!

Morgaine observava a luta e sentia qual seria o resultado. Aproveitando-se que todas as atenções estavam para o embate saiu por uma porta lateral, sendo acompanhada por seu filho Mordred. Meleagant assistia a tudo com apreensão.

Enquanto isso, concentrando seu cosmo, Galehaut lança novamente sua técnica com a pretensão de deter os movimentos de Sephir. Mas a ira havia dominado o rapaz que fazia seu cosmo dourado explodir a ponto de anular a técnica de seu adversário.

—Maldito! Você não é humano! –Galehaut diz recuando um passo.

—Não vou parar até todos vocês pagarem! –diz explodindo seu cosmo e avançando contra o cavaleiro negro. - Excalibur Kaiten Kenbu!!!

Sem chances de conseguir contra atacar, Galehaut coloca a espada diante do corpo na intenção de tentar se defender, mas recebe os seis cortes simultâneos da técnica de Sephir, ferindo gravemente seu corpo, destruindo sua armadura negra. O último corte finalizando e tendo braço direito decepado pela técnica.

Galehaut urra de dor, dá alguns passos para trás e cai ao chão derrotado.

—GALEHAUT! Meleagant interfere, aparecendo ao lado do corpo de seu companheiro. –Maldito seja, filho de Merlinus!

Em seguida, dispara uma rajada de energia contra Sephir, que mesmo exausto pela luta se defende colocando os braços diante do corpo, quando termina percebe que Meleagant havia desaparecido levando Galehaut consigo.

—Maldição! Fugiram! –Sephir tem a intenção de ir atrás deles, sentia seus cosmos se afastando, mas então se deu conta que tudo parecia ruir ao seu redor. –Droga!

—Sephir!

A voz de Alanna chama a sua atenção e o rapaz toma a única decisão sensata naquela situação. Incapaz de correr por estar enfraquecida, ele a pega em seus braços e corre para fora do Castelo, deixando pelo caminho vários soldados desorientados sem seus mestres e sucumbindo pela ruína da Fortaleza.

Quando chega aos jardins mortos no térreo avista Shura na companhia de outro homem. Chama por seu nome e momentos depois as torres da Fortaleza do Dragão caíram por terra. Uma enorme nuvem de poeira ergueu-se, e após um longo tempo ela se desfaz, revelando que os quatro eram as únicas pessoas vivas que restavam na Fortaleza.

—Cof...cof... –Shura tentava enxergar pela poeira. –Destruiu tudo, garoto!

—Não tive culpa! Eu acho! –Sephir aparece diante de Shura, sorrindo, tendo a irmã segura em seus braços, colocando-a com cuidado em pé.

—A fortaleza foi erguida pela magia das Trevas. Como todos partiram a magia que a sustentava deixou de existir e ela ruiu. –explicava a jovem para ambos.

—A...Alanna? –Shura parecia não acreditar no que seus olhos viam.

—Guardião. –a moça o fitava, parecendo ter o mesmo sentimento. –Você veio...

—Meu nome é Shura... –pede sorrindo.

—Eu sei. –ela sorri em retribuição.

—Se soubesse que estava aqui... Teria vindo antes. Perdoe-me...

—Não há o que ser perdoado. –Alanna respondeu com um sorriso. –Cuidou de meu irmão esses anos todos, o protegeu. Eu que devia lhe pedir perdão por ter lhe imposto esse fardo.

—Não diga isso... –fitando os olhos dela, continuava tão bela quanto a primeira vez em que se viram. –Fico feliz que esteja bem.

Por um longo tempo ambos ficaram apenas se fitando, ignorando a presença de mais alguém.

—Oi? –Sephir acenava para ambos. -OI!

—Meus filhos.

O homem que estava com Shura o chamou e Sephir o fitou. Apesar de aparentar carregar séculos de sabedoria com seus cabelos e barba longa e prateadas, havia uma austeridade e força que desconhecia. Aquele homem diante dele era seu pai. Sentia a boca seca e pela primeira vez em muito tempo, não sabia o que dizer.

—Papai! –Alanna corre para os braços do homem que a aconchegou com carinho.

—Minha doce criança... Como temi por você! –em seguida fita o rapaz que permanecia em pé sem reação, pousando suavemente a mão em seu ombro. -Meu filho.

Merlinus se via diante de um rapaz, quase um homem, e procurou naqueles olhos a criança que segurara em seus braços anos antes, que ajudara em seus primeiros passos e palavras. Lamentando-se por todos os anos que não pode acompanhar ou presenciar do crescimento dele. Tocou sua face e sorriu.

—Senti sua falta, meu filho.

—Pai?

Palavras não eram mais necessárias quando pai e filho se abraçaram após tantos anos separados. Atrás deles, os sons soldados em marcha e cavalos se tornaram alto e viram quando cavaleiros com estandartes brancos e dourados, com a imagem de Excalibur bordada, aproximavam-se daquele local.

—Não há o que temer. São aliados. –dizia Merlinus observando que Shura ficara tenso. O poderoso mago caminha até ele. -Terá sempre minha eterna gratidão por proteger meu filho, cavaleiro. –e olhando para Alanna. –E por ter me devolvida a filha que julgava perdida.

Shura apenas acenou positivamente com a cabeça.

—Se tinha um exército tão grande, porque não agiu antes? –questionou Shura.

—Eles tinham a minha filha. –respondeu o mago e em seguida para a árvore no centro do jardim. –E a deusa Mãe.

Todos olharam para a árvore, com exceção de Alanna, com surpresa. Merlinus caminha até ela, explicando.

—Morgaine havia sido exilada ao seu mundo, Cavaleiro de Atena. Mas há duas décadas ela se aliou a alguma força maligna que a ajudou a romper a barreira que separava esse mundo e o humano, e instruiu seus servos confinados como usar o poder das Trevas. –ele toca no tronco da árvore. –Como sugar o poder da Luz, ou Cosmos, da deusa Mãe e de toda a ilha, aumentando seus poderes. A destruição da Fortaleza e de Agravain foi a primeira vitória.

Shura e Sephir perceberam as nuvens negras desaparecendo e permitindo os raios de sol tocando e aquecendo toda a ilha, renovando a cosmo energia da árvore, que diante de seus olhos voltava a se encher de vida, recuperando o viço, as folhagens verdes cobrindo sua enorme copa, no exato momento em que os soldados fieis a Merlinus chegavam. Os brados de vitória ecoaram por todos os lados.

A vida parecia fluir a árvore divina indo para os jardins, seguindo pelos campos e florestas, por todo o lugar, cobrindo toda a ilha.

—Então é assim um cosmo de um deus? –Sephir perguntou admirado.

—Sim. –respondeu Shura.

Shura havia sentido apenas em Atena um cosmo tão quente e acolhedor. Em sua vida as outras divindades com quem encontrou sempre tiveram cosmos hostis e desprezavam a vida. Era reconfortante saber que havia outra deusa que possuía um cosmo gentil e se importava com o equilíbrio da vida, além da deusa da sabedoria no Santuário.

—Há muito que ser feito em Avalon, meu filho. –Merlinus fitou Sephir, e sua voz e expressão tornou-se tristes. –Mas sinto que não deseja ficar.

—Eu... –Sephir parecia confuso, fitou seu pai e sua irmã, depois para seu amigo e mestre. –Eu desejaria ficar, mas agora sou um cavaleiro de Atena. E prometi a alguém que a reencontraria no Santuário em breve.

—Aquele mundo é seu lar, eu sei. –Merlinus sorri. –Ah... “a reencontraria”? Uma dama?

—Não tirem conclusões precipitadas! É uma amiga! –tentava se explicar, se atrapalhando e Shura balança a cabeça em negativa. –Mas, ao mesmo tempo quero ficar e ajudar. Conhecer minha família.

—Ser um cavaleiro não o impede de conhecer sua família, vir visitá-los ou ajudá-los quando for preciso. –retrucou Shura.

—Eu não posso ficar.

Sephir fitou o pai, que ao contrário do que imaginava não parecia desapontando por suas palavras. Ele apenas sorriu antes de lhe dizer:

—Tenho muito orgulho do homem que se tornou Sephir!

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Sephir ficou em Avalon mais três dias a pedido de seu pai e irmã. Conheceu sua família e mais sobre sua terra Natal, mas não poderia ficar mais. Havia feito uma promessa e pretendia cumpri-la, e seu dever com o Santuário o chamava, então, no dia que retornaria para o mundo mortal teve uma surpresa.

Shura decidira ficar em Avalon.

Os motivos que ele havia apresentado a Sephir era ajudar Merlinus a encontrar Morgaine e seus cavaleiros negros, proteger Avalon.

—O Santuário iria mandar um novo Guardião há anos e não o fez porque julgava os Portais destruídos. –explicava o espanhol. –Agora que eles retornaram e o inimigo está à espreita, melhor que eu fique e proteja esse local, não acha?

Foram suas palavras, mas o rapaz não era tão ingênuo para não saber que o motivo maior residia no fato de que Alanna estava em Avalon também, e que Shura nutria sentimentos por ela, e era retribuído.

Então desejou sorte ao amigo antes de partir, e se fosse necessário voltaria àquela ilha para ajuda-los. Em seguida, após uma difícil despedida, retornou para o Santuário.

Quando chegou no dia seguinte à Grécia, foi direto ao local onde o Santuário se erguia e deparou com a beleza das Doze Casas assim que subiu os primeiros degraus diante de Áries. Ele era apenas um garoto quando partiu dali e só agora se deu conta do quanto sentiu falta daquele lugar, do quanto o considerava seu lar.

—Quem é você, estranho?

Sephir olha para o rapaz com roupas tão diferentes dos outros moradores do Santuário, ele era esguio, alto e possuía longos cabelos castanhos claros presos por uma fita. Mas os sinais de suas sobrancelhas tão incomuns foi o que mais chamou sua atenção.

—Sou Sephir. –respondeu com firmeza.

Foi quando o rapaz notara que ele carregava uma urna dourada, e pareceu relaxar como se tivesse certeza de não estar diante de um invasor.

—Bem vindo. Sou o guardião da primeira Casa. Cavaleiro de ouro, Kiki de Áries. –estendeu a mão de modo amigável e Sephir a apertou.

—Obrigado pelas boas vindas.

—Vejo que logo as Doze casas terão todos os cavaleiros dourados novamente. Algo que não acontecia há muitos anos!

—Ainda há casas vazias? –Olhou preocupado para a Oitava Casa.

—Vai saber. –dando os ombros. –Dizem que Escorpião vai ter uma guardiã, uma garota, que deve estar chegando também. Acho que deveria ir ver o Patriarca primeiro.

Sephir olhou para Kiki com um sorriso animado ao ouvir suas palavras.

—Isso é muito bom! –e subiu correndo as escadarias em direção ao Templo do mestre.

Kiki não compreendeu o que ele queria dizer, mas sentiu que o cosmo do rapaz era bondoso e forte, que o fazia lembrar e outros tempos, quando era um garoto e testemunhou outros cavaleiros subiram aquelas escadarias por outros motivos. Talvez fosse o entusiasmo de Sephir que o lembrava de seu amigo Seiya quando jovem. Sorriu com a ideia.

Sephir passou direto pelas Casas, os cavaleiros permitiram sua passagem ao verem a urna que carregava que indicava ser um santo de ouro de Atena.

Logo chegou diante do Salão do Grande mestre, e parou ofegante diante daquelas portas. Soldados vieram ao seu encontro e o guiaram até o Mestre, que conversava com outro homem de cabelos lilases sobre um documento que este lhe mostrara.

—Mas não tem cabimento essas contas, Mu!-gritava Dohko. –Toda vez que algum cavaleiro de ouro sai em missão e destrói patrimônio público temos que pagar isso tudo?

—Não era assim quando você causava estragos, Mestre Ancião?

—Eu passei a maior parte da minha vida com a bunda diante do selo de Atena na China. Não saia destruindo as coisas assim! –retrucou e suspirou desanimado. –Isso é muito chato!

—Os tempos são outros. –Mu lhe diz, sorrindo.

—Você é mais chato ainda.

Assim que perceberam a presença de Sephir, guardaram os documentos e o receberam com um sorriso.

—E você é?

—Cavaleiro de ouro. –respondeu com certo orgulho na voz, inclinando-se em cumprimento à figura do mestre do Santuário.- Sephir de Capricórnio!

Mu reconheceu o menino que Shura “adotou” e não pode conter um sentimento de alívio em ver que ele estava bem. Dohko, que conhecia a história por intermédio do amigo compartilhava a mesma satisfação.

—Seja bem vindo, cavaleiro de ouro. –saudou o mestre.

—Obrigado, senhor!

Um servo se aproximava e dizia algo ao ouvido de Mu, este o dispensa com um sorriso.

—Meu jovem, vista sua armadura e se junte aos seus companheiros no Salão principal. -Explicava. - O último cavaleiro chegou ao Santuário e este é o momento de apresentá-los.

—Último cavaleiro?-Dohko sem entender.

—A guardiã de Escorpião, mestre Ancião. –explicou o ariano.

—KIAN?!- Sephir e Dohko falam o mesmo nome ao mesmo tempo, com igual entusiasmo. Em seguida se olham. Sephir encabulado e Dohko desconfiado.

—Eu vou indo! Nos vemos no Salão! Com sua licença, mestre!

Avisou o rapaz, saindo imediatamente da Sala. Dohko olhava a cena com uma expressão de quem não havia entendido nada, enquanto Mu continha uma risada.

Algum tempo depois, Sephir já estava com sua armadura diante dos demais cavaleiros, sendo apresentado a eles por Dohko. Este pediu que recebessem também a amazona de ouro que estava chegando. Sephir quase não conteve o entusiasmo ao vê-la entrar no salão trajando sua armadura de escorpião.

Depois do cerimonial, soube que aquele homem, o mestre do Santuário, era o pai dela. Observava os dois conversando em um canto do Salão, enquanto os demais cavaleiros se dividiam em grupos para conversar. Como a única pessoa, além da amazona, que conhecia estava ocupado conversando com outros, decidiu ir até uma varanda sozinho e dali admirou o Santuário.

Há muito tempo que não o via, e parecia não ter mudado nada.

—Uma bela vista! –a voz de mulher o fez sorrir, antes de virar-se para ela.

—Eu me lembro de ter lhe dito que era um lugar muito bonito, Kian!

—Sim. O Santuário é muito bonito mesmo!–ela fica ao lado dele na varanda, admirando a mesma vista. –Você conseguiu sua armadura também! Fiquei muito feliz em te ver aqui.

—Digamos que... Quase não consegui chegar aqui. –falou mostrando a ela um pequeno embrulho.

Ela o pegou e reconheceu a flor que havia lhe dado na véspera de sua partida da ilha de Milos.

—Você guardou?

—Foi meu amuleto de sorte!

Os dois permaneceram conversando e rindo na Varanda, como se o tempo e a distância que os haviam separado quando crianças nunca houvessem acontecido, sob os olhares de Dohko e Mu.

—O que acha?-perguntou o mestre, parecendo preocupado.

—O que? –Mu fez de desentendido, mas diante do olhar do outro respondeu. –É bom ver que os atuais cavaleiros possuem laços fortes de amizade!

—Sei não.

—Cuidado para não virar um pai velho, ranzinza e ciumento. –o ariano o avisou, mantendo a expressão serena no rosto.

—Tsc! Chato igual seu mestre. –Dohko cruza os braços e depois sorri. –Só vou ficar de olho, para ver o que o futuro reserva para todos nós.

—O futuro parece promissor.

O mestre concordou com um aceno de cabeça, continuando a observar de longe os jovens cavaleiros que conversavam animados na varanda. Realmente, o futuro do Santuário parecia promissor.

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Fim

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—Mu? –Dohko ainda observando os dois conversando.

—O que é, Mestre? –Mu de costas para eles, bebendo uma taça de vinho, entretido com uma conversa com Seiya.

—Minha filha tirou a máscara e beijou o rosto do cavaleiro de Capricórnio? –puxando o ariano pela gola da túnica.

— Velho, ranzinza e ciumento...-suspirou.

Fim.


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Notas finais do capítulo

Continua em 15 dias em: Faust de Câncer.



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