The Son of Mists escrita por GiullieneChan


Capítulo 4
Parte 4: O Guardião na caverna


Notas iniciais do capítulo

Betado por Casty Maat.



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Quando foi adotado por Shura como seu protegido e discípulo, Sephir era muito pequeno. Pequeno demais para lembrar-se da data exata de seu aniversário, dos rostos de seus pais e de sua família. Suas parcas lembranças foram perdidas com o tempo. Era natural que um ser humano lembrasse vagamente de fatos e pessoas em seus três anos de idade, ele não era exceção.

Mas havia rostos que sempre apareciam em seus sonhos e de certo modo lhe davam conforto. Um homem que aparentava ser muito sábio, austero, de cabelos e barba prateadas, bem cuidada e aparada.

Esse homem alto e que poderia assustar qualquer pessoa com o olhar duro, se tornava gentil e amável ao conversar com algumas meninas ao seu redor.

Pelo sonho sabia que eram pai e filhas. Eram seu pai e suas irmãs.

E que todos o observavam do alto, com sorrisos em seus lábios. Sephir estende a mão tentando tocá-los, mas sempre desapareciam quando assim fazia, e logo em seguida despertava.

Quando menino esse sonho o fez chorar diversas vezes, pois a sensação de perda e saudades era muito grande. Agora, quase adulto, sentia o peito apertar, mas segurava suas lágrimas.

Essa noite fora um pouco diferente das outras. Novamente os viu, novamente tentava alcança-los, mas eles desapareciam. Todos, menos uma de suas irmãs. Os cabelos longos e loiros, o sorriso triste nos lábios, reconheceu imediatamente ser Alanna.

Ela movia os lábios mas nada escutava, parecendo querer lhe dizer algo em desespero, balançando a cabeça em negativa, o rosto banhado em lágrimas. Estendeu a mão até Sephir e conseguiu segurar a sua. Surpreso parecia sentir o calor de sua pele, ela lhe sorriu e moveu os lábios, sem que palavra algum saísse, mas podia entender o que queria dizer: “Não venha!”

Uma sombra negra projetou-se sobre eles, Alanna parecia apavorada, Sephir sentiu um desejo incontrolável de afastar sua irmã para longe da sombra, mas ela a engoliu.

O rapaz grita por seu nome...e desperta sozinho na barraca que lhe servia de abrigo nos últimos dois anos.

Com o rosto molhado pelo suor frio, Sephir fitava a própria mão ainda sentindo o toque de Alanna. Deveria ter gritado alto, pois Shura ergueu o tecido da entrada da barraca, como se estivesse pronto para enfrentar algum inimigo.

—Estou bem. –respondeu o rapaz, pensando que com essas palavras pudesse acalmar seu mestre, mas Shura parecia tenso.

—Você gritou pelo nome de Alanna.

—Eu...sonhei com ela. Acho que era ela, mestre. Parecia aflita, tentando me dizer algo quando...

—Uma sombra a levou? -Sephir ergueu o olhar surpreso para Shura, notou que a mão dele tremia levemente. –Eu tive o mesmo sonho.

—Mestre Shura, o que isso quer dizer?

—Ainda não sei.

Aquela noite foi a mais longa de que se lembravam. Nem o sol tencionava surgir no horizonte, e Shura já estava se preparando para sair do acampamento. Aquele estranho sonho que o perturbara não poderia atrapalhar o teste final de Sephir.

Naquele instante, Sephir saia da barraca guardando algo dentro de sua blusa. Shura notou que era um pequeno embrulho e ficou curioso.

—O que é isso?

—Apenas um amuleto de sorte.

—Não diga bobagens. Isso não existe!

—Pra mim deu sorte desde que chegamos aqui. –sorriu e Shura deu os ombros, disposto a não discutir.

—Está pronto? –perguntou o cavaleiro mais velho.

—Sim! –o rapaz olhou ao redor como se procurasse algo. –Mestre, onde está a urna da armadura?

—Está no alto do Aneto. –respondeu, enfaixando sua mão e caminhando calmamente na direção do rapaz. –Depois de hoje, ela poderá não me pertencer mais, mas... –parou ao lado dele, lhe direcionando um olhar frio. –Se você falhar e morrer, ainda será minha.

Sephir não deixou de sentir um estremecimento com aquelas palavras ditas daquela maneira. Ficou observando Shura afastar-se sem olhar para trás.

—Vamos logo! –ordenou seu mestre e foi seguido rapidamente.

Sephir o acompanhou, andaram por um algum tempo, embora a maioria das rotas de subida fosse considerada fácil, o desnível e o ar glacial o tornam perigoso. Tempestades eram comuns e o frio tornava a escalada um desafio, vez ou outra ocorriam acidentes com turistas e esportistas, e não raros eram mortais.

No entanto, os deuses favoreciam aos dois e proporcionavam uma caminhada sem grandes transtornos. O destino era a face norte do Monte Aneto, quase coberto pela neve. Deviam ter escalado mais de 2000 metros e metade do dia já havia transcorrido quando Shura parou e apontou uma formação escondida entre as rochas. Era uma caverna.

—Esperarei aqui. Dentro da caverna, bem ao fundo está a Armadura de Capricórnio. Eu a coloquei ali na noite anterior. –Sephir ouvia com atenção as instruções. –Deve busca-la.

—Só isso? –perguntou certo que a resposta não seria simples.

—É claro que não. –Shura sorriu. –Aquele que a guarda não vai te entregar tão fácil. Deve vencê-lo.

—Quem?

Sephir olhou novamente para a caverna, não havia sentido a presença de ninguém mais além deles naquele lugar. Olhou novamente para seu mestre que se encostou a uma rocha e cruzou os braços despreocupado, fechando os olhos.

—Fiz a mesma pergunta ao meu mestre. Ele apenas riu e me mandou entrar logo. –Shura fita seu discípulo. –Vamos, não temos a tarde toda.

Sephir concordou com um aceno e caminhou na direção da caverna, pronto para qualquer desafio.

—Fique alerta. Se não conseguir vencer esse desafio, perderá sua vida.

O alerto de Shura não o tranquilizou, apenas o deixou mais ansioso. Respirou fundo e entrou.

A caverna era tão fria quanto o seu exterior, e bem mais úmida e escorregadia, que exigiam que Sephir andasse com cautela para não escorregar entre as pedras. A escuridão não era total, um estranho brilho prateado indicava o caminho que o levava ao centro da caverna.

E com certo receio chegou ao seu destino, observando admirado as formações rochosas ali formadas pelo tempo, e uma enorme arena natural capaz de abrigar centenas de lutadores, colocada no ponto extremo da arena estava a urna da armadura de Capricórnio, mas nenhum sinal de quem Shura dizia a proteger.

Estranhou o fato, achou que encontraria algum cavaleiro de Atena do nível de um dourado o esperando, mas não avistou ninguém. Deu alguns passos para o centro da tal arena e sentiu que havia chutado algum tipo de pedra, olhou para baixo e assim que sua visão acostumou-se à penumbra, pode distinguir que não era uma pedra que chutara, e sim um crânio humano.

Não conseguiu esconder o susto com a descoberta, e então pode perceber que havia centenas de ossadas humanas espalhadas por todo o recinto, cheia de marcas que indicavam terem sido vítimas de combates sangrentos.

“-O que houve aqui?” - suor frio molhava sua fronte, imaginando o que encontraria ali, foi quando percebeu a presença de um cosmo forte, seguida de uma voz grave e imponente.

—É meu oponente? É você que quer provar seu valor e levar a Kaledfwich?

Sephir procurou de onde vinha a voz e não conseguia descobrir.

—Faz muitas décadas desde que minha espada sentiu o gosto do sangue.

Então percebeu que a voz vinha de um amontoado de ossos em frente a armadura e este se mexeu. Dela se ergueu uma figura humanoide, oculta por uma armadura antiga e medieval que se apoiava em uma espada, envolvido por um poderoso cosmo. O rosto era coberto pelo elmo, e não era possível sequer saber a cor de seus olhos.

—Ah, parece que retorno ao passado. Adiante rapaz...deixai-me olhar vosso rosto. –o guardião estende a mão. —Pelo Divino! Tens o mesmo semblante de um amigo de meu passado. Alguém que sentaste à mesa ao lado de meu rei, um sábio homem.

—Quem é você? –Sephir perguntou cauteloso.

—Eu sou Bedwyr, Guardião de Kaledfwich.

—Eu não entendo... Bedwyr, seu nome é familiar.

—Servi ao grande rei em sua aurora, o vi cair diante da espada de seu inimigo. Quando ainda tinha forças, me fez devolver Kaledfwich à Dama do Lago. A procura de forças para reconstruir o sonho do Rei conheci o Santuário e o cosmos. Servi a deusa até o fim de meus dias, fui o mais fiel e devotado a ela, fui recompensado com a Espada que foi de meu rei. Ela deve repousar no braço dos escolhidos pela Armadura de Capricórnio. Sou

Você diz que é...!? Impossível!

— É culto e conhece a história do grande Rei, quer servir a uma deusa considerada um mito pelo mundo, por que acha difícil crer que aqui estou? Não tenho porque mentir. Jurei que jamais cederia a Excalibur a um homem que não fosse digno dela!

— Você teria que ter centenas de anos! Nenhum humano vive tanto assim!

—Criança, acha mesmo que conhece todos os mistérios e desígnios que o plano divino nos inflige? Aqui estou há eras, mas não quer dizer que estou vivo. Pois prometi que somente os dignos usarão a espada sagrada.— Bedwyr ergue a espada e aponta para Sephir. —Se fores digno dela, conseguirá me vencer. Senão, seus ossos se juntarão a todos os desafortunados que aqui jazem.

—Quer dizer que estou enfrentando um espírito?

Bedwyr faz um movimento rápido com a espada criando uma rajada de vento que corta tudo o que toca, obrigando Sephir a saltar e assim evitar um golpe direto. Pelo estrago que esse simples movimento causara, destruindo parte da formação rochosa acima deles e reduzindo ossadas a pó, o dano ao seu corpo poderia ser fatal.

—Derrote-me e prove ser digno! Seja fraco e morra aqui! – Bedwyr lança outro golpe, que desta vez o atinge.

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Do lado de fora Shura ouve um grande estrondo vindo do interior da caverna e sente os cosmos colidindo. Ele controla o anseio de entrar na caverna e observar a batalha, interferir se acaso seu protegido encontra-se em situação de perigo, mas sabe que não deve fazer isso.

Deve deixar seu lado protetor de lado naquele instante e confiar em todos os ensinamentos que transmitiu aquele rapaz, bem como na força e determinação de seu cosmo e de seu espírito. Cerra novamente os olhos, apenas esperando... E orando pela primeira vez em muitos anos.

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Com o corpo ferido pelo golpe que recebera, Sephir tenta a todo custo evitar que ele consiga novamente atingi-lo. Sabia que talvez não recuperasse totalmente. Em contrapartida, para de fugir do inimigo, elevando seu cosmos e concentrando em seu braço direito toda a sua energia, desferindo um arco perfeito a sua frente. A cosmo energia vai diretamente a... Que se defende usando a espada diante de si.

—Droga! Ele... ele é tão forte quanto o mestre Shura! –reparava no cosmo que o envolvia. –Tão forte quanto um cavaleiro de ouro!

—Um belo golpe, mas não é a Excalibur digna de um Rei que esperava. –ergue a espada acima da cabeça e desfere um golpe que atinge o chão, criando uma onda de choque que atinge o rapaz. Sephir grita de dor e tem seu corpo lançado longe. —Ainda não é a verdadeira Excalibur!

—D-droga... –Sephir ergue-se com dificuldade. Sangue escorria de um corte em seu supercilio, dificultando sua visão. - Não é possível! Como ainda diz que não é a Excalibur?

—Não tem fé em sua espada. O que o motiva a vencer? É digno? Vingança? Não há nobreza na vingança!— Bedwyr falava desferindo uma sequencia de três golpes com a espada, que atingem novamente o rapaz fazendo-o colidir contra uma parede da caverna e cair ruidosamente ao chão. —Não o culpo. Quantas batalhas de vida e morte enfrentou em sua breve vida?

—C-confesso que é a primeira. –responde desferindo um golpe contra Bedwyr, mas o cavaleiro apenas se desvia e este acerta a parede próxima à armadura, fazendo-a ruir abaixo.

—Devo ser piedoso e poupar sua vida?—revidando o golpe, ferindo novamente o jovem. — Ou devo privá-lo da vergonha de encarar seu mestre e matá-lo logo?

—M-me falta fé? Não fale o que não sabe! –Sephir novamente e das vestes rasgadas cai o pequeno embrulho contendo seu amuleto de sorte, ele o pega e guarda em seu punho fechado, se erguendo e encara Bedwyr. – Não vou morrer hoje e nem aqui! Tenha certeza disso!

—O que o motiva a não morrer aqui?

— Justiça! Para a minha família. –Sephir abre a palma da mão, o embrulho havia se desfeito e revelava uma pequena flor seca, que outrora tivera as pequenas pétalas amarelas. –E eu preciso voltar, não posso desistir, ou alguém não vai me perdoar nunca.

—Então me vença e se mostre digno!

—Se quer ver a Excalibur, Bedwyr? Então vou lhe mostrar! -Sephir reúne então suas últimas forças, elevando seu cosmo ao máximo que conseguia. –QUEIME MEU COSMO!!!

Bedwyr também eleva seu cosmo e o concentra na espada lançando novamente o golpe contra o chão. Mas para a sua surpresa, desta vez Sephir consegue ver seus movimentos e evita ser acertado.

— Excalibur Kaiten Kenbu!!! -O rapaz concentrando a sua cosmo energia, girando seu corpo e assim desferindo o golpe com sua mão direita, sua Excalibur realiza seis cortes simultâneos a sua frente a uma velocidade da luz.

Bedwyr consegue se defender dos dois primeiros cortes, mas é atingindo pelos demais e lançado metros para trás, atingindo a parede de pedra que desaba sobre si. Sephir fica parado, ofegante, mantendo a posição de defesa e sem tirar os olhos das pedras caídas. Quando a nuvem de poeira se esvai, as rochas se movem e debaixo delas ergue-se Bedwyr. Sephir está preparado para continuar a lutar.

O lendário cavaleiro caminha na sua direção e para a cerca de cinco metros do rapaz, apoiando a espada no chão e as mãos em seu cabo.

—Mostrou uma Excalibur digna dos Reis do passado!

Em seguida, Bedwyr começa a desparecer diante dos olhos de Sephir. A alma do antigo guardião de Capricórnio voltava a repousar. A armadura dourada de Capricórnio aceita seu campeão, brilhando intensamente se desfaz em várias partes cobrindo em seguida o corpo de Sephir.

Nesse momento o rapaz notara em um canto esquecido da caverna uma pedra que era usada como lápide e gravado nela em galês antigo estava escrito o nome de Bedwyr, o cavaleiro de Capricórnio de séculos atrás. Seu desejo de que o legado de Excalibur fosse usado apenas por homens honrados o tornou o eterno guardião da mesma. Em meio a uma oração silenciosa, Sephir lhe promete ser digno de sua herança.

Alguns minutos depois ele saia da caverna devagar, ainda sentindo seus ferimentos e encontra Shura no mesmo lugar, só que agora ele exibia um sorriso nos lábios.

— Bedwyr é uma figura, não?

—Ele é um pé no saco. –respondeu com a cara amarrada, mas depois começa a rir.

Era agora um cavaleiro dourado.

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No dia seguinte, Sephir estava sentado em frente à fogueira do acampamento onde o jantar estava sendo feito em uma panela de ferro suspensa por galhos, enquanto cuidava dos ferimentos que o teste infligira em seu corpo, mas estava se sentindo plenamente satisfeito.

Enquanto guardava em sua mochila os tecidos que haviam sobrado de seu curativo, viu um pequeno embrulho com seu amuleto da sorte, que carregara no dia anterior.

Abriu com cuidado e viu a flor que ganhara de Kian, já seca pelo tempo e sem a cor viva e amarela que outrora possuía, mas mesmo assim mantinha a sua beleza. Sorriu imaginando como ela estaria agora, será que já era uma amazona dourada?

O embrulhou novamente e o guardou com cuidado dentro da sua mochila, olhando para o lado em seguida, onde a urna dourada repousava e estendeu a mão para tocar em seus entalhes.

—Sente-se tentando a usá-la? –Shura perguntou, aproximando-se com um feixe de lenhas, mesmo ferido ainda mantinha a disposição. –Tive essa mesma sensação quando a ganhei muitos anos atrás. Mas lembre-se de uma coisa...

Sentou-se no lado oposto da fogueira, jogando um galho seco para manter o fogo que aquecia o jantar, olhando para as chamas.

—Junto com a armadura vem um fardo muito grande para ser carregado.

—Eu sei.

—E está preparado para isso? -Sephir não respondeu, incerto sobre isso, depois ouviu Shura gargalhar. –Não se preocupe, todos já tiveram suas dúvidas. Mas, essas dúvidas parecem que terminam quando voltamos para o Santuário e sentimos de verdade o peso de nossas escolhas e o aceitamos.

—Fala da armadura ou do que aconteceu quando nos conhecemos?

Um pesado silêncio se interpôs entre eles.

—Shura, me desculpe...

—Não tem um só dia que eu não pense no que fiz com Alanna. –respondeu secamente, se levantando e se afastando dali para olhar as estrelas. –Amanhã voltará ao Santuário e deve se apresentar ao Grande Mestre.

Sephir se repreendeu pelo o que disse em todos aqueles anos ele sempre soube que Shura não teve alternativa, mas mesmo assim ele se culpava por ter matado sua irmã. Não precisava tê-lo questionado sobre isso.

Determinado a se desculpar, resolveu ir até ele. Mas de súbito uma estranha névoa surgiu do nada, cobrindo todo o acampamento. Shura percebeu algo estranho e ao se virar viu-se perdido em meio às estranhas brumas. Começa a procurá-lo em vão.

—SEPHIR! –gritou pelo nome do rapaz, mas a resposta que obteve dele parecia vir de muito longe.

Sephir parecia perdido em meio às brumas, chamava pelo nome de Shura quando sentiu que tropeçara em algo e percebeu ser a urna da sua armadura de Capricórnio. Então sentiu a presença de mais alguém atrás de si, virou-se em posição de luta, mas parou ao ver uma bela mulher de vermelho diante dele.

—Quem? –estreitou o olhar, ela lhe era bem familiar.

—Você cresceu, filho de Avalon. –ela sorri, colocando o dedo indicador no rosto analisando-o.- Sempre achei que fosse parecido com seu pai em sua juventude. E estava certa.

—Quem é você? –a menção de sua terra natal e do pai que não conhecia o fizeram ficar alerta.

—Acalme-se, criança. –ela sorri e caminha até ele. –Seu tutor o ensinou bem em desconfiar de pessoas como eu, mas eu não vim aqui em busca de um confronto, mesmo que quisesse.

Ela estende a mão até Sephir que o atravessa, revelando que não possuía uma forma física.

—Uma prisão sem paredes ou grades. Um presente de seu pai por um deslize meu de séculos atrás. –ela dá uma pequena risada. –Mas não vamos falar de rancores antigos, meu caro. Meu nome é Morgaine Le Fay.

— Morgaine Le Fay? A fada Morgana?

—Então me conhece? –pergunta sorrindo.

—Li sobre as lendas de Avalon algumas vezes.

—Estou lisonjeada, mas... esses livros não contam toda a verdade sobre nós, sobre seus ancestrais. –ela anda ao redor dele. -Vim lhe mostrar que não sou a inimiga que tanto lhe disseram.

—Não tenho tanta certeza. Alguém que quer meu sangue não é de confiança, não acha?

—Ah, por favor. O que são algumas gotinhas de seu sangue diante do que posso lhe oferecer?

—Você não tem nada que me interessa, bru...

Ele para abruptamente de falar quando Morgaine com um gesto de sua mão reúne um pouco da bruma. A densa névoa forma uma esfera e começa a projetar uma imagem de uma jovem de cabelos dourados, presa a uma espécie de cela.

—Alanna? Ela está viva?

—Sim. Ora, aquele golpe de seu tutor não a atingiu. Deveria ser grato por meu servo ter recebido o maior impacto e inadvertidamente a protegido. –ela começa a gargalhar. -Chega a ser irônico.

—Eu não acredito em você! Ela está morta!

—Está tão viva quanto eu ou você. Meu servo não a feriu a meu pedido. Não foi fácil fazer meus pensamentos chegarem a ele, mas... –dá os ombros, desfazendo a imagem. –Ora, não vai me agradecer por fazer pouparem a vida de sua irmã? Estou magoada.

Morgaine faz um gesto teatral colocando a mão sobre o coração e em seguida começa a rir.

—O que quer?

—Vá para Glastonbury. Lá saberá o que quero.

A mulher desaparece com as brumas, que tão rápido quando surgiram se desfazem. Quando Shura avista Sephir corre até ele e nota a palidez no rosto dele.

—O que aconteceu?

—N-nada. Foi... estranho isso da névoa!

Shura sentiu que ele lhe escondia algo, mas por hora estava aliviado de ver que estava bem. Ouviu sons de corvos, não eram comuns naquela região e sabia o que aquele som significava.

Deixaria para fazer perguntas na manhã seguinte antes de partirem de volta ao Santuário, e por precaução, decidira passar aquela noite em vigília.

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Shura despertou achando que a idade estava lhe cobrando o preço finalmente. Não se lembrava em que momento caiu no sono, talvez faltasse pouco para o amanhecer, mas agora o sol estava alto.

—Maldição!

Olhou ao redor do acampamento e não notou a presença de Sephir. Era um tolo por achar que ele partira para a Grécia sem se despedir. Tinha um pressentimento de onde o rapaz poderia ter ido.

—Aquele irresponsável!

Continua...

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Fim da Parte 4


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Notas finais do capítulo

Notas da autora:
Sim, peguei os contos Arturianos como base para esse fic pelo simples fato de a Excalibur ser na mitologia a espada sagrada do Rei Arthur. Para mim esse fato liga Capricórnio aos mitos da Távola Redonda, talvez durante a era dos cavaleiros medievais. Quem não garante que o cavaleiro que Atena presenteia com a Excalibur também tenha ligações com Arthur?

Não, não estou me baseando em livros como as Brumas de Avalon, nem sequer li a coleção. Baseio-me em simples e pura pesquisa científica dos mitos e em contos que já havia lido em enciclopédias e outras obras cinematográficas. Incluindo o anime Rei Arthur.

Excalibur Kaiten Kenbu = técnica que Sephir desenvolveu. Ele é inspirado no golpe de Aoshi Shinomori, em Rurouni Kenshin.

Bedwyr –No ciclo arturiano (inglês: Bedivere; francês: Bédoier, também grafado Bedevere) é o cavaleiro da Távola Redonda que devolve Excalibur para a Dama do Lago. Nesse fic, seu destino foi mudado graças à liberdade criativa da autora.

Kaledfwich – um dos nomes da Excalibur.

Morgaine – um dos nomes de Morgana.



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