Book 5: Love escrita por VeraLGPedrosaBadWolfPT


Capítulo 5
Capitulo V: Tempestade Num Copo de Água




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“Isso é que foi um almoço.” Jinora diz em tom de ironia quando Korra volta para a templo. Ela esgueira-se para fora da porta. Ela sussurra para manter a calma. “Como é que foi?”

“Foi um almoço.” Um almoço cheio de confusões. “Já não passo da tua hora de ir dormir?” Jinora olhou para o relógio na sala de estar, era perto das duas da manhã. Ela tinha chegado assim tão tarde?

“Será que vocês tiveram algum momento especial juntos?”

“Momento especial? O Quê?” Korra odiava como o seu rosto começou a corar. “Vai para a cama!” Ela fechou a cara de Jinora antes que ela possa fazer mais perguntas.

Ela move-se num ritmo acelerado para o seu quarto. Quanto mais tempo passasse cá fora, mais risco ela tinha de ser apanhada pelo Tenzin ou pela Pema.

Chegando ao seu quarto, ela atirou-se para cima da pequena cama e cruzou os braços atrás da cabeça. Ela precisava descansar

Ela esperava que os pesadelos não a acordassem. Era raro ela dormir uma noite sem uma das visões horríveis que a atormentava, fizessem o seu bater até que ela acordasse encharcada de suor. Ela pensou em Asami, e ela esperava que ela iria dormir bem. Ela tinha-se preocupado com os pesadelos, mas eram esses pensamentos que não iam deixa-la dormir.

Ela acorda de madrugada com o coração quase a saltar para fora do seu peito. Não importava o quão ela tentava, ela não iria conseguir dormir direito. Ela vira-se de lado, agarrando-se ao travesseiro, tentando recuperar o fôlego.

Era um lindo dia em Republic City. A Ilha do Templo do Ar estava cheia de energia. Uma brisa agradável soprava os cabelos de Korra. Jinora dava voltinhas em torno de si mesma durante um tempo, até que ficou cansada e descolou. O que é que se passa com ela? Pergunta Asami. Puberdade talvez. Korra responde-lhe.

O chá e o pequeno-almoço que elas tinham partilhado, estava agora de lado, numa bandeja. Uma conversa amigável seguia-se. Ainda era difícil estar em volta dela. Korra olhava para ela, e ela percebeu isso.

Korra estava a aquecer para lutar enquanto Asami colocava as proteções nos braços.

“Vamos, mas tem calma.” Diz ela, ficando em posição defensiva. “Nós não fazemos isto há anos.”

“Felizmente para ti, eu não sou o Avatar que costumava ser.”

“Vá lá, não digas isso.” Antes que Korra pudesse responder, Asami empurrou-a. Korra sorri, dando uns passos para trás, voltando para frente, e com bastante força, ela dá um soco na almofada. “Parece que ainda tens os teus antigos movimentos.”

“Talvez eu esteja só a tentar impressionar-te.” Ela salta antes que Asami tivesse a oportunidade de responder. Ela esquiva-se e pontapeia Korra, fazendo-a cair para trás. Quando ela se levanta Asami estava a sorrir, acenando a mão para que ela viesse para mais perto. A visão de Kuvira vem à sua mente e ela perde o equilíbrio.

“Tu estás bem?”

O ar fica frio.

“Estou bem.” Toph tinha-lhe dito para enfrentar os seus velhos medos. Ela tinha de voltar ao que era. Ela tinha de encontrar-se novamente. Ela tinha de voltar a ser inteligente, corajosa, ousada e feroz.

Ela dá um soco que tira a proteção do braço de Asami, antes de chutar a outra também. Asami cai e esfrega os braços. Korra sorri, balançando os seus pés ao seu ritmo.

“O que foi que eu disse?”

“Eu não fui a única a duvidar de ti.”

“Então, pronta para lutar comigo?”

Asami sorri, pondo-se em posição defensiva.

“Tudo bem, mostra-me o que vales.”

Korra correu para a frente, como uma corrente de vento, preparando-se para dar um pontapé. Asami não era bender, mas rapidamente defendeu-se. Ela começou a dar socos em direção a Korra, que evitou-os baixando-se. Asami então, dá-lhe um pontapé que a faz cair, e antes que ela pode-se se levantar, Asami avança outra vez.

“Parece que não sou a única a querer impressionar alguém.” Diz Korra.

“Não é tarde demais para me venceres.”

Muitos socos e pontapés, ataques e defesas. Aquilo era como uma dança, tão fácil, livre e suave. Korra não se lembrava da última vez que se sentira assim.

Asami atinge Korra, que lhe dá um soco, que ela detém agarrando o pulso da outra.

Os seus olhos encontraram-se, e Korra esquece por completo o que elas estavam a fazer. Os seus rostos estão próximos, as suas respirações irregulares.

“Eu acho que nós deveríamos de falar sobre aquele beijo.” Korra fala.

Os olhos de Asami arregalam-se.

“Agora?”

“Sim, agora.” Ela não sabia quanto tempo elas tinham ficado assim. Parecia que elas tinham congelado no tempo.

“Tudo bem.” Asami parecia desconfortável. “Porque não começas tu?”

“Eu acho que foi a felicidade de termo-nos visto depois de tanto tempo.” Ela exclama, como se as palavras estavam presas dentro de si, ameaçando explodir. “Nós tínhamos estado separadas e era uma noite tão bonita, e tudo foi…” Perfeito. Tão perfeito como podia ser. “Eu acho que nós estávamos realmente felizes.” Diz ela novamente. O olhar de Asami torna-se distante.

“Sim.” Ela diz com voz trémula. “Eu também acho.”

Demoram alguns minutos para recuperar por completo o fôlego, pela primeira vez desde que tinham começado a lutar.

Korra sentia-se mal. Ela não dormia há dias.

Tão brilhante como dia tinha começado, agora estava coberto de nuvens cinzentas, o vento frio soprava. O coração de Korra batia a cem milhas por hora.”

“Eu só acho que…”

“Tu não precisas de explicar.” Asami tira o casaco.

“Então, só isso? A conversa acabou?”

“Nós já falamos o suficiente.”

Asami manda-lhe socos e chutos, ferozmente, e Korra cai para trás, perdida no tempo, até que ela chuta as pernas de Asami. Ela cai no chão com um grande baque. Ela rola e fica numa posição encolhida, respirando rapidamente, e o seu cabelo solta-se.

Korra congela. O que foi que eu fiz?! Ela fica sem ar.

Asami fica de joelhos e traz as mãos ao cabelo. Não, não, não, não, não. Ela está furiosa. Korra vira-se e corre.

As ondas batiam contra as docas da Ilha do Memorial do Aang. Korra estava sentada a pensar no tempo em que Amon a tinha prendido, troçado dela, sobre como ela era fraca. Esses tempos aterrorizavam-na. Nos seus dias mais obscuros, ela desejavam que ele tivesse conseguido vence-la. Talvez ninguém devia de ter o poder que ela tem. Não quando esse poder poderia ser usado para ferir que ela mais ama.

Horas passaram, e ela não achava que ela podia chorar mais. Desde que Zaheer a tinha envenenado, ela tem sido incapaz de conectar-se com Raava e ela sentia-se incompleta sem ela. Ela olha para a estátua do Aang, mas ele não a podia ajudar. Nenhum dos Avatares iriam ajuda-la novamente. Ela envolve os braços em volta das pernas e pousa o queixo em cima dos joelhos. Como é que ela iria parar a Kuvira? Ela esperava que estar de volta a Republic City seria o suficiente para que ela parasse de ver aquele espirito maligno.

Não demorou muito para que começasse a chover bastante. Korra deixou ela cair sobre a sua pele, até que ela ficasse tão insensível quanto o resto dela. Ela levantasse e salta para a água, a temperatura fria faz o seu corpo ficar tenso. Acima, um barco a motor passava, as elicies a rasgar a água. Ela nada até à superfície, o seu cabelo colado à sua cara.

O motor para, o barco balouçava nas águas agitadas. Era Asami. A sua expressão era de alívio e tristeza.

O instinto de Korra dizia-lhe para mergulhar para as profundezas para livrar-se de Asami. Mas então ela inclina-se no barco, estendendo-lhe a mão. Korra mal conseguia manter à tona, com as ondas a empurra-la para trás e para a frente. Em resposta Asami inclina-se ainda mais para conseguir agarra-la.

Não querendo arriscar que ela caísse, Korra nada para perto do barco, Asami pega-lhe na mão e puxa-a para bordo.

A mansão Sato estava tranquila.

Korra não disse uma palavra desde que tinha sido encontrada. Eu, o Tenzin e a Jinora estávamos preocupadas. Asami disse-lhe na viajem de volta. Nós nos separamos. E então, Jinora disse que sentia a tua energia na Ilha do Memorial do Aang. Eu gostaria que fosse tão fácil para mim encontrar-te como é para ela.

Asami retorna para o quarto com uma pequena bandeja com comida, um chaleira e duas chávenas de chá. A lareira estava acesa e um coberto estava sobre os ombros de Korra. O calor lentamente instala-se outra vez na sua pele. Asami entrega-lhe alguma comida, mas ela não estava com apetite. Ela vê Asami andar ao redor do quarto e a ligar o rádio num volume baixo.

Asami senta-se ao lado dela, como se ela não devesse de teme-la. O seu cabelo negro ainda estava molhado da chuva, e estava começar a ficar ondulado. Sem maquilhagem ela parecia mais jovem. Asami era tão madura, que Korra às vezes esquecia-se que ela era apenas um ano mais velha que ela. Korra treme e Asami pega numa das chávenas de chá e entrega-lhe.

“Bebe isto. Tu precisas aquecer.”

“Eu não deveria de estar aqui.” Korra diz. Era um esforço para ela falar.

“Bebe.” Asami insiste calmamente.

Korra atira a chávena para o fogo. Ela quebra nas chamas. Asami não a represa. Korra fica de pé e atira o coberto pra o chão.

“Eu não tenho o direito de estar aqui. Eu não sei o que estava a pensar, para vir para aqui contigo. Eu vou voltar para o templo. Ou melhor, eu vou voltar para o pântano.” Ela sussurra. Asami olha para ela preocupada. “Eu sou tão idiota! Eu pensei que voltar para Republic City, eu iria voltar a ser o que eu era antes, mas eu estava tão errada! Obviamente, eu ainda estou um farrapo! Eu não tenho tido nenhum progresso! E agora aqui estou eu, e tu a cuidar de mim outra vez! É patético! Eu sou patética!”.

Asami cuidadosamente levanta-se.

“Korra.” A sua voz é suave. Ela não faz nenhuma tentativa de aproximar-se dela e Korra não tinha a certeza se era porque ela não queria ou era porque Asami estava com medo dela. “Está tudo bem.”

“Não, não está tudo bem! Eu magoei-te!”

Asami balança a cabeça.

“Eu estava distraída…”

“Para de dar-me desculpas! !” Ela nunca tinha gritado com Asami, mas ela não conseguia parar.

Ouve-se uma batida na porta. Elas ficam tensas. Asami abre uma fenda da porta, sussurra algo, acena com a cabeça antes de voltar a fecha-la. Korra morde a língua. Seria os outros? Eles estavam preocupados com Asami? Eles estavam preocupados com ela? Preocupados se ela iria fazer alguma coisa?

Asami aproxima-se, colocando cuidadosamente as mãos no seu rosto, limpando com os polegares as lágrimas que ela não sabia que tinha chorado.

“Podes estar com raiva, podes partir todas as chávenas que quiseres, mas eu não vou ficar com medo de ti, eu não vou desistir de ti.”

Como é que Asami poderia não estar com medo, quando ela estava apavorada?

“Eu não sei o que está errado comigo.”

Ela põem as mãos em cima das de Asami, à procura de algum apoio.

“Eu não sei como lutar contra isto. Eu sinto que eu estou a ficar maluca. O Tenzin dever de estar tão dececionado. Acho que o Zaheer levou parte de minha naquele dia. Eu não consigo chegar ao mundo espiritual. Eu não me sinto…Completa. Eu esperava que quando voltássemos…Nós poderíamos…Eu queria…” Ela balança a cabeça.

Asami envolve os seus braços em volta dela. Korra fecha os olhos e descansa contra ela.

“Eu sei. Está tudo bem.”

Elas dormiam no chão, a ouvir música.

Horas mais tarde, os dedos de Asami empurravam-na e Korra acorda, a bocejar, inicialmente, não se lembrando de como tinha chegado ali. A cantora na rádio cantava uma canção de amor. Korra joelha-se, temendo que ela estivesse a sonhar, até que ela acalmasse. Ela tentava acabar com os pensamentos maus e cuidadosamente puxa os cobertores sobre ela. Asami acorda, sorri para ela, cansada. Korra sorri de volta.

“Hey.”

“Hey…” A voz de Asami era rouca. Ela olhava para Korra com um olhar embaciado, e lentamente franze a testa, e agarra-se ao travesseiro. “Eu estava a ter um pesadelo, eu acho.”

Korra esfrega-lhe gentilmente o braço.

“Já acabou. Apenas descansa um pouco. Vou esperar por ti.”

“Podes ficar aqui.” Ela boceja delicadamente, aconchegando-se mais fundo no travesseiro. “Eu duvido que tu vás beijar-me outra vez.” Korra fica tensa. Ela queria perguntar-lhe porque é que ela disse aquilo, mas era demasiado embaraçoso. Ela tenta não pensar naquele beijo. Ela tentou de tudo para não pensar nisso mas ela sempre falhava.

“Se eu me deitar á tua beira, eu não vou conseguir dormir.” Ela resmunga. Asami fecha os olhos, sorrindo ligeiramente. Não demorou muito para que ela voltasse a adormecer. Korra anda ao redor do quarto, pega no coberto que ela tinha atirado anteriormente e dobra-o. Ela encontra a chávena partida e tira-a para fora da lareira. Asami sendo Asami, teria cola no seu quarto e Korra poderia consertar o que tinha partido. Ela tinha colado os pedaços, mas não conseguia encontrar a peça que faltava.

Ela colocou a chávena incompleta em cima da mesa escrever num papel “desculpa” com uma carinha triste por baixo.

Ela estava a procura de uma folha e de uma caneta, remexendo nas gavetas de Asami até que ela descobre as duas cartas que Korra havia-lhe enviado. Tanto os envelopes, quanto as cartas no seu interior, estavam desgastados. Ela morde a língua e pousa-os cuidadosamente no sítio. Ela encontra o papel e a caneta. Ela pega num dos livros de engenharia de Asami, e senta-se no chão ao lado dela.

Asami,

Eu sinto-me horrível, sobre como as coisas têm sido desde que eu voltei do reino da Terra. Parece que, não importa o quão eu tento, eu sempre acabo por ferir as pessoas de que eu gosto. Eu realmente não tenho sido capaz de explicar a minha ausência a ninguém, e de certa forma, eu não senti a necessidade de te explicar a ti.

Quanto mais tempo estava longe, mais difícil parecia volta. Todas as pessoas a continuar com a sua vida. Eventualmente pensei que seria melhor eu nem voltar mais. Eu tenho tido visões de mim mesma no estado Avatar quando eu estava a combater o Zaheer. Ou alucinações, sei lá. As visões têm- me atormentado e elas parecem cada vez piores. Isso foi o que aconteceu hoje. Eu via e eu fiquei apavorada. Não importa o que tu digas, eu não consigo parar de vê-la.

Eu acho que a Toph pode estar certa.

E não sou muito boa com as palavras, então realmente não posso pensar em como eu poderia explicar isso. Então o que aconteceu hoje, quando eu te magoei, bem… isso é algo que eu vou levar na mente para o resto da minha vida. Eu acho que sei o que tenho de fazer agora. Estou apavorada e não queria fazer isto, mas eu não consigo pensar noutra maneira de avançar, com a minha vida e tu com a tua.

Nestes últimos seis meses que eu tinha estado longe, eu viajei pelo mundo na esperança de me conectar com Raava outra vez. Os espíritos não podiam ajudar-me e eu percebi que eu tinha de fazer aquilo sozinha. Eu não sabia onde ir. Viajar pelo mundo por conta própria não é como estar com a equipa Avatar. Havia alguns dias que eu pensava que ia morrer, noutros pensei que não seria assim tão mau. Apesar disso, eu acho que a parte mais difícil para mim, é que eu não estava a receber as tuas cartas, estar sem saber o que se passava por cá, ou pensar que talvez tu tivesses seguido em frente. Eu trouxe as cartas que enviaste-me comigo. Eu acho que foi assim que eu consegui. Eu acho que foi assim que eu sabia que precisava voltar.

Eu vou ver o Zaheer. Espero não demorar. Eu só sei que as coisas não podem continuar assim.

–Korra”

Ela dobra a carta e coloca em cima na mesinha de cabeceira de Asami. O sol começava a nascer. Era hora de ir.


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