Aquele Ditado. escrita por Nyctophilia


Capítulo 1
Aquele Ditado Popular,sabe?


Notas iniciais do capítulo

Tudo aqui,me pertence,então.Plágio é crime.Críticas,bem vindasMas é claro,construtivas.Boa Leitura.



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Albert...Albert! Está me ouvindo garoto?

O meu pequeno devaneio foi interrompido,pelo meu chefe,o dia não podia estar melhor...

Quando me dei conta ele estava me apontando uma garotinha a frente de mim e do balcão,colocando dois livros,examinei com cuidado o que ela havia pego. Achei interessante uma garotinha ruiva com lindas sardas e curiosamente olhos azuis que tinha no máximo 7 anos, escolher o Machado de Assis, era no mínimo interessante, só não sabia o porquê dela o pegar.

Ignorei e apenas cobrei o preço do Machado de Assis, e crepúsculo ? Crepúsculo? Bom, resolvi ignorar isso, dando meu sorriso característico apenas estendi uma sacola de baixo do balcão e coloquei os dois livros ali,quando vi ela saindo pela porta metros a minha frente, acompanhada de sua mãe, es que vi uma garota um tanto inusitada.

Cabelos a mostra,loiros mas com uma toca vermelha pelo visto muito bem feita,uma jaqueta social de veludo,com um par de luvas igualmente vermelhas também,uma calça escura com botas vermelhas,de couro,os olhos parecendo serem um azul puxado para verde,era o típico esteriótipo de ''menina leitora'' que se dedicava a horas e horas lendo,como se isso fosse ajudar em alguma coisa.

Eu não podia dizer nada,afinal eu só estava com uma camisa social sobre uma jaqueta fina de couro escura,com calças justas e sapatos sociais,curiosamente por ordem do patrão, deveria usar gravatas, bom eu precisava do dinheiro,então apenas me atentei a trabalhar para isso.

Mas...

Vendo ela,a minha esquerda,onde se encontrava uma grande prateleira,não alta,apenas espaçosa,vendo ela passar os dedos sobre as luvas nas partes mais altas,onde havia pó, vendo isso que não a incomodava nem um pouco,isso me chamou a atenção, sempre fui desleixado por limpar e limpar,só limpava as que todo mundo ia ver,onde se encontrava crepúsculo ou 50 tons de cinza,juntamente com a Culpa é das Estrelas. Quem sabe até não vem Cidade de Papel ano que vem? Ri em enjoo,mas ri alto de mais, pois a menina peculiar olhou pra mim, eu gelei no mesmo momento,ela tinha sardas, exatamente como a outra menininha,me perguntei se eram irmãs,mas vendo o olhar dela,atento sobre mim. Me senti um tanto desconfortável.

Ela voltou o olhar para as prateleiras mais altas,ainda com pó na luva, que a essa altura com certeza estava muito suja,ao menos nos dedos. Não sabia dizer se estava aliviado por ela ter olhado de novo para as prateleiras,ou se estava triste pela única coisa interessante nesse trabalho não estar olhando para mim.

Era estranho,mas meus devaneios complexos foram igualmente interrompidos,pela segunda vez,por ela. Só que dessa vez ela me perguntou algo,e a voz dela era algo semelhante a poesia com melodia.

Sabe me dizer se tem Fly o pequeno guerreiro ? - Ela me perguntou,novamente me olhando no fundo dos olhos,meus olhos não eram nada, perante os dela, apenas eram castanhos escuros,mas os dela...

Eu me perdi mais uma vez,acho que estava se tornando um hábito, vendo que ela abrir a pouca pra perguntar isso novamente, tratei de responder prontamente.

– Na prateleira de baixo que você estava passando os dedos. - Respondi a ela,em um fiapo de voz. Mas ela parecia ter um ouvido ótimo. - A sua esquerda, quarto livro.

Ela achou em segundos depois, olhando o livro com um sorriso, parecido com algo misterioso, eu não sabia dizer se era um sorriso ou se era apenas satisfação, pensando nisso eu não sabia o que era aquela garota.

Quando achei que deveria prestar atenção nas sacolas para estender a ela, ela novamente se volta para as prateleiras, me ignorando, fiquei um pouco surpreso,ela ficou minutos, passando os olhos por toda a prateleira,que sua altura permitia,ela era um pouco baixa. Talvez até demais. E novamente depois de alguns minutos, pelo menos era o que meu relógio no pulso estava me dizendo, ela me perguntou novamente.

– Ei cara,olha só. Não tô conseguindo achar Machado de Assis. - Ela abaixou o olhar, talvez estaria triste,mas ela levantou seu rosto com sardas e disse com um tom mais confiante,ao menos a meu ver. - Já compraram,não né ? Então onde está? Me mostra?

Vendo a animação no rosto dela e a magia transbordando por sua voz, até senti pena de responder,mas era o mínimo que podia fazer.

– Sinto muito senhorita. A menina que você viu com a a mãe, estava levando o último que nós tínhamos. - Quando respondi, senti que toda a empolgação voltou,mais forte dessa vez,quando ia pedir desculpas, mesmo não sabendo o motivo, es que ela volta aquela alegria peculiar, aquela garota, era muito singular,com um sorriso em covinhas, bonitas, ela veio em passos lentos e elegantes,o som das botas no piso não era irritante quanto eu pensei que seria.

– Bom, não é tudo como queremos então vou me contentar com esse achado por hoje. - Disse a garota,se pondo de frente pra mim no balcão, me pagou devidamente o preço do livro que tinha nas mãos, eu já estava com uma sacola branca um bom tempo, estendi calmamente, por motivo desconhecido não queria que ela fosse embora..

Em uma maneira meio rústica de manter um assunto, perguntei a primeira coisa que me veio a cabeça. Ela ainda a minha frente,esperando eu colocar a sacola e ir embora, queria conversar, então.

– Por que você está procurando Machado de Assis? - Forcei um tom desinteressado,apesar de eu estar imensamente interessado em sua resposta. Ela deve ter notado,porque deu uma risada baixa, colocando a mão com a luva suja,não que ela estava se importando muito com isso.

– Porque é um livro ótimo,que pode me ensinar algo. - Ela respondeu,em um sussurro vacilante,subindo e descendo escalas em ritmo frequente, me perguntei se ela não era cantora,a voz dela era muito bonita para ela se permanecer em silêncio por horas e horas,desperdiçando o seu tempo em leituras e leituras, era de fato uma lástima.

Ela vendo meus devaneios que se tornaram frequentes com a presença dela ali,foi a vez dela me perguntar algo.

– Por que está curioso sobre minha escolha? - Ela me perguntou, talvez ofendida,pelo tom de sua fala. - Acha o livro ruim?

Acho que me expressei mal, vendo ela mesmo querendo colocar o livro na sacola,e provavelmente ir embora, eu coloquei o livro e a sacola de baixo da prateleira,fora de seu alcance.

– Não é isso,só achei interessante a ideia de alguém achar que muda muito ler um livro com um título diferente. - Respondi,ela ficou mais ofendida ainda..Estava me saindo bem em manter uma linha de conversa,realmente...

Ela em súbito ficou em silêncio, levando seus olhos pro piso, acho que era costume,a carranca anterior dela indicava que estava braba,os cabelos loiros tapando a franja dela, mas ela logo levantou seus olhos,encarando os meus como se fosse me ensinar algo, como se eu fosse uma criança,era engraçado de fato.

– Você,trabalha em uma livraria,e não entende os ensinamentos das palavras, de que mundo você é? - Ela me perguntou,apesar das palavras parecerem rudes, ela ria, a risada dela era bonita,ecoando pela loja, que estava vazia desde que ela chegou.

Agora eu ria, provavelmente eu aos olhos dela era apenas um idiota.

– Bom,primeiramente porque não ensinam, são apenas palavras com estórias ou histórias, pelo menos a meu ver, são isso.- Respondi, ignorando o suspiro dela, provavelmente desapontada comigo.

– Você é muito triste, aposto que você lê crepúsculo ou algo tão triste e inútil quanto isso. - Quando ela me respondeu isso,fiquei mais interessado ainda,e tratei de perguntar o porquê do nome.

– Por que acha que esse livro me afeta? - Perguntei em um tom de sinceridade honesto,ela pareceu notar,porque colocou as duas mãos na testa, devia estar zangada, ou contando até 10 mentalmente para não me bater.

– Você pensa igual a uma criança sabia? - Ela disse rindo,curiosamente rindo. - Ninguém nunca te ensinou que o ditado popular diz,'' você é aquilo que lê''?

Eu não entendi aquilo,mais perguntas, pelo menos estava conseguindo mantê-la ali.

– O que isso tem em comum com crepúsculo ? - Perguntei,curioso, muito curioso.

Ela nem pensou em uma resposta,o que me deu a ideia de que já tinha feito isso com outras pessoas algumas vezes,ou várias. Não sabia diferenciar. Era como se tivesse palavras decoradas para isso.

– Porquê, se você ficar lendo coisas tristes, e depressivas,vai se tornar um. - Ela disse,me explicando lentamente,como se eu fosse realmente uma criança. - É por isso que você não entendeu o porque de eu querer alguns livros,livros te ajudam a crescer como pessoa,com palavras você aprende as filosofias de vida,visões de vida, e por ai vai a fila.

Eu achei aquilo ridículo e tratei de expressar minha opinião,ela não vacilou e nem ficou surpresa por minha pequena explosão.

– Livros são apenas palavras,desde quando um ditado está certo sobre isso? Livros não te mudam ou acrescentam algo,são só letras no papel, mesmo que sejam bem escritas, são apenas isso.

– Você é uma pessoa triste,sabia disso? - Ela disse,em um tom baixo, sussurrando novamente,mas me olhando nos olhos de novo. - Você quer uma amiga? Eu posso ser uma,sabe?

Quando eu ia responder algo,es que ela novamente fala.

– Bom, está decidido,eu vou te ensinar o significado de tal coisa, mas quero ir para casa ler algo,amanhã eu venho,está bem? - Ela apenas disse isso,estendendo as mãos pra mim,entreguei o livro e a sacola em silêncio.

Ela tampouco disse nada, eu ganhei uma amiga,em uma discussão com ela? Que garota peculiar,mas eu gostei de saber que ela viria amanhã,quando ela abriu a porta e colocou um dos pés para fora,eu gritei um pouco mais alto do que deveria.

– Por que você quer me ensinar isso? - Perguntei,até deixando um pouco de saliva voar, nojento.

Ela novamente,nem precisou pensar,devia ter decorado a resposta.

– Porque pessoas como você, tem que aprender a viver com um sorriso honesto,não uma carranca triste,ou uma opinião sobre algo triste, opine coisas mais positivas,eu vou te ensinar isso, como sua amiga a partir de agora,ei irei te ensinar,o significado daquele ditado,sabe?

Eu apenas concordei em um aceno forte, estava triste,brabo e feliz, era uma mistura de sentimentos,mas eu gostei, de sentir algo diferente do tédio de trabalhar ali, pela primeira vez gostei de livros..

Ela nem esperou nada depois de responder,apenas vi ela com os cabelos loiros passando pelo vento de fora, ri em silêncio, estava feliz.

Quero aprender esse ditado amanhã..


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