Lendas que o Povo Conta escrita por Just a Writer


Capítulo 7
A Menina que Pintava O Mundo


Notas iniciais do capítulo

Hey, estou de volta! Desculpem a demora, tive um bloqueio criativo infernal... Enfim, o capítulo de hoje, em minha opinião não está tão bom quanto poderia, mas foi o melhor que consegui. Essa ideia meio que é uma mistura de algo que imaginei quando era criança, com uma fanfic que li. Chama-se "Paintings in The Sky", e é do mangá Pokémon Adventures, então provavelmente não vai interessar quem nunca leu, hehe. Bem, créditos à ela, embora eu não saiba se ela também não tirou a ideia de algum lugar. Só lembrando, não plagiei! A única coisa em que me inspirei é isso de ter um "pintor" que cria a natureza, e vive "retocando" o mundo. Enfim, espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/634360/chapter/7

Essa é uma lenda que ecoa pelos ouvidos do povo.

Devo dizer que é um tanto complexo definir um local e era para este conto. Isto porque, a personagem de quem estamos falando, supostamente existiu desde o início dos tempos, e está em todos os lugares ao mesmo tempo.

Então, acho que posso simplesmente dizer que, existiu uma menina, cujos olhos continham todas as cores existentes. Como já devem ter deduzido, esta não era uma menina comum. Ela tinha uma incomum missão. Pintar o mundo.

Ora, pensem comigo. Como é possível que paisagens tão detalhadas como as que existem pelo mundo sejam feitas naturalmente? A natureza não poderia produzir, ao acaso, constelações inteiras, magníficas cascatas ou enormes montanhas.

Não, para fazer este belo e grandioso mundo, os deuses criaram uma“pintora”, que deveria, além de tudo, ser sua guardiã. Quando a “pintura” do mundo desbotasse, a menina estaria ali para retocá-la. Como resultado, ela viveu por milhares de anos, e viu as mais diversas peculiaridades.

Por mais que alguns considerassem isto uma responsabilidade grande demais, ou mesmo uma maldição, a menina de olhos coloridos gostava de seu trabalho. Com um pincel em mãos, aventurava-se por terras e mares, criando animais, plantas e cores.

Contudo, o que mais interessava-lhe naquele mundo eram os humanos, as únicas criaturas que não pintara. Seus próprios superiores os criaram com esmero, tão complexos que ela nunca poderia tentar criá-los por si mesma. Seus corpos eram simples, mas eles tinham duas características distintas: mente e alma. E a menina, infelizmente, não tinha ideia de como pintar inteligência ou emoções.

Portanto, restava-lhe acompanhar de perto a vida dos humanos. A cada dia, surpreendia-se com suas invenções, mas ainda mais com suas ações. Não entendia porque, enquanto uns eram bondosos com todos, outros destruíam o que viam à frente.

Mesmo com essas dúvidas, era completamente fascinada por aquela raça tão incomum.

Costumava até mesmo, tomar uma forma humana, para poder observá-los.

Claro, isto até o dia em que todas as suas opiniões mudaram, e a angústia foi plantada dentro de si, bem como uma grande decepção.

A menina de olhos coloridos já havia percebido há algum tempo que seu mundo estava mudando. Os humanos, repentinamente, começaram a criar cidades e indústrias, sujando o céu e o mar de cinza. Todavia, achava que seria somente uma fase passageira – além do mais, ela sempre poderia pintar novamente.

Percebeu estar enganada quando, ao fazer seu costumeiro passeio por uma floresta, encontrou apenas cinzas do que um dia já foi belo. As árvores foram cortadas, os animais, capturados.

Naquele momento, a única coisa que a menina pôde sentir foi ódio, junto a uma amargura.

“Por quê? Por quê eles fizeram isso?” Ela gritou até que sua voz falhasse, lágrimas pela primeira vez escorrendo por seu rosto.

“Eu... eu tenho que fazer alguma coisa. Vou pintar tudo novamente!” exclamou, e foi o que fez. Custou-lhe todas as suas forças, mas todo o local voltara à sua habitual exuberância.

Porém, no dia seguinte, a floresta já estava mais uma vez destruída. E a pintora a refez de novo. E de novo. E de novo.

Na verdade, não foi somente aquilo que pintou novamente. A menina atravessou vários pontos do mundo, trazendo a cor ao que se transformara em cinza. Mas não importava o quanto se esforçasse, sempre havia algo que ela não poderia consertar.

Depois de longas e torturosas semanas nesse mesmo ritmo, as forças dela já estavam desgastadas, bem como sua mente. Por fim, ela desistiu. Afinal, uma só pessoa jamais poderia trazer a cor de volta à aquela terra.

E então, a pintora viu seu mundo lentamente tornando-se cinza, bem como seus olhos, antes tão coloridos e cheios de vida.

Entretanto, aquilo não se estenderia por muito mais tempo. Numa tarde, talvez por obra do destino, a menina resolvera passear por alguma floresta ou cidade aleatória, como há muito não fazia. Não surpreendeu-se ao ver uma antes bela campina sendo utilizado como depósito de lixo, apesar de não poder ter evitado uma tristeza momentânea.

Oh não, o que ocasionou seu choque fora ver um menino, somente um menino, tentando recolher todo aquele lixo. Ele colocava o máximo de entulho que podia num saco plástico, dava um forte nó, e então repetia o processo. Era quase engraçado, porque apesar de já ter usado vários sacos, não havia limpado nem metade da campina.

Ela não demorou a aproximar-se, indagando-lhe com curiosidade:

“Menino, o que está fazendo?”

Ele virou-se para para olhá-la, e a pintora percebeu que seus olhos eram de um verde incrivelmente brilhante. A cor da vida vertebrava em seus orbes, bem como em sua alma pura.

“Bem, eu sempre vim aqui nessa campina para regar as flores, mas hoje encontrei todo esse lixo, então resolvi limpar!” Ela espantou-se com o entusiasmo e esperança em sua voz, assim como recordou-se de quando ela mesma era inocente como ele.

“Não quero te decepcionar, mas acho melhor desistir. Uma pessoa sozinha não vai conseguir limpar tudo.”

“Ué, você não está aqui comigo? Então, já são duas pessoas!” Ele sorriu-lhe de modo gentil, logo completando:

“Só uma pequena coisa já faz diferença, moça. Por exemplo, ao falar com você, estou tirando o cinza dos seus olhos tristes. Aliais, não quer me ajudar aqui?”

A menina estava passando por uma intensa confusão mental, já que recusava-se a criar esperanças mais uma vez. Mesmo assim, não pôde impedir-se de aceitar a proposta do menino de olhos verdes.

E então, pelo resto daquela tarde, os dois limparam a campina. A pintora realizou o trabalho à mão – e muito desajeitadamente, por sinal – já que não poderia revelar seus poderes. Por mais que tivesse demorado horas e horas, eles conseguiram. E a menina não percebeu que, aos poucos, seus olhos voltavam a ser coloridos, assim como sua alma.

Depois daquele dia, ambos seguiram seus caminhos. Mesmo assim, o que viveram e aprenderam manter-se-ia em suas memórias. A menina voltara a consertar os erros humanos, e ele continuara a tentar fazer a diferença.

E então, o mundo cinza começou a ter sua cor de volta. Claro, ainda havia muito a ser feito. Mas, com pequenos gestos e muito esforço, eles – e mais várias outras pessoas também – estavam conseguindo. E continuariam assim sempre.

A pintora que voltara a ter todas as cores no olhar, também continuou observando, de longe, aquele menino que tanto lhe ajudara. Ele acabara tornando-se, por uma grande coincidência, pintor. E um de sucesso, na verdade.

Costumava pintar belas paisagens naturais, mas seu primeiro quadro com certeza fora o mais impactante, até mesmo para a ela (que não fazia a melhor ideia de como ele a descobrira). Uma simples campina, com sacos de lixos aos montes num canto e uma garota no centro. Um pincel em mãos olhos coloridos destacavam aquela peculiar figura.

O nome do quadro? “A Menina que Pintava O Mundo.”

E o mundo continuou com cor, bem como suas almas, por muito tempo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, gostaram? Comentem se puderem!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lendas que o Povo Conta" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.