PDV DO HARRY.

Já era tarde quando decidi sair do quarto. Havia passado o dia todo na cama, sem ânimo para ir a qualquer lugar e muito menos para ter que encarar pessoa que me achavam louco. Eu não queria sair, mas meu estômago mandou.

Caminhei em passos pesados até o Salão Comunal da Grifinória, quando vi Hermione, Gina e Rony passando pelo retrato da Mulher Gorda, me apoiei no pé da escada, esperando eles me notarem, até que eles levantaram o olhar. Era bom ver meus amigos rindo.

Ficamos algum tempo conversando, até que decidimos descer para ir ao salão comunal. Estávamos passando pelo corredor semi-aberto que dava para os jardins, quando nos deparamos com uma cena que não se via todos os dias: Malfoy estava com a camisa do uniforme toda rasgada, o cabelo loiro bagunçado e carregava duas asas negras gigantes, que se arrastavam ate o chão. Apenas quando ele passou em passos apressados por nós, é que vimos que Mellinda estava em seus braços, com o rosto cortado, seu cabelo estava quase todo para frente e... ela estava sem camisa. Parecia que os dois haviam rolado em um penhasco de grama e alguns arbustos espinhosos. Horrorizada, Hermione soltou um grito agudo ao ver a cena, deixando seus livros caírem no chão, deixando-os cair no pé de Rony que gritou de dor.

– PORRA, HERMIONE!

Ajudei ela com os livros e depois corremos para a enfermaria. Rony foi mancando e resmungou algo como “ Vou ter que amputar os dedos” . Quando chegamos, a cena foi realmente... bizarra.

As negras asas que escondiam Mel, agora estavam abertas, postas cuidadosamente lado a lado da cama. Os cabelos compridos e longos dela tampavam seus seios expostos, suas vestes estavam aos trapos, e ela tinha vários cortes no corpo. Na cama do lado, vi um conjunto de arco e flechas, os palitinhos chineses que ela normalmente usava no cabelo e um leque escuro com pontas que pareciam bem afiadas, imaginei como aquilo poderia ser usado como arma. Pelo bem da minha sanidade, agradeci por ela ainda estar usando calças.

– O que você fez com ela Malfoy?! – Perguntei preocupado. Nós três apontávamos as varinhas para ele, que estava prestes a responder quando a enfermeira interviu.

– GUARDE ESSA MERDA POTTER! – Ela gritou do outro lado da sala, vindo correndo com um pote nas mãos e.. aquilo era uma flor?

– Mas achamos que..

– Eu não quero saber, pra fora, todos vocês! – Ela disse agitando as mãos e nos empurrando para fora da enfermaria.

– Merda, Potter viu o que você fez?!-

– Eu? Você chega com a Mel naquele estado e acha mesmo que não culparíamos você?

– Você a estuprou não foi? – Arregalei os olhos ao ver que aquelas palavras saíram de Hermione. Eu nunca teria pensado naquilo.

Mas a ausência da maior parte das roupas que ela usava, as armas e os machucados... Apontei a varinha para o pescoço de Malfoy o encurralando contra a parede.

– Acredite, por mais que eu quisesse, não aconteceu nada! Seria mais fácil ela ter me estuprado. – Ele disse isso rindo com o próprio comentário perturbador.

– Duvido – Rony comentou irônico- Não seria a primeira vez.

Bem lembrando. Minha preocupação se transformou em raiva quando me lembrei do que ele quase havia tentado fazer com Hermione.

#FLASH BACK ON#

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# Flash back off#

– Olha, prometi que não ia contar, se ela quiser ela conta pra vocês depois. - Malfoy praticamente cuspiu as palavras. Ele desviou minha mão me empurrando.

Eu teria caído no chão se Rony não tivesse me segurado. Malfoy girou os calcanhares para o outro lado e saiu do nosso campo de visão, seguindo em direção as masmorras.

Nós quatro nos olhamos confusos.

– Vamos para a Biblioteca, eu preciso contar uma coisa a vocês. – Hermione declarou e todos olhamos para ela.

PDV DO MALFOY

Por Merlin, como o Potter era burro. Ele acha mesmo que eu iria trazer ela para a enfermaria se eu tivesse estuprado Mel? Ele acha mesmo que ela estaria de calças? Ri com o pensamento e me apressei para sair logo dali, antes que eles me perguntassem por que eu estava com ela. Eu ia para o meu quarto, no salão comunal da Sonserina, mas algo me fez parar e voltar. Fui até a enfermaria e entrei de fininho. Agradeci pelos três patetas não estarem mais ali em frente, e a vi. Mel dormia tão profundamente e tão quieta, que tive vontade de verificar se ela estava viva.

Absorto em pensamentos comecei a observa-la Melhor. Ela parecia tão nova, tão inocente de tudo, que eu me perguntei se ela havia descoberto que era uma bruxa apenas quando recebeu a carta. Tive curiosidade de saber mais sobre ela. Quis saber porque ela não havia entrado no primeiro ano como todo mundo, quis saber o que se passava em sua cabeça e o que significava ser um meio sangue. Sorri passando o dedo levemente pela sua bochecha. Ela sorriu torto e se remexeu na cama. Imediatamente tirei a mão e e a vi se virar e mudar de posição, abaixei por reflexo ao ver que ia levar um belo tapa de suas asas, o que me fez ficar encostado na parede, no canto da cama, proibido de passar por causa do caminho bloqueado pelas asas. Me esgueirei por debaixo da cama, mas asas dela eram enormes. Xinguei todos os palavrões que conhecia quando vi que ela havia bloqueado toda a passagem, me prendendo em baixo da cama. Meu subconsciente gritou.

PUTA QUE PARIU

PDV MELLINDA.

Eu não sabia onde estava, mas sentia o sangue escorrendo na minha boca, sentia ele entrando por cada veia e cada célula do meu corpo. Eu sentia a vitalidade das minhas vítimas, e sofria com as memórias delas. Dizem que vampiros são como zumbis. Mas zumbis não existem. As memórias dos animais são muito mais puras e belas. Normalmente, visões da natureza me invadiam.

Sob um ângulo de um telespectador eu me via abaixada em minha vitima. O pior, é que era uma pessoa. Eu só pude ver quem era, quando vi sua cabeça pendendo para trás, e os óculos dele caindo no chão. Eu me vi olhando para frente, sentia o sabor do seu sangue, e sabia que era diferente. Muito diferente do sangue de um mortal, do de um semideus e de um animal. Eu já havia lido que o sangue de um bruxo era o mais tentador de todos, e ali, eu havia acabado de confirmar isso.

Uma nuvem negra começava a se esgueirar entre as árvores e de repente eu estava em meio a uma batalha. Era Hogwarts. Comensais da morte atacavam por todos os lados, mas eu não estava me movendo. Vi Voldemort entrar pela porta do castelo, com Naguini a espreita, ele abria os braços, como se esperasse um abraço da filha que ele abandonou. Por mais que eu quisesse, não conseguia correr. Era como se apenas eu estivesse em câmera lenta. Vi ele correndo em minha direção, e me puxando para perto, envolvendo-me em seus braços. Ainda havia sangue em minha boca e meus olhos estavam vermelhos. Senti os olhares de Rony e Hermione em minhas costas, chorando sob o corpo sem sangue de Harry. Mellanie, minha irmã, sorria ao nosso lado, levando as mãos em meu ombro, como se fossemos uma família de verdade, como se Voldemort soubesse o que era isso.

Foi quando eu a vi.

Parada bem no meio da porta, la estava ela. Usava um vestido comprido, negro e elegante, Nyx estava em toda sua glória, observando a cena. Sua expressão era indiferente porém seus olhos estavam frios e tristes, como se visse algo que não fosse de seu agrado. Senti-me como um insto sob aquele olhar de desaprovação, tão imponente, gloriosa, misteriosa, Nyx me olhava como se eu não fosse mais a sua filha.

Deixando os gritos escaparem pela minha garganta, senti mãos frias e delicadas afegando meu rosto.

– Calma, calma, Mel, eu estou aqui. Está tudo bem pequena, se calma foi só um pesadelo. – Alguém disse.

Ouvi várias vozes vindas de algum lugar e acordei em um sobressalto, ainda assustada pelo impacto do pesadelo. Precisei de alguns segundos para me recompor. Me sentei na cama ofegante tentando esquecer o que havia visto.

O problema de também ser meio sangue, é que sonhos nunca eram apenas sonhos.

– Mel, você esta bem? – Abri os olhos e dei de cara com Mellanie.

– Mellanie o –o que esta fazendo aqui?

– Dumbledor me pediu para vir... eu soube do ataque dos gigantes, não eram pra eles virem pra ca, Dumbledor ficou furioso e foi falar com Quíron, ele disse que queria uma barreira como a do acampamento em volta do castelo. Eles estavam indo pro Litoral. Mel.. eu acho que esta acontecendo de novo. Gaia... eu acabei de voltar de Roma, tem algo forte acontecendo lá, eu nunca vi tantos monstros juntos... mamãe quer que você volte pro acampamento. – Mellanie estava usando sua armadura de combate, ela fala com uma expressão preocupada.- Você vôo hoje? – Ela perguntou em um fio de voz. Voar era uma questão delicada, pelo menos pra mim. Eu morria de medo de altura e Mellanie sabia disso.

– Eu só as usei pra não morrer na queda. Cortei o pescoço de um gigante, e o outro me deu um tapa, eu fui para longe, usei as asas pra não morrer quando caísse. – expliquei. Eu estava de cabeça baixa, não queria contar sobre o sonho. Isso ia deixar ela preocupada

– Muito bom, seus reflexos estão melhorando.

– Você teve alguma noticia dele? – Perguntei em um fio de voz e ela afirmou com a cabeça.

– Esta acontecendo, Mel. A profecia começou. Papai esta construindo um exercito, precisa avisar ao Harry, os alunos precisam estar prontos. A guerra vai acontecer. Eu levei a profecia par ao salão de cristal no ministério. Você vai saber quando encontrar. Eu a vi, e é verdade. Harry é o eleito e não você, você não é a horcrux, e não quero que tente se matar só pra poder ver a mamãe, ouviu? Não é garantido que viveríamos no palácio dela quando morremos e você sabe disso. Você nunca voltaria como Mellinda.

– Eu sei, tudo bem. Eu estava tentando salvar o Malfoy.

– Ele te viu nua?

– Eu não estou nua!

– Seus seios estavam amostra quando cheguei aqui, encontrei o seu uniforme jogado na floresta e vesti em você.

Legal, Malfoy me viu nua. Já posso me esconder debaixo de uma pedra agora?

Senti minhas bochechas arderem e isso arrancou risadas de Mellanie.

– Eu preciso ir, Árthemis precisa de mim. – Ela diz. Sim, minha irmã era uma caçadora de Arthemis. Teria aparência de 17 anos para sempre, era por isso que eu quase não havia no acampamento. – Promete que vai me mandar mensagem de Iris? - Afirmei com a cabeça.

– Mando sim.

A conversa não se estendeu muito depois dai. Quando Mellanie foi embora, a enfermeira fora informada do que eu era, e me deu ambrósia e néctar. Quase que imediatamente, me sentia suficientemente boa para voltar para a rotina. Olhei o relógio na parede, me perguntando que horas eram e quase caí da cama quando vi que eram duas horas da manhã.

Não sabia por quanto tempo eu havia ficado descordada, mas sentia necessidade de voltar para o meu quarto. Não o quarto que dividia com a Hermione, eu queria o meu quarto no meu chalé, no meu acampamento. Queria voltar para casa. Encostei a cabeça no travesseiro, tentando esquecer meus pensamentos. Solto um suspiro pesado e me sento na cama. Peguei minhas armas e me arrastei pelos corredores do castelo ate o meu quarto. Entrei de fininho para não acordar ninguém, deitei na cama e não demorei muito para dormir de novo.

PDV DRACO.

Eu havia quase perdido a noção do tempo. Ouvi uma conversa interessante entre ela e uma tal de Mellanie. Deitado em baixo da cama, sem ter como sair, descobri coisas interessantes.

Descobri que Mellanie e Mellinda eram irmãs, e que a mãe delas provavelmente estava morta e tinha um palácio no inferno. Descobri que Mel havia descoberto que eu havia visto ela sem blusa.

Espera só até ela saber que os três patetas também viram.

Descobri que o ponto de fraco dela era o pai. Aquela conversa apenas confirmou que Mellinda sabia que era filha de Voldemort, e melhor ainda, que haviam duas herdeiras dele. Quando me dei conta de que Mellinda já havia saído da enfermaria, me senti um idiota por ficar mais algumas horas embaixo daquela cama.