Querida Lola... escrita por Kívia Fernanda


Capítulo 4
Capítulo 4 - L-B=A




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Toda vez que Lola sorria, alguma coisa em mim queria morrer. Por mais que eu amasse aquele sorriso, acabava comigo saber que ele não era pra mim e sim para Brady. Mas mesmo sabendo disso, eu tinha certeza de que isso não duraria por muito tempo. Brady pode ter o físico mas eu sei tudo sobre Lola. Quem melhor que eu pra montar uma Lolapédia?

Eu estava na sala de aula quando escutei Brady conversando com seus colegas do time de futebol sobre Lola. Sobre como ele não aguentava mais pra "por as mãos no portal do céu". Não consegui evitar de querer esmagar a cara dele, mas tive consciência de que ele é duas vezes maior que eu, então eu simplesmente me levantei e fingi que fui jogar alguma coisa no lixo. Assim que ele percebeu minha presença e minha cara emburrada, veio correndo falar comigo na minha carteira:

— Oi Adam. — permaneci calado — Então, eu não sei o que você ouviu mas...

— Não é da minha conta. — cortei.

— Certo, mas... Por favor, saiba que eu amo a Lola mais que tudo. De verdade.

Revirei os olhos.

— Ok, Brady. — juntei minhas coisas, me preparando pra ir embora daquela sala.

Quando atravessei a porta, vi Lola conversando com as amigas em frente aos armários. Ela sorria, mas não estava feliz. Estava apagada, como se 78 horas de sono direto não a fariam melhor. Segui meu impulso de ir até lá falar com ela mas quando parei na frente dela, fiquei sem reação. Não sabia o que dizer. Simplesmente a abracei. E ela abraçou de volta, bem forte.

— Você tá bem? — sussurrei no seu ouvido.

Consegui escutar o suspiro aliviado dela.

—Me tira daqui.

Pedi licença às amigas de Lola e a levei para o pátio. Sentei com ela no jardim e levantei seu rosto, já vermelho de chorar no meu ombro.

— Me conta. Isso tem a ver com Brady? Me diz o que ele fez com você que eu vou... Eu vou... — eu não faria absolutamente nada porque sou magro e baixo.

— Não, Adam. Não tem nada a ver com Brady. Na verdade, não tem mais nada a ver com ele. Nada!

— O que quer dizer?

— Meus pais, eles... Estão se separando e eu não estou sabendo lidar com isso muito bem. — ela soltou uma risada fraca — Você deve estar me achando muito boba, não é?

Na verdade, não estava. Eu mesmo fiquei em choque por saber disso. Os pais de Lola são gays e a adotaram quando ela tinha 4 anos. Pra ela, o amor deles era a coisa mais bonita que já aconteceu na vida dela. E eu não posso discordar. Lola estava arrasada pelo término daquele casamento e tudo o que eu queria fazer era ajudar.

— Ei, vamos embora daqui?

— Para onde vamos? — ela me olhou confusa — Ainda faltam quatro aulas.

— Você parece estar precisando de uma folga. Vamos, conheço um lugar que você vai adorar.

— É sério? — assenti com a cabeça e a segurei pela mão em direção ao carro dela.

Mas a verdade é que eu não conhecia nenhum lugar romântico porque eu sou um nerd assumidíssimo. Então decidi levá-la para o meu lugar favorito: o game center! Era um lugar enorme e cheio de luzes neón com jogos antigos e comida engordurada. Não era lá o melhor lugar para se ter um primeiro encontro, mas foi o suficiente para deixar Lola sorrindo.

— Então esse é o lugar que eu iria adorar?

— Não está adorando?! Seu sorriso no rosto me diz o contrário de "infeliz". — ela riu mais ainda.

— É um lugar incrível. — Lola segurou minhas mãos — Vem, vamos brincar em alguma coisa.

— Ok, preciso comprar as fichas.

Vi Lola sair correndo pra escolher seu primeiro brinquedo enquanto eu pegava a carteira pra ir até o caixa. O cara que me atendeu era alto, magro e pálido. Tinha o cabelo grande e usava umas trancinhas bizarras. Ah, a vontade de se auto expressar.

— Sua prima? — ele perguntou desconfiado.

— Não. — respondi entregando o dinheiro — Umas quarenta fichas, por favor.

— Irmã? — neguei com a cabeça — Sobrinha? Tudo menos namorada?

O olhei descrente. Ele estava disposto a perder um cliente fiel mesmo?

— Por que acha que ela não poderia ser minha namorada?

— Você tá brincando?! Ela é incrível demais pra você.

Tive que concordar. Lola é muito mais do que eu posso ter. Insisto em pensar que Lola Brown, é na verdade, muito mais que qualquer um pode ter. Mas mesmo sendo eu tão pouco atraente, ainda tenho muito mais a oferecer que Brady, seu namorado prepotente. Um cara que só pensa em por as mãos sujas nela.

— Você vai ver: um dia vou estar aqui anunciando meu casamento com essa mulher. — ele riu.

— Claro que vai. Você é um garoto bom, Adam.

"Não bom o bastante, pelo jeito" pensei.

Fui até Lola com os tickets e ela resmungou que já estava me esperando há muito tempo. Fomos em vários brinquedos e ela se divertiu tanto. Fizemos apostas de quantos números conseguíamos em menos tempo e é claro que Lola ganhou. Ganhou o número até mesmo das garotas que eu não consegui.

No fim do dia, ela mal se lembrava do problema que estava passando com a família. Me senti realizado por um breve momento até quando nós fomos parar numa sorveteria para um reabastecimento de energia e Brady ligou para ela. E ele devia estar bravo, porque Lola mal conseguia responder.

— Você precisa se acalmar! — ela reclamava — Eu não estou fazendo nada demais com ele, eu... Eu não tenho obrigação nenhuma de te explicar o que eu faço ou deixo de fazer com meus amigos! — uma longa e dolorosa pausa permaneceu e eu não pude evitar de torcer que eles terminassem — Olha, quer saber? Eu não quero mais nada com alguém tão controlador e possessivo quanto você. E sim, isso sou eu terminando nosso namoro de mentirinha. Beijinhos!

E desligou. Simples assim.

— Por que está sorrindo tanto? — ela me perguntou.

— É que eu te amo tanto e saber que você não está mais com alguém tão estúpido quanto Brady me enche de alegria. — consegui vê-la corando antes de abaixar a cabeça sorrindo.

Então ela me olhou e chegou mais perto.

— Eu adoro ter um amigo como você.

Boom! Pow! Cabum! Pá pá pá! A friendzone me acertou em cheio. Meu sorriso e felicidade foram embora. Eu passei o dia todo tentando mostrar meu amor enorme por ela e tudo o que recebi foi isso.

Mas tudo bem. Não vou reclamar. Ser amigo dela já é mais do que eu era antes. Esse é apenas o início do meu projeto casar-com-Lola. Entramos na sorveteria e paguei o nosso sorvete.


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Notas finais do capítulo



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