Mandamentos de Kentin: como conquistar uma garota escrita por Brenda


Capítulo 12
O que não fazer para conquistar um garoto




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O mandamento de Lety: o que não se fazer para conquistar um garoto.

Mandamento único: nunca finja ser alguém que não é.

Coloquei o canudo na boca e olhei para mesa de frente a minha. Dois garotos se encontravam lá, um deles me encarou e sorriu. Desviei o olhar rapidamente, antes que o cara revolvesse criar intimidade. Não que eu fosse uma garota tímida, que não gostava de flertar, bem longe disto. Mas é que...não sei o que está acontecendo. Talvez, com a chegada dos meus 18 anos, eu tenha perdido o encanto por todos os homens bonitos. Isso não quer dizer que eu tenha mudado de time, certo? Certo. 

  Puxei o conteúdo do meu copo com mais força, um barulho irritante indicava que a bebida havia acabado. Suspirei e me encostei na cadeira, com tédio.

— Acho que está precisando de mais alguns goles — falou uma voz atrás de mim. 

Um rapaz se aproximou e depositou mais um copo de suco em minha frente. Mas, meu interesse não era o suco e sim, o dono dele. Loiro, alto, forte e com olhos intensos; Dake me encarou, analisando todos os detalhes de meu corpo. Eu teria corado se fosse um pouco mais tímida.

— Já nos conhecemos, não? — ele sorriu e se sentou.

Eu bufei.

A noite do baile...fazia quase um ano, mas eu lembrava de tudo. Tudinho. Comprei uma peruca só para ficar parecida com Lynn; só para que Dake me achasse parecida com Lynn. Acabei causando uma bela confusão no Ken. Nesta confusão, a verdadeira Lynn apareceu, toda encapuzada. Expliquei rapidamente a situação e ela saiu atrás do lerdo-Ken. Bom, espero que os dois tenham se pegado, porque senão, vou me sentir culpado por ter estragado a noite deles. Mas também, o Ken não poderia ser um pouquinho mais esperto? Tá, sei que eu estava mesmo parecida com Lynn, mas isso não chega a ser motivo para aquela cena de ciúmes.

Enfim, meu objetivo foi um sucesso: consegui o tão esperado beijo de Dake. E depois? Depois ele foi embora sem mais e nem menos. Como fiquei? Terrivelmente chateada. Porém, o que mais me incomodava era o fato de que mesmo parecida com Lynn, ele não me quis. O que Lynn tinha de tão especial para todos os garotos gostarem dela? Tudo bem, ela é inocente, alegre, simpática, prestativa, sonhadora, bem humorada e bonita. Mas, eu também não tinha qualidades? No fim, Lynn acabou ficando com o primeiro amor dela, o bobão do Ken — que está mais gostoso, admito —, mesmo com todos os caras em seus pés, inclusive Dake. E foi então que percebi que também queria ser amada, mas amada de verdade; queria ser correspondia, e não apenas usada.

— Nos conhecemos, sim — foi minha vez de analisá-lo.— Já nos beijamos.

Dake me olhou com certa desconfiança. Ah, só falta ele dizer que lembra de todas as garotas que já beijou! Antes que isso acontecesse, completei:

— Lembra de uma garota que beijou no baile? Vestido branco, cabelos castanhos...

— Mas...— ele parecia  confuso. Meu plano de confundi-lo funcionou bem.— Hey, qual era da peruca? Seus cabelos são lindos.

Alguns meses atrás resolvi tirar as presilhas e deixar que os cabelos crescerem soltos e indomados. Até que gostei do resultado. Voltando a Dake, ele parece não ter notado minhas intenções àquela noite, é mais lerdo do que imaginei.

Eu não entendia esta minha obsessão por Dake. Ele era lindo, mas já fiquei com outros mais lindos ainda. Seria esse seu ar de garoto que não me quer? Provavelmente, gostamos de gostar de pessoas que não gostam de nós. Ah, Dake, de tantos caras que já tive — e os que também não tive — tinha que me sentir tão atraída logo por você? 

— Por isso tive a impressão de já te conhecer, anjinha. 

"Anjinha", quantas garotas ele chamava assim?

— Bom, desculpa por àquela noite.

Dake sorriu e encostou os cotovelos na mesa, se inclinando na minha direção. Encarei seus olhos e senti uma coisa que nunca senti antes: um aperto no coração. O que significa isso?

— Desculpando pelo quê? — sussurrou ele.— Foi um ótimo beijo. 

"Lerdo, realmente lerdo", pensei. Ele voltou a relaxar a postura e sorriu ainda mais. Por que todos seus movimentos pareciam sedutores?

— O que faz aqui? — perguntei. Queria mudar logo de assunto, antes que ele sacassem o esquema do baile, o " golpe" que tentei dar nele. 

— Está chegando a formatura do pessoal. Sabe, meu tio me quer presente, mas não vou ficar por muito tempo — mais uma vez sorriu, dessa vez com malícia.— É uma pena, queria te conhecer melhor. 

Meu coração apertou novamente e quase me vi corando. Maldito!

— Só para avisar: Lynn está namorando, então se você veio com intenção de...

— Não! Sem intenções! — falou com convicção. Será que algo aconteceu para que ele desistisse de Lynn? 

— Hã... certo — respondi.

— Então, o que pretende fazer ano que vem?

Eu suspirei em resposta. Não fazia ideia do que seria de mim, já não fazia ideia nem mesmo de quem eu era.

— Não sei, quero recomeçar minha vida...eu acho — declarei mais para mim do que para Dake. Como era estranho estar ali falando de minha vida para um surfista gostosão. Quero dizer, não estou agarrando ele, e isso é incrível. Quem me viu, quem me vê!

— Boatos que a Califórnia seja um ótimo lugar para se recomeçar algo.

Meus olhos se abriram mais de confiança.

— O que quer dizer?

— Que minha última aluna de surfe nunca mais apareceu — comentou ele, meio sonhador.— E bom, ela não era tão boa assim. Estou a procura de outra.

Aquilo era um convite? Tipo, um convite para surfar com ele? Foi minha vez de me inclinar sob a mesa.

— Boatos que sou uma aluna disciplinar — sussurrei. 

Dake também se inclinou, ficando alguns centímetros de meu rosto.

— É disso que preciso.

— Eu topo! — declarei. Dei de ombros e bebi a suco que ele havia colocado em minha frente. Dake me olhou assustado, não acreditando que uma maluca aceitou tão bem sua primeira proposta. Ora, o que tinha demais nisso? Nunca fui de ficar parada apenas num lugar, e para melhorar, minhas férias estavam chegando. Seria a oportunidade perfeita para matar dois coelhos com uma cajadada só: conquistar Dake e me redescobrir como ser humano. 

— Quando vamos? — perguntei, tirando uma mecha loira dos olhos do rapaz. Ele continuava parado, me olhando admirado. 

De repente, começou a gargalhar.

— Você é doida! — disse ele.

Tive vontade de dizer que era doida por ele, mas me detive, haveria tempo para isso depois.

Puxei Dake pela camisa e o encarei. Ele fez o mesmo, desta vez, analisando todos os detalhes de meu rosto. Nossas respirações estavam se unindo por causa da proximidade.

— Algo me diz que vamos nos dar bem — falei por fim. 

— Pode acreditar que sim, anjinha.


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