Como recuperar o tempo perdido? escrita por bells


Capítulo 3
Capítulo 2




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CHRISTIAN POV

O dia estava ensolarado, a grama era verde e macia, e campo todo era rodeado por arvores. As únicas coisas que se ouviam eram o vento entre as arvores, os pássaros cantando e o seu riso. O riso mais cálido e angelical que eu já escutei. Levantei-me da grama e a vi de pé perto de uma arvore. Ela estava linda com os cabelos soltos, usando um vestido leve e descalça. Olhava pra mim com um sorriso brincalhão.

_ Você vai ficar ai olhando ou vai me acompanhar? O rio está perto. Gritou ela desde onde estava. Não pensei duas vezes e me levantei e sai correndo em sua direção.

_ Você vai pagar pela sua falta de educação menina! Gritei enquanto corria. Ela soltou um gritinho e saiu correndo de mim.

_ Ameaçando uma dama Grey?! Isso não coisa de um cavalheiro! Gritava enquanto corria de mim

Corri o mais rápido que pude. Claro que era mais rápido que ela e a alcancei facilmente, a segurei pela cintura e a fiz cair em cima de mim. Ela deu um gritinho, mas depois começou a rir me fazendo rir junto.

_ Você é maluco, sabia? E muito mal-educado. Ela me repreendeu.

_ Sou maluco sim, por você. E quem começou a ser malcriada aqui foi você, meu amor.

_ Está botando a culpa em mim, Chris? Perguntou ela com falsa incredibilidade.

_ Jamais faria tal coisa. A verdade, é que era só uma desculpa para ficar assim, pertinho de você.

_ Você não precisa de uma desculpa para ficar pertinho de mim, você sabe que eu adoro ficar assim com você.

_ Eu te amo! As palavras saíram do fundo do meu coração. Eu a amava com todas as minhas forças.

_ Eu também te amo. Respondeu ela pra minha felicidade. Não me contive e a beijei. Um beijo calmo e cheio de amor, queria apreciar cada momento daquele beijo, e foi isso o que eu fiz. Quando os nossos corpos começaram a pedir por ar, nos distanciamos e ficamos nos olhando por alguns segundos. Até que ela se separou de mim e se levantou.

_ Você prometeu me levar ao rio, então vamos logo!

_ Vou onde você quiser, meu amor, sempre.

Ela saiu correndo na minha frente, querendo iniciar a brincadeira novamente. Se ela queria brincar eu brincaria com ela, além disso, eu sabia que alcançaria rapidamente.

_ Você sabe que não adianta correr, eu sempre vou te alcançar! Gritei e corre atrás dela, novamente.

Ela entrou pelas arvores eu fui atrás. Desta vez tudo foi diferente, e em vez de alcançá-la eu a via mais longe, por mais que forçasse minhas pernas para correr mais rápido, ela se afastava mais de mim. Sua imagem ia se perdendo dentre as arvores até que não conseguia mais vê-la. Assim como ela, as arvores começaram a desaparecer e a incrível floresta que antes me rodeava era, agora, apenas vazio, um enorme e escuro vazio.

Eu estava em pânico, precisava encontra-la, olhava para todos os lados sem conseguir ver nada, ela tinha sumido. Cai no chão ajoelhado, chorando como uma criança, quando ouvi sua voz.

_ Porque Chris? Porque você me deixou? Porque me abandonou? Eu te amava.

_ Me desculpa meu amor, eu não queria. Eu juro que eu não queria! repetia isso enquanto chorava.

De repente uma luz apareceu na minha frente e ela estava lá. Quase pulei da alegria quando a vi, mais a alegria não durou muito. Ela estava suja, com sangue nas roupas rasgadas e o rosto manchado pelas lagrimas. Aquela imagem esmagou meu coração.

_ Agora e tarde demais... foi o único que ela disse antes de desaparecer na escuridão.

_ NÃO! ANASTASIAAA!

Acordei de um pulo da minha cama, com meu lençol molhado de suor e minha respiração acelerada, podia sentir as lagrimas caindo dos meus olhos. Aquele sonho tinha sido tão real, podia até sentir o cheiro dela ao meu lado.

Mesmo depois de quase 4 anos, eu continuava tendo aquele sonho. Sonho que me atormentava desde aquele dia, o dia em que a abandonei covardemente. O dia em que perdi o amor de minha vida por medo. Jamais me perdoaria pelo que eu fiz com ela.

Anastasia era a mulher mais maravilhosa que eu já conheci. Ela era linda, não só fisicamente, mas por dentro também. Tinha um coração cálido e cheio de amor para dar. A pesar de ser de família humilde ela não era ambiciosa e nunca desejou mais do que tinha, sempre sonhou em estudar, trabalhar e ganhar seu próprio dinheiro. Uma mulher com uma moral de dar inveja. Quando estava com ela eu me sentia uma pessoa melhor, ela fazia de mim uma pessoa melhor.

Mas isso não era suficiente para meu pai, aos olhos dele, ela não passava de uma pobretona interesseira. Um grande homem da sociedade que esperava que seu filho se casasse com uma mulher da sociedade, rica, vaidosa e vazia. Mas eu não queria isso pra mim, eu queria algo real, uma mulher de verdade e foi isso que encontrei em Anastasia.

Começamos a sair quando ela tinha 17 anos e eu 21, eu estava na faculdade e ela no último ano do colégio. Desde o começo meu pai mostrou sua aversão ao nosso relacionamento, mas nunca fez nada para nos separar. O começo do namoro foi normal, eu tive que batalhar um pouco até ela concordar em sair comigo, mais uma vez que ela caiu nos meus braços não nos separamos mais. Eu a via todos os dias, em cada espaço que tinha no meu horário eu corria pra vê-la.

No nosso aniversario de um ano ela se entregou completamente a mim. Um ano pode ser muito tempo para esperar, mas eu a amava e posso dizer que cada segundo de espera valeu a pena. Eu já tinha transado com outras garotas, mas com ela foi diferente, havia amor desta vez, eu nunca me senti tão completo quanto eu me senti ao estar dentro dela. Foi de longe a melhor noite de minha vida, foi nesse momento que eu decidi que queria passa o resto de minha vida com ela.

O momento mais maravilhoso de minha vida foi seguido pelo pior momento de minha vida. Depois de nossa noite de amor, deixei Anastasia em casa e fui para casa para contar a minha decisão, não podia esperar nem mais um minuto.
Quando contei que queria pedir Anastasia em casamento meu pai enlouqueceu. Disse que jamais permitiria que eu me casasse com uma golpista. A discussão esquentou e minha mãe teve que intervir. Quando meu pai viu que eu não daria o braço a torcer, decidiu apelar para chantagem. Ameaçou me deserdar, parar de pagar minha faculdade e botar pra fora de casa e como se isso não fosse suficiente ele ameaçou com fazer a vida de Anastasia e sua família um inferno.

Eu estava em choque. Meu pai era um homem poderoso e influente, não duvidava que ele fosse capaz de fazer isso. Eu não queria ceder a suas extorsões mais também não podia deixar que ele arruinasse a vida da pessoa que eu mais amava. Tentei pensar em alguma solução, mas nada parecia suficiente, não contra o dinheiro e o poder do meu pai.

Senti-me o maior dos covardes ao aceitar as condições do meu pai, terminar com Anastasia, me mudar para Londres e me casar com Elena Lincoln, a filhinha mimada de um dos acionistas do meu pai, mas era tudo o que podia fazer no momento para proteger Anastasia, futuramente pensaria em como trazer ela de volta à minha vida, se ela me perdoa-se pelo que eu iria fazer.

Tive uma semana antes da minha viagem para Londres, uma semana para poder falar com ela. Não falava com ela desde aquele dia, o dia em que se entregou a mim e me sentia um cafajeste por não ligar e nem atender suas ligações, mas eu não queria ter que enfrenta-la, era um maldito covarde que não podia olha-la aos olhos e lhe dizer que me casaria com outra. Não queria fazê-la sofrer, mas era o único jeito, tinha que afastar ela de mim e de minha família definitivamente.

Esperei até um dia antes de viajar para falar com ela, se falasse com ela antes me sentira tentando em correr atrás dela e me esquecer da maldita ameaça do meu pai. Lembro aquele dia como se fosse ontem. Acordei cedo e liguei pra ela, no telefone ela parecia surpresa e aliviada ao mesmo tempo. Pedi a ela que me encontrasse em um restaurante fora da cidade, não queria ninguém conhecido por perto na hora. Sentei no restaurante e minutos depois a vi entrar com um grande sorriso pela porta, só de vê-la sorrindo dessa forma fazia meu coração se despedaçar.

_ Oi. Disse tímida, mas ainda sorrindo.

_ Oi sente-se. Quer beber alguma coisa? Perguntei, sabia que não podia retardar este momento, mas não podia ser rude com ela, não com ela.

_ Pode ser um chá, obrigada. Ela se sentou na minha frente e sorriu de novo pra mim. Eu não merecia esse sorriso. O resto dela parecia um pouco cansado, talvez ela estivesse doente, mesmo assim ela estava linda, com um brilho especial. _ Chris eu preciso te contar uma coisa. Disse ela corando e olhando para a mesa. Se eu continuasse ouvindo-a falar desse jeito doce não teria coragem de continuar, por isso a impedi.

_ Antes eu preciso falar com você. Ela levantou o olhar com curiosidade. _ Olha Anastasia... ela se surpreendeu por chama-la assim, normalmente a chamava de Ana. _ ... eu sei que o que aconteceu entre nos semana passada foi importante pra você mas não quero que se confunda... o olhar dela começou a mudar, agora ela parecia triste, com certeza imaginando o que vinha. _ ... você é uma menina bonita e muito legal. Tenho que admiti que me diverti muito com você neste ano, mas... senti que não conseguiria terminar, podia ver a dor nos olhos dela, eu queria para nesse exato momento e abraça-la, dizer que tudo era mentira que eu a amava mais do que nada neste mundo, mas eu não podia devia continuar.

_...Você não é igual a mim, somos de classes diferentes, é normal pessoas como eu experimentar com pessoas diferentes, mas não passou disso, eu preciso pensar no meu futuro e eu não vejo você nele.

Seus olhos, que antes brilhavam pelas lagrimas contidas, agora deixavam as lagrimas caírem livremente. Sentia uma dor terrível no peito, vê-la daquele jeito e saber que era minha culpa estava me matando.

_ O que você está dizendo? Você disse que me amava eu... eu achei que você... que a gente... tinha que terminar com isto rápido, não aguentaria mais.

_ Achou errado, tudo o que eu disse foi pra conseguir uma coisa e já que a consegui não vejo porque continuar. Eu vou me casar, Anastasia, com uma garota de minha classe, uma mulher que possa mostrar em sociedade e chamar de minha esposa. Vou me mudar para Londres, então você não tornara a me ver, será melhor assim ela me encarou como se não acreditasse em minhas palavras.

_ Você a ama? foi o único que saiu de seus lábios. Mas eu não podia mentir sobre isso pra ela, poderia mentir e enganar a todos, mas não a ela, não sobre meu amor, por que isso era só dela e sempre seria.

_ Ela é perfeita pra mim. foi o que consegui dizer. Mas o suficiente para convencê-la, já que ela se levantou e sauí correndo.

Estava feito, tinha quebrado seu coração e ela provavelmente nunca me perdoaria, mas agora ela estava segura, longe de minha família perturbada, e principalmente, longe da crueldade do meu pai. Quando ela saiu do meu campo de visão me permiti desabar, sentia o peso do mundo sobre minhas costas e uma dor no peito que aumentava com cada batida do meu coração. Quando senti as primeiras lagrimas caindo me levante e corri até meu carro. Estando lá dentro me permiti chorar. Chorei como nunca tinha chorado, não sei quanto tempo fiquei chorando dentro do carro, mas quando minhas lagrimas acabaram e levantei o olhar e vi que já tinha escurecido. Dirigi até minha casa e corri até meu quarto, me tranquei lá dentro sem falar com ninguém.

No dia seguinte as coisas correram como meu pai planejou, meu vôo partiu aquela manhã e eu iniciei meu caminho ao meu inferno particular. Fiz exatamente o que acordei com meu pai, me casei com Elena, uma mulherzinha fútil, arrogante e sem caráter, me formei e comecei a trabalhar.

[..]

Meu casamento com Elena nunca foi um casamento de verdade, éramos apenas dois estranhos morando na mesma casa, cada um seguindo sua vida.

Meu pai faleceu ano passado, sei que é uma coisa terrível de se dizer, mas eu me senti aliviado, me senti livre. Pela primeira vez, em toda minha vida, me senti dono do meu futuro. Meu pai não deixou testamento, imagino que não pensava morrer tão cedo, então eu herdei tudo como filho único. Assumi o lugar de maior acionista da companhia, assim como assumi o controle de minha vida. Inicie o processo de divórcio e decidi procurar Anastasia, ainda tinha esperanças que ela pudesse me perdoar.

Elena não facilitou a minha vida, ela se recusou a me dar o divórcio e perder o status de minha esposa e até o dia de hoje lutamos na justiça para poder mi livrar dela, o fato dela ter ficado grávida, resultado de uma noite de bebedeira, só piorava a situação. Eu jamais negaria nada a meu filho, mas não precisava estar casado com ela pra fazer o melhor pra ele. Mesmo antes de me divorciar, decidi procurar a Ana, mas ela não estava mais lá, o pai dela me expulsou gritando que era minha culpa ele ter perdido a filha dele, meu coração se encolheu só de imaginar que ela poderia estar morta, tentei falar com ele, mas ele se negava a me receber. Ninguém na cidade sabia nada dela, se ela estivesse morta às pessoas saberiam, era isso que eu queria acreditar. Sem importar o tem que levasse, eu continuaria procurando por ela.

Mais um ano se passou, Elena teve uma menina, Sofía, a menina dos meus olhos, a coisinha mais linda que eu já vi. Ela era parecida com a mãe, cabelos dourados e olhos azuis. Minha pequena está com um ano de idade e eu era apaixonado por ela. A briga entre Elena e eu continuava, ela se negava a me dar a custodia completa de Sofía, mas eu não iria desistir, Elena não era uma boa mãe para ela e eu continuaria lutando, no momento tínhamos a custodia compartida.

Durante este ano que se passou não consegui encontrar a Anastasia, mas eu não pararia de procurar. No próximo mês me mudaria definitivamente para os Estados Unidos, consegui convencer Elena a ir junto, cada um em sua casa, é claro, era a única forma de poder ter a minha filha comigo. Decidi deixar o cargo de CEO em Londres ao meu grande amigo Daniel e eu ficaria responsável da filial em Los Angeles, esta mudança iria facilitar minha procura por Anastasia. Eu a encontraria nem que fosse a última coisa que eu fizesse.


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Notas finais do capítulo

Queria pedir desculpas pelos erros. Algumas leitoras perceberam que eu troquei alguns nomes. Eu estou escrevendo outra história e acabei me confundindo, mas já corregi. Podem me falar quando eu cometer um erro desses, eu prometo prestar mais atenção! =)