Pov: Carol Muniz

Eu finalmente cheguei ao lugar que meu pai tinha falado o dia inteiro, na verdade era meio difícil chama-lo de pai já que a gente se conhecia fazia apenas algumas horas, já que eu não sei quem são meus pais biológicos, vivo andando de casa em casa procurando uma família que me aceite bem, eu estava tão cansada que acabei me encostando mais um pouco no banco do carro e meus pensamentos me levaram a onde tudo aconteceu, eu estava indo para minha aula de piano; era minha última aula antes de ir para casa depois de uma semana inteira no internato, ao entrar na sala só havia o meu professor atrás do piano ele olhou para mim e disse:

— Bom dia Carol

— Bom dia, Senhor Tadeu – respondi.

Ele usava as mesmas roupas dos anos 80 e o mesmo cabelo cheio de gel de sempre; fui até a estante e peguei o livro de música, quando me virei não vi o meu professor, apertei os meus olhos para ver se não estava enxergando mal, mas eu não estava. Meu professor havia mesmo virado uma criatura horrorosa com várias cabeças e centenas de braços grandes e musculosos, ele deu um rugido e disse:

— Eu sou Coto, o furioso – e rugiu novamente.

Eu dei um passo para trás assustada, nessa hora algo, ou melhor, alguém me puxou para o lado, quando me virei, percebi que era Vovó Leila, ela tinha esse dom de aparecer e desaparecer, ela olhou para mim e disse:

— O sol, Carol, o sol - falou ela, como se eu soubesse o que "o sol" significasse.

Então, mesmo sem saber o que estava fazendo, corri para a janela por onde o sol saia e coloquei as mãos, no mesmo instante uma bola de luz começou a se formar, apontei a luz para o gigante monstruoso e a disparei contra o seu peito atravessando-o, o monstro caiu no chão e começou a se desfazer em um pó amarelo, corri para minha Vó e dei um abraço nela ela me olhou e disse:

— Vamos querida, temos que correr.

Então saímos da sala e fomos direto para saída do internato, chamamos um táxi, quando entramos perguntei para ela:

— Vovó para onde vamos?

— Para casa – me respondeu

Depois de uns 15 minutos chegamos na minha casa, ficava na parte nobre da cidade, meu pai e mãe adotivos eram muito ricos, eu tinha tantas perguntas para fazer mas minha vó mais parecia que não ia responder nenhuma delas até entrarmos, quando chegamos na sala meu pai estava sentado e minha mãe vinha da cozinha com um copo de água, eles olharam para mim sorrindo e quando vinham me abraçar minha vó disse firme:

— Aconteceu

Eles olharam para ela assustados e então me fizeram sentar:

— Filha precisamos lhe contar algo! – disse o meu pai

— Tem a ver com o que houve hoje não é? – perguntei

— Sim – responderam em uníssono

— Filha nós tentamos te proteger, mas agora nós e sua vó não podemos mais fazer isso sozinhos - disse mamãe quase chorando

— Carol querida você é uma semideusa!

Fiquei se reação, aquilo explicava tudo.

— Quem é meu pai ou minha mãe – perguntei

— Seu pai, é meu filho, Apolo – falou vovó Leila

Então foi aí que ouvimos barulho de cavalos, papai foi até a porta e abriu, lá fora havia um carro esporte todo dourado, de dentro saiu um homem alto, forte e belo, ele entrou e disse:

— Olá mamãe – olhando para vovó, que sorriu

— É ela – disse apontando para mim

O homem veio e me abraçou o que me deixo feliz, então disse:

— Vamos temos um longo caminho até o Acampamento.

Entrei no carro sem levar nada, a não ser a certeza de que demoraria a vê-los novamente, e agora estava eu ali prestes a chegar no tal acampamento perto de enfrentar uma nova vida, a qual eu não sabia o que me esperava, mas dali por diante... Teria de ser mais forte do que nunca.