Escrito nas estrelas. escrita por hollandttinson


Capítulo 7
Great place.




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NARRAÇÃO: EDWARD MASEN.

Foi uma semana difícil. Eu, tão acostumado á ver Isabella todos os dias, tive de me contentar em esperar mamãe ou papai marcarem qualquer coisa com a sua família. É claro que eu tinha autoridade para fazê-lo, mas pensei que seria melhor ela não pensar que eu a estava pressionando para ficar perto de mim, principalmente pelo que eu a conheço, não acho que ela aceitaria de bom grado. Além disso, ela precisa conhecer pessoas novas, e eu preciso seguir meu plano.

Fui para a empresa todos os dias, meu pai saia de casa mais cedo, e depois eu aparecia lá de supetão, e ao mesmo tempo como quem não quer nada, com a desculpa de que estava no tédio. No primeiro dia, meu pai ficou desconfiado, no segundo, surpreso, e apenas na quarta feira ele começou á ficar feliz com a minha presença. Percebi que o estava privando de uma felicidade que ele merecia, e me senti um pouco mal por não ser um filho tão bom e dedicado ás alegrias dos meus pais, que se dedicam tanto á minha!

Na quinta papai me falou que o pai de Isabella tinha conseguido um bom dinheiro, e me falou sobre como todas as pessoas estavam se dando bem, pelo menos as pessoas que tinham se dedicado á investir em exportação de produtos ou agricultura, e que em breve ele compraria um carro, e teria dinheiro para fazer um belo casamento para a filha. Ele falou isso me olhando sugestivamente, mas eu apenas dei de ombros. No fundo, isso mexeu comigo, mas eu tentei não demonstrar. Fazia isso bem.

Eu estava feliz por ter pelo menos alguma notícia sobre ela, e a imaginei morrendo de felicidade por o seu pai ter dinheiro, não que ela fosse pobre, mas não tinha dinheiro como a minha família. De repente eu percebi que o país inteiro estava passando por uma boa fase financeira. Vi papai falando sobre investir em bolsa, ou em coisas que viriam para o futuro, como um automóvel mais rápido, ou um aparelho de telefone sem fio, que pudéssemos levar para qualquer lugar. Imagine só!

Na sexta, mamãe me contou que tinha ido á um chá na casa da mãe de Bella. Ela me disse que ela estava feliz no começo, mas depois de um tempo ficou diferente, como se algo ruim tivesse acontecido. Mamãe me sugeriu que eu a chamasse para um passeio no lago amanhã, e que tinha dito á Isabella que provavelmente eu iria á sua casa amanhã. Até disse que eu tinha falado nela a semana toda, o que não é bem verdade. Apenas meus pensamentos tinham sido todos seus a semana, mas minha boca falou de assuntos variados.

– A garota Lawrence estava lá, conversou com Isabella por alguns minutos, e depois disso ela saiu. Acho que você devia ficar preocupado.- Mamãe disse quando acabamos o jantar e eu estava me preparando para dormir. Eu a olhei confuso, tentei me lembrar do sobrenome, mas nada me veio á mente.

– Perdão, quem é a garota Lawrence?- Perguntei. Papai revirou os olhos e suspirou.

– Lembra-se daquele homem de meia idade que sua mãe disse que parecia o velho do conto dos natais passados?- Papai perguntou, segurando-se para não rir, eu ri.

– Oh, sim! A filha dele? Bem, e porque eu ficaria preocupado?- Perguntei, dando de ombros. Mamãe olhou para papai, sua expressão era cautelosa, papai apenas deu de ombros.

– Ela parece ter surtido um sentimento muito forte por você, mesmo nunca o tendo conhecido. Quando veio até aqui, á algumas semanas, falou de você por horas á fio, e olhava suas fotos com os olhos brilhando. O Sr. Lawrence falou com o seu pai sobre um possível casamento com você, e na época nós não sabíamos sobre Isabella, então demos á entender que podia ser possível que você se casasse com ela. Logo depois Isabella veio para Chicago, e é claro que mudamos de ideia sobre tudo, mas a Sra. Lawrence não se esqueceu! Hoje mesmo me perguntou se eu tinha esquecido de que sua filha tinha maior dote do que Isabella. Acredita que ela falou isso na casa dela? Ela não tem o menor pudor.- Mamãe falou chocada e indignada, mas não tanto quanto eu. Minha boca estava seca, eu sempre tive medo disso. Olhei para papai.

– O senhor me arranjou um casamento sem o meu consentimento?- Perguntei chocado. Ele suspirou, tirando os óculos.

– Você negaria se eu o informasse.- Ele disse apenas. Eu bufei.

– Mas é claro! Eu não conheço a garota, e não tenho a menor pretensão de conhecer! Não acham que já fizeram o suficiente para me arranjarem uma esposa?- Eu perguntei, cruzando os braços. Mamãe me olhou irritada, provavelmente pela minha postura petulante, mas não me importei. Papai deu de ombros.

– Foi assim com Isabella, e você não vem reclamando sobre isso!- Ele disse.

– Não existe a menor comparação entre Isabella e essa outra garota que eu nem sei o nome! Não acredito que existe mais uma garota espalhada pela cidade que acredita que irá se casar comigo só porque tem dinheiro ou é bonita ou o pai é amigo do senhor!- Eu disse, irritado. Eu já tinha passado por algo assim, e eu sempre parecia como o rapaz que parte corações, coisa que eu não faço, já que não tenho conhecimento da dona do coração para que possa parti-lo.

– Você está sendo dramático, não é o fim do mundo. Podemos facilmente dizer que você não tem interesse em casamento no momento, e a vida vai seguir normalmente.- Mamãe deu de ombros gentilmente, enrolando a ponta do vestido com o dedo, eu sei que no fundo ela também estava nervosa.

– E nada disso aconteceria se você não se recusasse á conhecer algumas garotas além de Isabella. Se você não tem o interesse em desposá-la, ao menos devia demonstrar isso para as outras garotas, para que elas não pensem em assassinato quando olharem para a pequena.- Papai disse, olhando para mim com certa irritação. Eu revirei os olhos.

– Pra começo de conversa, se você e mamãe não fossem tão pretensiosos em me arranjarem uma esposa para me prender nessa cidadezinha, eu não teria de me preocupar com o assassinato de Isabella.- Eu disse, enfiando as mãos nos bolsos. Mamãe concordou com a cabeça, e depois revirou os olhos.

– Espera que fiquemos sentados esperando a sua boa vontade? Bem, queremos netos!- Mamãe reclamou, sua voz ficando um pouco mais alta. Eu crispei os lábios.

– Eu sugiro que vocês tirem qualquer esperança dos pensamentos da Srta. Lawrence, caso contrário não haverá mesmo casamento algum. Espero que ela não tenha falado nada disso com Isabella, pois se isso a impedir de aceitar meu pedido de casamento daqui á alguns anos, ou meses, depende da minha coragem e disposição... Bem, seus esforços para terem netos serão vãs, com toda a certeza.- Eu disse, dando as costas para os meus pais e subindo as escadas.

Sabia que tinha lhes dado informação importante sobre Isabella e eu, mas não me importei. Eu queria muito que Isabella não tivesse conhecimento de Lawrence, mas algo me dizia que ela tinha, e tinha demais até. Porque eu tinha que ter nascido eu?

(…)

Acordei animado no sábado, disposto á esquecer qualquer coisa sobre qualquer garota. Me arrumei com atenção, penteando o cabelo de uma forma que não parecesse que eu era mimado, e não parecesse que eu era desleixado. Não sei nada sobre o que Isabella gosta dos garotos, não sei exatamente como são os garotos que ela conheceu em Londres, mas quero que ela esqueça todos eles, e olhe só para mim.

Mamãe e papai não tocaram em nenhum assunto constrangedor no café da manhã, apenas me deram a chave do carro e me desejaram um bom dia, já que provavelmente eu passaria o dia com ela. Eu sorri e aceitei os dois. Quando passei na feira, peguei um buquê de margaridas, também não sei que tipo de flores ela gosta, mas essa me chamou a atenção, talvez ela goste, porque elas me lembraram ela. Eram brancas, bonitas, e me traziam paz de olhar. Além de serem cheirosas.

Parei o automóvel na frente de sua casa, andei apressadamente até a porta e bati. A mãe dela abriu um enorme sorriso quando me viu, e principalmente quando viu as flores. Me deixou entrar e convidou á sentar no sofá, eu e o pai de Isabella conversamos sobre negócios por alguns minutos até que ela apareceu na sala, sorrindo para mim.

– Bom dia.- Ela disse, se aproximando.

Deus como eu tinha sentido sua falta! É claro que tinha consciência disso, mas vendo-a aqui, na minha frente, meu coração sentiu uma paz de imediato, por saber que ela era real, que não tinha sido fruto de um sonho. Eu podia vê-la e a saudade não me machucava mais. Eu estava feliz.

Seu rosto estava limpo de qualquer tipo de pintura, e eu amei vê-la assim. Seus olhos castanhos estavam mais quentes, aconchegantes, e eu estava mais derretido do que o chocolate em seu olhar. Seus lábios eram naturalmente rosa demais, cheios demais, me faziam ter pensamentos não muito puros sobre eles. Seu cabelo estava solto, caindo por seus ombros que estavam cobertos por um vestido de alças pequenas, finas, deixando a minha imaginação vagar sobre como seria maravilhoso ter a ponta dos meus dedos vagando por aquela área do seu corpo, além das outras.

Eu tentei afastar meus pensamentos, primeiro porque eram impuros demais para serem direcionados á alguém tão... Ela. Segundo porquê se eu continuasse com essa linha de pensamentos, meu corpo demonstraria tudo o que eu sinto, e isso não seria apropriado. Estiquei meu braço, dando-lhe as flores.

– Bom dia. Eu espero que você goste delas, foi com muito carinho.- Eu disse, apelando para o sentimentalismo, caso ela não gostasse das flores. Seu sorriso ficou escancarado, e foi impossível não sorrir de volta olhando-o. Ela olhou para as flores com devoção.

– Como descobriu que eram as minhas favoritas?- Ela perguntou, olhando para a mãe como se ela tivesse culpa. Eu ri quando ela ergueu as mãos para o alto.

– Eu não fiz nada, sou inocente.- Disse. Eu balancei a cabeça.

– Foi apenas intuição.- Eu disse, dando de ombros. Isabella concordou com a cabeça, foi até a mãe e entregou o buquê para que ela lhe desse um destino melhor do que as suas mãos, apesar de que eu queria que o meu destino fosse as mãos de Isabella. Mais uma vez tive de afastar esses pensamentos.

– Obrigada pelas flores, acho que vou abrir uma floricultura se você continuar me trazendo flores todas as vezes que vir me ver.- Ela disse, sorrindo. Qualquer pessoas acharia que ela estava sendo rude, mas eu sabia que ela estava apenas quebrando o gelo.

– Da próxima vez lhe trago cenouras.- Eu disse, seguindo a linha de brincadeira. Ela gargalhou. Eu olhei para os seus pais.- Posso roubar a filha de vocês por algumas horas? Vou levá-la ao lago. Está fazendo tanto calor que tenho certeza de que ela adoraria ir até lá.

– Oh, claro que sim! O lago é um lugar magnífico Bella, você vai adorar.- A mãe dela disse, sorrindo para mim. O pai dela apenas concordou com a cabeça, eu já tinha percebido que ele era tímido demais, apenas quando estava com papai ele se soltava mais. Eu olhei para Bella, que sorriu.

– Tudo bem.- Disse. Eu abri a porta do carro para ela, ela se virou para falar comigo assim que eu sentei ao seu lado.- Quantos lugares magníficos tem nessa cidade e que ainda faltam para você me levar?

– Eu só te levei á praça.- Eu ri, ela revirou os olhos.

– Eu quero saber qual a média de vezes que vamos nos encontrar até que todos os lugares acabem e você não tenha mais onde me levar.- Ela disse, dando de ombros e olhando para frente. Seu rosto ficou vermelho, eu mordi o lábio inferior. Talvez ela quisesse estar comigo tanto quanto eu queria estar com ela, e talvez ela tivesse sentido tanta falta de mim quanto eu dela.

– Não se preocupe com isso, se os lugares faltarem, eu levo você para outro país. O mundo é enorme, Isabella.- Eu disse, ela olhou para mim sorrindo.- Perdão, Bella.

– Eu não me importo mais por você me chamar de Isabella, se essa for a forma que você arranjou de falar meu nome. Só é meio grande, e seria legal se você não falasse assim na frente das pessoas, para que elas não se acostumassem a me chamar assim.- Ela disse, sorrindo para mim. Eu concordei com a cabeça.

– Não vai se problema nenhum para mim, Isabella.- Eu disse, feliz por poder chamá-la assim.

Ela falou sobre como foi a sua semana, disse que tinha sido chata e que gostaria que ela tivesse passado mais rápido. Eu nutria o mesmo sentimento, nunca esperei tanto pelo fim de semana, mesmo que não tivesse certeza de que a veria, no entanto, ela tinha certeza de que me veria.

– Mamãe falava de você sempre, como se para me lembrar de que você existia. Acho que ela estava com medo de que eu esquecesse de você.- Ela disse, rindo. Eu fiquei preocupado.

– E existe alguma possibilidade de você esquecer de mim caso eu, por um acaso, fiquei mais de 1 semana sem vê-la?- Perguntei, desconfortável com a possibilidade. Ela negou com a cabeça nervosamente, rapidamene.

– Nenhuma.- Disse, me deixando aliviado.

Parei o carro em uma estradinha de terra, desci e a ajudei á descer.

– Onde está o lago?- Perguntou. Eu fiz uma careta.

– Nós vamos ter de andar um pouco, o carro não suporta andar por ali.- Eu disse, apontando para um pouco de mato que tinha ao redor. O lago ficava bem no meio deles, e era uma caminhada rápida.- Se você não quiser, posso te levar para o lago da cidade... Mas tem muita gente lá.

– Aqui está ótimo.- Ela disse rapidamente. Eu peguei uma cesta que mamãe tinha preparado, e a toalha para colocar no chão. Já que provavelmente íamos demorar aqui, mamãe providenciou comida. Ela me ajudou á levar as coisas, e nós começamos á andar.- Como vocês descobriram esse lugar?

– Mamãe e papai se encontravam aqui quando eram namorados. O pai da mamãe não gostava do namoro dela com o papai, dizia que mamãe merecia coisa melhor. Mamãe sempre teve muito dinheiro, e papai também tinha dinheiro, mas não tanto... Meu avô era dono de muitas fazendas, a maior parte delas é minha por herança. Na verdade, tudo o que era da família de mamãe, agora é meu, pois meus avós só tiveram ela de filha, e os dois já se foram... A gripe espanhola levou muitas pessoas.- Eu disse, eu nunca fui apegado aos meus avós, e o meu calafrio foi apenas por me lembrar da época em que eu achava que eu e meus pais também seríamos levados pela morte. Mas ela não pode ler mentes.

– Eu sinto muito.- Ela disse, me olhando docemente. Eu balancei a cabeça.

– Tudo bem, pelo menos eu tenho algo que vai ficar de herança para os meus filhos por uns bons séculos, se Deus quiser.- Eu disse, pensando que nunca usaria aquelas fazendas para nada. Chegamos ao lago e ela sorriu abertamente.

O lugar era magnífico, não tinham animais selvagens por perto, é claro. Apenas alguns pássaros, e alguns animais herbívoros que não faziam mal á ninguém.

– Porque vocês chamam este lugar de lago?- Ela perguntou, estreitando os olhos e colocando as coisas no chão, prendendo o cabelo num coque mal feito. Eu dei de ombros.

– Meus pais sempre chamaram assim, se tornou um costume.- Eu disse, analisando o lugar. Não era um lago, era mais um rio. Tinha uma pequena queda d'água no fim, a água era cristalina, e não tinham peixes. O lago de verdade, onde meu pai pescava comigo quando era mais novo, era do outro lado, uma caminhada um pouco maior. Mas não daria para fazer um piquenique lá, pela falta de árvores suficientes para sombra. Eu levei-a até uma árvore grande, arrumamos as coisas no chão e nos sentamos. Ela ficava olhando a água o tempo todo.

– Esse devia ser um ótimo lugar para se estar quando era mais novo.- Ela disse. Eu concordei com a cabeça.

– É um ótimo lugar para se estar em qualquer momento, desde que estejamos com a pessoa certa.- Eu disse, olhando para ela. Ela virou o rosto para mim, engolindo em seco. Depois sorriu.

– Obrigada por ter me trazido aqui.- Ela disse. Eu sorri.

– Não há de quê.

(…)


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