"Regina pôs a mão sobre a testa, o suor escorria por todo o seu rosto. Sentiu sua respiração ofegante e acelerada. Emma estava ali, mas não estava bem. A morena imaginou o que a loira diria se encontrasse alguém de seu passado naquele estado. “O que diabos você está fazendo aqui?” Aquela frase era tão “Emma-de-ser ” que Regina sorriu, caindo em si.

– Ela voltou! – A prefeita sussurrou vendo a ambulância chegar.

A morena não entendia porque tudo aquilo estava acontecendo de uma hora para outra. Ela e Henry estavam felizes juntos, sem mais ninguém. Em todos aqueles anos, Regina jamais permitira que os pais de Emma se aproximassem tanto do garoto, mas após ver Emma desacordada naquele carro, teve certeza de que tudo mudaria menos seus sentimentos.

– Regina? - David a chamara mais uma vez, para que ela desse a passagem aos socorristas. - Você está bem?

Era óbvio que não.

***

POV Regina

– Mamãe? - Henry puxou meu casaco repetidas vezes

– Quem é essa moça?

– E-Eu não sei. - Menti, ele não precisava saber que a mulher ali deitada era sua mãe biológica.

– Tem certeza? - Ele perguntou confiante - Parece que a conhece!

Era nesse momento em que eu sabia que havia criado o filho mais esperto do mundo, mas nunca me dei conta de que isso não seria nada bom pra mim em casos como aquele. Desviei o meu olhar e encaminhei até a porta, porém Henry não me seguiu. Ao invés disso, ele preferiu ficar observando Emma dormir.

– Ei, moça? - Ele sussurrou no ouvido dela, mas eu consegui ouvir nitidamente. - Acorda logo, você parece ser legal.

Meus olhos se encheram de lágrimas involuntariamente, tudo o que eu queria era esconder aquele momento vergonhoso de fraqueza. Nunca pensei que fosse vê-la novamente, inclusive naquele estado. Engraçado como o mundo dá voltas, e sempre para quando você menos espera. Num momento desesperado, tentei secar meus olhos para que Henry não percebesse. Tudo em vão.

– Por que está chorando?

– Estou com uma alergia terrível! - Exclamei - Vamos embora?

Estiquei a mão para que ele a pegasse, e ele o fez. Henry passou por mim e ficou parado no corredor.

– Você não vai se despedir dela, mamãe? – Aquele garoto me surpreendeu mais uma vez.

– Vou. Eu não a conheço, mas ela está sob minha responsabilidade, então eu vou. – Sorri tentando convence-lo daquela minha frase. – Você pode esperar aqui? – Ele assentiu. – Vai ser rapidinho.

Dei um beijo no topo da cabeça dele e entrei no quarto mais uma vez. Emma estava pálida, seus cabelos bagunçados, mas ainda mantinha o ar jovial de quando deixou a cidade. Eu tentei não admirá-la por muito tempo e minha mente me ajudou, já que os pensamentos de dez anos atrás voltaram como um esguicho de água violento.

Caminhei até a cama e aproximei meu rosto de seu ouvido.

– Bem, dizem que quando se está inconsciente escuta-se tudo ao redor, então... Eu destruirei todas as possibilidades que encaminharem para a sua felicidade nessa cidade, Emma Swan. Nem que essa seja a última coisa que eu faça.

Olhei mais uma vez para o rosto dela, indiferente a tudo. Ótimo.

***

Flashback On

Para uma garota com pouco menos de vinte anos, Regina Mills era bastante madura para a idade, o que a fazia ter sempre as decisões corretas e responsáveis. Mas naquela noite ela resolveu arriscar-se, ignorando tudo o que havia aprendido com seus pais conservadores. A morena de baixa estatura andava a passos largos até a casa de sua melhor amiga, Emma Swan. O laço de união entre as duas era tão forte que uma não conseguia passar um dia sem ver a outra - mesmo no caso de brigas. E aquele dia era tão especial em todo o mundo, talvez trouxesse um pouco de sorte a ela.

Assim que tocou a campainha sentiu vontade de fugir, até mesmo de se esconder em um dos enormes arbustos que existiam no jardim dos Swan, e tudo voltaria a ser como antes, só que em piores proporções: Emma cuidando do filho com NEAL; Emma se casando com NEAL; Emma sendo feliz com NEAL. Talvez aquele pensamento fosse bastante egoísta por parte da morena, mas ela não se dava conta do que sua “cegueira” amorosa era capaz de fazer consigo mesma. Quem diria que ela compraria flores no Dia dos Namorados para alguém?

– Regina! - Uma mulher de pele branquíssima atendeu a porta, focando seu olhar no buquê que a morena trazia nos braços - O que faz aqui? Pensei que estivesse com Emma.

– Ela me disse que estaria aqui esta noite. - A morena franziu o cenho, deixando que a veia de sua testa saltasse - Com Henry.

– Ah, como sou esquecida! - A outra percebeu que havia cometido um erro - Ela me contou que Neal a convidou pra passear. Parece que eles dois finalmente vão fazer as pazes!

“Acalme-se!” Regina pensava para amenizar seu estado de sofrimento e não desabar ali mesmo. É claro que aquilo aconteceria! Onde ela estava com a cabeça quando quis se declarar para Emma?

– De qualquer forma, vou procurá-los. - A morena disse automaticamente - Até logo, Mary.

Ela nem havia dado meia volta quando a outra, sendo curiosa como sempre, lhe perguntou:

– E esse buquê?

– E-Estavam aqui na porta. - Regina praticamente jogou as rosas em Mary – Tchau!

A brisa nunca esteve tão fria em Storybrooke, mas a morena nem havia percebido tal fato enquanto praticamente corria. Por cinco minutos ela conseguiu segurar-se para não chorar na frente dos vizinhos, mas assim que avistou sua casa, as lágrimas tomaram conta de sua face. Regina procurou desesperadamente suas chaves no bolso do casaco, mas antes que destrancasse a porta, ouviu um choro muito próximo que não era o seu. Foi então que ela percebeu que havia um bebê recém-nascido no chão, envolto por algumas mantas. A morena sabia exatamente quem era.

– Henry? - Ela sussurrou e logo o pegou no colo - Vai ficar tudo bem.

Flashback Off

***

Regina passaria a noite ali, apenas para garantir que nada acontecesse com Emma. Apesar de seu ódio mortal pela loira, elas já haviam sido amigas e isso ainda mantinha uma pequena chama acessa no coração da prefeita.

A morena lia um de seus livros favoritos dos irmãos Grimm, a história original da Branca de Neve, - Adorava se imaginar como aquela poderosa rainha má. – quando escutou um pequeno ruído. Seu nome sendo sussurrado.

– Regina?

A fantasiosa Rainha Má tinha uma certeza, tudo e nada mudara."