Sui Generis escrita por Human Being


Capítulo 18
Terceiro Axioma de Alley: As exceções servem para testar as regras, não para prová-las...


Notas iniciais do capítulo

No capítulo anterior...
Os cavaleiros de Atena, convocados pela secreta organização internacional conhecida como S.H.I.E.L.D, estão em uma missão perigosa e ultra-secreta para capturar um dos mais terríveis representantes da Máfia Napolitana conhecida como Camorra, o temível Benicio Basili. Enquanto isso, uma sórdida trama de traição e assassinato se descortina em paralelo, envolvendo o infame e perigoso mercenário conhecido como Deadpool e o primo renegado de Benício, Gennaro Basili...



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Hotel Cassino Royale, Principado de Mônaco...

Kanon seguia jogando na mesa, tendo como oponente o magricela mal-encarado de dente de ouro que sobrou na partida, enquanto Benicio Basili praticamente fungava em seu cangote.

Todos os deuses do Olimpo sabiam o quanto ele estava se controlando para não meter a mão na cara do mafioso infeliz, mas missão dada era missão cumprida. Isso sempre foi uma de suas máximas, mesmo nos seus tempos de Dragão Marinho. Então que, apesar de todo o incômodo que era ter o maldito italiano praticamente lhe agarrando enquanto tentava seguir concentrado no jogo, ele estava tirando dos confins de sua alma redimida por Atena a paciência necessária para seguir em seu disfarce.

Claro, a chave de corpo vermelho envernizado que tilintava no pote, com seu peculiar cavalinho entalhado, também era um estímulo eficaz para fazê-lo manter a compostura.

Tentou se afastar do mafioso para impedir que ele visse suas cartas, porque o tal magricela estava dando bem mais trabalho do que ele imaginara anteriormente. O rosto do homem parecia agora feito de cera, o que Kanon pensava poder ser uma de duas coisas: Ou as suas mãos não estavam assim tão boas, ou elas estavam, mas ele já deixara de considerar a moça decotada à sua frente como a 'patinha' a quem se referira antes. E, com os elementos escassos que seu adversário agora lhe deixava transparecer, não lhe restava muita opção a não ser calcular por alto as probabilidades de uma boa mão por parte dele, o que já de antemão estava muito mais difícil devido a escassez de jogadores na mesa; e também confiar na Sorte.

Ele sabia que podia ter muito: Esperteza, inteligência, raciocínio rápido, força... Menos sorte. O sortudo da dupla era o Saga, ele sempre teve isso meio que definido em sua cabeça apesar dos protestos do irmão. Mas Kanon também era esperto o suficiente para não esperar as coisas caírem em seu colo, e por isso sempre suou a camisa para conseguir o que queria, por bem... ou por mal. Então que ele se incomodava muito em depender de sua sorte, porque sabia que, se dela tivesse dependido desde que nasceu, não teria chegado em lugar algum na vida. Nem mesmo nos jogos de pôquer de sua juventude, pois jamais se destacou pelas boas mãos que tirava, muito pelo contrário; neles se valia de sua aptidão inata para entender a lógica matemática e sua capacidade de ler os outros jogadores, e assim blefar bem mesmo com mãos risíveis.

Foi pensando nisso que ele recebeu sua mão no jogo; mas justo nessa mão viu que, dessa vez, só dessa vez, a Sorte resolveu lhe sorrir como nunca tinha sorrido antes. Teve dificuldades para controlar o tremor nas mãos e o olhar extasiado diante da mão que tinha, mas logo pensou que isso agora era irrelevante.

Deixou o sorriso invadir seu rosto enquanto todos os pelos de seu corpo se eriçavam, e apostou todas as fichas que tinha. Todas. Uma aposta que o outro simplesmente não conseguiria cobrir.

O magricela levantou os olhos do pote de apostas, apenas para ver a agora moça com um sorriso radiante no rosto.

— Espero que você tenha mão para cobrir essa aposta, mocinha. - Disse ele, enquanto descia na mesa uma quadra.

— Dez de Paus. Valete de Paus... - Dizia Kanon, lentamente, já nem se contendo mais em mostrar seu contentamento enquanto descia e ouvia a pequena plateia que acompanhava o jogo assombrar-se, enquanto as cartas eram postas na mesa. - Dama de Paus... Rei de Paus... Ás. De Paus.

"Royal Straight Flush", a platéia seguia murmurando extasiada, enquanto Kanon agora puxava toda as fichinhas para si, no meio dos aplausos e de algumas ovações. Ele mesmo tinha ganas de levantar da mesa e gritar de alegria, porque nunca em sua vida tivera a chance de receber uma mão como essa, e olhem que ele já tinha jogado muito carteado na vida. E receber essa mão para faturar esse pote foi um prêmio a mais.

— É, patinha... O magro agora deu um sorriso lacônico, mas admitiu a derrota. - Sorte no jogo, azar no amor. - Ele disse, enquanto olhava para o mafioso que ainda estava do lado da agora moça, enquanto ela mostrava seu documento para que o crupiê pegasse seus dados para lhe pagar o montante que ganhara naquela mesa.

Basili pegou a chave da Ferrari do pote, e a suspendeu no ar com os dedos, mostrando-a ao ex-rapaz.

— Acho que ela agora tem uma nova dona, mia bella.— Kanon pegou a chave das mãos do mafioso num movimento fluido, sorrindo de volta ao italiano. - Eu te dei sorte, bambina, e agora nós temos que comemorar...

Algo da alegria de Kanon morreu nesse momento, ao sentir o tom sedutor na voz do mafioso...

OOO

— Afrodite! - Saga, depois de procurar um tanto, finalmente tinha encontrado o colega de missão; e tinha realmente chegado bem na hora: O sueco estava empenhado em concretizar um avanço mais ousado com a tal loira pernuda, aparentemente bem receptiva a seus encantos.

Inclusive, o cavaleiro mais velho teve certa dificuldade para conseguir trazer o outro para uma conversa a sós.

— Saga, o que você está fazendo aqui que não está lá vigiando teu irmão, hein?

— Escuta, Afrodite, fique longe dessa... moça aí!

— Olha, eu sei o que eu estou fazendo, tá legal? Agora vai pra lá, vai.

— Afrodite...

— Puxa vida, Saga, você não tem outra criatura pra infernizar, não? Tem o Kanon, tem o Shura, o Camus, o Máscara da Morte... Tanta gente e você vem logo em cima de mim? Sai pra lá, cara!

— Você não está entendendo, Afrodite. A moça aí... não é... - Saga deu uma olhada por cima do ombro do sueco, para garantir que sua informação não seria ouvida por outros. - Ah, ela não é uma moça!

— Hã? - O outro arregalou os grandes olhos azuis turquesa, assombradíssimo. - Como assim que ela não é...

— Na verdade, queridinho... - A voz melodiosa mas levemente anasalada da loira se fez ouvir. - Eu sou uma moça sim, só não fiz ainda minha cirurgia. Não que você não possa apreciar o meu companheiro aqui em baixo, enquanto ele ainda está aqui, mas agora...

Os dois arregalaram os olhos, surpreendidos justamente pela pessoa de quem falavam.

— ...Apesar de querer muito me divertir com os rapagões formosos que vocês dois são, no momento não vai ter como. Porque agora nós três temos outra coisa para fazer...

Saga e Afrodite viram a arma na mão da loira pernuda, e perceberam que caíram em uma armadilha enquanto ela abria suas camisas para desativarem os pontos eletrônicos.

— ...Mãos na cabeça, lindões, ou aonde eu possa ver.

OOO

Sala de Operações Secretas, Atenas...

— Gente, que fiasco, hein? - Hyoga mal se continha de alegria. - Quer dizer que dois cavaleiros de ouro, elite da elite dos cavaleiros de Atena, foram pegos por um traveco infiltrado?

Os outros integrantes da Sala não estavam com a mesma disposição para chacotas do nipo-russo. Na verdade, o clima era de total apreensão.

— Já chega. - Shion levantou-se. - Manda o time de resgate lá dentro e aborte essa missão.

— De jeito nenhum! - Nick Fury rebateu. - O fato de dois de seus cavaleiros não terem tido o senso de evitar essa cilada não invalida o fato de que Kanon conseguiu se infiltrar junto de Basili! Saga e Afrodite são um problema que podemos resolver depois!

Dohko levantou também, mas para segurar o colega lemuriano que já elevava o cosmo para teleportar o comandante da S.H.I.E.L.D. para, provavelmente, o Quinto dos Infernos.

— Escute aqui, senhor metido a caubói imperialista aproveitador dos demônios! - Shion levantou a voz, com o rosto vermelho de fúria. Eram raríssimas as ocasiões onde Shion perdia a esportiva, mas essa parecia ser uma delas. - Eu disse que essa missãozinha está ENCERRADA, e que os MEUS cavaleiros vão entrar lá para resgatar seus colegas e tirar todos de lá em segurança! Eu te disse que não admitiria que NADA acontecesse, e quando eu digo nada, é NADA mesmo! Se quiser pegar seu mafioso, pois que coloque SEUS comandados lá dentro, não os meus!

— Gente... - Aiolos olhava para os monitores, tendo sua atenção capturada por algo enquanto a briga se descortinava.

— Mas que belo bando de moçoilas que você comanda, hein, Senhor Shion Grande Mestre do Santuário! Um bando de inúteis que se enroscam na primeira 'moça' suspeita que aparece! Pois bem que eu realmente acho que eu estaria melhor com meus agentes do que com esse bando de amadores que lutam usando essas fantasias de carnaval que vocês chamam de armadura, mas acontece que, AGORA, eles já estão lá e a missão já está comprometida! Por culpa deles!

— GENTE! - Aiolos deu um grito, e finalmente chamou a atenção dos presentes. - Olhem isso!

O jovem arqueiro não mentia. Um apagão tinha deixado todo o cassino às escuras, tão logo os dois cavaleiros foram capturados.

— Mas o que é isso? - Nick Fury estava agora nos extremos de sua apreensão. - Descobriram a missão?

— Ou coisa pior... - Shion agora nem tinha mais palavras para descrever o seu péssimo pressentimento. - Tem mais alguém interessado em pegar seu mafioso, Fury?

— Ele é um mafioso, matou um monte de gente para chegar onde está, o que você acha?

— É uma armadilha. A coisa toda é uma armadilha. - O lemuriano engoliu em seco. - Mandem o time de resgate entrar, agora.

OOO

Um dos corredores de serviço do Cassino Royale, para onde Saga e Afrodite foram levados, sob a mira de uma arma...

— Mas o que é isso? - Saga agora suava frio, de nervoso. - Por que as luzes apagaram?

— Ora, ora... - A loira respondeu enquanto algemava Saga e Afrodite dentro de um dos quartos da zeladoria, nos fundos do hotel. - É uma surpresinha. Mas, se vocês ficarem quietinhos, não vai acontecer nada com vocês. Ainda...

— Quem é você e quem te mandou aqui?

— Não lhes interessa, eu quem me mandou aqui também não é da conta de vocês. Acontece, lindos, que vocês estão atrás de uma pessoa, e nós também estamos atrás dessa pessoa. Como um é pouco, dois é bom e três é demais, alguém tem que sair da festa, não?

— 'Vocês' estão aqui para pegar o mafioso também... - Afrodite estava com cara de pouquíssimos amigos. - E porque pegar a gente, então?

— Porque vocês os querem vivos, e nós não.

— Já chega. - Afrodite soltou um bufido e explodiu as algemas com um pouco de cosmo, sob o olhar reprovador de Saga. Uma rosa apareceu em suas mãos, mas não teve tempo de usá-la: a tal loira foi nocauteada por trás com um golpe, e Máscara da Morte apareceu logo que ela caiu.

— Aí estão os dois otários. - Disse ele, rindo. - E aí, já conferiram o material da 'moça' pra saber se 'ela' é bem dotada? Porque sinceramente, bem que eu imaginava que vocês pudessem ser, assim, abertos a novas experiências, mas pra fazer um menáge com um travesti?

Saga e Afrodite olharam para o italiano, que mal disfarçava o contentamento pela situação dos dois.

— Ela... - Saga olhou desconsolado para a loira que agora jazia no chão. - Você não matou ela, matou?

— Não, Saga. Ele está vivinho da silva, vocês podem voltar aqui depois e retomarem a dança do acasalamento de onde vocês pararam.

— Isso não tem graça. - Saga fechou a cara. - E quanto a mim, eu estava apenas tentando avisar esse tonto sobre a verdade a respeito da "moça", pelo que o Kanon viu no banheiro feminino...

— Peraí. Como você descobriu que... - Afrodite perguntou para o colega italiano, algo confuso.

— O ponto do Saga tava ligado, Rudy. - O sueco ficou pálido. - É, amigos, agora vocês se ferraram sem cuspe e com areia.

— Afrodite, caso você não tenha entendido da primeira vez que eu expliquei, essa é uma missão sem cosmo. - Saga fez o mesmo que o sueco, para soltar as algemas. - Então que não é pra usar rosas e nem ataques de cosmo. Entendido? A última coisa que queremos é que todos descubram que somos cavaleiros de Atena. Falando nisso, vamos todos tirar esses ternos e trocar de roupa, que esse disfarce já está comprometido...

— Saga, caso já não tenha percebido, eles já sabem quem somos e o que nós estamos fazendo aqui. - Afrodite respondeu, irritado como nunca antes em sua vida. - Tem mais alguém atrás do mafioso, e quem quer pegar ele, quer pegar pra matar.

— Por isso mesmo, florzinha. - Máscara da Morte disse, recebendo o elevar do dedo médio do sueco em resposta ao 'florzinha', enquanto trocava o terno por um dos macacões do pessoal da limpeza que ficavam nos armários do quarto, sendo imitado pelos outros dois. - Ah, deixa de graça, Rudy. Depois dessa, ser chamado de florzinha vai ser o menor dos seus problemas. E eu te avisei que era encrenca. Mas enfim, voltando ao assunto... Quem quer apagar o cara, quer fazer isso sem se mostrar. E se a gente começar a usar o cosmo a torto e a direito, a gente fica em evidência pro cassino inteiro, pros cupinchas do mafioso, pro mundo lá fora e tudo o mais. Aí... E se os caras matam o tal chefão e nós levamos a culpa?

— Que se dane o mafioso. - Disse Saga, já vestindo um macacão da equipe de limpeza do Hotel. - Por mim, ele é um problema da S.H.I.E.L.D, só que o Kanon está com ele. E ele não pode usar o cosmo...

OOO

Cassino Royale, no salão de jogos agora às escuras...

— Missão tranquila, eles disseram. Não tem nada pra dar errado, eles disseram... É só entrar, pegar o cara e levar pra custódia da S.H.I.E.L.D., eles disseram...

— Shura, até onde sabemos, é só um apagão... - Camus tentava animar o colega. - E bem que podíamos estar no lugar do ~heh~ Afrodite e do Saga.

— Aliás, fala sério, esse Afrodite, hein...

— Shura, até a gente estava pensando que a moça era original de fábrica. Então, por mais que me doa, não vale espezinhar o pobre coitado. Se todo mundo ouviu, ele já vai ter o Santuário todo fazendo isso por nós...

— Hunf.- Shura suspirou. - Você adora estragar a diversão, vou te contar...

— E quem está se divertindo aqui, Shura? - Camus soltou um bufido. - Vamos atrás do Kanon que a gente ganha mais. E algo me diz que, com a proximidade com que o mafioso o estava tratando depois da vitória na mesa, mais esse escurinho oportuno, ele agora deve estar querendo desesperadamente ser encontrado...

Shura soltou um bufido, e assim que seus olhos se acostumaram à pouca luminosidade, seguiu em frente com Camus.

— Mas vamos combinar? Esse apagão aí tá mais do que suspeito, vai, francês...

OOO

Em outro ponto do Salão de Jogos...

Kanon, antes inebriado de felicidade com a mão incrível na mesa de jogos que lhe rendeu a vitória, o montante apostado e a Ferrari Testarrossa; agora era um ex-rapaz que pensava que a Sorte não lhe acompanhava, só lhe pregava peças.

Com o improvável apagão que deixou o salão do cassino às escuras, a agora moça tinha o mafioso Benicio Basili aconchegando seu corpo num abraço nada paternal para 'protegê-la do terrível escuro do lugar'.

"E onde está o babaca do Saga quando se precisa dele?" - Pensava o ex-rapaz que tentava agora desvencilhar-se do saliente italiano, antes que sua mão direita descesse de sua cintura para seus quadris, de novo. Porque se ele fizesse isso, desta vez ele não conseguiria se segurar e o temível mafioso engoliria alguns dentes.

Mia bella... - A mão do italiano agora apertou suas nádegas, e Kanon sentiu sua mão esquerda formar um punho involuntário. - Acho melhor sairmos daqui para um lugar mais reservado e...

Mas o ex-rapaz nem teve tempo de cumprir sua promessa imaginária de quebrar a cara do mafioso. Um estrondo se fez ouvir no lugar, e logo o próprio Benicio foi afastado de si com um tranco. Um buraco se abriu em uma das paredes do lugar, e um ponto de luz vermelha apareceu entre as sobrancelhas do italiano.

— ABAIXA! - Gritou Kanon, se jogando em cima do italiano apenas uma fração de segundo antes da arma disparar. O barulho do tiro foi abafado com um silenciador acoplado no cano da arma, que ao ser abaixada mostrou a figura encapuzada de macacão vermelho que a portava.

— Ora, ora, ora... A mocinha não podia esperar um momento mais oportuno pra agarrar o peixão, não? Foi só eu apagar a luz e você já foi se jogando pra cima dele, credo... - Deadpool disse, num riso seco, ao ver a moça loira que estava agora por cima do velho italiano, em uma posição um tanto suspeita devido ao decote que agora se aprofundara quase que além dos limites da decência. Kanon analisou o homem de alto a baixo, apenas para concluir que jamais o tinha visto na vida. - Espero para seu bem, lindeza, que além de espertinha você também seja bem flexível para o que vamos fazer daqui a pouquinho... Assim que eu apagar o senhor Basili aqui...

— Ninguém vai apagar ninguém! - Kanon levantou-se numa fração de segundo, graças aos seus reflexos de cavaleiro, não sem antes empurrar o mafioso para longe da linha de fogo do mercenário. - Aliás, vem cá, eu te conheço?

— Não, mas vai conhecer, e bem intimamente, já já. No sentido bíblico. Sabe o que é o sentido bíblico, docinho?

— Não sei, não quero saber, e tenho raiva de quem sabe! - Kanon estufou o peito, tentando atrair a atenção do outro enquanto Benicio Basili saía da linha de fogo. O ex-rapaz sabia que ele era valioso vivo, e não morto. - E quem te deu o direito de falar assim comigo, hein, ô do capuz na cara?

— Daqui a pouco você vai saber, queridinha. Mas fique sabendo que quem experimenta sempre pede mais... - O mercenário riu, mas logo teve sua atenção voltada para o mafioso que tentou fugir, mas foi cercado por outros capangas. - E o Dom Corleone aí nem pense que vai sair de fininho e largar sua garota aqui, em apuros. Que feio, hein? Sinto te informar, mas a mocinha aqui parece que tem mais colhões do que você...

"Tenho mesmo" Pensou Kanon, mas sem deixar de observar que, cercados como estavam, a situação deles se complicara muito. Ele tinha que tirar o italiano dali, antes que o mercenário o matasse. A agora moça se instava a pensar rápido, porque ele tinha que retardar encapuzado o máximo que desse. Tinha a convicção de que algum dos outros apareceria logo, e assim conseguiriam capturar o alvo vivo e levá-lo para fora daquele maldito hotel, que se mostrava uma ratoeira.

— Pois muito bem, Benicio Basili, comece suas orações... - O mercenário levantou a arma de novo. - Porque em pouco tempo você vai estar ~heh~ "ba-a-tendo na porta do cééééu" (1)...

— Espere! - Kanon soltou um grito, antes que o mercenário puxasse o gatilho. - Espere, você não pode fazer isso com ele!

— Não? - O outro se virou em sua direção. - E por que não?

— Porque... Porque... Porque você não pode matar o homem que eu descobri ser o homem da minha vida!

Mia bella...— O mafioso estava comovido pela coragem da moça, e o próprio Kanon estava comovido pelo tamanho da mentira que acabara de contar.

— Ahhh... - Deadpool suspirou alto, e novamente voltou a arma na direção do mafioso. - Ah, o amor... "O amor é um pássaro rebelde que ninguém pode aprisionar" (2), não é? Mas é uma pena, senhorita, eu terei que frustrar seus planos de paixão eterna com o cidadão aqui...

— Não, espera! - A agora moça gritou de novo. - Me deixe... Me deixe ao menos me despedir dele!

— Moça...

— Cinco minutos, é tudo o que eu te peço! Depois eu faço tudo o que você quiser, mas eu quero apenas meus cinco minutos finais com meu amado!

— Sinceramente... Não tem nada que uma moça linda como você me peça chorando que eu não faça sorrindo... - Deadpool deu um riso seco, para então pegar a agora moça pelo queixo, com a mão esquerda, e passar de leve o polegar em seus lábios. - Mas fique sabendo, lindeza, que eu vou te cobrar o favor...

Kanon engoliu em seco, e um ataque de cosmo nunca tinha lhe parecido uma ideia tão boa. Mas ele sabia que não podia, até porque, se seu ataque falhasse, não teria uma segunda chance para outro.

Mia bella... — O italiano mafioso tinha lágrimas nos olhos enquanto puxava para si a agora moça. - Tão bela, tão corajosa... Eu nunca pensei que fosse encontrar aqui, o amor de minha vida...

A ideia de um ataque de cosmo agora já não era mais boa, era excelente, pensava Kanon enquanto praguejava contra todas as deidades que conhecia, e as que não conhecia também. Tudo bem que ele sabia dos riscos que corria, mas a ideia de morrer fritando os dois à sua frente com seu cosmo fora de controle lhe parecia muito melhor do que o beijo que o biquinho do mafioso antecipava enquanto as mãos grandes dele seguravam seu rosto.

Não conseguiu evitar o impulso que levou suas mãos a se espalmarem no peito gordo do outro, tentando afastá-lo, mas ao que parece suas preces foram ouvidas, já que outro estrondo novamente a afastou do velho.

— Ô, velho babão, cai fora daqui antes que eu te frite! - Gritou um Ikki com o cosmo reluzente e uma arma na mão apontada para o mercenário, e o antes tão romântico velho mafioso não pensou precisou que ele repetisse a ordem. - E você, joaninha mascarada, se manda da parada que não tem NADA pra você aqui, não!

— E você, quem é? - Deadpool recuou, visivelmente contrariado. - É um daqueles cavaleiros de Atena, não é?

— Se eu for, não é problema seu, babaca. - Retrucou o cavaleiro de Fênix, enquanto segurava a agora moça pelo braço. - Até porque você, com essa pistolinha aí, não é páreo para mim.

— Isso não vai ficar assim, Cavaleiro. - Disse Deadpool, jogando no chão uma bomba ninja de fumaça que encobriu a visão de todos para sua saída estratégica. - Vocês vão me pagar caro a intromissão, podem ter certeza. E você, lindinha... Não escapou de me pagar o favor...

— Claro, claro. - Ikki fez um muxoxo. - Estaremos sempre às ordens, imbecil.

— Ikki, o que diabos você está fazendo aqui? - Kanon soltou o braço num tranco.

— Aparecendo bem na hora pra salvar seu traseiro, como de costume. Só que agora essa é uma tarefa muito mais agradável, porque seu traseiro agora está espetacular. Puxa vida, hein?

— Vai à m****. - Suspirou o ex-rapaz. - Aliás, quem te mandou aqui? Você não faz parte da missão!

— Faço, eu sou seu 'anjo da guarda'. - Ikki deu um sorrisinho de lado. - Shion ficou estressado por sua conta, e decidiu que eu ficaria de butuca pro caso de precisar resgatar a princesinha do mar em apuros...

— Eu não estava em apuros coisa nenhuma. - Kanon grunhiu.

— Sério? Então eu que cheguei na hora errada antes de você tascar um beijaço no velho saliente lá?

— Eu estava tentando distrair o mascarado lá, senão ele ia apagar o alvo, idiota! - A agora moça respondeu, irritada, apenas para ouvir a risadinha sardônica do colega. - Você queria que eu fizesse o quê?

— Ah, deixa pra lá, vai. É uma infelicidade, isso de chutar cachorro morto... Até porque vocês cavaleiros de ouro, viu, vou te contar... Você tava quase se atracando com o velhote, o Afrodite estava quase se atracando com um travesti e ainda ele e o Saga foram capturados pela travecona que era agente infiltrada, ou coisa parecida.

— Eu não estava... Peraí. Como que você soube essa do Afrodite e que história é essa de que eles foram capturados?

— Respondendo por partes: O ponto do Saga tava ligado na hora que você falou pra ele da loira pernuda e sim, eles foram capturados pela dita-cuja, e agora ninguém sabe onde eles estão.

— P*ta que pariu, povo incompetente!

— Então, Kanon, vamos embora daqui que eu vou te levar são e salvo pro Santuário, certo?

— De jeito nenhum. - O ex-rapaz levantou o queixo, desafiador. - Eu falei que ia capturar Benicio Basili, e eu só saio daqui depois que eu capturar Benicio Basili.

— Ô, droga... - Ikki suspirou, prevendo problemas.

OOO

Conseguirá Kanon, o cavaleiro suplente de Gêmeos em corpo de mulher, juntamente com Ikki, cavaleiro de Fênix e seu dublê de guarda-costas, encontrar o terrível mafioso Benicio Basili e assim completar sua missão? Conseguirão Saga, Camus, Shura, Afrodite e Máscara da Morte encontrar Kanon antes que ele se meta em mais problemas? E conseguirão os cavaleiros de Gêmeos e Peixes recuperarem suas dignidades perdidas após terem sido capturados pela exótica agente infiltrada? Tudo isso e muito mais nos próximos capítulos!

Stay tuned!


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Notas finais do capítulo

Jukebox:
1- Trecho de Knocking on Heaven's Door, de Bob Dylan.

2- Trecho de Carmen, de Bizet. Deadpool também é cultura, gente!



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