Laboratório de Poções escrita por Ly Anne Black


Capítulo 4
Poção da Lealdade – Ms. Santos




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O terceiro relatório que Bervely pegou era especialmente curto e direto, mas ela achou o nome da poção intrigante.

– Poção da Lealdade? Da Srta. Santos – completou, checando o nome de sua criadora e sorrindo em aprovação – Mais uma sonserina. Ah, ela também não colocou as quantidades dos ingredientes… será que eles tem a mínima noção do quanto isso dificulta a análise da poção? A lista é chifre de bicórnio, flor de asfódelo, asas de fada mordentes, sangue de dragão, ingrediente padrão, águas do rio Lete, cocleária e valeriana.

– Sangue de dragão e águas do rio Lete? Dois ingredientes extremamente dispendiosos. Espero que valham o seu uso. – comentou o mestre, ligeiramente descrente.

Ele, como Bervely já percebera, costumava ficar aborrecido quando os alunos usavam ingredientes caros de forma leviana, ou pior ainda, de forma equivocada, levando-o a estourar o orçamento da escola dedicado à poções a fim de repô-los.

– Ela diz, vejamos, modo de preparo…

1° Adicione três medidas de cocleária na sua argamassa.

2° Triturar em pó fino usando o pilão.

3° Adicione uma medida de valeriana na sua argamassa.

4° Esmague em pó bruto.

5° Adicione duas medidas de ingredientes padrão no seu caldeirão.

6° Mexa duas vezes, no sentido horário.

7° Adicione uma medida de sangue de dragão no seu caldeirão.

8° Cozinhe em fogo médio durante 30 minutos.

9° Deixe em fusão durante 10 minutos.

10° Finalmente adicione 4 medidas do ingrediente da argamassa no seu caldeirão.

11° Mexa nove vezes no sentido anti-horário.

12° Adicione cinco medidas de flor de Asfódelo no seu caldeirão.

13° Adicione duas medidas de asas de fada mordente no seu caldeirão.

14° Adicione uma medida de chifre de bicórnio no seu caldeirão.

15° Aqueça numa temperatura alta durante cinco minutos.

16° Adicione uma gota de água do rio Lete no seu caldeirão.

17° Mexa 10 vezes no sentido horário.

18° Acene com a varinha para completar a poção.

Leu todos os passos de forma contínua, visto que eram tão concisos, e terminou as instruções com o cenho franzido, encarando o pergaminho confusa.

– Me perturba a falta de precisão nas instruções. O que a Srta. Santos está chamando de medida? Pode ser um valor completamente arbitrário definido por ela, até onde entendo.

– Ao menos isso nos deixa com as proporções. Não seria impossível replicar a poção usando essas informações, certo? Poderemos não obter a mesma quantidade, mas talvez a mesma mistura? – Bevy cogitou.

– Algumas poções admitem uma preparação com os ingredientes em medidas fixas, sem permitir que sejam dobradas ou reduzidas à metade sem que se altere o efeito da poção. Penso que a regra não se aplica à poção da Srta. Santos, ou ela nos teria advertido disso.

– Se ela soubessse… ah, olha. Só uma gota de água do Rio Lete.

Snape ficou satisfeito com a observação também. Bervely releu a última instrução novamente.

– “Acene com a varinha para completar a poção”? O que isso quer dizer, a poção precisa ser concluída com um feitiço? E ela não disse que feitiço é esse?

– Continue lendo, Srta. Black, e vamos torcer para que as informações mais adiante sejam complementares e sanem nossas dúvidas.


– “Efeito: Uma poção poderosíssima. Provoca em quem a bebe um extremo sentimento de lealdade cega à uma determinada pessoa.” Humm. Efeito controverso. – Bervely prosseguiu, curiosa para saber mais. – Se aplicada constantemente e por muito tempo, a poção pode perder seu efeito, e a pessoa a qual foi aplicada pode voltar ao "normal", o que não a torna infalível. A poção precisa se aplicada regulamente a cada três meses, para não perder o efeito. Na hora de tomar, a pessoa precisa concentrar todas as forças na imagem da pessoa a qual deseja ser leal.

– Então quem quer que consuma a poção escolhe o objeto de sua lealdade – O prof. Snape estava claramente aliviado. Bervely não tinha percebido o vinco de preocupação que tomara seu rosto antes que ela lesse aquela última parte, e nem poderia imaginar que ele tivesse em mente as implicações de uma poção como aquela em mãos erradas.

“Diz a lenda que a poção da Lealdade se originou na Ilha de Circe, e foi roubada pelo próprio Odisseu, da prateleira de sua dona, quando estava pronto para fugir. A poção só funciona se a pessoa que for bebê-la aceitar que seu efeito a consuma.” Por que alguém ia escolher ser leal à outra pessoa através de uma poção? – questionou-se – Não faz qualquer sentido.

Mas Snape pareceu entender. Ele encontrou a amostra na caixa, identificando-a por uma etiqueta colocada pela própria Srta. Santos, e a analisou contra a luz como fizera com a Essência da Aurora Boreal. Sua cor era azul-transparente límpido.

– Quais motivos são alegados para a escolha da poção?

Bervely buscou a informação pedida.

"Em casos onde o atual bruxo das trevas está aparentemente invencível, seus seguidores estão cada vez mais numerosos e fortes, a poção seria muito bem usada em um bruxo-Auror qualificado que estivesse disposto a ser um espião para seu lado. Isso iria requerer muita habilidade em Oclumência, pois a poção não esconde seus feitos. E o bruxo precisaria deixar que toda a essência da poção o consumisse. Entrementes, seria necessário tomar providências antes de tomá-la. Por exemplo: Como faria o bruxo ou bruxa quando quisesse obter lucros da pessoa a qual a poção consumiu? Nesse caso, tudo teria que ser minusculamente planejado, e por isso só é aceito usá-la em bruxos-Auror. Também seria bom apagar toda a memória da pessoa, para que o alvo (principalmente se fosse Você-Sabe-Quem, um dos melhores bruxos em Oclumência) tivesse alguma chance em vasculhar as memórias das pessoas, o que não seria recusado e nem hesitado pelo portador da poção, uma vez que sua lealdade fosse apenas para aquele ser, mas ainda assim não encontrasse nenhum vestígio de traição ou poção. Se tomada todas as medidas e os planos formados, o bruxo poderia se preparar, viraria outra pessoa da noite para o dia."



Snape se calou num pensativo silencio, enquanto que Bervely precisou reler o trecho em mais de duas vezes para fazer algum sentido.

– Seria uma poção de defesa contra as artes das trevas, então? Se houvesse alguém louco o bastante para usá-la, quero dizer.

– Queira avisar à Srta. Santos que vou precisar de informações adicionais.

– Por quê? – deixou escapar. Depois lembrou-se que há pouco tinha sido chamada de abelhuda por Snape, e mordeu a língua.

– Interesses puramente acadêmicos.

Bervely não perguntou mais, reconhecendo o fim do assunto. Ela não tinha como saber o quanto a proposta da poção se encaixava nas antigas atividades do professor, e do seu interesse em aperfeiçoar a fórmula até que ela pudesse, quem sabe, se tornar indetectável por legimência. Não era impossível, já vira acontecer outras vezes.

Já o nível de raciocínio da Srta. Santos para os pormenores da ação de e contra bruxos das trevas "em atuação", como se referira em seu texto, ai estava um detalhe à parte, e que teria de investigar à fundo.

Mas cada coisa ao seu tempo.

– Pode pegar o próximo.

(Continua…)


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Notas finais do capítulo

~ A Poção da Lealdade é propriedade intelectual de Larissa Santos ~

Reparem que os capítulos acabam sendo proporcionais ao tamanho do relatório e nível de detalhes, nada posso fazer quanto à isso.

Lari, precisei deixar de fora as informações sobre onde a poção é guardada, etc, pois não combinou com o contexto em que a poção não existia, a de você tê-la criado nos últimos quatro dias para cumprir a tarefa proposta por Snape. O mesmo para tudo que envolvia o Ministério. Enfim, acho que entendeu.

Fica de olho que Snape vai pegar em seu pé a partir de agora, hein. :P



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