"Partners In Crime"
Capítulo 7
POV Gry

Acordei irritado. Como funciona essa escola afinal? Nem acredito que pensei que seria mais fácil depois de morrer. Aquele ancestral dos dinossauros pegou pesado ontem. Ela Eh a prova que alguma dia dragões caminharam sobre a terra. Dragões amargos e que odeiam crianças e cachorrinhos.
Tá. Talvez eu possa ter aprontado pra cima dela também. Mas não Eh minha culpa. Eu e Lost entregamos o jornal na rua da Colheita por um MÊS pra ter Feathers o bastante pra comprar a bendita da bala de morango. E quando a gente chegou lá,ela se RECUSOU a me vender qualquer coisa,por que eu era,segundo ela,um trombadinha.
Eu posso ter feito algumas brincadeiras com ela antes,mas nada que tenha sido assim horroroso. E ela me culpa por ter caído da bicicleta naquele dia por que eu molhei a curva em que ela passou. Tá,eu molhei. Mas não foi minha intenção. Não era pra ela,pelo menos.
E quando eu perguntei se pelo menos a Lost podia pegar as dela,ela deu de costas e nos EXPULSOU DA LOJA. Eu quase voltei,eu juro. Mas Lost estava prestes a me matar. Estamos próximos às férias,mas ainda temos que chegar na escola na hora certa. E sim, nós temos aulas deliciosas no período da tarde.
–Tá doendo! Me solta!
Ela me agarrou pela pele da minha barriga e me puxou pra longe.
–O que foi,Lolo? Estamos na hora certa ainda.
–Lolo?
–Eh.
–Lolo? Tipo o chocolate com a vaca? Tipo a Lauren sobrenome-estranho-mas-diva?
–Hã...
–Tipo...Você sabe que Lolo também Eh pra alguém louco em inglês,né?
–Sim. Obrigado por lembrar. MELHOR AINDA!
–Não grita! Senão a Súbito vem aqui e não vai ficar bonito pra você,Gry...
–Porque não?
Foi quando eu peguei Lost no colo e sai correndo para os Alpes,afim de fugir dos mercenários que apareceram atrás de nós. Ou...não.
Nós só gritamos de forma vergonhosa mesmo.
Era meu pesadelo se tornando realidade. A Bruxa Grant,a Súbito Allen E A Lolo Louca. Demais pra um só.
{Pausa pra que aquele que agora vos fala possa levar um tapão da Lolo Louca.}
–Vamos,súbito,entrem na sala.
Eu só obedeci. Óbvio...
Sentei correndo,e Lost me empurrou no caminho.
–Os dois,parem de correr!
–Sim Srta. Allen.-Respondi por nós dois.
Elas começaram um Blá Blá Blá sobre chatices de evolução e aceitação de si mesmo,e eu não ouvi nem metade. Muito menos a santinha do meu lado. Conversei com ela por bilhete o tempo todo,e só paramos quando ouvimos a mágica frase "O começo das férias de verão"
–Ouviu Lolo!?
–Para de me chamar assim,Por Deus!
–Você ouviu?-Sussurrei.- férias!
–Ouvi,né,Asno?
E a baboseira recomeçou.
–Bem,a Sinfonia vai oferecer,como sempre,o acampamento de verão.
O que gerou uma animação na sala,exceto da parte de Lost.
–O que Eh? Tá com cara de sapa por que?
–Cara de sapo quem tem Eh você.
–Tá bem. Mas o que foi?
–Ah,sei lá. Eu não gosto dessas coisas.
–Onde você tem que sair do quarto e falar com seres humanos?
–Eu acho que o problema Eh mais a parte dos seres humanos.
–Eu também não sou muito fã de lugar com muita gente.
–Bem,muita gente não Eh fã seu.
–Arre Lo...
–Sim,Sr. Hungry.- Srta. Allen disse,chegando perto de mim.
–Hm...
–Ia dizer algo?
–Não,srta. Allen.
–Mas eu ia.-A bruxa falou.
–Sim,Sra. Grant?-Srta. Allen perguntou
–Lost...?
–Oi?
–Acabei de notar...Sra? Ela Eh casada?
–Crê em Deus pai!
–E dessa forma,eu precisei de cuidados médicos. E não Eh a primeira vez! Ele vem me pregando essas peças ridículas há tempo!-A Bruxa disse.
–Hã...Gry...?-Lost começou.
–Ela está...?-Disse com medo.
–Falando de você!
–Sr. Hungry,isso Eh verdade?
–Bem...Eu...Não tive intenção...
–Ah,por Deus. É tudo por causa de bala?- Srta. Allen perguntou.
–Pelo que mais seria?-Lost sussurrou pra mim.
–Então...-Tentei me justificar.
–Cristo Crucificado! Mas isso não Eh da minha conta. Nastya está sabendo disso?
–Sim,Srta. Allen.
–Bem,então...
–De forma alguma! A Srta. Eh professora! Faça alguma coisa,por favor Louise!- A Bruxa exclamou.
–Bem...Então...Acredito que ele vá ter que escrever no quadro. Vá até lá e faça um pedido de desculpas à altura. Eh uma lição de humildade pra você.
–E eu quero que essa outra aí vá também.
–Eu?-Lost perguntou meio alto demais.
–Exatamente.
–Apenas vá Lost.-Srta Allen disse impaciente.
Levantamos e me virei pra ela,na frente da sala.
–Mas Sra. Hipo...Grant.
–O que?
–Nada! Absolutamente nada. Mas...
–Sim?
–Porque exatamente eu estou levando a culpa também?
–Porque você participou. Como cúmplice.
–Mas...Cúmplice?
Então ela virou pra mim.
–Você me enganou?
–O que?
–Você ousou me enganar? Você nunca me falou sobre isso! Se eu soubesse...
–Lost...
Então eu olhei pra ela. Um movimento de olho. Simples. Rápido. Sutil. Se eu não tivesse olhado direito,eu não teria visto. Eu entendi o que ela estava fazendo.
–Ah...Como assim eu te enganei? Você está jogando a culpa em mim,e ainda vai sair como cúmplice! Devia mesmo Eh ser internada!
–Eu? Como se atreve?
Então eu joguei água do copo no cabelo dela. Não tudo claro. Só com os dedos,de leve.
Ela gritou,e pegando o copo da minha mão,jogou ele em cima de mim.
Tudo. Quero dizer,pegou um copo cheio de água e JOGOU em mim.
A professora gritou,e falou:
–Os dois,Pra sala das Estrelas!
–Sim.-Dissemos e saímos apressados. No caminho,deu uma piscadela pra Ely,que era o mais próximo. Ele tinha uma cara horrorizada,mas sorriu quando eu pisquei. Deve ter entendido.
Saímos da sala e,assim que fechamos a porta e nos distanciamos um pouco,nos entreolhamos e explodimos rindo.
Depois que nos recuperamos,eu pedi desculpa por ter molhado ela.
Ela se desculpou por ter jogado tudo em mim.
Entrei no banheiro e peguei uns pedaços de papel e entreguei pra ela,me secando logo depois.
–Agora vamos ter que falar com a Nastya.
–Qualquer coisa que não seja a Bruxa.
–Eu quase chamei ela de hipopótamo!
–EU OUVI!
E rimos até a sala de Nastya,onde explicamos tudo. Ela deu risada,disse que éramos Parceiros de Crime e disse que explicaria tudo pra nossa professora. Nastya já sabia da situação,então não levou tão à sério. Só teríamos que pedir desculpas pra nossa professora,mas só.
Saímos e eu pensei em pedir desculpas pra Lost.
–Sabe...Lolo...
–Lost!
–Okay. Lost,desculpe por te arrastar pra essa situação. Eu sei que você não gosta que fiquem olhando pra você.
–Tudo bem.
–E foi uma ideia incrível,aquela. Fomos como Miguel e Túlio,de O Caminho Para El Dorado.
–Eu sei! Eu amo esse filme! Eu sou o Túlio!
–Okay então...Eu fico com o Miguel.
–Parceiros?
–Hm...
–Ah,fala sério!
–Parceiros!-Eu disse e ri.
Eh bom ter uma amiga,mas sinceramente...Eh só a mesma história se repetindo. Ela vai me trocar por alguém e vai ser o mesmo de quando eu estava vivo. Eu nem me importava mais.
Então porque eu queria tanto que ela demorasse a me trocar por alguém melhor?
•POV Lost•

Depois de tudo aquilo que aconteceu na aula,eu devia estar traumatizada. Mas quando entramos na sala,ninguém nem falou nada. Pedimos desculpas à professora,e ao passar pela Grant,eu acenei com a cabeça.
Como,em nome de Deus,ela eh casada?
–O que foi aquilo?-Ely me perguntou,assim que pode.
–Foi só uma performance.
–Não Eh por nada não,mas...Você Eh absolutamente pirada.
–Obrigada!
✨✨✨
Acampar...Eu nunca fiz isso na vida. O que Eh que eu ia fazer,Cristo Crucificado?
–Scheisse!-Gry gritou quando deixou uma maleta cair no pé dele. Eu nem sei o que tem lá dentro,mas não Eh leve.
Ele estava se segurando pra não chorar,então eu comecei a rir.
–Você tá levando o que? Pedras?
–Haha,engraçado.
Eu estava de vestido,e descalça como ele,por isso,pude imaginar a dor.
–Vem,me dá essa mala pra cá.
–Cuidado!
–Eh óbvio. Larga de ser fresco.
–Não,Eh sério.
–Tem alguma coisa importante aqui?
–Tem. A minha paciência. Que está no fim.-Ele disse,dando ênfase em "no fim".
–Humpf.
Saímos do quarto,claro que depois de colocar sapatos.
Aparentemente acamparíamos no bosque que era atrás da Sinfonia,para o qual eu "nem ia o tempo todo".
–Gry,o que tem aí?
–Já disse Lolo,minha paciência.
–Para com esse apelido dos infernos seu...Macaco...Idiota?
–Wow. Essa foi uma falha épica.
–Cala a boca!
Sentei do lado de Sad. Ela pareceu bem quieta e chateada. Eu não sei o que aconteceu,mas em metade de um ano eu já pude perceber que o nome dela não era Sad à toa.
–Sadie...
–Sadie?
–Eh. Hm...Não Eh muito bom. Eu sei. Sad,você acha que o Hungry quer ser nosso amigo? Tipo,de verdade? Ai meu Deus,eu soei como uma garotinhas de 5 anos!
–Você tá desconfiada,não está? Ele não Eh mal. Eu acho. Não dá pra confiar em todo mundo. Mas,se quer saber mesmo,corte a boca e foque nos olhos.
–Okay...Eh agora que eu finjo que entendi tudo e dou risada ou já posso falar a verdade e dizer que você enlouqueceu?
–Pode falar a verdade.-Ela deu risada.-Mas eu vou te explicar tudo. Olhando daqui,tampe a boca dele com a mão (De longe,pelo amor de Deus,não vai sufocar o menino!) e preste atenção nos olhos. Você vai entender como ele realmente Eh. Mas não quando estiver sorrindo,deixa ele ficar distraído,ou perdido nos pensamentos.
–Do jeito que ele Eh idiota,a qualquer momento seria o momento perfeito.
Me virei e discretamente (ou não) estendi a mão e "tampei" a boca dele.
–Você Eh uma gênia,Sad. Ele não parece animado ou feliz. Mas ele tem olhos de cachorro.
–Meu Deus!-Sad deu risada.
–Não,sério! São profundos e enormes. Focados. Brilhantes. São carentes e famintos. Se ele pedisse pelo meu jantar com os olhos,eu provavelmente entregaria minha comida pra ele.
Sad apenas riu mais.
–Sua risada Eh muito fofa. Acho que Eh porque você não ri muito,isso deixa ela especial.
–Obrigada.
–Isso soou muito lésbico,não soou?
–Não,eu gostei. Eh bom receber um elogio. Mas sobre isso,vei,você Eh muito gata,me beija!
Eu explodi rindo enquanto ela fingia dar uns "pega" no ar ao redor dela.
–Retardada!
Ela só sorriu,e voltou a se encostar no banco.
–Quando Eh que vamos ser liberados pra irmos pro mato de uma vez?-Gry perguntou. Ele não estava prestando atenção pra nada já que conversava com Ely.
–Eles estão reunindo os últimos alunos,seu cara de anta.
Ele se virou e continuou a conversar.
–E aí?-Sad me perguntou me assustando levemente (leia-se muito.)-Vai confiar nele?
–Eh,eu acho que sim. Sei lá.
Então cobri a boca de Sad e encarei os olhos dela.
–Meu Deus. Você toma antidepressivos?
–Não mais.-Disse tristonha,mas dava risada.
–Nem se eu tivesse depressão minha mãe teria me deixado tomar.
–Por que?
–Ela se recusa a aceitar que há algo de errado. Qualquer coisa errada.
–Ah. Ela Eh de Capricórnio?
–Adivinhou.
–Humpf. E você?
–Touro.
–Eh pra vocês dois se amarem. Você e Gry,quero dizer.
–Eh,infelizmente (ou não) nós não somos assim.
Finalmente,Nastya chegou com as Estrelas e disse para que as seguíssemos.
Ela parou do meu lado enquanto andávamos,e sorriu pra mim.
–E aí,Estrela guia.
–Oi.
–Sabe,eu vim pensando...Por que as estrelas ainda aparecem no céu se vocês estão por aqui?
–Olha,Eh porque a Lua Eh uma parideira.
Fiquei horrorizada de ouvir isso sobre a Lua.
–Nastya! Ela Eh sua mãe!
–Eu sei. Mas depois da milésima filha,Eh só ela espirrar que já nasce outra.
–Jesus,Maria e José!
Nastya deu uma risada de puro atrevimento.
–Não imaginei que você dissesse essas coisas! Estrela má!
Ela riu de novo. Quando chegamos à orla do bosque,ela me perguntou algo estranho.
–Você decidiu confiar nele então? Pensei que estivesse com medo.
–De confiar? Sim. Espera,como você sabe...?
–As Estrelas sabem de tudo. E,mais uma coisa. Mesmo que não acabe bem,com amigos você pode rir. E rir Eh muito bom,convenhamos. Além do mais,todos aqui estão mortos e enterrados. Muitos são parecidíssimos com você. Vale a pena tentar de novo Lost. Eh tudo novo agora. Você tem toda a morte pela frente.
–Mas...
Mas ela já tinha sumido. Aquela frase macabra me deu um arrepio. Eu tenho toda a morte pela frente.
Eu sei que não vale a pena confiar. Sei no que vai dar. Eu já não fico magoada com esses casos. Você quer me amar? Me ame. Quer me odiar? Me odeie. Estou cansada de ficar triste,mas acima de tudo cansada de me sentir tão sozinha.
Eu tenho toda a morte pela frente.
Então tá. Vamos mudar esse jogo cansativo.
Eu tenho tempo. Tenho toda a morte pela frente.