We're Going Back Home escrita por Leigh Bliss


Capítulo 8
The Little Bird With Broken Wings-Or The Days We Stole Words


Notas iniciais do capítulo

-Oi,desculpa. Eu me toquei que eu postei na ordem errada.
—Então eu vou repostar!
—Fiz um teste hoje,e,pelo amor de Deus,lembrem que o hormônio sexual feminino eh o Estrógeno,Okay?
—Podem ler então.
Musicas: Peter Pan-Ruth B.
Home-Gabrielle Aplin



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"The Little Bird With Broken Wings-Or The Day We Stole Words."
Capitulo 6
POV Lost

Eu estava sentada na janela. Como eh que eles deixavam um grupo como o meu no segundo andar? No primeiro dia,achei que fosse junto com as salas de aula,mas abrindo a porta e passando por um corredor,você sobe uma escada e só aí chega nos dormitórios. Qualquer um pode se jogar daqui. Okay,estamos meio que mortos. Mas mesmo assim,alguém poderia quebrar muita coisa. Por favor...Uma garota perdida,um menino faminto,uma garota triste e um garoto solitário. E agora ainda tínhamos uma garota rejeitada,Santo Deus.
–Oh Peter,Be nimble,Peter,Be quick...
Eu cantarolei a letra de uma música que eu ouvia enquanto viva,sobre o Peter Pan. Por quanto tempo eu não o esperei?
"Peter,por favor. Eu deixei a janela aberta. Por favor,venha me resgatar."
Ah,minhas cartas pra Peter Pan.
Se você as lesse,era provável até chorar. Eu chorei escrevendo muitas. Todas,na verdade. Mas tá ficando muito cheio de melancolia e auto-piedade.
Fiquei de pé na janela. Meu vestido batia devagar nos meus joelhos,macio e branco.
Hm,o vestido,não o joelho. Meu joelho tem tantas cicatrizes (Eu sou meio desastrada.) que parece até pele de rinoceronte. Eu estou perdida,não estou? Eu sou uma menina perdida. Eu sei que eh bobagem. Eh só um sonho bobo. Mas,apesar de me censurar,não posso evitar pensar nisso. Porque Peter Pan não veio,afinal de contas?
Eu sei,eu sei.
Nunca serei Wendy.
Não sou Jane.
Nem Margaret.
Não sou Sininho nenhuma.
Não chego aos pés de pirata nenhum.
Eu sou nada.
Mas eu quero ser Nunca.
Eu quero ser Casa.
Eu vou voar,eu sei. Eu sou um pássaro. Minhas asas estão quebradas,mas eu vou voar. Eu sei disso.
–Passarinhos podem voar.
E eh nesse momento que eu faço algo incrivelmente ridículo e estupido...
Eh nesse momento que eu pulo.
Eu pulei,não nego. Eu pulei,e eu pulei sem medo. Deixei o peso do meu corpo me puxar pra baixo. E por um momento,eu voei. Por um momento eu fui uma nuvenzinha no céu. Por um momento eu fui uma fada,cheia de Fé,Confiança e Pó Mágico. Por um momento,nada era impossível,triste ou sem saída. Por um momento eu fui Nunca,fui Casa.
Só que esse momento acabou.
E eu cai. Como uma folha no outono. E fiquei parada como uma nuvem no lugar errado.
Como o passarinho de asas quebrada que eu era.
E aí eu assobiei. Como o passarinho de asas quebrada que eu era. E eu não senti dor. Só sabia que tinha me machucado graças ao sangue saindo dos arranhões. Eu nuca tinha tido coragem,mas hoje eu tive. Eu sabia pelas lágrimas brilhantes que saíram. Aquelas que escorreram pelas bochechas deixando marcas avermelhadas. Aquelas que me sufocaram devagar e sem piedade.
Um lugar real. Eh só o que eu quero.
–O que eh aqui...Lost? LOST!
Alguém correu. Alguém parou,ajoelhou ao meu lado. Alguém gritou,alguém chamou mais alguém. Eu não sei. Só sei que acordei na minha cama.
–Oi.-Alguém disse com a voz rouca.
–Oi. Sabia que passarinhos voam?
–Sim. Sabia que quando eles caem,eles quebram as asas?
–Eu sempre soube.
–Você queria ser um passarinho?
–Eu queria ser Nunca. Eu queria ser Casa. E eu fui. E aí então...Eu deixei de ser.
–Então...você...
–Sim. Não.
–Tá sentindo dor?
–Não.
–Quer levantar então,Passarinha?
–Quero. Quero muito. Alguém sabe?
–Do que aconteceu? Não. Só eu e Jackie.
–Bom. Quer bala de morango?
–Da próxima vez,me chame. Eu pulo com você.
–Claro.
Nos levantamos. (Eu precisei de ajuda.) e aí descemos as escadas,pra chegar a qualquer lugar onde eu pudesse comer alguma coisa doce. Eu queria tanto alguma coisa doce. Por Deus!
🏡🏡🏡
–O que foi aquilo? -Nastya disse enquanto eu comia meus cookies.
–Não sei. Desculpa. Não sei o que aconteceu. Mesmo. Desculpa.
–Tudo bem.-Ela suspirou.-Você eh um tanto complicada,não eh não?
–Desculpa.
–Tudo bem.
–Desculpa de verdade.
–Tudo bem,Lost. Sabe,acho que devia agradecer seu amigo.
–Obrigada Gry. Por ter me achado e gritado meu nome,e depois ter se convidado pra um outro pulo refrescante.
–De nada.
–Vai andar um pouco. Precisei me concentrar pra curar você hoje. Devia descansar. Vai esfriar a cabeça e andar por aí.
–Claro.
–E Lost?-Ela perguntou quando eu e Gry saímos do refeitório.
–Sim?
–Pelo amor de Deus,não se jogue de novo. Tem tanto sangue ali que vai levar no mínimo dois anos pra limpar,e eu duvido que você seja a responsável pela limpeza.
–Sim. Desculpe.
E saímos.
🏡🏡🏡
–Quer ir aonde?
–Vamos de bicicleta.
–Tá bem. Vamos pega-las.
–Tá.
Depois disso,só ficamos por aí,rodando e basicamente atrapalhando o ciclo da vida.
–Você acha que eu vou ter uma par de chifres como os da minha mãe?
Ele não respondeu.
–Sabe,ela eh um Popcorna.
–O que?
–Sabe,corna eh uma pessoa que foi traída,e Popcorn eh pipoca.
–Jesus Cristo!
–Uma Popcorna doce ou salgada?
–Você precisa parar,doente mental!
Ele deu risada.
–Lamento.
–Por ele ser um monstro? Minha mãe era uma gorila.
–O que?
–Uma vez,ela subiu no capô do carro e...Posso dizer que um gorila chefe da tribo ficaria orgulhoso.
–Tá brincando!
–E uma...não,duas vezes ela jogou o celular dele na rua.
–Santo Deus...
–Tenho uma pergunta pra você.-Disse,enquanto ficava de pé na bicicleta.-Quem você acha que teve que ir lá fora de noite pra pegar o celular E concerta-lo?
–...
–Acertou. Eu.
–Meu pai era um sem-vergonha.
–Por que?
–Ele largou minha mãe grávida e falida.
–Jesus,Maria e José.
–E a trocou por uma vadia loira.
–Cristo!
–Sabe qual era o nome dela?
–Qual?
–RACHEL!
–TÁ BRINCANDO?
–NÃO!
–Meu Deus.
–Sabe o nome da vagabunda do meu pai?
–Qual?
–Raquel.
–Você tá falando sério?
–Estou. E ela era loira.
–Uau.
–Minha mãe convidou a piranha pra almoçar. Eu não sai do quarto. Eu quis cuspir na cara daquela...Víbora nojenta e desclassificada,loira de farmácia filhinha de papai de meia tigela.
–Ela eh uma idiota.
–E ela teve a ousadia de nos convidar pra assistir Os Smurfs.
–Não acredito!
–Parece que nossos pais não foram os melhores...
–Eh.
–Ele te amava?
–Não.
–Ele sabia da sua existência?
–Foi por minha causa que ele foi embora.
–Quero matar ele.
–Eu também.
–Você quer?
–Quero. Você vai matar ele comigo?
–Vou. Quando você quiser.
–Obrigada,Lost.
Eu sabia que não era um obrigada qualquer.
–Obrigada,Hungry.
🏡🏡🏡
–Sabe do que precisamos?
–Não.
–Um lugar secreto.
–Boa sorte achando um desses,Sabichona.
–Esse tipo de coisa acontece naturalmente,tipo...
E aí eu cai de carro no chão,descendo da bicicleta.
Tínhamos parado perto da parte de trás da Sinfonia,onde NINGUÉM ia. Ninguém mesmo. Acho que aquilo eh uma saída de ar...
–Gry,acho que achei.
–O que?-Perguntou,enquanto me levantava do chão.
–Achei alguma coisa.
Sai correndo sem esperá-lo,até a porta mais próxima,e entrei. Desci uns lances de escada,e achei uma porta branca com a tintura descascando. Meio óbvio que eu abri.
–Ei,Passarinha,acho que...Que eh isso?
–Eu tenho cara de adivinha?
–Sei lá!
Entramos,e saímos no paraíso.
Com isso,quero dizer: Uma biblioteca.
Era enorme. Como,eu quero saber,como diabos eu não achei esse lugar antes,desse tamanho?
Eu fiquei parada lá. Embasbacada. A coisa mais linda que eu já vi na vida.
–Santa Guacamole!
Eu não respondi à exclamação ridícula de Gry. Andei alguns passos e parei. Olhei pros lados,e haviam poltronas gastas e tapetes felpudos. E mais livros. De todas as grossuras,cores e tamanhos. Era impossível não chorar no meio daquilo. Era lindo,simplesmente lindo. Vi um balcão de madeira,e andei até ele. Havia uma garota inclinada sobre o balcão,dormindo.
Eu me virei,com cuidado. Dei um passo no piso de madeira,mas minhas botas fizeram barulho. Tirei os sapatos devagar,e Gry fez o mesmo. Levantei só de meias e andei pela biblioteca. Aquilo só podia ser uma recompensa por algo maravilhoso que eu fiz. Mas eu só pulei de uma janela e me ofereci pra matar alguém. Maravilha.
Passei os dedos pelos livros,só os admirando. Quase deixei uma risada de pura alegria escapar,mas me detive. Senti a lombada dos livros. Observei deus nomes. Me senti como Liesel,quando conhece a biblioteca de Ilsa Hermann. Os títulos eram lindos. Tentadores. Mas era tão perfeito que não ousei. Gry continuava parado. Estava maravilhado,sem dúvida. Ele andou devagar pela biblioteca,enquanto eu terminava a minha volta pela mesma. Parei e puxei um titilo desconhecido,com cuidado e hesitação. Eu precisava tirá-los de lá e lê-los,apenas um.
Era azul clarinho. As letras eram douradas,e havia uma insígnia de pássaro entre o título e o nome do autor. Muito apropriado. O livro se chamava Sob a Cerejeira. (Muito bonito,aliás.)
Me virei pra Gry e vi que ele também tinha um livro na mão. Era cinzento,letras pretas. Ele estava logo atrás de mim,como se tivesse vindo me chamar,mas tivesse sido surpreendido.
–E agora?-Perguntei sem voz,apenas movendo os lábios.
Ele balançou a cabeça,e eu entendi como um "não sei".
Olhei pra garota do balcão.
Eu sei que eu sou uma ladra. Isso me torna uma Lunática. Mas eu não sou Liesel Meminger.
E agora?
De um lado,Coração de Tinta.
De outro,A Menina Que Toubava Livros.
Um deles dizia ser algo errado,o outro era basicamente a antítese dessa ideia...
Era errado,ou não?
Eu olhei pra garota que dormia no balcão. Ela se remexeu,e tive que escolher rápido.
–Desculpe.-Sussurrei.-Mas eu sou uma ladra.
Sai silenciosamente com os sapatos e o livro,e Gry fez o mesmo sem esperar por sinais.
Achei uma verdadeira covardia.
Eu era uma ladra suja.
Então,porque me sentia tão bem?
Droga. Eu devia estar no inferno.
Subi na bicicleta,coloquei meus sapatos na minha cesta,os de Gry também. (A dele não tinha cesta.) levei o livro junto com os sapatos,porque não tinha onde colocá-lo.
–Desculpe,livro.
Eu tinha dito "Desculpe" muitas vezes hoje.
–Será que eu realmente quis dizer isso?
–O que?
–Nada!
Será?

Eu não sei de mais nada.


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Notas finais do capítulo

-Okay,eh isso.
—A música do capítulo existe mesmo,eh da Nzee24,no YouTube,e eh perfeita.
—Imagem:
http://weheartit.com/entry/208472725



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