Doce Castigo escrita por Penas de Cera


Capítulo 1
O Castigo


Notas iniciais do capítulo

Hey darling! Eu já tinha postado essa fic antes, e como estava parada resolvi voltar com o projeto de uma forma diferente.
Esse é um trabalho em conjunto com uma outra autora, então acho que perceberão a mudança no modo de narrar de cada um.
Espero que gostem e tenham uma boa leitura.



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Uma coisa era certa, Afrodite adorava burburinhos, principalmente quando estes a envolvia. Há tempos que os olimpianos não ficavam tão apreensivos com uma reunião marcada por Zeus. A deusa do amor observou a todos que estavam sentados em seus respectivos tronos, todos pareciam absolutamente normais, ou quase isso.

- Zeus vai demorar muito? - reclamou Ártemis. - Não tenho a eternidade inteira, minhas caçadoras estão no meio de uma caçada.

- Não olhem para mim. - disse Hera. - Não tenho nem ideia do que meu marido deseja.

Assim que a rainha do Olimpo terminou de falar o soberano dos deuses apareceu. O terno azul marinho com listras na horizontal de cor esbranquiçada só enfatizava a seriedade do deus de olhos azuis elétricos. Ainda com o ar superior, o ser divino assentou-se sobre seu trono e começou a explicar.

- Acredito que todos aqui devam estar se perguntando o motivo de estarmos reunidos. - iniciou Zeus.

- Eu não estava me perguntando isso. - comentou Dionísio. - Na verdade, eu estava pensando em como esse lugar parece melhor do que o acampamento.

O deus do vinho parou ao sentir que seu pai estava quase fulminando-o com os olhos. O senhor dos raios respirou fundo e voltou a falar.

- Todos nós sabemos, ou deveriam saber, que os que estão sobre esses doze tronos são igualmente importantes. - o deus dos céus esperou que alguém toma-se a palavra, coisa que não aconteceu. - Esses dias recebi uma reclamação vinda de Afrodite sobre desrespeito com ela.

A deusa da beleza abriu um sorriso de orelha a orelha quando os outros divinos voltaram seus olhos para ela. Discretamente olhou para o rosto de cada um e sentiu-se ainda mais privilegiada quando percebeu o desespero estampado nos rostos de Hermes e de Apolo. De maneira cínica Afrodite mudou o semblante para algo entristecido, era quase possível ver lágrimas formando-se em seus olhos, e caminhou para o centro do salão.

- Eu gostaria de pedir desculpas a todos os que estão aqui. - iniciou a divindade do amor. - Sei que muitos não tem culpa do que me aconteceu, mas as pessoas me tratam como se eu não fosse importante e isso tem me feito muito mal.

- Olha, eu sou o deus do teatro, mas Afrodite sabe fazer um drama espetacular. - Dionísio comentou em voz baixa.

- Então Zeus está me fazendo atrasar a primavera por causa de bullying dos seus filhos? - Deméter arqueou a sobrancelha esquerda e direcionou o olhar furioso para o irmão.

- C-como pode ter tanta certeza assim que foram os filhos dele? - perguntou um Apolo visivelmente nervoso.

- Porque nenhum de nós, filhos de Cronos, meu caro Apolo. - respondeu Hera com seu leque em mãos. - Tem tempo para ficar provocando outros deuses.

- Você era a última pessoa que devia falar isso Hera. - disse o deus do vinho antes de tomar um gole de vinho que acabou virando água assim que tocou-lhe os lábios.

Pouco a pouco o Olimpo estava se tornando uma verdadeira feira, o que fez Zeus começar a se irritar. O filho de Cronos pediu calmamente para que todos se acalmassem, uma, duas, três vezes até que se enfureceu e soltou um berro duradouro que soou como um trovão silenciando os deuses.

- Nossa, belo belt. - parabenizou Apolo, era a primeira vez que via seu pai atingir uma nota alta e mante-la.

- Não estou com paciência para isso, Apolo. - o olimpiano respirou fundo. - Continuando o assunto, dois deuses desrespeitaram Afrodite e temos que escolher uma punição para eles.

- Não poderia fazer isso sozinho? - perguntou Ares.

- Poderia, mas quero que isso sirva de exemplo para não acontecer novamente. - o senhor dos deuses replicou.

-E quem foram esses dois deuses? - Hefesto questionou.

- Hermes e Apolo. - Afrodite pronunciou o nome dos dois com voz chorosa, causando comoção dos outros deuses.

- Era de se esperar. - disse Poseidon. - Quem vai dar a punição?

- Nada seria mais justo do que Afrodite. - respondeu Atena. - Afinal, ela foi a vítima.

Hermes quase pulou do trono quando ouviu a sugestão de Atena, não achava que Afrodite poderia lhe dar uma punição tão severa quanto algo vindo de Zeus ou Deméter, mas talvez fosse impossível enviar correspondência divina usando um vestido de gala. Já Apolo estava prestes a se ajoelhar pedindo clemência, mas sabia que seria quase impossível conseguir algo.

- Então Afrodite. - perguntou Ártemis impaciente. - Qual vai ser a punição dos dois patetas?

O Olimpo silenciou-se para ouvir a decisão da filha de Urano. Hermes e Apolo se assustaram quando a deusa apontou para os dois, os deuses já estavam imaginando punições como usar maquiagem que não sai durante cinquenta anos ou usar um vestido de gala em reuniões no Olimpo, mas o que Afrodite idealizava era ainda pior.

- Eu poderia deixar isso barato, mas vou ferir ambos em seus egos. - as mãos da bela divindade emanavam poder. - Como o chalé dos dois são os mais cheios, e são os mais "pegadores" do Olimpo, eu farei com que se apaixonem um pelo outro até que minha raiva passe.

- Estão ferrados! - gritou Ares entre risos. - Afrodite só é menos rancorosa que Hera.

Os olhos dos dois se arregalaram enquanto os outros deuses esvaziavam o salão. Apesar de não sentirem nada um pelo outro naquele momento, ambos sabiam que dificilmente Afrodite abriria mão de castiga-los, afinal o amor era impiedoso.

O acampamento Meio Sangue nunca fora lembrado por ser um lugar normal. Porém, existiam dias que poderiam ser chamados de comuns dentro do que os moradores e frequentadores estavam acostumados. E aquele dia com certeza não era um deles.

Até hoje, Louise Ludwig costuma se perguntar como os boatos se espalham tão rapidamente naquele lugar.

A tal reunião tinha terminado não fazia três horas, Dionísio mal havia chegado, e mesmo assim, todos do acampamentos cochichavam que nem loucos sobre a recém novidade que se propagava pelo local. Uma novidade, digamos, bem gay.

Todos, é claro, exceto por um casal de semideuses que nem sequer se davam conta do que estava acontecendo, tamanha era seu distanciamento e concentração em sua própria discussão. Casal, este, que odiava até o simples fato de ser chamado assim, apesar de a palavra estar empregada no sentido figurativo e não literal; Casal, este, que jurava se odiar, apesar de todos duvidarem disso; Casal, este, que brigava tão acaloradamente que nem se dava conta do que acontecia ao redor.

- Que descoberta científica maravilhosa! - Falava a garota, mantendo seu tom sarcástico e a calmaria em sua voz - Uma lâmpada que sabe falar. E melhor ainda, ela xinga!

O garoto de cabelos claros e perfeitamente platinados limitou-se a bufar. O rosto perfeito, quase que desenhado a lápis, contorcendo-se numa careta de raiva, enquanto a filha de Hades sorria calmamente.

- Amor, pelo menos eu tenho alguma luz... Diferente de você, que não tem nem o mínimo de brilho na cara. Mas branca que papel, se você se metesse na frente de uma parede branca, eu nem sequer seria capaz de vê-la. - Rebateu, feliz por sua voz não soar tão irritada quanto ele se sentia.

Sentindo o sorriso de dentes brancos desaparecer lentamente, Louise limitou-se a respirar fundo apenas para não se alterar.

- Sabe, Alexei, você fala tanto em uma só frase que chega a me cansar só de ouvir. - Disse, os cabelos pretos emoldurando seu rosto, cuja a pela era de tamanha palidez que podia ser facilmente comparado a uma estátua de porcelana, dada a sua incapacidade de demonstrar qualquer expressão que não fosse puro escárnio - Já pensou em respirar entre palavras? Assim não consigo entender.

Alexei, o filho de Apolo mais esquentadinho que aquele acampamento já vira, se preparava para responder á altura quando foi interrompido pelo ser humano que mais odiava na terra. E não, não era Louise.

- Hellow darling. - uma voz adentrou ao recinto, junto com o semideus que, desculpem a expressão, possuía o corpo mais gostoso do acampamento. E é claro, não vamos esquecer do rosto, uma mascara perfeita que parecia ser talhada pela própria Afrodite, sua mãe - Dionísio deseja ver vocês. Agora.

- O que este filho da puta quer? - falou Louise, meio confusa, meio envergonhada. Sim, envergonhada. Por algum motivo desconhecido, a garota não conseguia evitar xingar pelo menos uma vez em cada frase quando estava nervosa. Agora por que estava nervosa? Isso, sim, era conhecido. O garoto a sua frente era simplesmente o mais bonito de todo o acampamento e ela era apaixonada por ele desde a primeira vez que pousara seus olhos sob aquele deus grego.

- Você sabe que não precisa usar palavrão há cada meia frase, né? Talvez até ficasse boni... Ah, não, pera, você é a Louise, nunca vai ficar bonita. - Disse Alexei, sorrindo com ironia e fingindo desprezo.

- Eu gosto de quando ela chama palavrão, ela fica fofinha. E particularmente, acho ela bonita - Disse Aaron, piscando levemente para a garota, antes de se virar e puxa-los pelo braço.

Acontece que aquela frase simples fez o filho de Apolo borbulhar de ódio. Puxando o braço com tanta força que fez o filho de Afrodite quase tombar para o lado, Alexei se soltou do toque dele, mas não deixou de segui-los; Não pela vontade de saber o que Dionísio queria, mas para se certificar que Louise não faria nada com Aaron.

Justificava aquela raiva pelo fato de que sempre considerou o Garoto Perfeição à sua frente como seu rival. Era por isso que estava assim, dizia para si mesmo, observando Louise toda abobada pra cima do filho de Afrodite, o irritando ainda mais, era por isso.

Enquanto isso, Louise sentia-se como se estivesse sonhando, vendo tudo de cima, flutuando acima dos dois, desde a hora que o rapaz disse que ela era linda.

Claramente, os dois não estavam bem. Por motivos diferentes, é claro, mas não estavam.

Pela primeira vez em anos, Dionísio olhava para dois semideuses com um ar divertido e irônico, juntamente de Quíron, que não estava muito diferente. Ao contrário do que deveria ser, quem falou foi o centauro, pois Dionísio parecia prestes a cair na risada.

- Bom... Creio eu que vocês saibam do caso de Apolo e Hermes.

- Meu pai? O que aconteceu com meu pai? - questionou Alex.

- É sério que você não sabe, bola de fogo? - Aaron perguntou, com um sorrisinho de escárnio - Minha mãe fez seu pai e Hermes se apaixonarem.

Não aguentando, Dionísio explodiu em risadas, ao mesmo tempo que o sol pareceu brilhar mais intensamente sobre os cinco. Mas é claro, ninguém percebeu, pois Alexei se encontrava em estado de choque e Louise se juntara a Dionísio em suas gargalhadas. Aaron, apenas fitava tudo com um olhar superior, claramente divertido com a situação, mantendo a postura junto com Quíron.

Quando as risadas enfim cessaram (as de Louise, pelo menos), e Alexei acordou mais ou menos de seu transe, a filha de Hades perguntou sem tirar do rosto o sorriso, o que aquilo tinha a ver com eles.

- Apolo e Hermes se apaixonaram e vocês deverão sair em missão para reverter isso.

- Espera, espera, sair em missão juntos? - exclamou a garota, o sorrindo desaparecendo pela segunda vez do seu rosto.

- Sim, juntos.

- MAS NEM PELO CARALHO - disseram os dois, em perfeito uníssono, sem nem sequer perceber - NÃO VOU MESMO!


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