Posso sentir o calor que vem da pele dele quando eu abro os olhos. Seu rosto está há poucos centímetros do meu, Alexander respirava lenta e suavemente, com certeza está muito cansado. Me ver uma chorona deve fazê-lo perder a cabeça. Estou sendo uma verdadeira chata, mas não é algo que posso controlar. Minhas emoções estão esquisitas.
Seu braço e sua perna direita estão em cima de mim e é por isso que estou sentindo calor. Mas não me importo, não quero sair dali tão cedo. O calor que vem da pele dele é o suficiente para me esquentar. Nem estou mais coberta. Lá estamos nós, como Adão e Eva.
Não me canso de olhar para ele, é tudo o que importa para mim, ter ele ao meu lado. O meu futuro acadêmico e profissional parecem muito incertos olhando daqui. Mas sinceramente, é algo que prefiro não pensar agora.
Resisto ao impulso de beijá-lo e acordá-lo. Ele não dormiu nada desde que chegamos. Com cuidado, tiro seu braço de cima de mim e sua perna também. Me levanto da cama e vou para o banheiro fechando a porta cuidadosamente.
Acendo a luz do banheiro todo preto e olho meu reflexo no espelho. Estou com uma cara horrível. Sinceramente! As olheiras estão um pouco mais claras, mas ainda estão lá, meus cabelos estão desgrenhados e visivelmente embaraçados. Mas meu corpo, está diferente.
Já posso notar que meus seios estão maiores, minha barriga ainda não tem nenhuma elevação, o que em breve mudará.
Suspiro e vou para o chuveiro. Fecho o box de vidro e abro o chuveiro que lança um jato de água forte e quente nas minhas costas. Quase gemo quando a água entra em contato com a minha pele sensível. Todo o meu corpo dói por causa das "atividades físicas". Tenho que me controlar e parar de atacar Alexander desse jeito. Ele tem razão. O médico Nova York disse que transar não seria um problema, se não houvesse sangramento, mas, mesmo assim, teríamos que dar uma pausa, não teríamos?
Sorri comigo mesma. Era quase impossível ficarmos sem o outro. Chegávamos a transar três vezes por dia quando estávamos juntos. Mas teríamos que nos controlar.
Continuei a tomar o meu banho e lavei minha cabeça já que os nós seriam impossíveis de sair do meu cabelo se eles não estivessem molhados.
***
Vesti uma calça de moletom cinza e uma blusa de manga cumprida rosa claro. Calço meus chinelos e penteio os cabelos úmidos.
Quando abro a porta cuidadosamente, vejo que ele ainda está dormindo. E fico feliz por isso. Ele parece tão cansado. Só ficou correndo atrás de mim desde que chegamos.
Olho a hora no meu celular em cima do criado-mudo ao lado da cama. São quatro e meia. Nem parece que dormi quase cinco horas. O tempo está passando rápido demais.
Abro a porta do quarto com cuidado e olho para o corredor. A porta do quarto de hospedes está fechada. Bom, talvez Anne esteja mesmo dormindo. Fecho a porta do quarto e desço as escadas silenciosamente. A lareira ainda está acesa e ilumina a sala de um jeito aconchegante.
Vou para a cozinha pegar um copo de água e vejo pela porta de vidro que aquela área gigante de grama, está coberta de neve. Sorrio com o pensamento de uma menininha juntando uma bolinha de neve com as duas mãos, toda agasalhada e jogando em seus pais. Nós gritariamos "ai" para fingir que machucou e ela soltaria a gargalhada que nos faria rir também.
Quando percebi, estava em frente a porta de vidro com o copo de água na mão, nem tinha me dado conta de que tinha ido até ali.
Eu nunca tinha ido lá fora, explorar aquela área toda. Era muito grande. Cabia mais dez casas ou mais naquele espaço todo. Era enorme. Uma imensidão coberta de neve. Eu podia ver os flocos pesados caindo constantemente.
Voltei e coloquei o copo na pia. Eu estava com fome agora. Talvez tentar comer não seria má ideia.
Peguei o prato de sopa que estava coberto com um outro prato por cima e coloquei-o no microondas para esquentar.
Enquanto a sopa esquentava, eu fui até a geladeira e peguei a garrafa de suco dr laranja. Depositei um pouco em um copo para mim e tornei a guardar a garrafa na geladeira. O microondas apitou e eu levei meu prato e o copo até a sala comigo. A sala estava muito mais quente do que a cozinha. Liguei a televisão e fiquei zapeando pelos canais, não estava passando nada de bom, então decidi deixar em um canal de culinária onde um chef de confeitaria estava fazendo bolos de casamento.
A sopa estava realmente uma delícia e eu estava faminta, comendo avidamente. Alexander ficaria feliz em me ver comendo daquele jeito. O bolo na televisão parecia ótimo também e era muito bonito. Bolos de casamento eram muito bonitos.
Terminei de comer a sopa em alguns minutos. Eu esperava não vomitar nada mais por hoje, estava farta de ficar de estômago vazio.
—Olha, pelo amor de Deus, não rejeita a sopa. - falei baixinho olhando para minha barriga.
Depois revirei os olhos. Eu estava mesmo falando com a minha barriga? Tomei o suco que estava no copo e coloquei a louça suja em cima da mesinha redonda de madeira ao lado do sofá. Deitei-me no sofá e apoiei minha cabeça na almofada fofinha e confortável. Agora eu me sentia bem, normal até.
Alguns minutos se passaram e ouvi passos na escada. Sentei-me no e olhei para onde o barulho vinha. Era Anne descendo as escadas. Quando ela me viu, sorriu. Parecia mesmo que ela tinha dormido também. Estava vestindo uma calça grossa e preta e uma camiseta branca sem estampas, seu rosto estava sem maquiagem, ainda assim, ela era muito bonita.
—Ah querida que bom que você está aqui. - Anne falou chegando perto do sofá. - E posso ver que você conseguiu comer.
Sorri e assenti.
—É, eu estava com fome.
Ela riu.
—Tenho certeza que sim.
—A senhora conseguiu dormir um pouco?
—Ah sim. Dormi como uma pedra. A cama daquele quarto é muito confortável. A única coisa que me incomoda é aquele espelho no teto. Não quero me ver dormindo!
Dou risada.
—Já falei para Alexander sobre aquele espelho. Talvez você possa convencê-lo a tirar aquilo de lá.
Ela ri.
—Verdade, vou ver o que consigo fazer.
Sorrio e ela senta-se do meu lado no sofá.
—E então, e você? Conseguiu falar com ele?
Fiz que sim e olhei para minhas mãos pousadas no meu colo.
—Sim. Obrigada por ter me falado. Eu não fazia ideia de que ele se sentia desse jeito. As vezes acho que falta um pouco de comunicação entre nós.
Ela assente e diz:
—Mas isso melhora com um tempo. Fico feliz que vocês colocaram as cartas na mesa um com o outro.
Sorrio para ela.
—Eu também, graças a senhora! Obrigada.
Anne balança a cabeça negativamente.
—Nem pense em me agradecer. Eu não fiz nada. Só respondi o que você havia me perguntado.
Concordei com a cabeça.
—Alexander te contou que convidei vocês para passar o ano novo em Monte Carlo?
Olhei para Anne realmente surpresa. Balancei a cabeça negativamente.
—Não.
—Bem, eu comentei com ele que talvez seria uma boa ideia vocês irem para Monte Carlo passar o ano novo lá. Ele tem um apartamento lá e eu tenho minha casa em Nice. Podíamos passar o ano novo juntos, se vocês não tiverem planos é claro.
Sorrio.
—Eu adoraria. Nunca fui para Monte Carlo. - digo e depois acrescento - E nem para Nice.
Anne sorriu e disse:
— Mais um motivo para vocês irem. Você adoraria as paisagens naturais. Talvez não dê para você curtir muito porque é inverno, não dará para ir nas praias nem nada, mas, a beleza do lugar não se compromete por conta do clima. - a voz dela é tão suave que sinto até inveja.
— Claro, claro. Quero muito ir. Vou conversar com ele.
—Conversar sobre o que?
Ouço a voz de Alexander e eu e Anne, ambas olhamos para a escada. Alexander está vestindo uma camiseta preta, uma calça jeans e chinelos. Sorrio para ele e desejo internamente que ele não colocasse a camiseta porque o corpo dele era lindo.
— Sobre irmos para Monte Carlo no ano novo.
Ele termina de descer as escadas e se aproxima do sofá. Acaricia o ombro da sua tia e eu tento não me incomodar com isso porque afinal, ela é tia dele. Ele sorri para mim e se curva para me dar um beijo na testa.
— Podemos conversar sobre isso mais tarde.
Não quero conversar mais tarde, mas não faço objeções. Ele olha para o prato vazio em cima da mesinha de madeira ao lado do sofá e sorri.
—Conseguiu comer?
Faço que sim com a cabeça.
—Que bom. - ele parece visivelmente aliviado. - E você tia, não vai comer nada? Conseguiu dormir pouco?
—Ah sim, consegui. Aquela cama é muito confortável. Mas me diga uma coisa Alexander, porque diabos você colocou aquele espelho horroroso no teto?
Alexander olha pra mim e sorri. Sei do que ele está lembrando. De nós dois trandsndo lá enquanto eu olhava nosso reflexo no espelho. Reprimi um sorriso sem muito sucesso.
—Não sei o porquê coloquei aquilo lá. Mas acho que posso trocar. A Justice gostava. - ele deu de ombros.
Arregalo os olhos.
—Não gostava nada. Eu apoio você trocar aquilo.
Anne ri.
—É a única objção que eu tenho contra a casa. O resto da casa é maravilhosa. Gosto muito daqui. É uma pena que já terei que it embora amanhã.
Franzo o cenho.
—Amanhã?
—Sim, amanhã de manhã. Tenho algumas coisas para resolver em Monte Carlo. Eu vim para cá porque estava com muita saudades de Alexander e fazia muito tempo que ele não falava comigo. - ela o repreende com o olhar. - Mas, - Anne acrescenta - sei que a distração foi por uma boa razão.
Sorrio.
— Isso não é desculpas. Não vai acontecer a partir de hoje, Anne. Ficarei no pé dele para ele te ligar.
Alexander se senta no outro sofá e pega o controle remoto da televisão.
— Tenho certeza que sim. - ele diz sorrindo e começa a mudar de canal.
—Ei, eu estava assistindo!
—Bolos de casamento? Sério? - ele ergue as sobrancelhas.
Revido os olhos.
—Bolos de casamento são difíceis de fazer. Mas tudo bem, eu.deixo vocé mudar.
Alexander continua procurando por um canal do seu interesse enquanto eu e Anne começamos a debater sobre os melhores sabores de bolo de casamento, recheios e tudo que envolva o assunto.