Cassandra não era louca de fazer isso com várias testemunhas ao redor, ela logo se tocou e soltou meu braço. Dando um sorrisinho falso para o garoto do terceiro ano que passava por ali.

– Está avisada. – e espirrou indo em direção aos corredores enquanto sua sombra fazia o mesmo.

Lili me lançou o mesmo olhar que vinha me lançando ultimamente, de repulsa e seguiu sua mestra. Eu ainda queria entender o que eu fiz pra ela?

– Ela é apaixonada pelo Natanael. – disse Monique ao meu lado. Olhei para ela.

– Como? - perguntei sem entender.

– A Lili. – apontou com o queixo. - Ano passado eles ficaram juntos e ela pensou que ele também gostava dela e que estavam namorando, mas não foi o que aconteceu. – entramos no colégio.

– E o que eu tenho haver com isso?

– Tendo em vista que você anda pra cima e pra baixo com ele. – deu de ombros.

Droga, era isso.

– Eu não tinha a intenção, eu nem sabia.

– Não se preocupe. Além do mais, se não fosse por causa dele, ela iria lhe tratar do mesmo jeito por causa de Cassandra, Lili pode ser uma garota legal, mas ser popular é o que realmente importa para ela.

Chegamos ao meu armário.

– Você devia ouvir Cassandra. – continuou Monique. - Fique longe do caminho dela. Eu não quero que você se machuque.

– Eu não tenho medo dela, mas eu também não quero arrumar problemas. – disse sendo sincera.

Monique assentiu e se afastou, mas se virou rapidamente.

– Quer almoçar comigo hoje?

– Claro. – sorri.

– Me encontre no pátio, perto do ginásio.

Assenti e ela foi embora.

Estava pegando minhas coisas quando avistei Natanael conversando com uma garota do nono ano, eles pareciam muito íntimos, ela sorria para ele e ele a tocava sempre que possível, como se percebesse que estava sendo observado, ele me olhou e como se tivesse levado um choque se afastou da garota. Confesso que não entendi sua reação, muito menos a minha, fechei o armário com força e virei de costas indo para aula.

***

Encontrei Monique no local indicado, haviam muitos outros alunos por ali, mas a maioria se encontrava no refeitório. Nos sentamos em um dos bancos afastados perto do ginásio que ficava quase atrás do colégio e começamos a comer as frutas que ela havia trazido, descobri que Monique já tinha sido internada com anorexia, mas mesmo assim geralmente seu almoço era frutas, não me admirava que ela era tão magra. Sua mãe era modelo e isso contribuiu para que a garota quisesse ter o corpo perfeito.

– Então... vai me explicar como Cassandra fez isso na sua testa? – eu estava curiosa.

– Ela me empurrou e acabei batendo a cabeça no armário. – disse despreocupada.

Eu não sabia o porquê, mas eu sentia que ela estava mentindo.

– O que ela está fazendo aqui? – perguntou uma voz grossa atrás de nós.

– Eu a convidei. – disse Monique dando de ombros.

Olhei para Ian, parece que ele voltou a ser o mesmo garoto irritante de antes. Ele deu a volta no banco e parou de frente para mim.

– Não precisamos de mais problemas Monique, e isso é a única coisa que essa garota trás.

– Ei. – reclamei me levantando. – Pelo que me lembro você me colocou em alguns deles, por causa da sua arrogância.

Ele riu.

– Arrogante eu? – perguntou cruzando os braços, ele parecia ofendido.

– É. – disse o desafiando e cruzando os braços também.

Travamos um pequena guerra com o olhar, quando um som melodioso de um sorriso invadiu o ambiente, olhamos para Monique.

– Porque você está rindo? – ele perguntou e ela logo ficou séria.

– Só me lembrei da Eva. – disse triste e a fisionomia de Ian mudou, ele agora estava com o olhar distante.

Como se tivesse levado um soco no estômago, Ian se afastou indo em direção ao portão do colégio, Monique levantou exaltada.

– Desculpa Annelise, acho que é melhor eu ir atrás dele. – e saiu em disparada em direção a um Ian cabisbaixo.

Eu ainda permanecia parada fitando o nada, como se a qualquer momento eles fossem voltar e me explicar o que aconteceu, eu tinha ouvido muito bem, e sabia que sua mudança de atitude tinha haver com essa tal de Eva e a pergunta de meio milhão de dólares era:

Quem é ela?

***

Passei toda a aula tentando desvendar esse mistério, prestei total atenção a chamada, mas não havia nenhuma Eva na minha turma. Se é que ela era do colégio. Não vi Monique e Ian depois daquilo, o que foi uma pena, porque eu queria arrancar informações de Monique. Estava indo para a minha última aula do dia quando fui interceptada por Clara.

– Estava te procurando, você não estava no refeitório hoje. – disse com um sorriso.

– Estava com Monique.

– Você não devia andar com esse tipo de gente.

Olhei bem pra ela. O que eles tinham contra Monique?

– Qual o problema de vocês com ela? Ela é legal. – disse a defendendo.

– Ela não é de confiança.

– Engraçado, ela disse o mesmo de você.

– Disse? – perguntou com o cenho franzido.

Acenei confirmando.

– E além do mais você não tem o direito de me dizer com quem ou não devo andar. – falei na defensiva e sai andando pelo corredor.

– Lise, espera. – ela veio atrás de mim. Parei.

– Desculpa, você tem razão não posso dizer com quem você deve andar. – ela estava nervosa.

– Tudo bem.

– Eu só queria saber se você gastaria de ir para a casa do Nate depois das aulas, os pais dele viajaram e temos a casa toda para nós. – disse com expectativa.

– Não sei Clara, tenho que falar com a minha mãe.

– Tudo bem. Qualquer coisa estaremos te esperando no portão.

Acenei e ela se afastou, me encaminhei para a aula de Artes e me espantei quando encontrei Ian em um dos cavaletes, todo concentrado pintando e para a minha alegria, só que não, havia um único cavalete vazio, bem do lado dele.