And In This Pool Of Blood escrita por gaara do deserto


Capítulo 23
Manhã de Novembro


Notas iniciais do capítulo

Ah, não demorei tanto dessa vez...



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-... e você devia procurar um professor de verdade em vez de ficar me alugando - comentava enquanto Jéssica resolvia exercícios de Quimica.

Era 9 da manhã e eu ainda estava com muita vontade de voltar para a cama. Mas não, tem sempre alguém que inventa alguma coisa para me acordar mais cedo. Jessica Anne Black era uma dessas pessoas que além de me acordar duas horas antes do que eu pretendia, ainda queria que lhe ajudasse.

*É, tenho que começar a cobrar por essas aulas...*

Estávamos sentadas no chão do meu quarto e eu fiquei encostada na minha cama com os joelhos batendo no queixo, tentando não voltar a dormir. Amarrara meu cabelo num comprido rabo-de-cavalo querendo ajudar Jessica tanto quanto queria que ela não tivesse essa idéia uma segunda vez.

- E por que eu faria isso, quando não gasto um centavo com você? - respondeu ela, rindo - Ah...! Eu também quero saber o que aconteceu na pequena comemoração de ontem.

Que droga, eu sabia que ela faria isso. Ao mencionar a festa, a primeira coisa que eu não queria pensar aflorou na minha cabeça: Gerard Way.

Mas Jessica é extremamente esperta e reconhecendo meu silêncio como uma prova de que algo de interessante acontecera, ela parou de escrever, com uma expressão maliciosa no rosto.

- Terra chamando Natallie... Há alguma coisa te incomodando?

- Nada não...

E quem acreditaria numa coisa dessas...?

No entanto, para meu sincero espanto, Jessica se calou e continuou a escrever. Fitei-a durante alguns instantes, mal conseguindo crer no que se passava na minha frente..

Eu não dormira bem a noite inteira. Acordava, virava de lado na cama, para dormir e acordar minutos depois. Eu havia beijado Gerard Way, e de todas as formas possíveis, não tinha como impedir a verdadeira maré de culpa que assolava meu cérebro.

Tentei emparelhar meus sentimentos com tudo que lembrava sobre Way. A verdade, por pior ou melhor que fosse, era que o odiava. Tanto pelo incidente no parque, num momento horrível da minha infância, quanto pelas atitudes que ele havia tomado com o passar dos anos.

Mas esse ódio, aos meus olhos também, vira que se tornara meio que irracional. Passar a culpar Way por coisas pequenas e grandes desde que Frankie se juntara a turma dele, tinha despertado uma espécie de satisfação em mim. Observando por esse lado, tinha que admitir de jeito nenhum que existia um lado humano nele. Seu completo desequilíbrio no jardim fora uma prova disso.

E também não conseguia entender o que ele queria tanto e não podia ter. Era um sentimento estranho e novo sentir algo por Gerard Way que não fosse ódio. Além disso, ainda havia Bert. Sentia-me estúpida por não ter pensado nele naquela hora. Mais estúpida por ter simplesmente andado pra frente e beijado um cara que praticamente odiara desde a minha infância.

"Eu devo contar ao Bert?"

Essa pergunta martelava no meu coração e na minha cabeça. Por um lado, sim, pois estaria sendo sincera com ele. Por outro lado, não.

- Quebre suas regras uma vez na vida...

A voz dele aparecia nas horas mais estranhas...

- Ai!

Jessica havia jogado um livro em mim.

- Mais que droga, só assim você acorda!- reclamou ela em voz alta.

- Não ajudo mais você...

- Que ameaça comovente. Olha, já terminei isso aqui e muito obrigada.

- Já vai embora? - perguntei esperançosa.

Ela se levantou, e olhou a sua volta, examinando meu quarto.

- Perdeu o juízo, foi?

Parada de costas, ela parecia estar olhando só a porta.

- Não vai mesmo me contar? - perguntou com sarcasmo.

Então ela não tinha desistido!

Fiquei emburrada e puxei os joelhos pra mais perto do queixo. Ela saberia.

- Tá, eu conto - respondi, num sussurro mal-humorado.

Com um movimento rápido de cabelo, ela voltou, feliz e sentou-se do meu lado. Sinceramente, Jessica conseguia ser mais estranha do que eu...

- Então, tô pronta pra ouvir.

Não sei se alguns já sentiram a conhecida sensação de "não saber por onde começar" em suas vidas, mas estava sentindo isso agora.

- Ah... - eu poderia simplesmente contar o fato mais importante, mas não - Frankie não estava namorando a Jamia de verdade.

- Sério? - espantou-se - A garota do cabelo curtinho? Bem, pareceu bem real em minha opinião. É por isso que está assim? Frankie?

- Ele é metade do problema. A turma dele, que você deve saber muito bem quem faz parte - gostaria de enfatizar a pessoa que importava -. Okay, eles quiseram, ah... brincar com a cara dessa garota. Frankie aceitou isso, porque ele é um idiota que não mede suas atitudes.

- Que ótima amiga você é - murmurou ela, ajeitando uma mecha do cabelo castanho - Continua. Onde você entra nesta deplorável narrativa?

- Ele se apaixonou pela Jamia - prossegui, suspirando cansada - E então, não poderia seguir com o brilhante plano de sua Liga da Justiça. Ganha um doce se adivinhar quem ele chamou pra resolver seus problemas?

- Com certeza não foi o Chapolin Colorado...

Sorri, tentando fazer a situação ficar mais agradável de se contar.

- Tive que inventar alguma coisa. Aí, nesse meio tempo, o Bert viajou e não tive escolha a não ser ir com o Way na festa que ele armou pro Frankie. Nessa mesma ocasião, ele planejava falar pra todo mundo que só queria sacanear com a Jamia. Claro que o Frankie tava desesperado com isso.

- E você não podia ir sozinha por que não era uma das favoritas da garota, né?

Concordei mudamente.

- E aí? - quis saber Jessica.

Meu silencio já estava deixando-a exasperada. Tomei fôlego.

- Beijei o Way - sussurrei, com medo de que as paredes ouvissem ou o vento pudesse levar minha voz até os ouvidos de Bert, em Newark.

A principio, pensei que a garota não havia me ouvido. Mantive a cabeça baixa, entre os joelhos, evitando encará-la.

- O QUÊ ?!

Só então percebi, depois de erguer a cabeça, que o que a continha era a pura sensação de espanto.

Jessica levantou-se, ainda surpresa, como se tivesse ouvido a noticia de que o Apocalipse estava vindo; Senti-me pior, ela talvez não estivesse agindo como eu esperava.

Segundos depois, ela recompôs-se e sentou novamente do meu lado.

- Fala sério, isso só pode ser brincadeira sua! - exclamou, de olhos arregalados - Não era você que dizia que o odiava e todo aquele blá, blá, blá?

Desviei mais uma vez meus olhos dela.

- Tô me sentindo horrível - foi só o que pude dizer.

 Jessica voltou a se calar.

Uma brisa fria, típica da neve, passou pela janela do meu quarto, batendo ruidosamente nas janelas de guilhotina.

- Bem - anunciou ela, depois de tempo - Agora ele é da sua conta. Posso ligar pro hospício?

- Não quero piadinhas, por favor. Achei que você ia me ajudar.

- Contar pro Bert não seria uma boa opção.

- Acha mesmo?

- Ah, vai, ele pode sobreviver sem saber disso. Tenho certeza de que ele não é um daqueles favoráveis a um relacionamento aberto...

O relógio marcou 10 horas.

- Olha, tenho que ir - ela disse, levantando-se mais uma vez e apanhando a mochila - Tenho que dar as caras lá em casa de vez em quando. Se cuida, Natallie. Isso não foi a fim do mundo.

E saiu.

Continuei por um tempo, refletindo.

"Fácil pra você dizer...", pensei, triste.


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Notas finais do capítulo

- E deixem reviews!!!
— Fala sério, vc só sabe dizer isso???
— Calado, Gerard!
— Não msm.
— Vai ficar sem lanche...
— Sua caloteira! Ainda nem me pagou os do outro capitulo!
— Não precisa espalhar...



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