Sinceridade escrita por Blyez
Nevava ao logo do largo Grimmauld, e de uma maneira não mágica, mas lamentosa onde as pessoas só desejam se encolher por debaixo de um edredom em suas camas e tentar dormir um pouco mais. Alguns flocos eram assoprados pelo vento e quando não atingiam o telhado da casa vertical ou ficavam presos nas superfícies que se destacavam na construção, grudavam nas janelas escuras. E embora as ruas estivessem silenciosas e com poucos trouxas se aventurando pelo frio arrasador de Londres, o interior da casa número doze era barulhento e agitado como sempre.
Haviam chegado a casa de Sirius em um momento de emergência, onde o Sr. Weasley sofrera um grave acidente durante o trabalho, ou era mais ou menos assim como os membros da Ordem se referiam as feridas feias no corpo do homem. Ele ainda estava pernoitando no St. Mungus, porém havia a previsão de logo poder ser movido para a casa.
Hermione Granger ajeitou uma mecha de seu cabelo cacheado atrás da orelha quando esta começou a atrapalhar sua leitura. Infelizmente alguém havia escolhido aquele exato momento para causar uma grande explosão no corredor, o que fez a casa estremecer e sujeira cair nas páginas de seu exemplar. Hermione suspirou, apostando sua coleção de livros como os gêmeos estavam por detrás daquilo: desde que receberam a notícia de que o pai estava bem resolveram focar suas “atividades” em irritar Rony, que parecia ainda não ter superado sua paixão platônica por Fleur Delacour; Harry engrossava o coro toda vez que o amigo ficava com as orelhas vermelhas, a Sra. Weasley tentava restabelecer a paz na casa que não era sua e Lupin se divertia com tudo aquilo.
E Hermione... Bom, tentava não ver o que estava acontecendo. Desde que Rony começara a tagarelar sobre outras garotas, ela procurava evitá-lo com a mesma determinação que faria se o garoto estivesse em chamas. Felizmente Harry compreendera logo seus motivos e a encobria toda vez que o amigo questionava sua ausência.
-Rápido, Fred, por aqui...
Dois rapazes altos e com a bagunçada cabeleira ruiva irromperam pela porta as pressas, fechando a entrada logo atrás de si. Os rostos idênticos a encaram com surpresa, notando pela primeira vez a garota sentada na batente da janela com o jeans impecável e o moletom roxo. Desde que a Sra. Weasley confiscara suas varinhas, os gêmeos se viam forçado a correr pela casa toda sem poder usufruir da arte de aparatar.
-Se mamãe perguntar, não estamos aqui! – Fred sussurrou rapidamente antes de saltar atrás de uma poltrona empoeirada e cheia de bolor enquanto seu irmão gêmeo achatava-se atrás do armário.
Ela mal teve tempo para digerir o pedido quando uma mulher baixa e gorda abriu a porta ao mesmo tempo que parecia soltar fumaça pelos ouvidos – imagem que foi ressaltado pela sua expressão zangada e cabeleira vermelha.
-Oh, desculpe-me, Hermione, não quis atrapalhá-la. Por acaso não viu Fred ou Jorge passarem por aqui, viu, querida?
-Ahn... Não, Sra. Weasley. Desculpe. – ela observou a mulher fechar a porta com gentileza e marchar pelo corredor enquanto continuava sua busca.
-Nossa, obrigado, Hermione. – Fred saiu do esconderijo com o rosto sujo e um pedaço de mofo no casaco. – Ela teria colocado a nossa cabeça naquele armário no primeiro andar se nos pegasse.
-Vocês não deveriam estar aprontando com sua mãe. Ela ainda está abalada com a notícia do Sr. Weasley. – suspirando ao ver que Fred tomava lugar na poltrona velha (o que era um sinal de que não pretendiam sair dali tão cedo), ela fechou o livro.
-Eu não vejo porque ela se estressou quando explodimos o pote de melado na cozinha. – Jorge tomou lugar junto ao irmão, sentando-se no braço da poltrona. – Não sabíamos que pavio de bombas caseiras queimavam tão rápido.
-Onde pensa que vai? – perguntou Fred quando Hermione pôs-se de pé e dirigiu-se em direção a porta.
-Arranjar um lugar sossegado para ler.
Antes que pudesse reagir, cada gêmeo segurou um de seus braços e arrastou para longe da porta.
-Se sair do quarto, nossa mãe vai voltar a nos procurar aqui... – começou Jorge.
-...e se nos achar, vamos ficar com a vaga de papai em St. Mungus. – concluiu Fred.
-Eu não me importo, vocês se meteram nessa confusão e não vão me envolver. – desvencilhando dos braços de Fred e Jorge, ela abraçou o livro contra o peito e lançou um olhar de censura para os dois.
-Não vamos deixá-la sair. – avisou Jorge, cruzando os braços.
-Ah, é? Então vou gritar com toda força onde vocês estão. – retrucou Hermione com um olhar furioso.
Os dois vacilaram e trocaram uma expressão de horror entre si. Sem dizer mais nada, a garota saiu do quarto e andou pelo corredor a procura de um lugar tranqüilo.
Infelizmente a Ordem estava recebendo os membros para uma reunião naquele instante, então a casa estava barulhenta nos andares próximos ao térreo. Ela precisou subir as escadas e ficou no quarto que dividia com Gina: a garota ficava com uma certa freqüência na cama, mas não era do tipo que fazia barulho e entendia a necessidade de Hermione estar em ambiente silencioso, o que era um alivio para a garota.
Aquela era uma das raras ocasiões onde a jovem Weasley não estava presente, provavelmente junto a Harry e Ronny enquanto tentavam descobrir algo sobre a reunião lá embaixo, então Hermione simplesmente se atirou na cama e reabriu o livro.
Havia conseguido avançar sete páginas quando bateram na porta.
-Oi, Mione. – Gina entrou no quarto e deu a volta pela cama da amiga – Lendo de novo?
-Fui interrompida pelos gêmeos lá embaixo.
-Nem me fale, a cozinha está um caos. Melado é difícil de se tirar mesmo com magia. – ela fez uma careta enquanto se sentava na própria cama – Mamãe está furiosa.
-Eu posso imaginar.
-Gina, preciso de um favor... – outra cabeça vermelha irrompeu pela porta e abriu um largo sorriso ao ver quem estava no quarto com sua irmã.
-O que é, Jorge?
-Na verdade, é Fred. – ele entrou no aposento na ponta dos pés e fechou a porta. – E ai, Mione? Como vai?
A garota simplesmente soltou o livro na cara: nunca, NUNCA iria terminar sua leitura naquela casa. Quase saltou quando sentiu seu colchão afundar e se deu conta de que Fred estava se acomodando na extremidade oposta para falar com a irmã.
-Pode dizer para mamãe que estava com você jogando cartas nos últimos trinta minutos? – ele ignorou os resmungos feitos por Hermione e palavras soltas como “espaçoso” ou “folgado”.
-E Jorge? – Gina cruzou as pernas sobre o colchão.
-Foi pego quando tentávamos passar por ela enquanto estava na biblioteca e sempre irei admirar o sacrifício que ele está fazendo... – diante do olhar nada convencido da irmã, ele deu os ombros – Está certo, paguei dez galeões para que ele me encobrisse. A questão é que mamãe está fazendo a ronda desde o segundo andar e não vai demorar para ela me achar aqui.
- Vou cobrar dois pela mentira. – disse Gina por fim tirando as meias e deitando-se.
-Caramba, que cavadora de ouro você se tornou. – Fred vasculhou os bolsos e entregou as moedas a irmã – Finalmente está dando ouvidos ao que eu e Jorge dizemos. Hermione, vai querer suborno também?
Ele não conseguiu manter o equilíbrio quando Hermione o chutou para fora da cama e voltou a ler o livro.
-Que grosseria!
-Eu juro, Weasley, que se precisar retomar a mesma frase mais uma vez porque você me interrompeu, conto toda a verdade para sua mãe. – disse ela entre dentes.
Por um segundo, ela achou que finalmente vencera a guerra, porém achou que estava quieto demais, considerando que havia um dos gêmeos no quarto. Ela lembrou-se do filme “Tubarão” que vira na casa de seus pais e a calmaria do mar antes que o monstro desse o ataque. Lentamente ela abaixou o livro e olhou ao redor: fora Gina, não havia sinal de outra pessoa no quarto. Hermione permitiu-se relaxar quando seu livro fora arrancado de sua mão por alguém postado ao lado de sua cama.
-FRED! – gritou ela quando ele disparou pelo corredor com uma risada louca.
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Olá, seus lindos!
Sim, mais uma historia. Essa já está completa, então devo postar aqui bem rápido ♥ ( a pior coisa é ficar esperando updates de uma história -.-.... Malditos autores!)
Bom, espero que gostem!