A Herdeira escrita por Amigo Anônimo


Capítulo 8
A fuga


Notas iniciais do capítulo

O que dizer sobre a imensa demora para publicar esse capítulo? Bom, eu poderia listar vários motivos, mas aqui deixarei os três principais:
Fiquei um bom tempo sem internet, estava com um sério bloqueio criativo e, o pior de todos, preguiça!
Mas agora que estou com internet, me forcei a ao menos tentar escrever algo bom nesse capítulo. E cá está ele! Eu espero que gostem e me desculpem por ter colocado menos ação do que eu queria nesse capítulo, mas se eu fizesse isso ele ficaria muito longo.
Sem mais delongas, tenham uma boa leitura!



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O sorriso alegre de Lucy desapareceu de seu rosto tão rápido quanto surgiu. Seus olhos que fitavam Natsu agora se focavam atrás dele. Por cima do ombro do moreno era possível ver uma multidão se formando no festival. Natsu, também atento, deixou de lado aquele momento agradável que estava tendo para virar-se e olhar na direção de onde vinha um barulho de alguns gritos e passos pesados e sincronizados.

Os dois se aproximaram do local pra tentar compreender o que estava acontecendo, tendo o cuidado de permanecerem escondidos por trás de uma tenda do festival.

Homens com armaduras gastas de cobre chegavam num grupo de quinze, montados em cavalos bem cuidados e treinados de pelos que quase reluziam na pouca luz do local. No centro do peitoral das armaduras estava em dourado uma imagem chamativa de uma espada medieval envolvida, do cabo até à lâmina, por uma fina serpente.

Lucy e Natsu reconheceram imediatamente aquele símbolo. Qualquer morador daquele reino não deixaria de saber que aqueles homens eram soldados da guarda real. Curiosos, Natsu e Lucy permaneceram em silêncio enquanto ouviam um dos soldados falar:

— Imagino que devem estar se perguntando o motivo da nossa vinda a esse festival que agora pouco parecia tão animado — Um rapaz de cabelos rebeldes negros e de pele pálida desceu de seu cavalo, ficando no centro de vários aldeões. — O rei convocou-nos aqui para podermos revista-los — Todos estavam paralisados e pasmos, sem ter nenhuma reação a não ser ouvir com atenção o que o soldado dizia. — Algumas pessoas dessa vila são acusadas de estarem praticando magia.

Com essa última afirmação, múrmuros começaram a preencher aquele local. Quando todos pensavam que seria aquela mais um imposto a ser cobrado, ficaram ainda mais inquietos ao saber que o assunto era muito mais sério. Todos sabiam que, após uma guerra interna no reino de Magnolia, toda e qualquer forma de prática de magia era proibida. O rei matava todos impiedosamente que iam contra essa regra estabelecida há alguns anos atrás. Vários dos livros foram queimados justamente por conterem a educação sobre feitiçaria.

Lucy sabia que haviam pessoas que praticavam magia negra e que era algo rigidamente restrito naquele reino, mas sempre achou que a magia nunca existiu de fato. Ninguém nunca teve provas de que, em algum dia, seres místicos também moravam naquele território. Isso porque tudo que se relacionasse a esse assunto fora proibido e destruído pelo rei.

Uma confusão entre os cidadãos da vila e os guardas havia se formado, os primeiros citados afirmando que ninguém jamais teria a ousadia de fazer tal coisa naquele lugar. De outro lado, os guardas não se importavam com as explicações, apenas estavam concentrados em cumprir a ordem do rei. Empurrando algumas pessoas para livrar a passagem, invadiram as casas das pessoas e começaram a revistar e revirar tudo.

Uma discussão se iniciou entre uma moradora, claramente revoltada por ter suas coisas espionadas sem nenhuma delicadeza, e um soldado real. Esse último precisou usar força bruta para conseguir amparar a senhora que já elevando o seu tom contra os miliares. Algumas outras pessoas seguiram o exemplo da moradora, revoltando-se. Para conseguir amenizar a confusão, um dos soldados ameaçou serem presos todos aqueles que tentassem se opusessem, assim conseguindo calar boa parte das manifestações.

Natsu entendeu imediatamente que ele e Lucy deveriam sair dali o mais rápido possível, ou muitas suspeitas poderiam se cair sobre eles. E no pior dos casos, seriam pegos e o senhor Heartifilia descobriria. Isso traria consequências para ambos adolescentes.

— Nós precisamos ir — Alertou o garoto de cabelos rosados. — Agora.

Natsu não precisou pedir duas vezes para que Lucy adiantasse os passos e começasse a correr para longe daquele lugar. O moreno a seguiu com a mesma pressa, ficando pouco mais atrás dela para verificar qualquer presença. Parecia que eles iriam escapar sem ninguém os notar, até que Lucy perdeu o equilíbrio ao seu pé ir contra um galho de árvore, fazendo-a tropeçar. O barulho do tropeço foi o suficiente para atrair um soldado que estava próximo ao local onde eles estavam. Assim que ele se deu conta de que a loira e o moreno estavam em uma tentativa de fuga, gritou para os outros soldados, anunciando que haviam fugitivos ali.

Lucy mal teve tempo para se levantar ou gritar, pois logo teve os seus braços forçados contra as suas costas. Dois homens a obrigaram a levantar-se do chão sem nenhuma gentileza, a puxando junto com Natsu até aquele que parecia ser o capitão deles.

— Esses dois adolescentes tentaram fugir, Capitão — Um dos homens falou enquanto apertava mais forte o braço de Natsu.

Lucy percebeu que o capitão da guarda real era o mesmo rapaz que tinha anunciado o motivo daquela chegada repentina aos aldeões da vila. Enquanto subia o seu olhar para os olhos dele, percebeu que envolta do seu pescoço havia um cordão que ostentava uma cruz de prata. Quando seus olhos alcançaram os dele, logo os desviou para o chão assim que percebeu que ele a encarava com um semblante sério.

Em uma primeira impressão, aquela garota loira e de olhos castanhos nada mais parecia que uma moça ingênua. Porém, a sua experiência de vida o ensinara que as aparências certamente enganavam, então logo deixou esse pensamento inicial de lado. Agora o seu foco era o rapaz de cabelos exóticos que acompanhava a loira. Ele não tinha parado uma vez se quer de encará-lo com um ar desafiador.

Embora possuísse esse olhar ousado e essa expressão desafiadora, o Capitão não podia deduzir o que se passava em sua mente. Porém, já tinha sua mão segurando firmemente o cabo da espada para qualquer ataque.

“Não desvia o olhar, huh?”

— Digam-me, para que a pressa para fugir? Seria possivelmente porque estão incluídos naqueles que praticam magia negra? — Fez perguntas retóricas e, apesar de que ninguém deveria responder, quando viu que a loira iria abrir a boca fez um gesto com a mão para que ela não dissesse nada. — Leve-os. Iremos leva-los para a penitenciária de Oshibana interroga-los para obtermos mais informações.

Lucy queria intervir e queria ao menos tentar explicar que nenhum dos dois sequer cogitaria a ideia de praticar tal coisa, mas então foi como se ela ouvisse a voz do seu pai quando lhe dizia que ela não deveria respondê-lo. Se nem poderia discutir com o pai, muito menos podia com uma autoridade. Teve que se conformar em deixar ser levada para a carroça que os levaria até o presídio. Deveria ser paciente e então conseguiria explicar tudo na hora do julgamento na qual ela tinha direito. Apesar de saber que não tinha culpa de nada, era impossível não sentir certo desespero ao saber que iria ser presa e que, provavelmente, se não conseguisse sair a tempo o pai descobriria tudo.

Se antes recebeu um castigo sem ter feito nada, agora com um motivo seria bem pior, ela presumiu.

[...]

A perna de Lucy ardia por conta dos arranhões que tinha ganhado durante a queda que levou ao tropeçar em um galho de árvore. Na hora mal tinha percebido que os tinha ganhado, mas agora esses machucados a incomodavam seriamente. Estava dentro de uma cela, encolhendo-se em um canto temendo as possíveis baratas ou ratos que pudessem ter ali. Ao virar sua cabeça para o lado, mal podia enxergar Natsu na outra cela. Ele fazia tanto silêncio que era como se não estivesse ali.

Se não tivesse tropeçado, se não tivesse tido a ideia louca de ir para aquele festival, nada disso teria acontecido. Pensou Lucy, culpando-se por ter arrastado o Fate para aquela confusão.

Natsu encarava a janela com grades que havia em sua cela, sentindo a ventilação vinda dela infiltrando-se naquele local extremamente abafado. Tentava encontrar alguma solução para aquele problema, martelando o seu cérebro em busca de respostas. Analisou cada canto daquela cela, procurando por qualquer objeto útil para fuga.

Olhou através da janela com grades e percebeu que guardas rondavam por lá em um intervalo de sete minutos. Eram cerca de cinco guardas naquela área próxima às celas. Todos carregavam espadas de lâminas muito bem forjadas. Um ataque corporal seria inútil, visto que eles usavam armaduras que os protegeriam disso. Foi então que Natsu percebeu que eles não usavam capacetes, logo todas as áreas da cabeça e do pescoço estavam expostas. Um soco bem dado no queixo seria o suficiente para fazê-los desmaiar caso fosse pego.

O barulho vindo da cela de Lucy o despertou de seus pensamentos, quebrando a linha de raciocínio e concentração que acabara de criar. A garota se remexia, tremendo de frio e tentando achar qualquer forma de conforto para que descansasse, mas estava sendo impossível.

Lucy se repreendia naquele momento de ter escolhido aquela roupa de tecido tão fino e leve, que permitia facilmente a entrada do vento para ir contra a sua pele. Se tivesse vestido aquelas roupas exageradas de seu armário, pelo menos não sentiria frio com tantas camadas de pano que elas possuíam.

— Natsu, — Chamou Lucy em um sussurro, tendo que forçar a boca a parar de tremer e seus dentes pararem de se chocarem uns contra os outros — desculpe-me por ter te arrastado nessa confusão...

Natsu estava aborrecido por ter acabado naquela situação e sua raiva por não conseguir ter pensado em algo para sair daquele lugar só o deixava com menos paciência. Porém, não era capaz de culpar Lucy. Ela só queria algo que ele mesmo havia buscado durante tanto tempo: Liberdade.

Encheu os seus pulmões de ar e deixou um longo suspiro escapar-lhe da boca, assim relaxando o seu corpo e esfriando sua cabeça.

— No momento, é mais eficiente nós pensamos em um jeito de sair daqui do que pedir desculpas desnecessárias. Certo?

— Sairmos daqui? Mas não vamos esperar para o dia do julgamento? — Perguntou Lucy.

— Senhorita, me perdoe se serei muito desrespeitoso, mas aqui as coisas não são assim — Natsu começou a explicar. — Não duvido que logo iremos para a forca e não poderemos dizer nada contra, mesmo que todas as acusações sejam mentira. Os nobres são assim, e no julgamento não será diferente.

Nesse mesmo instante, Lucy se calou. Não queria acreditar que tudo era tão injusto assim e que ao menos uma pessoa iria ouvi-la, porém lembrou-se da memória fresca que ainda guardava de quando viu Natsu pela primeira vez. Ele estava acorrentado e sendo maltratado sem nenhum motivo aparente. Ele conhecia uma realidade totalmente diferente da que ela conhecia e o sofrimento era constante na miserável vida de escravo que lhe foi concebida.

— Mas então, como iremos fugir? Estamos presos e há guardas por quase todo lado.

— É nisso que eu estou tentando pensar — Natsu estalou a sua língua, visivelmente incomodado por não conseguir achar a resposta.

Depois de um tempo, a hora mais escura da noite começou a chegar. O céu ficou preenchido por véus de nuvens cinzas, escondendo as estrelas e a lua por trás dela. Enquanto isso, Lucy já havia conseguido adormecer por conta de sua exaustão. Embora Natsu também estivesse demasiadamente cansado, permanecia acordado formulando soluções de como sair dali. A única coisa necessária era uma ferramenta que fosse capaz de tirá-los dali. A força nos braços não seria suficiente para quebrar as rígidas grades de ferro da cela.

Estava quase perdendo as esperanças e se conformando com a morte prevista, quando então um pequeno fecho de luz foi direto no seu olho direito, forçando-o a fechá-lo por incômodo. Procurou de onde vinha essa luz, até que achou um alfinete que estava reluzindo na luz da lua. Era uma chance.

Mesmo que fosse improvável que conseguisse tão facilmente o plano que tinha bolado em sua mente, buscou tentar. Foi até a porta de sua cela e dobrou as duas pontas do alfinete, fazendo-o ficar numa forma de “U”, colocando-as diretamente na fechadura da porta. Começou a mexer no alfinete com cuidado e precisão, aproximando o seu ouvido para que pudesse escutar qualquer ruído sequer que fosse produzido. Depois de várias tentativas frustradas que já o estavam estressando, escutou um ruído agudo que o alfinete produziu. Encheu-se da confiança que ainda lhe restava e mexeu o alfinete novamente, porém com muita mais cautela. Um barulho repentinamente foi produzido, como um estalo. Nem precisou de empurrar a porta, pois ela abriu-se sozinha.

Conteve um grito eufórico e apenas deixou um fraco sorriso de orgulho no rosto, que logo desapareceu assim que lembrou-se que teria que se focar em como passar pelos guardas agora. Saiu de sua cela com passos silenciosos, encolhendo-se quando a porta de sua cela rangeu.

Quando estava se dirigindo para a porta que tinha no final do corredor das celas que o levaria para o lado externo, parou e virou-se para trás e viu Lucy. Ela estava dormindo em um sono profundo, nem mesmo tinha se remexido com qualquer barulho que fosse. Seus cabelos loiros e sedosos caiam de seus ombros e alguns fios ficavam em seu rosto por conta da posição fetal na qual estava.

“O que estou fazendo? É minha chance de fugir da morte e de uma vida de escravo!”

Quando estava se virando novamente para a porta, decidindo ignorar a garota que hibernava com o corpo espalhado pelo chão, ouviu uma voz perturbadora lhe sussurrar na mente, como se fosse sua consciência:

“Então, tu vais novamente deixar uma garota morrer, Natsu?”

[Flashback]

— Pode jogar! — Afirmava uma voz fina e feminina.

Em um campo aberto, num gramado esbeltamente verde e próximo a uma floresta, duas crianças brincavam com uma bola. As crianças mantinham certa distância uma da outra, para que houvesse uma chance melhor de mira. Uma delas possuía cabelos rosados arrepiados, olhos masculinos extremamente negros que fitavam sua oponente.

A oponente do menino era uma menina de olhos azuis exuberantes, cabelo quase tão esbranquiçado quanto a neve, pele de cor pálida e um sorriso animado contagiante. Tinha quase a mesma idade de seu amigo.

Ao ouvir a deixa de sua oponente, o garoto resolveu então lançar a bola gasta e quase murcha. Botou certa força proposital no lançamento para que sua adversária não fosse capaz de agarrar a bola e assim se fez. A bola se distanciou e desapareceu no meio das árvores da floresta que estava próxima dali.

— Natsu, a bola foi muito longe — A garota disse com uma voz melancólica por ter que pensar em enfrentar a floresta para ir pegar a bola. — Estou com medo de entrar naquela floresta. A minha irmã disse que essa floresta é muito perigosa.

— Foi bobear, terás de pegá-la agora! — Disse Natsu, colocando as mãos na cintura e encarando a colega com certo divertimento estampado no rosto.

A menina de cabelos esbranquiçados soltou um suspiro triste. Recompôs-se e criou toda a coragem que tinha, encarando o conjunto de árvores e matas que estava na sua frente. Começou a adentrar na floresta com passos lentos, temendo qualquer ruído que a floresta transmitia. O Sol começava a desaparecer por meio das várias folhas de árvores, projetando sombras sinistras no chão. O vento zumbia, como se fosse sussurros de vivos e fazia com que os galhos das árvores tremessem.

Os olhos juvenis avistaram de longe a bola flutuando nas águas claras de um lago, correndo até ela. Percebeu que teria que entrar no rio se quisesse alcança-la, então retirando as suas sapatilhas para que não as molhasse no momento em que entrasse em contato com a água. Quando já estava para agarrar a bola, viu bolhas de água ao seu redor que começaram a aumentar e se acumularem. Assustada, fez a primeira coisa que lhe foi conveniente: Soltou um grito.

Alarmado, Natsu correu para dentro da floresta quando reconheceu aquele grito vindo de dentro da floresta. Quando chegou ao lago, já era tarde demais. Apenas pôde manter-se paralisado e aterrorizado por dentro quando viu os sapatos da amiga na beira do lago e a bola que ainda flutuava.

Gritou pelo nome da amiga, mas não obteve nenhuma resposta.

“Ela se afogou por minha culpa. Eu sou um assassino!”

Fim do Flashback.

A culpa que ainda carregava em sua mente não permitiu que desse mais um passo a frente. Simplesmente não podia abandonar aquela garota. Não iria se perdoar caso acontecesse qualquer coisa de ruim com ela.

Com isso essa perturbação no pensamento, foi até a cela de Lucy e a abriu do mesmo jeito que abriu a própria. O barulho dessa vez fez com que a loira acordasse. Se remexeu no chão sujo e encarou Natsu, conseguindo enxergar apenas por conta da luz da lua que vinha da única janela do local.

— Natsu? — Sentou-se no chão, esfregando os seus olhos para que sua visão ficasse mais nítida. — Como conseguiu abrir as celas? — Perguntou claramente surpresa, levantando-se e quase tropeçando na própria perna por conta dos pés que estavam dormentes.

— Depois conversamos sobre os detalhes, precisamos de sair daqui agora.

Decidindo não discutir, Lucy saiu de sua cela e seguiu Natsu até o lado externo da área das celas, chegando a um longo corredor que possuía só um caminho. O caminho para a liberdade dos dois.

Quando estavam no meio do corredor, Natsu percebeu pela audição passos de um guarda vindos de longe. Olhou para os lados, procurando por alguma saída ou esconderijo, mas não achava nenhum. No último momento, percebeu uma janela que estava a poucos passos dele. Foi até ela, com Lucy o seguindo e sentou-se na beirada da janela na intenção de jogar-se. Sem ter tempo para pensar mais, esticou a mão para Lucy, num convite para que ela pulasse junto com ele.

— Natsu, não me diga que vais...

— Lucy, não temos tempo. Precisas confiar em mim.

Lucy sabia que os dois poderiam se ferir caso pulassem daquela janela, sabia que, caso a altura fosse grande, não havia sorte que os salvaria. Sabia disso tudo, mas mesmo assim segurou a mão de Natsu e pulou.

Durante a queda, sentiu um frio preencher quase toda a sua barriga, vinda com uma sensação de medo que a fazia fechar os olhos com força. Forçou-se a não gritar, tendo que morder o lábio inferior para impedir isso. O vento forte fazia com que cada fio loiro de seu cabelo se agitasse. Era incapaz de calcular em qual altura estava caindo, pois mal pode pensar nisso ao se jogar da janela.

Em meio ao medo e desespero, sentiu o seu corpo ser envolvido por dois braços durante a queda. Sentiu o calor do toque de outro corpo contra o seu em meio ao vento frio que ia contra ela. O sentimento que esse abraço passava substituiu todo o pânico que a dominava em segundos.

Quando abriu os olhos, já estava no chão, com algo em baixo de si. Viu o corpo de Natsu embaixo do seu, saindo imediatamente de cima dele ao aperceber-se disso. O constrangimento estava óbvio em seu rosto por ter ficado naquela posição com o Fate.

Ele havia a protegido, amortecendo a queda e recebendo a maior parte dos danos provocados por ela. Lucy ficou feliz e ao mesmo tempo envergonhada ao aperceber-se disso.

Ao Lucy ver os olhos de Natsu ainda fechados, ela sentiu o pânico começar a voltar para si. Sacudiu o corpo de Natsu com suas mãos, chamando-o pelo nome e rezando mentalmente para que ele estivesse bem. Aliviou-se ao ver o moreno abrir os olhos, soltando um suspiro e colocando a mão no peito.

— Eu estou bem — Respondeu Natsu, antes mesmo que Lucy perguntasse. Sentou-se na grama, avaliando a companheira para ver se ela havia se machucado. Ao perceber que não, levantou-se do chão.

Os dois haviam caído em um gramado úmido, do outro lado do portão principal onde eles deveriam sair e, por sorte, longe da maioria dos guardas. A altura não havia sido muita para danos grandes.

Natsu logo adiantou-se e buscou por um caminho que levasse à saída, trazendo Lucy consigo. Nesse momento, o rapaz avistou um pequeno estábulo. Foi em direção dele e escolheu dois cavalos para a fuga.

Lucy pensou seriamente no quão errado era estar furtando um cavalo, ainda mais de autoridades, mas resolveu não discutir ao concluir que isso seria apenas mais uma loucura que ela cometeria naquela única noite. Os dois montaram nas selas de dois cavalos e escaparam do presídio, escolhendo passar pelo lado da cerca, onde as chances de serem vistos era menor.

Não demorou para que fossem descobertos por um dos guardas, porém, já estavam distantes o bastante para que não fossem alcançados.

— Para onde vamos? — Perguntou Lucy para Natsu quando já estavam distantes do presídio.

Natsu pareceu refletir profundamente sobre a resposta antes de falar. Sabia o local da cidade onde se localizavam, mas saber onde ficava a casa dos Heartfilia era um desafio, visto que ainda não havia memorizado o trajeto até lá.

— Não faço ideia.

Lucy já ia fechando-se nos muros da decepção, mas então lembrou-se de algo que ainda carregava consigo. Colocou a mão por entre os seios, retirando com os dedos um papel deles. O papel com o mapa do endereço da casa de Levy.

— Eu sei onde.


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Notas finais do capítulo

Lá vamos nós com mais uma declaração de desculpas minhas.
Me desculpem por meu vocabulário ter sido tão limitado nesse capítulo. Me desculpem por ter, provavelmente, muitos erros ortográficos. E, por fim, me desculpem por ter limitado um pouco minha descrição em alguns momentos.
Acho que é só isso que eu tenho para me desculpar.
E, caso encontrem qualquer erro nesse capítulo, me falem nos comentários e eu lhes seria muito grata!
Até o próximo capítulo - que não demorara tanto quando esse demorou para chegar!



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