Embreagada pela mesma melodia, sufocada pelas mesmas palavras clichês de uma rotina monótona.

"Aumente o volume, talvez assim você possa não ouvir as vozes gritando em sua mente".

Tracy, oh doce Tracy. Ingrata, vive em sua pequena bolha, em seu pequeno conto de fadas. Acorde, a realidade é outra.

–Mas você não pretende me ajudar? A sair daqui? Desta ilusão mascarada de felicidade?

Oh, mas você não percebeu? Sua luz do fim do túnel é apenas uma miragem. É na verdade um oceano obscuro habitado por ódio e amargura, desespero e insegurança.

Tente fechar os olhos e respirar mais fundo, é possível ouvir os gritos desesperados das almas quebradas pela cruel ordem de "viva decentemente, siga o padrão da sociedade". Besteira, não passa de besteira.

Oh garota, você ainda vai se iludir tanto. Falo isso porque não passa da amarga verdade.

Você tem um cheiro amargo. O desespero está impregnado na sua alma. Você é formada de mágoas e desespero. Ou será que é apenas vazia?

Não consigo ver nada nos seus olhos. Ou, talvez seja porque está muito escuro. Não consigo acender as luzes. Não acredito, você se apagou por completo?

Você está tão frágil. O que aconteceu?

É tão inútil ver você tentando correr para mais longe. Você está presa dentro de você mesma.

Você ainda espera o perdão? Você nem mesmo disse "as famosas últimas palavras".

Você já está morta.

Você foi corroída por dentro. Por você mesma?

Confuso, não é?

Não se preocupe querida, você ainda vai acordar.

....

Eu brincava com a colher naquela xícara de café já frio. Aquela cafeteria era tão vazia. Havia apenas mais umas seis pessoas além de mim.

Eu olhava para a rua, observava as pessoas, suas expressões. Algumas estavam correndo apressadas, outras caminhavam tranquilamente e outras pareciam tão perdidas quanto eu.

Estava perdida em meus pensamentos. Aquelas vozes irritantes sempre sussurravam e gritavam em minha cabeça, me levavam ao delírio.

Avistei um rosto familiar, andando com uma expressão tão perdida. Entrou no estabelecimento e sentou-se próximo a mim.

Era o mesmo garoto que eu já vira algumas vezes. O que tanto me chamava atenção, estranhamente.

Qual era o seu nome mesmo?

Finalmente pude me jogar em minha cama e afundar na tortura que eram meus pensamentos, meus profundos e dolorosos pensamentos.

Uma garota excluída comum? Eu já passava para uma depressiva, problemática e suicída. Já tentei me matar, não me vejo longe disso...

Comecei a me ver dependente desses remédios estúpidos para dormir.

Engoli a pílula e lá estava eu, ao alcance do meu pior pesadelo.

A solidão que é minha mente.

...

Oh, são eles. Os demônios tentando te afundar.

Por favor, apenas peço que tenha cuidado.

Não se afunde em suas próprias mágoas.

Ah, mas a vida é tão linda.

Aproveite-a.