Caroline

As aulas haviam terminado, e agora todos os alunos corriam para fora da escola. De fato, o campus estava lotado... tanto o Ensino Fundamental quanto o Médio comemoravam o começo das férias de verão, embora para os veteranos fosse um tanto melancólico, já que marcava nossa separação pois cada um seguiria um caminho diferente, trabalho ou universidade. Eu fazia parte desse grupo.

Meu nome é Caroline Grey, e moro no hospitaleiro estado do Mississipi. Sim, o mesmo estado em que o rei do rock, Elvis Presley, nasceu. De fato, meu nome foi escolhido por conta da música dele, Sweet Caroline, afinal, meu pai é um grande fã de Elvis, e eu também. Mas eu vivo em Greenville, não em Tupelo.

Senti um tapa em minhas costas e logo soube que era minha melhor amiga Alyssa Thomas; ninguém a não ser ela chama a atenção das pessoas estapeando. Me desencostei de meu carro para a encarar. Os cabelos curtos sobre o ombro estavam bagunçados e os olhos âmbar brilhavam com divertimento; isso tudo combinando com o 1.53cm que ela tinha a davam um ar quase ingênuo. Mas o sorriso esperto e ousado, o queixo erguido e camisa da banda favorita desmentiam. Na verdade, se tivesse que dizer uma música que combinasse com ela, seria Trouble, do Elvis.

– Bota um sorriso nessa cara, Line! – ela estapeou meu ombro novamente – Férias! Estamos de férias! – ela socou o ar – Que ótimo! – ela riu – Tenho três meses para fazer Steven descobrir que estamos em um relacionamento!

Steven Carter era o cara por quem Alyssa estava apaixonada desde os quinze anos. Ele até era bonitinho, com os cabelos escuros na altura do queixo e os olhos pretos contrastando com a pele branquinha. Alyssa sempre dizia que eles estavam em um relacionamento, só faltava ele descobrir.

Sorri para minha amiga.

– Desejo sorte! – falei.

Ela me encarou como se eu estivesse dito algo absurdo.

– Como assim me deseja sorte? Você vai me ajudar! – eu ergui minhas sobrancelhas diante dessa afirmação. Na verdade, não estava muito surpresa. Era questão de tempo até ela querer me meter nisso.

– Desde que eu não precise fazer nada tão louco ou ilegal... – comentei.

Alyssa ia dizer algo, mas olhou para algo além de mim e retorceu o rosto em uma expressão de nojo. Segui seu olhar e senti o mesmo nojo que ela; não pelo fato de Aaron Brown estar na mesma linha de visão que eu, mas sim pelo fato de Marie Johnson estar agarrada aos braços de Aaron.

Eu tinha uma queda do tamanho do Everest por Aaron, mas Marie também, e não havia nenhum jeito de eu competir com ela; para começar eu não tinha seus brilhantes olhos verdes e nem suas curvas. Comparada a ela eu me sentia sem graça. Desviei os olhos.

– Quer que eu vá lá e dê na cara dela? – Alyssa perguntou seriamente e eu ri alto.

– Não, por enquanto não. – suspirei.

Na realidade, eu queria. Queria muito.

– Quer almoçar lá em casa? – perguntei para Alyssa.

– Claro. – ela abriu a porta do carro como se fosse a dona e se jogou no assento do passageiro, apoiando os pés no painel.

Entrei no lado motorista e belisquei de leve sua canela.

– Por favor, tire o pé! – franzi as sobrancelhas – Isso suja o carro com a terra do seu tênis.

– Você está ficando igual ao seu pai. – ela resmungou, mas tirou o pé.

Liguei o carro e dei partida.

Adeus aulas, olá férias.

***

Caroline Grey: