O Fim escrita por Khatleen Zampieri


Capítulo 6
Cara a cara com a morte


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, estou fazendo um trabalho complicado da faculdade :)
Espero que gostem.



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Quatro pessoas desoladas, nas quais a esperança e a coragem foram tomadas diante de apenas uma imagem. Um gato que sonhava em encontrar seus amigos, agora chorava nas costas de uma garota sem poderes.

Não sabíamos o que havia acontecido enquanto estávamos fora, não fazíamos ideia do que poderia fazer tal coisa, nós só tínhamos certeza de uma coisa, o mundo que conhecíamos, havia acabado.

Caminhamos na areia da praia onde atracamos, o cheiro que vinha da cidade impregnava nossos olfatos de pura podridão. Entre as paredes dos prédios subia uma fumaça de cor preta, o fogo matava o restante das árvores, as nuvens pareciam ter combinado entre si de não deixar os raios do sol passar por elas, trazendo ao local uma sombra depressiva.

Ao lado da barraquinha que vendia churros, havia alguém se mexendo, Erza se aproximou devagar e silenciosamente. Quando viu o que o individuo estava fazendo, ela arregalou os seus olhos demonstrando medo, sim, a ruiva estava diante do medo, ela levantou a mão direita a boca, segurando o vomito. Fui até ela, e vi o motivo do seu olhar.

Era um senhor, ou melhor, o rapaz gentil que nos vendia suas guloseimas quando vínhamos a praia. Sua pele estava cinza, como um corpo que havia apodrecido há muito tempo, havia muito sangue em sua roupa rasgada, os ossos de seus dedos e joelhos estavam expostos, mas isso parecia não importar para ele.

Tudo o que ele via, era um garoto, que estava morto em seus braços, por um breve momento, pensei que o vendedor de churros chorava pela morte, mas não, ele foi a causa, o homem estava comendo as entranhas do garoto. Ele puxava a carne com tamanha vontade e fome, como nós comemos um X burger.

Um passo para trás foi tudo o que pude fazer, Gray e Natsu estavam logo atrás paralisados com a cena canibalesca que vimos.

_Droga.. – ouvi a ruiva bestemar e em seguida uma luz cobrir seu braço direito, e em sua mão uma espada afiada aparecer, sem nem pensar duas vezes, a lâmina atravessou o corpo do homem e da criança em um só golpe. Tinha acabado.

Fechei meus olhos por breves instantes, absorvendo tudo.

_Mas o que?.. – Erza questionou.

O corpo do homem se levantou e começou a vir em nossa direção, ele urrava de fome, sua mandíbula desejava morder algo desesperadamente.

Erza estava espantada demais para tentar pegar sua espada de volta. Ela ia ser pega pelo homem.

_Ice Make... – uma espada de gelo atravessa a cabeça do morto ambulante. – Acerte na cabeça!

Gray puxou de volta seu braço e empurrou o corpo com a perna, agora ele caiu e não se levantou mais.

Erza foi até ele e retirou a espada do seu peito. E por trás dela a criança havia se levantado e vinha em sua direção.

_Erza! – avisei minha amiga.

Ela olhou para a criança horrorizada, suas tripas balançavam enquanto ela caminhava, as vezes caiam em pedaços no chão e o pequeno pisava em cima.

_Erza... – Gray alertou novamente. – Mate-o.

_Eu... é uma criança... eu... – a ruiva andou para trás.

A cabeça da criança foi atingida por uma rajada de fogo antes de chegar a ruiva, a mesma caiu de joelhos no chão e se pôs a chorar. Fui até Erza e a abracei, o mundo havia mudado e as pessoas também, quem fez uma coisa dessas, não tinha coração.

A criança se debateu no chão enquanto sua cabeça queimava, logo o crânio derreteu e o cérebro queimou, matando definitivamente o pequeno ser.

_Nós precisamos arranjar abrigo enquanto ainda está claro. – Natsu olhava para a criança, mas seu cabelo impediu que eu visse seus olhos, reparei apenas numa lágrima que caiu de sua bochecha e molhou a areia em seus pés.

Caminhamos escondidos atrás de alguns prédios, quando víamos alguém se aproximando Gray os congelava, assim não faziam barulho e nem vinham atrás de nós.

A noite começava a fazer o efeito nas ruas, não enxergávamos muito longe e se usássemos o fogo de Natsu iríamos chamar atenção demais. Por consequência, as ruas pareceram se encher de pessoas mortas, pareciam que elas gostavam de andar no escuro.

_Vamos, temos que nos apressar. – Gray disse. Eu e Erza seguimos ele e atrás de nós vinha Natsu com Happy em suas costas.

Corremos por uma calçada que passava por baixo de árvores, aproveitamos que não tinha ninguém naquela parte, chegando ao final do trajeto, Gray para e olha para nós para verificar se todos estávamos bem.

Olhei para Erza, ela continuava calada desde o acidente com a criança. Não a culpava, se fosse comigo, eu não estaria diferente, Natsu e Gray compreendiam a situação da nossa amiga também, por isso a deixaram quieta.

_Vamos. – Gray falou e foi para frente mas deu de frente com uma pessoa morta. Quando viu Gray, ela começou a levantar os braços para pegá-lo.

Meu amigo acabou se assustando e caiu no chão, e nesse instante um ferro atravessou a parte de trás do seu joelho, empurrando um bom pedaço da carne para a frente.

_AHHHHHHHHHHHHHHHHHH! – ele gritou de dor.

_Droga! – Erza exclamou, ela correu até o morto e cravou uma espada invocada nos olhos da criatura. Quando tirou, a pessoa caiu para trás.

_Gray! – fui até ele e impedi ele de tentar se levantar e aumentar mais ainda o sangramento.

_Cara... – Natsu chegou perto.

_Ah meu Deus. – Erza se aproximou de nós. – Precisamos de um médico.

_Duvido acharmos um. – Gray protestou.

_Temos que tentar. – Erza argumentou.

_Sério Erza? – Gray olhou pra ela mostrando indignação e fez cara de dor em seguida.

_Sim... nós. – Erza começou.

_Quietos! – falei. – Eles ouviram o grito.

Apontei para a calçada que tínhamos vindo e de longe vinham dezenas deles correndo para pegar um pedaço de Gray.

_Vamos ter que tirá-lo daqui! – Natsu veio e pegou Gray no colo tirando seu joelho do ferro, saindo muito sangue.

_Ahhhhhhhh. Cara isso dói. – Gray gritou.

Eu corri até ele e apertei se joelho com um pedaço de pano que eu carregava na mochila improvisada.

_Desculpe. – falei vendo a cara de dor que ele fez quando apertei sua ferida. – Mas tenho que tentar estancar o sangramento.

_Vamos. – Erza disse e correu para um beco.

Seguimos ela e entramos numa porta, parecia os fundos de um bar.

Eu procurei pelos mortos enquanto Erza trancava a porta. Vasculhei cada canto do bar, parece que ali eles não entraram.

_Estamos seguros por enquanto.- desabafei e fui ver como estava Gray, Natsu o colocou sentado no chão.

_Isso está muito feio. – eu disse.

_Uau, os ossos estão aparecendo! – Erza exclamou atrás de mim.

_Vocês duas, podem parar de contemplar o meu joelho, estou começando a ficar envergonhado. – Gray reclamou.

_Desculpe Gray. – tirei o pano que havia colocado, não tinha mais espaço para sugar o sangue, estava todo ensopado. Olhei para os lados e vi muitas bebidas alcoólicas, olhei para Gray e ele entendeu o que eu iria fazer.

_Tudo bem... – ele virou a cara e mordeu um pedaço de pano para não gritar. Derramei a bebida no joelho de Gray, ele tremeu a perna, a dor devia ser imensa, mas assim não iria infeccionar por hora.

Peguei um pano limpo e pressionei novamente sua ferida.

Ele berrou, mas o som saiu abafado por causa do pano em sua boca.

_Me desculpe Gray. – me levantei. – isso é tudo o que posso fazer, ele precisa realmente de cuidados profissionais.

_Tudo bem, obrigada Lucy. – Erza disse colocando a mão no meu ombro e em seguida indo para o lado do amigo que sentia muita dor.

Olhei em volta procurando Natsu, ele estava na janela olhando o movimento de fora.

Fui até perto dele e vi Happy dormindo enrolado no cachecol em cima de uma cadeira.

_Natsu? – chamei por ele. Ele se virou pra mim e sorriu levemente.

_Você fez bem cuidando do Gray. – ele disse olhando para minhas mãos ensanguentadas.

_Não foi nada. – eu disse olhando para minhas mãos também.- Natsu eu estive sonhando com essas coisas desde que achamos o tumulo da Mavis.

_O que? – ele ficou surpresa e se aproximou de mim colocando suas mãos em meus ombros.

_Eu não sei, toda vez que durmo, eu sonho com a gente correndo e enfrentando essas pessoas mortas... – eu expliquei.

_Mas... por que não contou antes? – ele pediu preocupado.

_Por que eu pensei que eram só pesadelos, mas bem, parece um pesadelo real agora. – eu olhei para trás e vi Gray sentindo muita dor enquanto segurava o seu joelho. – eu sonhei com o Gray, ele havia machucado seu joelho desse jeito... e logo depois, bem meus sonhos nunca acabam bem.

Olhei novamente para Natsu, ele estava chocado, mas não tirou suas mãos dos meus ombros.

_Será que a fundadora te enviou esses sonhos como mensagem, avisando o que não fazer para nós não morrermos? – disse Natsu.

_Pode ser... mas ainda assim... – eu olhei em seus olhos que demonstravam medo. – eu também estou com medo Natsu.

Ele fechou os olhos e me abraçou. O abracei de volta, não queria que ele morresse como no meu sonho, cercado por uma multidão de pessoas canibais.

_Eu vou te proteger disso. – ele disse ainda me abraçando. – Eu prometo.

Apertei ele mais contra mim, não queria perdê-lo.

_Nós vamos vencer essas pessoas. – Natsu disse dando um passou para trás, desfazendo o abraço.

_Zumbis! – Erza entrou na conversa. – vamos chamá-los assim.

Natsu sorriu, olhou para mim e fez sinal positivo, me dando esperança.

O mundo estava sendo cruel conosco, eu queria que os meus maiores problemas ainda fosse pagar o aluguel e enfrentar vilões nas missões ao lado dos meus amigos. Mas estamos enfrentando a morte cara a cara, ela estava nos desafiando, eu e todos estávamos com medo dela, mas isso não significa que não vamos enfrentá-la.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Comentem.
Até o próximo.



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