O Fim escrita por Khatleen Zampieri


Capítulo 4
O que nos mantém em pé.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, mais um capítulo pra vocês, espero que apreciem.
bjs



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_Lucy, corra... por favor corra... – Natsu gritava pra mim enquanto segurava pessoas enraivecidas, nós tínhamos feito algo muito ruim para elas terem tanto ressentimento de nós a ponto de quererem nos matar a mordidas. – Lucy, vai...

Eu não queria ir e deixá-lo assim, aquilo era ridículo, aquelas pessoas eram humanas, o certo seria sentar e conversar. Eu me aproximei deles e levantei a mão em sinal de rendição.

_Por favor vamos conversar... – ouvi minhas voz saindo calmamente, mas eles se quer ouviram, continuaram a vir em minha direção, Natsu com seus ataques de fogo não conseguia contê-los, eles vinham com muita força para pessoas normais, eu estava começando a ficar com medo.

_LUUUCYY!.. CORRE! – Olhei para Natsu ele corria em minha direção, assim que me alcançou, ele segurou em meu rosto com suas mãos. – Você prometeu pra mim que ia se cuidar lembra, agora vá. Corra.

Eu olhei pra ele não entendo a situação. Ele suspirou.

_HAAAPPY! – Natsu gritou para o gato que desceu sobrevoando o fogo e a destruição do local. – Leve-a para um lugar seguro.

Ouvindo isso o gato desceu como um jato fazendo uma manobra arriscada e me arrancou do chão, Natsu me largou, e sorriu esperançoso.

Ao longe, mais pessoas enraivecidas vinham querendo pegar meu amigo, ele lutou e continuou a incendiá-las, mas ele não as venceria se elas continuassem a vir nessa quantidade.

Vi ele olhando mais um a vez para o alto, se certificando que estávamos fora de alcance, e assim ouve uma grande explosão e muito fogo, depois disso Happy estava sobrevoando comigo muito longe para que eu pudesse ver.

_NAAAATSUUUU.. – gritei ofegante procurando por ele, mas tudo o que eu vi, foi o azul escuro do mar em minha frente, ainda estava noite, olhei para o meu lado e vi Happy se mexendo e Natsu fazia menção de abrir os olhos, deitei rapidamente para disfarçar, não queria conversar.

Fiquei olhando para o mar, sem conseguir dormir, fiquei pensando naquelas pessoas, havia algo de errado com elas, e que pesadelo horrível, tentei parar de pensar nisso, mas quando dei por mim, o sol já havia começado a aparecer clareando o horizonte.

Levantei e comecei a arrumar as coisas que iríamos levar, adentrei um pouco na floresta pra pegar algumas frutas para a viagem, talvez fosse longa, ou curta, ninguém sabe, mas estava prevenindo que ninguém ficasse sem comida.

_Hey Lucy? – era a voz de Erza me chamando, suspirei e tracei meu caminho de volta levando a comida que eu consegui achar.

_Não suma assim. – Pediu Natsu arrumando seu cachecol no pescoço.

_Desculpe. – pedi, eles estavam muito empolgados e ansiosos para encontrar o resto do pessoal, não queriam perder tempo, mas nós precisaríamos desses alimentos.

_Vamos se todos estiverem prontos. – Gray já estava na jangada que construímos.

Subimos junto dele, Natsu ficou por último para dar um impulso, mas com isso chegamos a poucos metros de distancia da ilha. Todos olharam uns para os outros.

_Acho que vou tentar... – Natsu se abaixou na parte de traz do transporte e quase vomitou. Fui até ele e o levantei. – Obrigado, ugh... eu vou tentar fazer um tipo de jato.

Dizendo isso ele virou para trás e das mãos saíram chamas violentas, o barco se moveu para a frente, o lado oposto do fogo. Todos foram parar no chão com o solavanco, mas sorrimos.

_Acha que consegue fazer isso mais algumas vezes? – Gray pedi ao amigo.

_Vou tentar. – Disse Natsu fazendo mais um jato de chamas.

_Você vai ficar bem? – pedi, Natsu é sensível aos meios de transportes, talvez não fosse boa ideia.

Ele apenas olhou pra mim e sorriu convencido, então voltou-se para trás e continuou por um longo tempo fazendo o mesmo movimento.

Eu suspirei e olhei para a Ilha que aos poucos ia ficando menor ao nos distanciarmos. Estava feliz por deixarmos aquele lugar, mas ainda assim, seria o certo a se fazer? E se foi apenas minha impressão ter ouvido vozes? E se nossos amigos tivessem lá enterrados ainda?

Não, não podia pensar assim, Mavis havia nos guiado de forma certa, ela não deixaria nada de mal acontecer aos seus sucessores não é? E Happy havia escutado ela também. Nós precisávamos confiar nos nossos instintos.

Meus pensamentos foram bagunçados ao ouvir algo caindo na jangada e com o solavanco.

_Agh... desculpem... – Natsu havia caído para trás, ele permanecia deitado no meio de nós.

_Tudo bem Natsu. – Erza o tranquilizou. – Já está tarde, descanse, nós vamos remar enquanto isso.

Gray pegou um remo improvisado, isso era um pedaço de madeira, e jogou o outro para Erza.

_E eu? – pedi.

_Cuide de Natsu. – Erza disse. Me senti meio mal, não por cuidar de Natsu é claro que não, cuidaria dele sem que me pedissem e de bom grado, mas por não escolherem outra pessoa, me senti fraca por não poder ajudar a remar.

_Não faça essa cara, assim eu penso que você não quer ficar cuidando de mim. – a voz de Natsu saiu rouca, mas ele olhava pra mim preocupado.

_Não é isso. – falei, baixei o olhar, não queria encará-lo. – Só acho que todos me acham fraca.

Ouvi um suspiro vindo do meu amigo. E um pequeno barulho, ele estavam se sentando.

_Já conversamos sobre isso não é? – sua voz saiu um pouco rouca. Eu levantei e procurei nas nossas coisas, assim que achei, alcancei para Natsu um cantil de água. – Obrigado.

Ele bebeu, mas deixou um bom tanto no recipiente ainda.

_Eu sei que nós já falamos sobre isso, mas parece que tem alguma coisa errada desde.. – eu olhei para ele, o mesmo prestava atenção em tudo o que eu dizia, mas ainda assim seu mal estar parecia atrapalhar. – Por que você não dorme um pouquinho, eu fico de olho no resto.

_Tudo bem... – ele se deitou e fechou os olhos. – mas você não é fraca Lucy, é mais forte do que pensa. E todos sabem disso.

Eu sorri para ele aproveitando que o mesmo estava com os olhos fechados, Nastu embora estivesse sujo, com olheiras e cansado, ele continuava forte, aos poucos vi ele relaxar os músculos do rosto e sua respiração pesar mais, ele tinha adormecido, como o rapaz dormia rápido.

Cheguei mais perto dele, colocando uma manta, um pedaço de uma barraca que encontramos no acampamento abandonado perto do tumulo da fundadora.

Quando o manto cobriu seu corpo, ele suspirou e em seguida sorriu. Um sorriso inocente e singelo, Natsu parecia um anjo de cabelo cor de rosa quando dormia, aparentava ser tão inofensivo, mas ele era, não faria mal a ninguém, era a pessoa mais gentil e boa que eu conhecia.

_Lucy... – Erza me chamou, eu despertei de meus pensamentos olhando-a confusa. – Você poderia ficar de guarda enquanto tiramos um cochilo? Estamos exautos.

_É claro. – afirmei. – descansem, eu fico de olho.

Gray e a ruiva sorriram e deitaram na jangada.

Olhei o céu, estava limpo, o mar estava calmo, o vento levemente fresco, não era o suficiente para sentir frio, tudo parecia tão tranquilo, tão sereno, como o mundo estava em caos? Não havia nem um sinal de perigo, isso seria só em terra? O que estava acontecendo afinal de contas? Olhei novamente para o céu tentando procurar um resposta, procurei alguma estrela no céu, mas todas haviam sumido, e não havia nuvens, o que?

Onde elas estavam? Será que aconteceu alguma coisa com meus amigos no outro mundo?

Rapidamente procurei minhas chaves, procurei pela minha chave de longe mais preciosa, e a posicionei para frente.

_Portão da portadora das águas. Abra-te. – falei alto em bom som. – Aquarius!

Mas não aconteceu como sempre, nenhuma luz invadiu minha visão e em seu lugar um sereia raivosa apareceu, ao em vez disso, tive a sensação de ser sugada para dentro de um buraco negro e descer por uma descarga. Quando meu pés tocaram o chão firme, algo subiu por minha garganta, provavelmente era o meu último lanche.

O cheiro de cinzas atingiu minhas narinas antes mesmo da visão de um cenário de guerra, onde a morte foi a principal característica da batalha, atingisse minha visão. Tudo o que pude ver, foram ruínas, os templos dos doze espíritos do zodíaco, estavam no chão, seus pilares caídos por cima de cadáveres, suas abóbodas de vidro magníficas agora era cacos sem qualquer arte, o aroma de doces e flores dera lugar ao cheiro de carne podre e a queimada, as árvores fartas de frutos, eram apenas raízes mortas, o céu azul cintilante e suas milhões de estrelas, simplesmente haviam desaparecido, tudo o que se podia ver era caos.

Um passo para frente foi tudo o que consegui andar, minha pernas haviam amolecido, mas o som de um osso sendo atingido me fez olhar para baixo.

Um esqueleto jazia em minha frente, no seu pescoço tinha um colar e caído perto de seu crânio estava um tiara dourada, em seu peito, havia um biquíni de cor irreconhecível, meus olhos ardiam querendo segurar as lágrimas que insistiam em sair, mas ao ver que seus pés não existiam e tudo o que restava era um exoesqueleto de peixe em sua parte de baixo, meu joelhos cederam, caí de joelhos em frente a uma velha amiga, as lágrimas que um dia soltei de tristeza que ela me consolou quando pequena, agora caíam sobre seus ossos.

A dor de perder alguém que ama, invadiu não só meu coração, meu corpo inteiro, a culpa por não estar com ela, fazia minha cabeça doer. Minhas mãos pegaram a chave azul e dourada que me trouxeram ali, por que? Meu Deus por que?

Olhei para baixo e vi um pequeno papel preso entre os seus dedos, peguei aos soluços e desfiz sua dobra ao meio.

“Lucy, o mundo dos humanos foi infectado, não sei exatamente como aconteceu, mas acabou afetando o mundo espiritual também, todos fizemos o que estava ao nosso alcance, mas presumo que não a mais nada que possa ser feito. Muitos amigos morreram, perdi o amor da minha vida durante essa praga, perdi tudo, eu sinto muito não poder protegê-los, fiz o que pude. Sinto muito ter sido má com você, mas agora a beira da morte a pessoa que eu mais queria ver antes de partir, é você, minha dona insuportável, ainda lembro que você me chamava de sereia e me fazia dar banho em você. Bons tempos. Lucy seja onde estiver ou porque ficou tanto tempo longe, sei que tem suas razões, mas quando voltar, não vai gostar do que vai ver. Queria poder ter te dado mais um banho, mas deixo minha chave como lembrança para você, cuide bem dela. Adeus velha amiga. Ass: Aquarius, o espírito mais poderoso.”

_NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO! – Soltei tudo o que estava preso, a dor, a angustia, a agonia, a tristeza, a saudade, a raiva, os sentimentos que já tive por ela. – AQUAAAAAAAAAAAAAAAAAARIUS!

Ela não me respondeu. Suspirei e levantei, peguei o cordão que ela tinha no pescoço e passei pela abertura da chave de aquário, coloquei no meu pescoço e fiz um nó firme na minha nuca.

_Portão de Aquarius. – olhei uma última vez para minha amiga. – Fecho-te!

Novamente tive a sensação de ser engolida e expelida, senti a madeira da jangada e o sol batendo no meu rosto, forçando-me a fechar os olhos.

Eu só sentei e escutei a voz dos meus amigos me pedindo onde eu estava, por que tinha sumido, se eu estava bem.

Apenas me encolhi como uma criança, e deixei toda a dor sair pelas minhas lágrimas. O que manteve Aquarius lutando por tanto tempo? Seria o amor pelo Escorpio? Seria a amizade pelos seus amigos espíritos? Seria a esperança de me ver de novo? O que a manteve em pé?

Olhei para meus amigos com minha visão embaçada, eles estavam todos preocupados, meu Deus e se o que houve no mundo espiritual aconteceu no nosso? Se esse era o caos que Mavis havia mencionado, estávamos chegando tarde demais para ajudar.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Criticas?
Comentem por favor.
Obrigada e até o próximo.



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