Fiquei boquiaberta com o que acabará de acontecer, eu consegui? Eu?

—Você conseguiu? – Gray também não estava acreditando no que eu fiz.

Cheguei perto do zumbi especial e verifiquei, ele parecia morto de verdade. Levantei e afirmei o feito para Gray, ele suspirou de alívio e foi em direção a Juvia que se encontrava desmaiada alguns metros dali.

Fui até Gildartz para acordá-lo, chegando perto reparo sua respiração acelerada, ele suava bastante e estava com os olhos estralados, quando me viu ficou assustado, mas logo me reconheceu, então relaxou o corpo.

—Vamos levá-lo de volta a guilda. – eu disse colocando minha mão esquerda sobre seu ombro.

—Não... preciso ver o Natsu... depressa... – ele disse suplicando.

—Pois então, Natsu está lá. – respondi tentando convencê-lo, ele devia ter batido a cabeça.

—Não, você precisa tirá-lo de lá, antes que seja.... que seja tarde... – ele pegou minhas mãos e apertou-as com força. – prometa que vai... que vai tirá-lo de lá... por favor...

—Não estou entendo. – disse assustada.

Ele suspirou e olhou assustado para traz de mim, olhei rapidamente e o zumbi especial tinha se levantado de novo.

Eu fui me levantar, mas o zumbi me pegou com sua mão, apertando meus braços contra meu corpo. Logo sua mão começou a ir em direção a sua boca, minha flecha estava fincada ali, eu poderia empurrá-la para cima e atravessar o cérebro, mas eu não conseguia chegar até lá antes de ser engolida. Droga, é assim que eu vou morrer?

—Lucy!!! – Gray me chama e atira sua magia de gelo no zumbi, mas de nada funciona, ele continua a me segurar.

Vendo seu fracasso, Gray vem em minha direção correndo, mas para ao ver Gildartz em pé colocando sua mão dentro da boca do zumbi e cravando a minha flecha mais fundo, porém antes que o zumbi morresse, ele fechou a boca e levou consigo o braço do mago.

Eu caí no chão sentada e o zumbi caiu para o outro lado, Gildartz segurava o resto que sobrará de seu braço com dor.

—Você está bem? – ele perguntou preocupado comigo.

—Lucy? – Gray chegou ao meu lado com Juvia no colo. – estanque o ferimento do Gildartz.

—Não adianta mais. – ele recuou sorrindo.

—O que quer dizer, você acabou de ser mordido, se agirmos rápi.. – ele me interrompeu.

Ele levantou a blusa e mostrou uma mordida de zumbi próximo as costelas.

—Eu não tenho mais cura. – ele baixou a blusa e olhou para nós esperançoso. – mas vocês são nossa esperança, a esperança para os mais velhos.

Eu baixei a cabeça, tinha certeza que não era a esperança de ninguém.

—Lucy, preciso ver Natsu. Ele está em perigo. – Gildartz disse com dor na voz.

—Ele está nas masmorras da guilda, Lisanna o pôs lá. – respondi desanimada.

—Aquela menina, não sei o que deu nela para agir assim, mas ela.. – ele começou a tossir.

—Gildartz, é verdade que Natsu é END? – Gray pediu sério.

—Infelizmente sim. – ele afirmou. – Mas não adianta Natsu lutar contra Zeref, vocês tem que impedir isso... cof.. cof.. senão ele vai... cof..

—Gildartz, aguente firme. – segurei ele para que o mesmo não caísse.

—Lucy, se Natsu... se ele matar Zeref... ele vai... vai morrer! – Gildartz falou desesperado.

Olhei para Gray que segurava Juvia, ele olhou sério e cauteloso para mim.

Depois disso o mago desmaiou em meus braços, ele estava à beira da morte, eu não sabia mais o pensar, Gildartz iria morrer, como Natsu iria reagir a isso, e quando ele soubesse que foi minha culpa, e Lisanna, será que ela sabe que se Natsu vencer Zeref, ele vai morrer? Por que ela não mandou reforços antes para ajudar Juvia e Gildartz? Por quê?

—Lucy?.. – Gray me chamou por que eu estava chorando, não consegui mais segurar. Tudo estava desmoronando e morrendo diante de mim, tudo o que eu mais amava, a guilda, meus amigos, minha magia e, agora Natsu iria ter que morrer para salvar o mundo? – Vai ficar tudo bem, quando Natsu souber disso, ele não vai lutar contra Zeref, vamos eu levo o Gildartz para lá e você leva a Juvia que é mais leve.

Eu levantei e peguei a maga d’água colocando-a sobre meus ombros, a garota devia pesar um pouco menos do que eu, senão o mesmo peso, era leve e fácil de carregar, e Gray levantou Gildartz com a mesma facilidade, assim fomos para a entrada da guilda, quando chegamos ao porão, as portas começaram a se abrir, Happy estava aguardando e quando nos viu veio direto nos abraçar. Mas quando viu Gildartz sangrando pousou no chão e começou a chorar.

—Por que trouxe um infectado de volta? – Lisanna pediu a Gray.

—O que? – ele perguntou olhando ríspido para a albina. – Ele é um membro da família Lisanna..

—Blá blá blá... – ela interrompeu-o. – não importa, quando mordidos não entram aqui, são as regras, e assim sobrevivemos durante sete anos que vocês cochilaram.

—Cochilamos por sua causa não é? – Gray revelou que sabíamos o segredo de Lisanna, ela olhou intrigada para ele, como se temesse o que sairia a seguir de sua boca.

—Não sei do que você está falando, mas voltando ao assunto, esse homem não pode mais entrar aqui, em poucas horas ele será um deles e vai querer nos matar, imagine a complicação que seria se ele se tornasse um especial? Já chega Romeo. – ela disse.

Naquele momento pareceu que o chão se abriu em meus pés, sabia que era coincidência demais, aquele Zumbi especial que Gildartz e eu matamos, era Romeo. Eu ajudei a matar uma criança, um amigo, um membro da nossa família.

—Como isso foi acontecer? – Gray perguntou tão abalado quanto eu.

—Macao sumiu há um tempo, uns dois anos, disse que ia procurar sobreviventes, mas não voltou, então Laxus encontrou ele transformado um tempo depois e o matou, não contamos isso a Romeo por que achamos que ele ficaria muito chocado, então ele quis sair e procurar o pai, nós deixamos, não fazia ideia que ia se transformar num especial... – Lisanna deu de ombros.

—Qual o problema com você? – perguntei enraivecida.

—Desculpe. O que? – ela disse dando um passo em minha direção.

—Se sabia que ele não iria sobreviver lá fora sozinho, por que o deixou ir? E por que deixou Gildartz e Juvia tanto tempo sozinhos lutando sem nenhuma ajuda enfrentando um especial que era membro da família? POR QUE LISANNA? – esbravejei me levantando.

—Como ous... – ela começou a falar, mas a interrompi novamente.

—E não me diga que não sabe que se Natsu matar Zeref ele morre também... – soltei a última bomba em cima dela.

Os olhos dela cerraram mais ainda.

—Eu só quero proteger o mundo. E pra isso preciso de sacrifícios... – ela respondeu.

—Está sacrificando pessoas importantes para nós Lisanna, e esses sacrifícios nem foram necessários. – argumentei.

—Não me importo com o que você ou os outros pensam. Eu vou salvar o mundo e trazer Mira de volta. – ela disse virando as costas e os portões começaram a fechar.

—O que está fazendo? – Gray gritou desesperado.

—Não posso deixar que vocês contem isso a ninguém, muito menos a Natsu, ele desistiria do plano. – ela disse por fim fechando as portas.

Olhei para Gray, ele apontou para traz, alguns zumbis começaram a nos cercar.

Gray deixou o mago que me salvou deitado e derrubou todos os zumbis com sua magia, Juvia começou a acordar aos poucos. Logo Gildartz também acordaria, e infelizmente com muita fome.

Gray e eu levamos os dois para cima e adentramos a floresta, achamos uma árvore que seria fácil escalar para passar a noite a salvo.

—Você e Juvia podem subir, eu e Happy ficamos com Gildartz. – falei me sentando ao lado do corpo desmaiado do pai substituto de Natsu e o gato pousando no meu colo.

—Se precisar qualquer coisa, se ouvir qualquer coisa nos chame. – Gray disse subindo na árvore.

Juvia se abaixou do meu lado e sorriu.

—Obrigada por vir nos ajudar, isso significou muito para Juvia e para ele. – ela apontou para o mago desmaiado.

Sorri pra ela e a mesma foi atrás de Gray.

Eu fiquei sozinha ali com um gato adormecido no colo esperando acontecer alguma coisa. Mas nada ocorreu, eu precisava falar com o Natsu e contar o que Gildartz disse, também precisava contar a Erza o que descobrimos de Lisanna, ela queria trazer Mira de volta, mas isso era impossível.

—Cof cof.. – Gildartz havia acordado, eu armei meu arco rapidamente e apontei uma flecha para ele. – ainda sou eu... cof.

—Ahh, que susto. – relaxei o corpo.

—O que houve? – ele perguntou olhando nos meus olhos.

—Lisanna não deixou a gente entrar com você. Desculpe. – revelei. Me sentia envergonhada em dizer algo assim, que uma menina egoísta como Lisanna nos impediu de levar Gildartz para a enfermaria, para cuidar dele nos últimos minutos, para que ele visse Natsu pela ultima vez, Lisanna deveria ter esse sentimento fraterno pelo mago também, pois quando criança, eles eram muito legados a Gildartz.

—Eu que peço desculpas por vocês não estarem em um lugar seguro a essa hora da noite.. cof cof. – ele lamenta.

—As vezes penso que aqui fora é mais seguro que lá dentro. – revelei meus pensamentos.

—É, eu também pensava assim, por isso saí. – ele conta.

—Natsu, vai morrer? – pergunto com lágrimas nos olhos para Gildartz.

—Eu não sei, Natsu é do tipo que... cof... que morre por quem ama. Então acho que sim. – afirmou o homem.

—Eu... não quero isso... quero impedi-lo, deve haver uma outra maneira de deter Zeref. – esbravejei entre as lágrimas, mas acabou saindo alto.

—Shhh. – Gildartz me alertou para diminuir o tom de voz. Me envergonhei com minha atitude infantil. – sei que quer proteger o Natsu, eu também quero, mas receio que essa seja a única maneira.

—Gildartz... – a voz de Happy se pronunciou. – Natsu quer ter filhos e formar uma família.

Eu comecei a chorar mais e Gildartz também se deixou levar, sim ele soluçava como eu, Happy me abraçou tentando me acalmar. Mas estava difícil com tudo isso acontecendo.

—Lucy... Happy... – Gildartz nos chamou com suas últimas forças. Eu o segurei rapidamente, ele estava morrendo. – Façam Natsu feliz...

Seus olhos ficaram sem vida, seu coração parou de bater e o peso do homem caiu totalmente sobre meus braços.

Happy começou a chorar e eu o abracei, juntos ficamos ali contemplando o corpo de um verdadeiro homem, que lutou até a morte para proteger aqueles que amava e sua guilda.

Ouvindo o choro, Gray e Juvia descem da árvore para ver o que aconteceu e deparam com Gildartz morto no meu colo, Juvia derramou lágrimas de tristeza e Gray olhou para o lado, como se sentisse vergonha por não poder protegê-lo.

—Agrhhhh.. – o rangido veio de Gildartz, ele havia voltado como Zumbi, eu peguei minha adaga e cravei em seu ouvido, acertando o cérebro, matando ele de uma vez, antes que se revelasse um especial.

—Meu Deus... – olhei minha adaga que agora tinha o sangue de um amigo, um amigo morto. Larguei ela e comecei a tremer.

—Lucy.. acalme-se. – Juvia se abaixou e me segurou pelos ombros. – Ele não era mais o Gildartz, era um zumbi, e zumbis devem ser mortos.

—Mas, eu matei Romeo também... – contei soluçando.

—Ele também era um Zumbi Lucy. – Dessa vez foi o Gray quem disse.

—Lucy.. – Happy me chamou pondo uma mão no meu peito. – Cada Zumbi que você mata é uma alma que você salva.

Olhei para Happy e agradeci novamente por ele estar sempre comigo. Ele sempre me acalmava.

—Descanse um pouco agora, eu fico de guarda. – disse Gray se sentando no lugar onde eu estava.

—Eu fico com o Gray-sama. Pode ir. – Juvia sorriu discretamente para mim.

Eu subi na árvore com a ajuda de Happy, e encostei-me no galho mais próximo, ali adormeci com o gato e meu colo.

O céu havia escurecido rápido e a única fonte de luz e de calor eram as chamas de END, elas cobriam toda Magnolia, matando milhares de pessoas, Natsu revelou sua forma demoníaca, a forma Etherius na luta contra Zeref, mas ao in vez de destruir o mago negro, achou mais divertido matar o resto das pessoas que ainda estavam vivas próximas ao local.

Gray, Juvia, Happy e eu assistíamos a cena horripilante procurando por uma forma de trazê-lo de volta a sã consciência, ou achar Lisanna para dar uma surra na mesma, porem tínhamos que avisar aos outros membros da guilda que eles também estavam em perigo, END não diferenciava quem era ou não amigo de Natsu.

—Isso é mal... – Gray reclamava com muita fuligem do rosto e cortes por todo o corpo.

—Vamos conseguir, vamos conseguir... – Juvia repetia isso várias vezes para não entrar em desespero.

—Estou com medo... – Happy revelou por fim chateado.

—Vai dar tudo certo. Vamos achar a Levy e pedir pra ela como podemos trazer Natsu de volta a ser como ele era, ela leu o livro, deve saber, e depois vamos levá-lo para bem longe, eu prometo. – falei confiante ao gato azul.

—E.. e se não der certo? – Happy pediu. Olhei para ele, o gato estava à beira das lágrimas.   Abaixei-me, fiquei na sua frente e coloquei minhas mãos sobre seus ombros peludos.

—Eu prometo que vamos ficar bem! – o gato parou de soluçar tanto e adotou uma postura de batalha.

Levantei e olhei para o nosso grupinho. Nós íamos sobreviver, e íamos salvar a guilda, bastava acreditar.

—Vamos! – Gray exclamou.

Logo que saímos de traz das ruínas da antiga Fairy Tail, demos de cara com um exército de Zumbis nos esperando.

Três zumbis especiais pularam em cima de Gray e o morderam, arrancando seu braço direito, outros quatro vinham em nossa direção, três deles eram normais e o outro um especial.

—Ahhhhhhhh. – Gray gritava, sua pele estava sendo arrancada, virei o rosto para o outro lado quando vi uma perna sendo arrancada.

—GRAAAAAAAAAAAAAY!!! – Juvia gritou indo em sua direção, usando sua magia sem controle nos zumbis que estavam atacando Gray, eu peguei Happy que estava paralisado e o escondi numa abertura que tinha numa árvore.

—Fique seguro! – eu disse baixinho, até sentir uma dor imensa nas costas, um zumbi arrancou pedaço de minha pele, outro me agarrou pelos pés e me puxou para uma mastigada, a dor imensa consumiu meu corpo e eu desmaiei.

—Lucy... Está bem? – Happy me sacudiu com sua patinha fofa.

—Estou.. – segurei minha cabeça, ela doía e eu tive tontura quando me sentei direito, tanto que escorreguei e cai da árvore, mas Happy me pegou antes que eu caísse no chão de cabeça.

—Hey... – Gray exclamou. – Tudo bem?

—Eu não sei, tive tontura... – fechei os olhos com força.

—Teve aqueles sonhos de novo? – Gray pediu e Juvia o olhou curiosa. – Lucy pode ver o futuro nos sonhos, Mavis manda pra ela provavelmente.

—Nós três morremos... – eles olham assustados para mim. – Sabe o que é curioso? Elas mudam a cada dia, de acordo com o acontece sabe? Mas eu sempre acabo morrendo.

—Você não vai morrer Lucy. – Happy disse convicto.

Eu sorri pra ele.

—Nós temos que invadir a Fairy Tail e contar a Natsu o que está acontecendo. – Gray disse.

—Mas como vamos entrar, Lisanna não vai abrir a porta. – Juvia disse argumentou.

—E se entrássemos pelo quarto da Wendy? Fica por aqui a porta que dá acesso ao quarto dela não é? – lembrei.

Eles sorriram, e assim procuramos pela misteriosa porta que eu havia aberto com Wendy na noite em que contei a ela sobre o plano de Natsu.

—Achei. – Happy exclamou, fomos até ele e Gray abriu a portinha, estranho, estava destrancada já. – Será que Wendy saiu?

—Bem, vamos ter que entrar. – Juvia disse, concordamos e todos desceram e aterrissaram no chão do quarto da pequena Dragon Slayer.

Ouvimos um barulho de alguém subindo as escadas para o quarto, rapidamente eu e Happy fomos pra debaixo da cama e Juvia e Gray se esconderam atrás da porta.

Quando ela se abriu Wendy entrou apressada e um pouco chorona.

Eu saí de baixo da cama com Happy.

—Lucy... Happy! – ela exclamou, mas não nos abraçou, ela apenas apressou-se a dizer. – Vocês precisam se apressar, estão levando Natsu num tipo de carruagem para fora, ele vai lutar contra Zeref em alguns instantes, Lisanna marcou o encontro dos dois.