O Relógio de Areia escrita por beautifulfantasy


Capítulo 22
Capítulo 22 – Chance




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/632879/chapter/22

Teen Titans não me pertence.

Capítulo 22 – Chance

All my days are spent
All my cards are dealt
Oh, the desolation grows
Every inch revealed
As my heart is pierced
Oh, my soul is now exposed

–o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o

20 de Setembro de 2009, 15h13min

"Mutano?"

O metamorfo se virou lentamente, encontrando o olhar de seu melhor amigo.

"O que?"

"Estou te chamando há um tempão! Tava pensando no que?"

"Nada" ele respondeu rapidamente. "Só... deixando minha mente vagar."

"Bom. É a sua vez" informou Terra, jogando para ele um controle remoto. Ele suspirou e começou a batalha contra Ciborgue sem muita esperança. Aceitara jogar vídeo game para tentar esvaziar sua mente, que estava cheia das lembranças de ontem à noite e muito ansiosa.

"Eu gosto de você" ele disse, próximo à orelha dela, o cheiro de lavanda e incenso enchendo suas narinas e o atordoando. Não conseguiria mais agüentar. Inclinou sua cabeça e ela levantou a dela, em um movimento de perfeita sincronia.

Quando seus lábios tocaram os dela, sentiu uma explosão de emoções como nunca antes. Seu peito se estufou e um calor se espalhou por seu corpo. Levou suas mãos até o delicado pescoço dela e a sentiu tremer e segurar seus braços no lugar com força, como se temesse que eles partissem.

"Ravena" ele disse, interrompendo o beijo, mas sem afastar seu rosto ou suas mãos dela. "Namora comigo"

A empata o encarou, e ele sabia que havia algo em seus olhos, mas no rosto ela tinha uma expressão de tristeza.

"Mutano..." ele teve o pressentimento que ela diria algo ruim, e a beijou de novo.

"Você pode pensar se quiser" ele murmurou, deixando seus lábios de novo. Ela mordeu o lábio e concordou com a cabeça. Ela se afastou, deslizando para fora de seu alcance, e antes que ele percebesse, ela já tinha se transportado. Após alguns instantes parado e desapontado, ele percebeu que por algum motivo todos os holofotes estavam ligados e apontados para ele.

Não tinha visto Ravena o dia todo, mal tinha conseguido dormir e estava com um peso constante na barriga que o impedia de comer muito. Ele tinha certeza agora de que a empata sentia algo por ele. Se não, o teria mandado longe por tê-la beijado. O fato de não só aceitar, mas beijá-lo de volta era prova de que ela retribuía seus sentimentos. Mas ainda estava com medo de ser rejeitado.

Foi quando o alarme começou a tocar.

–o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-

Ravena não tinha dormido. Desde que voltara, estava em uma séria instabilidade de emoções. Deitava na cama, fechava os olhos, e tudo o que conseguia era reviver aquele momento, escutava a voz de Mutano em seus ouvidos e seus lábios formigavam ao lembrar do beijo que partilharam. Então se sentia culpada por ter deixado aquilo ir tão longe, para em seguida tentar pensar em como diria com delicadeza ao metamorfo que não, não queria namorar com ele. Sua mente se focava em seus belos olhos esmeralda e ela se lembrava do beijo, e começava tudo de novo.

Não queria ir a Nevermore porque sabia que Afeição e Felicidade ficariam no seu pé, implorando para que ela aceitasse. Quando o último livro saiu voando da estante, porém, ela resolvera que entrar em sua mente seria o mais adequado.

Então o maldito alarme começou a tocar.

–o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-

20 de Setembro de 2009, 15h35min

"Doutor Luz?!" questionou Ciborgue, um pouco desapontado. "Você de novo?"

"Sim, sou eu, Titãs!" exclamou o vilão, do topo de um prédio espelhado. Toda a equipe soltou um gemido desanimado.

"Meninas, vamos para cima" ordenou Robin, apontando na direção do prédio. Estelar e Ravena voaram na frente e o restante do grupo subiu logo atrás em um pedaço de terra flutuante.

"Você não aprende mesmo, não é?" perguntou Ravena, com discos de energia negra nas mãos. Ela não estava no clima pra lidar com o Doutor Luz. Porém, seus discos foram repelidos pela armadura luminosa do vilão e se desfizeram.

"Eu estou pronto para você dessa vez, bruxa!" ele disse arrogantemente. Antes que ela pudesse fazer qualquer coisa, Estelar lançou uma chuva de raios verdes no homem.

"Bom trabalho, Estelar" elogiou Robin, chegando ao local. Assim que a poeira assentou, Doutor Luz se ergueu, e dessa vez sua armadura refletia uma luz verde, que acertou a todos, derrubando-os no chão.

Um milhão de pequenas pedras se lançaram na direção do vilão, mas ele as desintegrou com um raio de luz saído de seu punho direito. Ciborgue se levantou e atirou seu raio sônico, mas a armadura do Doutor Luz apenas refletiu a luz azulada e atirou de volta no homem-robô, que foi atirado para a beirada do prédio.

"Ciborgue!" exclamaram Terra e Estelar, correndo para ajudar.

Enquanto isso, Robin, Ravena e Mutano já estavam de pé e atacando. O menino-prodígio atirou três bumerangues, ao mesmo tempo em que o metamorfo atacava na forma de um urso. Doutor Luz desintegrou os bumerangues com o raio luminoso no pulso direito e direcionou um raio de luz de seu pulso esquerdo para os olhos do urso verde, que urrou de dor e colocou as patas nos olhos, ficando cego. O vilão se preparou para derrubar o urso do prédio, mas foi impedido por um tentáculo negro.

"Acho que você precisa de mais um susto" disse Ravena com seu tom de voz usual. Doutor Luz começou a gritar, e Robin correu para ajudar Mutano.

Se Ravena não estivesse passando por tanto estresse nas últimas dezoito horas, ou se tivesse dormido, provavelmente ela teria percebido. Mas estava cansada, com um dilema corroendo sua mente e em privação de sono. Então ela não percebeu.

Doutor Luz gritava, mas o desespero não alcançava seus olhos. Ele esperou até estar bem perto e apertou o enorme botão no peito de sua armadura. Toda a luz do sol que o prédio refletia foi transferida para ela, que começou a brilhar com uma intensidade incrível.

Ravena foi atirada para trás, seus olhos doendo e sem conseguir enxergar nada além de uma luz branca brilhante. Colocando o braço na frente dos olhos, conseguiu ver o contorno de um homem apontando alguma coisa para ela. Então, um monte de pelos verdes bloqueou sua visão.

–o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-

Quando Mutano foi atingido pela luz, sentiu uma dor lancinante nos olhos e os cobriu por reflexo, urrando e sem saber onde estava indo. Sentiu duas mãos o pararem e voltou à sua forma original, massageando os olhos doloridos.

Sua visão estava voltando quando ouviu a voz de Ravena. Virou a cabeça por instinto, e no instante seguinte Robin gritou e o empurrou para o chão. Algo extremamente brilhante estava no prédio com eles.

O metamorfo levantou a cabeça, cobrindo os olhos com a mão, e viu Ravena deitada no chão e Doutor Luz se aproximando dela com uma das armas em seu pulso apontada para a empata. Se transformou em uma sobra e deslizou até a garota, se colocando à sua frente na forma da Fera no exato momento que Doutor Luz atirava seu raio luminoso.

–o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-

Para a sorte de todos naquele telhado, assim que Ciborgue foi salvo pelas garotas de uma queda considerável, ele começou a prestar atenção no que o Doutor Luz estava aprontando naquele prédio.

O homem-robô conseguiu deduzir para que serviam os cabos que conectavam o prédio à armadura do vilão, e descobrir como funcionava enquanto eles lutavam. Foi atrasado quando Doutor Luz ativou o botão no peito de sua armadura, mas antes que ele pudesse liberar o raio a toda energia, Ciborgue já estava a um passo de desligar o dispositivo.

Por isso, Mutano recebeu apenas um décimo do que receberia se Doutor Luz atirasse na potência máxima. Depois de examiná-lo, Ciborgue garantiu a uma Ravena em lágrimas que no dia seguinte ele estaria acordado e pronto para outra.

Robin, Estelar e Terra levaram Doutor Luz à cadeia, que infelizmente não tinha projetado a armadura tão bem e acabou sendo atingido por parte da energia que era destinada ao seu alvo, e se encontrava desmaiado e, por isso, não mais uma ameaça.

–o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-

21 de Setembro de 2009, 5h15min

Mutano acordou aos poucos, sem saber onde estava e sem lembranças em específico. Viu-se encarando um teto branco e ficou confuso. Então a imagem se tornou mais nítida e ele reconheceu a ala hospitalar da Torre.

"Mutano?" chamou uma voz baixa, e ele se virou para o lado, encontrando Ravena em pé, parecendo desolada.

"Oi, Rae" ele tentou sorrir, mas acabou saindo um esgar de dor, e as pequenas mãos da empata pousaram em seu peito, o impedindo de se levantar.

"Como está se sentindo?" ela perguntou, parecendo preocupada.

"Meio dolorido" ele disse, se lembrando de algo muito mais importante. "Você pensou?"

"Mutano!" ela soltou um suspiro de exasperação. "É nisso que está pensando agora? Você se machucou muito!"

"Ah, é mesmo..." ele se lembrou do ocorrido como uma memória distante. "Então, você já tem uma resposta?"

A empata o olhou com a expressão mais triste que ele já vira. Ele agüentou a dor e se sentou na cama, a encarando na mesma altura.

"Você sabe muito bem minha resposta" ela murmurou, sem olhar para ele. O metamorfo sabia que isso não era bom sinal, mas resolveu jogar verde.

"Sim?" com isso, recebeu apenas um olhar de reprovação.

"Eu não posso namorar, Mutano" ela disse com firmeza. "Esse tipo de relacionamento envolve um grande aporte de emoções, e isso não me é permitido."

"Por que?" ele perguntou teimosamente.

"Mutano, você me conhece há seis anos!" ela o lembrou, passando a mão pelo rosto. "Emoções fazem meus poderes se liberarem e a energia causa destruição."

Eles ficaram em silêncio por alguns minutos, Mutano com um olhar sério.

"Então você não gosta de mim" ele constatou, olhando para as próprias mãos.

"Não!" exclamou Ravena sem pensar, e em seguida tapou a boca. "A questão não é essa"

"Não precisa se esconder atrás dos seus poderes pra me dar o fora, Ravena" ele disse calmamente. "Se você não gosta de mim, não gosta."

"Por que você está sendo assim?" ela perguntou entre dentes, frustrada. Também não sabia por que não aceitava isso para simplificar as coisas.

"Estamos saindo há um mês" ele deu de ombros. "Eu suponho que se durante todo esse tempo nada explodiu e ninguém foi comido por algum monstro de outra dimensão, é porque você não sente nada por mim."

"Isso era diferente" ela argumentou. "Saímos como amigos."

"Que diferença isso faz?" ele questionou, abrindo os braços. "Eu gosto de você. Eu senti emoções todas as vezes que fiquei perto de você, principalmente sozinhos."

Ravena não teve resposta para isso. Abriu a boca, mas nada saiu.

"Toda a vez que eu tocava sua mão, sentia um choque pelo meu braço" ele continuou muito sério. "Ou quando você ria, eu sentia uma felicidade sem limites. Ou quando via você com uma roupa diferente, meu coração batia mais rápido. Toda vez que você ficava embaraçada, sentia vontade de te abraçar e não te deixar ir."

"Mutano..." ela choramingou, como que implorando para ele parar. Então sentiu a mão dele envolvendo a sua.

"Você sentia? Você sente isso?" ele perguntou, levando sua mão aos lábios e a beijando.

"Claro que sim" ela respondeu, à beira das lágrimas.

"Nada explodiu, Ravena" ele informou em um sussurro. "Ainda estamos aqui."

"Estamos" ela concordou, a testa franzida. Então balançou a cabeça e esfregou os olhos. "Mesmo que a gente passe por cima disso, Mutano... Você não vai querer namorar comigo."

"Acho que eu já deixei claro que quero noite passada."

"Mutano, eu nunca vou poder ser como você" ela insistiu. "Eu não rio nem conto piadas nem posso ir com você em programas com muitas pessoas..."

"Por que você acha que eu planejei todas as nossas saídas com tanto cuidado?"

"E é isso que você quer, Mutano? Ter que planejar tudo nos mínimos detalhes para sempre, pisar em ovos constantemente porque tem uma namorada que pode detonar tudo a qualquer momento?"

"Eu não ligo pra isso, só quero estar com você! Meus melhores amigos são os seus também, quem se importa com qualquer outro?"

"Eu não sou aquilo com que você está acostumado, Mutano. Nunca poderei ser como a Terra" Ravena se arrependeu de suas palavras no momento que deixaram sua boca. Pela primeira vez nessa conversa, Mutano parecia realmente bravo. Ele abriu a boca, mas então a fechou de novo e respirou fundo.

"Caso você não tenha reparado, Ravena" ele disse com frieza. "Namorar uma garota 'como a Terra' não deu muito certo para mim."

"Claro... Desculpa" ela pediu, constrangida. A expressão do metamorfo se suavizou.

"Tudo bem. Ravena..." ele chamou, e ela se olhou para ele. "Me dá uma chance. Apesar de tudo o que você está dizendo, você já deu uma chance a outras pessoas antes..."

Ela se mexeu desconfortável, lembrando de Malchior.

"... E, apesar de tudo, você me deu uma chance um mês atrás quando apareci na sua porta te chamando para ir ao cinema. E eu acho... Acho que não fiz nada errado..."

Ela balançou a cabeça. Ele tinha feito tudo de forma perfeita.

"Então... Então me dá uma chance de te fazer feliz. Eu sinto que você é a garota certa para mim, e quero tentar ao máximo ser o cara certo para você. Eu nunca me senti assim com ninguém antes. Ninguém." ele disse com determinação, antes que ela perguntasse. "E eu sei, porque te conheço, que você nunca partiria meu coração."

Ravena sorriu levemente, se lembrando de Afeição e seus girassóis verdes. Passou a mão pelos cabelos e expirou todo ar de seus pulmões. Pensou em quando Mutano a consolara depois que Malchior partira seu coração. Pensou no que sentira quando Terra contou a ela que eles estavam namorando. Pensou em como se sentira todas as vezes em que acreditara que Mutano estava total e completamente fora de seu alcance. Quando inspirou novamente, tinha uma expressão decidida no rosto.

"Como vamos contar isso para todo mundo?"

–o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o

To believe I walk alone
Is a lie that I've been told?

So let your heart hold fast
For this soon shall pass
Like the high tide takes the sand

–o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o

Música: Let Your Heart Hold Fast por Fort Atlantic

Tradução:

Deixe Seu Coração Se Apegar

Todos os meus dias se foram
Todas as minhas cartas foram dadas
Ah, a solidão cresce
Cada centímetro revelado
Como meu coração é perfurado
Oh, minha alma está agora exposta

Acreditar que eu ando sozinho
É uma mentira que têm me contado?

Então deixe seu coração se apegar
Pois isso em breve passará
Como a maré alta leva a areia

–o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Relógio de Areia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.