Pov Alexa

O aeroporto não estava muito movimentado, provavelmente por ser quinta-feira e não estarmos no período de férias, quando as pessoas viajam muito. Minha mãe estava muito nervosa, talvez um pouco mais do que eu. Perdi as contas de quantos copos de água já havia tomado desde que chegamos.

Eu não vejo meu irmão há mais de cinco anos, desde que ele foi para Nova York na verdade. Tudo que eu tinha para saber se ele estava bem ou não eram as cartas que ele mandava todo mês. No último ano novo, meus pais viajaram para Nova York para vê-lo, mas eu não pude ir, por mais que quisesse.

O real motivo dele ter ido pra Nova York foi Amber, minha antiga melhor amiga. Quando tinha cinco anos, ela se mudou para uma casa vizinha, o que consequentemente tornou eu, ela e Austin melhores amigos. Desde o primário meu irmão e Amber sempre foram os melhores da classe, o que já me deixava com ciúmes. Eu tinha ciúmes por ela ter muito mais coisas em comum com meu irmão do que eu. Quando o colégio Empire ofereceu uma oportunidade dos dois estudarem lá, eu estava convicta de Austin iria negar, mas eu estava errada. Ele aceitou. Aceitou apenas para não deixar Amber sozinha. Por isso discutimos.

– Alexa, o avião do Austin já pousou. – avisou minha mãe, colocando as mãos em meus ombros, tentando aliviar a tenção presente neles.

Comecei a encarar o portão de desembarque, com meus nervos a flor da pele e o coração batendo mais forte. Por que eu estou tão nervosa, afinal? Quer dizer, eu posso rever a qualquer segundo, depois de cinco anos, meu irmão. Apenas isso.

– Olhem, são eles. – espera... eles? Até onde eu sei, apenas Austin estava voltando.

Continuei olhando para o portão de desembarque, avistando uma criatura loira bem parecida com o garoto com quem eu brincava e brigava na minha infância. Austin. Ele voltou. E ele cresceu. Sério, Alexa? Cinco anos se passaram e você queria o que? Que ele continuasse o mesmo garotinho de anos atrás?

Notei a garota ao seu lado. Amber. A mesma ruiva de olhos verdes. Ela também voltou. Por que? Por que ela voltou? Por que o Austin voltou, na verdade? Ele sempre planejou ficar em Nova York até o fim do colegial, e ainda falta um ano e alguns meses.

Quando os dois finalmente estavam em nossa frente, minha mãe foi a primeira a abraçar Austin, em seguida meu pai. Andei até ele, o encarei por alguns segundos e sorri antes de literalmente pular em seus braços. O loiro não correspondeu do jeito que eu esperava, o que me deixou um pouco confusa. Eu senti falta dele todos esses anos, e ele parece estar abraçando apenas uma garota que não gosta muito mas tem que suportar.

– Austin, eu senti sua falta! – disse, ainda abraçando meu irmão.

– Eu também. – disse, um pouco frio, nos afastando. – Podemos ir pra casa?

– Claro, meu amor. – minha mãe respondeu, o abraçando de lado e começando a caminhar, enquanto meu pai se encarregava das malas do loiro.

Acabei ficando para trás, olhando minha família andar para a saída do aeroporto.

– Eu senti sua falta, Alexa. – me surpreendi com a fala de Amber. Me virei e a encarei. Tenho que admitir, esses cinco anos lhe fizeram bem. Ela está linda.

– Pena que eu não possa dizer o mesmo. – não esperei sua resposta, apenas corri para alcançar meus pais e meu irmão.

(...)

Minha mãe estava fazendo de tudo para que o jantar saísse perfeito, e eu fazendo o possível para ajuda-la, já que ela fazia praticamente tudo e nossa empregada está de folga hoje. Meus pais convidaram Amber e seu pai para jantar conosco, o que faz eu já começar a me preparar mentalmente para ficar pelo menos uma hora no mesmo espaço de minha antiga amiga.

No momento, estou sozinha na cozinha, minha mãe foi ao mercado, comprar alguma coisa que não lembro o que é. Ela me disse, mas estava distraída e acabei esquecendo.

– Alexa, sabe onde a mamãe guarda os meus antigos cadernos? – Austin perguntou, entrando na cozinha. Ele acabou me assustando, porque eu estava extremamente absorta em meus pensamentos.

– Acho que no porão. – respondi, terminando de enxaguar o último prato que teria de lavar. – Mas, por que quer seus antigos cadernos?

– Coisa minha. – respondeu, saindo do local. Ele nem ao menos me agradeceu pela informação, coisa que ele fazia constantemente quando éramos crianças. Sempre foi tão educado.

– Espera... – ele parou e bufou, aparentemente irritado. – Você quer pegar coisas que estão guardadas há anos em um lugar que me dá arrepios, e não vai me dizer o motivo?

– Eu não tenho obrigação de te contar. – falou, extremamente frio.

O que aconteceu com ele?