Paradoxo - Seson 2 escrita por Thaís Romes, Sweet rose


Capítulo 25
Arthur Ivo.


Notas iniciais do capítulo

Oi amores, como foi de Natal?
Mas como é domingo, e faça chuva ou sol estamos aqui com capítulo novo, em um estilo um pouco diferente, mas esperamos que gostem!
Prontos para descobrir qual foi a real missão de Sara?



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SARA

–Oi. – Wally me cumprimenta quando chega em casa após o trabalho. Estou em meio a flores, cartões, convites, tecidos, e algumas lembrancinhas de casamento, eram tantos detalhes que me deixavam com o estomago nauseado. –Você não havia resolvido tudo com a Donna semana retrasada? –diz enquanto abre espaço entre a bagunça no chão da sala ao meu redor, consegue em fim um local ao meu lado se sentando, envolve o meu corpo com o seu braço e beija o alto da minha cabeça com carinho.

–Escolhemos muitas coisas, talheres, taças, algumas bebidas, os pratos do buffet, roupas e sapatos das madrinhas. –respiro profundamente, por que só de lembrar a maratona que foi a tarde com Donna meu corpo começava a doer. –Wally há tantas outras coisas ainda. –aponto para a bagunça a minha volta. –Toma. –entrego um cartão, ele me olha desconfiado não posso culpa-lo, aquilo era uma maratona surreal.

–E isso seria? – pergunta desconfiado.

–Preciso que escolha as músicas da cerimônia e converse com o DJ. –parece respirar aliviado. –Me ajuda com os convites? –o entrego uma caixa que tinha mais convites dentro do que as prateleiras de filmes na casa de Luna e Connor.

–Claro minha digníssima noiva. –exagera, beijando meu pescoço. –Posso te ajudar com os convites, ou... -Wally me pega e de repente estamos na nossa cama, com o seu corpo sobre o meu. –Podemos treinar para a nossa lua de mel. –seu sorriso largo me faz suspirar.

–É uma boa proposta, mas se fizer isso, como vamos nos casar na data prevista? –toco a ponta de seu nariz com meu dedo, e seu sorriso só aumenta, Wally passa a beijar meus ombros, passar suas mãos por minhas costas, tocando todos os lugares certos, sabendo o efeito que causava em mim. –Okay, acho que podemos pensar nos convites amanhã. –ele concorda balançando a cabeça. –Vou me casar com um dos homens mais rápidos do mundo.

–O mais ligeiro. –debocha, e preciso segurar a gargalhada.

–Fechado, amanhã então.

–Amanhã é uma boa ideia. – suas mãos sobem por minhas pernas, enquanto as minhas passeiam por baixo da sua blusa, em seu abdômen, e seu beijo suprime um suspiro que saia por meus lábios, esse é meu lugar preferido do mundo.

LIAN YU.

–Vai ser interessante. –murmuro enquanto me preparo para mergulhar rumo ao barco naufragado na costa desse paraíso amaldiçoado. –Me fale mais uma vez, por que estou mergulhando meu traseiro nesse mar, infestado de tubarões?

‘Precisamos da localização exata, e esse barco é a nossa única fonte de informação.’ a voz irritante de Waller nunca perderia o efeito de embrulhar meu estomago, mesmo ela estando na segurança de Washington e eu aqui em Lian Yu.

–E por que os outros não estão fazendo o mesmo? –me encolho quando meus pés tocam a água gelada.

‘Encare isso como negócios de família, agente Diggle.’ Reviro meus olhos, feliz por ela não poder me ver nesse momento.

Precisava encontrar essas informações, só que deveria haver uma maneira de Amanda não conseguir botar as patas em nada relativo ao Amazo, o mundo poderia não sobreviver a mais um ataque de prepotência dessa mulher. Então antes que desista e volte para o meu confortável, mas nem tanto, acampamento. Me livro do excesso de roupa, coloco ao equipamento de mergulho e entro nas águas geladas.

‘No momento em que submergir, perderemos a conexão, então estará por conta própria.’ Oh Deus, como sobreviverei sem ela? –penso com ironia.

Chegar ao barco não foi a parte complicada, uma linha reta com alguns predadores do mar querendo me fazer de jantar, mas isso é tranquilo, o problema foi quando enfim cheguei dentro do emaranhando de metal retorcido do que fora o primeiro Amazo. Localizar o laboratório do gênio do mal em meio aqueles compartimentos destruídos era a parte realmente complicada. Mas a sorte estava a meu favor, quando enfim localizei o local estava seco, todos os objetos estavam espalhados, mas intactos. Meu objetivo era claro, mas difícil, precisava localizar alguma informação que pudesse recriar o Amazo, e destruí-la, sem falar em localizar o próprio Frankenstein por trás do monstro.

Graças ao treinamento de uma vida, com minha madrinha, consigo recuperar uma série de documentos. E quando estava para sair pisei em algo que me chamou atenção, um porta-retratos quebrado, faz com que abaixe e cheque a foto, era com certeza a única coisa pessoal que havia entre os materiais do Professor Ivo, deve ser importante. Coloquei junto com os outros documentos na bolsa e votei para o segundo rolde como tubarão tigre me aguardando do lado de fora.

Quando chego finalmente chego em terra firme, com meu coração acelerado, minhas vias respiratórias, parecendo pegar fogo, e tremendo tanto que mal conseguia me arrastar pela areia, agradeço por ter trago um cobertor térmico. Começava a não sentir algumas extremidades, como o meu nariz, e as pontas dos dedos. Entro na mata, assim que estabilizo meu corpo e me ocupo em fazer uma fogueira. Desde que descobri a traição de Jade Nguyen fiz com que Waller retirasse todo o seu pessoal da ilha, faria meu trabalho melhor se não tivesse que me preocupar com alimento envenenado ou uma faca em meu estomago enquanto estivesse dormindo.

Enquanto me aqueço, despejo o conteúdo da bolsa no chão e começo a avaliar os dados, resumidamente aquilo era o igual o modelo que explodimos alguns anos atrás, talvez alguma coisa diferente, mas mesmo com o meu conhecimento primário sobre mecânica, engenharia e afins, pude perceber que se tratava de um modelo ultrapassado. Durante todos esses anos que estive longe de casa, rodei várias partes do mundo resolvendo problemas da Sra. Waller, e esse era o meu último, e nada me impediria de voltar para casa, para minha família.

Percebo que nada do que coletei, é mesmo relevante, nada do que já não tenha visto quando derrotei o Amazo com a Liga. A não ser a foto, um jardim, com uma casa simples no fundo, típica construção chinesa no fim do século passado. Existia algo especial, parecia ser um lar de verdade, onde crianças brincam pela casa, e se encontra um balanço no fundo.

DIAS ATUAIS

Acordo sobressaltada, me viro para o lado e Wally dorme tranquilamente em um sono profundo, ninguém que conheço tem o sono mais pesado do que ele, acho que se uma bomba explodir ao seu lado, ele simplesmente resmungaria algum xingamento, e continuaria a dormir. Me levanto, visto um roupão e desço para a sala, ainda com todas as partes do meu casamento espalhadas pelo chão. Me sento no sofá, abraço meus joelhos acalmando minha respiração, não quero me lembrar do meu tempo na ilha, e muito menos dos dias que antecederam a minha saída, mas parecia que nada mais habitava a minha mente nessa madrugada.

ALGUM LUGAR AO NORTE DA CHINA.

Não foi difícil localizar a província na China retratada na foto, uma busca simples e estava a caminho. Diferente do que imaginei, o local era estranho, pacato e até mesmo muito bonito, mas conforme me aproximava do endereço, vejo apenas ruinas do que um dia foi a bela casa da foto. Existia um odor ácido no ar, somado a humidade, que ativa meus instintos.

Tomo cuidado de lubrificar as dobradiças enferrujadas da porta de entrada antes de abri-la. Não que espere uma recepção a tiros e granadas, mas empunho minha Glock, sentindo falta do meu arco e flechas, só por precaução. Por dentro, a casa parecia estranhamente preservada, seus móveis estavam cobertos por panos brancos empoeirados, e o odor se torna ainda mais forte. A casa vazia não chegou a ser uma surpresa, não esperava encontrar Ivo no sofá enquanto tomava uma cerveja gelada e assistia ao jogo dos Yanks, até por que ninguém gosta dos Yanks.

Uma sala ao fundo com uma porta de correr de vidro, dava visão para a parte de trás de um jardim que em algum momento de sua existência, já fora bonito, agora, é com certeza, o local mais bagunçado da casa. Equipamentos como microscópios e tubos de ensaio quebrados sobre uma mesa no canto, os livros antes organizados nas prateleiras da estante, agora estavam espalhados pelo chão do escritório, mas o que me chamou a atenção foi uma parede atrás das mesa de estudos, pequenos porta-retratos que apesar do tempo ainda continuavam ali, agora estavam cobertos por uma fileira espessa de poeira.

Procuro entre os documentos alguma coisa que me indique o caminho a ser seguido, mas nada importante, estava quase desistindo de tudo, pronta para sair, quando um barulho me chamou a atenção. Procuro pela casa, mais não localizei nada que pudesse fazer um barulho similar, na verdade qualquer barulho. Foi quando vi uma porta escondida por sobre as escadas, algo que passaria despercebido para quase todo mundo, de tão discreta que era, apenas uma saliência com o puxador, e nada mais.

Repito o mesmo processo, lubrificando as dobradiças, e abro em silenciosamente em seguida. Sou tomada por um excesso de luz, como se tudo ao meu redor fosse feito para emanar claridade, enxergaria manchas por um ano depois que saísse daqui. Desço as escadas com cuidado para não fazer qualquer som, o ambiente era detalhadamente decorado, com moveis em estilo vitoriano e cores claras, apenas um local mais afastado mostra traços tecnológicos com um computador de mesa, e alguns equipamentos de pesquisa, nada de absurdo, mas que destoava de todo o resto. Conforme ando, percebo que não estou sozinha. Sinais de vida como um copo d’água, pela metade e um prato revirado, estavam sobre uma mesa com uma toalha impecavelmente branca. Acho que quem está morando aqui, tem sérios problemas com descriminação de cores, um azul, um verde, amarelinho nessas paredes não iriam matar ninguém.

–... nem mesmo Amanda poderá me impedir. –uma voz enfraquecia pelo tempo me atrai, me guiando até um quarto onde um corpo estava sobre a cama, e o androide igual ao Amazo estava parado à frente do corpo. Percebo que o cheiro ácido era formol, aquele velho era como um cadáver sendo conservado, Deus sabe como. Meleca, foi preciso todo o time do Arqueiro, somado a Batfamilia para destruir a primeira versão dessa merda, o que vou fazer com uma Glock?

WALLY

Abro meus olhos e percebo que Sara não está ao meu lado, odeio quando isso acontece. É como meu pesadelo particular, passei muitos anos sentindo a sua ausência, não gosto de reprisar isso logo quando acordo, ou em qualquer outra hora do dia. Ao descer as escadas a vejo deitada no sofá, encolhida feito uma criança, paro por alguns segundos apenas a observando, Sara é tão forte e dona de si quando está acordada, que vê-la dessa forma chega a ser um privilégio. Sua beleza se acentua, quando seu rosto relaxa, dessa forma. Ainda não consigo entender, como dentre todos, ela me escolheu.

A pego no colo e Sara nem ao menos se move, se não fosse sua respiração ritmada, estaria apavorado. A levo de volta para nosso quarto, ela se ajeita em meus braços como se nunca tivesse saído, olho para o relógio, e já deveria estar me arrumando para o trabalho, mas entre levar uma bronca do chefe, ou passar mais tempo com Sara, escolho a segunda opção.

–Bom dia. –sorri, ainda de olhos fechados.

–Bom dia, fujona. –respondo a puxando mais para perto do meu corpo.

–Você não deveria estar na metade do caminho para o delegacia a essa hora? –me pergunta fazendo um sorriso bobo surgir em meus lábios.

–Sou o segundo homem mais rápido do mundo, posso chegar a tempo.

–Ou, pode se atrasar, como o usual. –começa a abri os olhos com dificuldade.

–Por que mexer em time que está ganhando?

–Não sei também. –poderia passar o resto da minha vida nesse quarto. –Wally? –Sara me acorda do devaneio de realmente passar a vida com ela dentro desse quarto, se colocarmos uma geladeira no canto, nada poderia ser mais perfeito. –Wally, seu celular está tocando. –aponta para a mesa de cabeceira. Contra a minha vontade me viro e pego o aparelho, sem me importar em verificar o nome no visor, atendo sem vontade alguma.

–West?

‘Oi, Wally.’ afasto o celular assustado, para ter certeza quem estava me ligando.

–Hunt? -pergunto incerto.

‘Oi cara, vou receber alta hoje... Só queria que você soubesse.’ Hunt parecia tão perdido quanto eu.

–Quer que eu vá te buscar? –era estranho e um tanto desconfortável falar com ele.

‘Não.’ Diz rápido demais. ‘Só queria que você soubesse que estou bem.’

–Fico feliz. Estou feliz. –falo sem jeito, mas tentando me agarra a chance que recebi. –Cara, eu vou me casar, preciso do meu amigo no altar comigo. –não sei porque disse isso, ele já sabia, não a data certa, mas sabia desde quando pedi Sara em casamento pela primeira vez, mas com toda a distância que foi criada depois do que Grodd o fez, precisava recriar nossos laços, o quero no altar ao meu lado, junto a Luna e Connor, por que eram meus amigos, não poderia abrir mão disso.

‘Vou estar lá.’ Responde me deixando feliz.

–Valeu cara. Não quer mesmo que vá te buscar? –tento mais uma vez, precisava mostrar que estava ali por ele, precisava que ele acreditasse que eu faria qualquer coisa a meu alcance por nossa amizade, qualquer coisa que não custe a vida de centenas de pessoas.

‘Okay. As quatro, sei que é difícil, mas vê se não se atrasa.’ Não posso evitar de sorrir.

–As quatro estarei ai. –repondo antes de nos despedirmos.

–Novidades? –Sara sorri pra mim, escorada na porta do banheiro, com um pente preso no cabelo e a escova de dentes no canto da boca.

–Estou atrasado? –sorrio me jogado da cama e fazendo os preparativos para o trabalho em minha velocidade habitual.

–Eu perguntei sobre as novidades, isso não é nada novo. -posso sentir o seu sarcasmo, mas estava realmente atrasado demais para responde-la.

SARA

ALGUM LUGAR AO NORTE DA CHINA.

Encosto meu corpo em uma pequena brecha entre a parede que dividia o cômodo onde estou, do lugar onde o corpo fétido de velho estava. Tento pensar, encontrar uma saída, eu não duraria muito tempo em uma luta solo contra o Amazo, e a desgraçada da Waller, nem mesmo mandou o resto do grupo para servir de reforço. Me sinto um membro da Força X nesse momento. Levo minha mão ao pingente de estrala que J’onn me deu antes de minha partida, era minha única forma de comunicação, me lembro da primeira vez que ouvi a voz tímida de Luna sair dele, e salvar minha vida, parece ter sido a séculos atrás.

–Preciso de ajuda. –sussurro pressionando o pingente, que instantaneamente começa a vibrar.

‘Sara, o que está acontecendo?’ sua voz era urgente, e baixa como sempre, nunca pensei que encontraria em Luna Delphine uma confidente, ou parceira, mas ela se tornou muito mais do que isso, posso entender por que conseguiu o coração de Connor.

–Estou encurralada, parece uma versão menor do Amazo, não tenho como sair sem que me percebam. –respiro fundo, controlando o pânico, tentando me manter com a cabeça em ordem.

‘Preciso de um minuto para alcançar um computador seguro.’ Fala. ‘Não vamos aprovar nenhum desses projetos, não foi o que a Sra. Queen pediu. Os melhorem, lhes dou uma semana, estão dispensados.’ Diz rapidamente, depois escuto o som do que devem ser seus sapatos de salto, como se corresse. ‘Pronto, vai ficar tudo bem Sara, eu pro...prometo.’ Sorrio, posso sentir o pânico em sua voz, mas resolvo acreditar em sua promessa.

–Não tenho como sair. –repito, vendo o androide cuidar do velho como se fosse alguém a quem ele ame, bizarro.

‘Eu tenho sua localização, posso te tirar daí usando o teletransporte, mas isso estragaria seu disfarce, seria um tiro no pé... Ai meu Deus.’ Ela pensa e eu tento estudar o local da melhor forma que posso. ‘Sara, eu posso te tirar, ou você pode me ajudar a teleportar o robô.’

–E como faria isso?

‘Se completar essa missão, pode voltar para casa, certo?’

–É o que a Waller disse. –mas sei como ela é traiçoeira. Acrescento mentalmente. Volto para casa, nem que tiver que por uma flecha na cabeça daquela mulher, não seria mesmo a primeira vez.

‘Tem que prender seu colar no androide, assim o mando para algum lugar no mundo, com uma equipe da liga para cuidar dele.’ Sinto um aperto estranho em meu peito.

–Isso significa que não iremos mais nos falar.

‘Não, nós na... não vamos.’ Inspiro segurando o pingente.

–Está certo, se é o único jeito, mas Luna?

‘Sim.’

–Você é a melhor amiga que poderia querer a meu lado nesses últimos dois anos. Obrigada.

‘Eu sinto o mes... mesmo. Volta logo para casa, okay?’

–Pode ter certeza, isso não é uma despedida. Quinze segundos, e pode fazer o que tem que ser feito.

Arranco o pingente, e começo a correr, sem me preocupar em me esconder das vistas do monstro. Ele deixa a seringa que usava de lado, e seu rosto humanoide se enche de uma expressão de puro ódio. Sinto meu corpo de impacto ao dele, e prendo o pingente atrás de sua nuca, oito segundos... Mas suas mãos ainda me seguram, esmagando minhas costelas.

–O que você quer? –a voz estranhamente humana, me assusta a princípio.

–Ele. –aponto para o velhote e disparo a arma contra a mão que me prende, pegando minha perna de raspão, mas ele me solta, desaparecendo em seguida, levo minhas mãos ao pescoço, onde costumava ficar o pingente, e pela primeira vez em dois anos, me sinto realmente só.

DIAS ATUAIS, STAR CITY.

–Sara! –Luna exclama com um largo sorriso no rosto, ao me ver entrar em seu escritório.

Ela olha em volta, e se levanta, andando apressada em minha direção, a ajudo a encurtar a distância e a abraço com carinho. A extensão verdadeira da nossa amizade se tornou um segredo temporário, para não levantar suspeitas sobre mantermos contato em minha ausência, mas era bom estar perto de Luna. A muito tempo, a voz dela se tornou um lugar seguro para mim, e essa era a primeira vez que nos víamos sozinhas, desde que voltei.

–Finalmente consegui algum tempo para fazer uma visita. –brinco quando nos afastamos, e ela me puxa em direção a um sofá preto no canto.

–Estou feliz por ter conseguido. –sorri cheia de sinceridade.

–Na verdade, eu também estou aqui a trabalho. –confesso tirando o convite de minha bolsa. –É difícil competir com um dos homens mais rápidos do mundo, então precisei jogar sujo. –dou de ombros a vendo ler o convite para ser minha madrinha, um sorriso tímido surge em seus lábios, e vejo um traço de emoção passar por seus olhos. –Wally pensa que vai ter você e Connor ao mesmo tempo como “padrinhos” dele, e bem, acho que ele está sendo egoísta.

–Isso não vai... Você sabe, nos expor?

–Já pensei em tudo. –asseguro. –Tecnicamente Connor é meu melhor amigo, e você é a melhor amiga do Wally, poderíamos os fazer ser padrinho e madrinha invertidos, mas posso usar isso como a desculpa perfeita para te ter ao meu lado no altar. E ninguém precisa saber de como você é uma irmã para mim. –toco sua mão. –Claro, se você quiser.

–Está brincando? É perfeito. –murmura, e suspiro aliviada. –Mas Wally vai ficar uma fera. –nisso ela está certa, nem quero imaginar.

–Luna?

–Sim? -ela me olha, sob a camada grossa de cílios.

–Um dia vamos precisar conversar sobre o que aconteceu depois que nos separamos durante minha jornada.

–Eu sei. Quando quiser falar, eu vou estar aqui. –confirmo balançando a cabeça, agradecida.

–Hoje não tem desculpas, nada de trabalhar até tarde. É o jantar do seu irmão com a garota... –Connor entra falando, mas para assim que me vê. -Sara? –me levanto para abraça-lo, que me esmaga em um aperto de urso. –O que faz aqui, digo, aqui a essa hora, na QC?

–Vim roubar o padrinho do Wally.

–Que seria eu. –Luna levanta a mão, como se respondesse a pergunta de uma professora, Connor sorri da brincadeira como se ela fosse a coisa mais linda do mundo.

–Pensei que EU, quem seria o padrinho. –ele aponta para o próprio peito, depois se afasta para dar um beijo no alto da cabeça de Luna, mantendo o braço sobre os ombros dela, que parece feliz, mais feliz do que me lembro já ter visto.

Agora Connor, é você, com toda certeza! –debocho. –Tenho que ir, vou pegar Isis, antes que Wally pense nela também. –sopro um beijo para os dois. –Nos vemos mais tarde. –antes de passar pela porta, posso o ver acariciando o rosto de Luna, antes de beijá-la, nunca pensei que viveria para ver Connor tão perdido assim em alguém, e estou feliz por esse alguém ser especialmente quem é.

NORTE DA CHINA

–Waller quem te mandou? –a voz do velho, era como pedras rangendo, me aproximo dele, com cuidado. –Ela não te contou o por que me quer morto?

–Não preciso saber. –pego minha bolsa, e começo a retirar o rádio, que me colocaria em contato com a praga da Amanda.

–É minha mente que controla Amazo, sou tudo o que a impede de ter a maior arma de todas, capaz até mesmo de derrotar aqueles que você chama de heróis.

–Por que vilões sempre fazem discurso? –continuo o que fazia.

–Eles não poderão derrota-lo dessa vez, não com tanta facilidade. –agora ele consegue minha atenção. –Esse Amazo não absorverá as fraquezas, meu filho será invencível. –Ivo solta uma gargalhada maligna. –Primeiro vou me livrar desses que tentam o derrotar. Batman, Arqueiro Verde e o ingrato do Tornado Vermelho, minha maior decepção. –ele fecha os olhos, e é como se estivesse se concentrando. Engulo em seco, e olho em volta a procurando por algo que me ajudasse. –Pode fazer o que precisar, antes que Waller chegue, meu filho já estará de volta para me buscar.

Encontro um bisturi, se era a mente dele que controla o Amazo, talvez ele precise de concentração para fazê-lo. O cravo em sua perna, mas o velho nem mesmo percebe, maldição, deve estar paraplégico a essa altura. Não posso mata-lo, não sem saber como derrotar o androide.

–Como eu paro Amazo? –questiono, e mais uma vez ele solta uma gargalhada.

–Por que te responderia, não serei eu quem estará morto em alguns minutos.

–Que mal há em contar segredos a uma moribunda? –tento, me aproximando mais dele.

–Agora só restam dois, Batman e Arqueiro. –conta, e sinto tudo dentro de mim gelar. Dane-se a Amanda e o que ela quer com esse velho desgraçado. –São mais difíceis, humanos são imprevisíveis, volúveis...

Vejo a seringa que o Amazo estava injetando no Ivo, o cheiro ácido invade minhas narinas, era aquilo o que mantém vivo, e talvez o que mantem o robô funcionando seja a consciência dele. Precisava saber o que diabos era aquilo, então me dou conta de que pode ser o que falta a Amanda, o motivo dela estar se empenhado a anos no projeto Amazo.

–Pare. –ameaço. –Os deixe ir!

–Ou vai fazer o que? –em resposta começo a desplugar todos os tubos que o alimentavam. –Só está me fazendo precisar ser mais rápido.

–Quer saber... –pego mais uma vez o bisturi. –Você está certo, por que vou querer te poupar? –ergo a cabeça do velho, e corto sua garganta, de um lado a outro.

Ainda com a adrenalina correndo por minhas veias, começo a destruir todas as provas ao meu redor, e os vestígios de meu rastro. Dez minutos depois estou do lado de fora da casa, a vendo queimar. Precisava de mais do que só um tiro de raspão para que Waller acreditasse que enfrentei Amazo por um tempo real, a ponto de queimar uma casa inteira. Retiro minha jaqueta, e coloco boa parte da manga em minha boca, a mordendo, enquanto pego um maçarico em minhas coisas, e começo a fabricar um corte carbonizado em minha barriga, por vezes penso que desmaiaria com a dor. O passo de leve nas pontas dos meus cabelos, já estavam grandes demais, depois de passar quatro anos sem ver uma tesoura, um bom pedaço teria que sair em um corte mesmo. Me arrasto para perto do avião que me trouxe, e espero, o resgate, não sei em que momento fiquei inconsciente.

WALLY

Sabia que o dia seria arrastado, e por isso resolvi colocar tudo que existia para ser feito na oficina da delegacia em ordem, isso me levou cerca de duas horas, na minha velocidade civil, precisava manter minha mente ocupada, não faria isso se apertasse um parafuso a 300km/h. Desacelerar por si já é um trabalho que necessita de uma certa concentração, mas não o suficiente. Então quando acabo a oficina, resolvo dar auxilio a equipe forense, almoxarifado e para o pessoal da arquivo, digamos que quando o pessoal da investigação me expulsou do setor, resolvi tomar como fim do meu expediente.

–Cheguei. –passo direto para a cozinha, estava morrendo de fome, preciso de alguma coisa com urgência, abro a geladeira e encontro dentro um sanduiche, enrolado em papel filme, com um pequeno cartãozinho preso a ele.

“Não vai perder a hora. Com amor, Sara.”

–Eu amo essa mulher. – murmuro em meio a mordidas, Sara não é a melhor cozinheira do mundo, também não é uma Felicity 2014, posso dizer que ela se esforça, mas se há algo em que ela se destaca na cozinha são os seus sanduiches, os melhores que já provei. –Perfeito. -me jogo no sofá, na nossa mesinha no centro da sala há um mapa, me ajeito e tento entender o que aquilo seria.

–Recepção... –leio o título em voz alta.

Caramba. Já vi planejamento de batalha menos estruturados do que isso. –me admiro ao ver que cada pessoa que convidaríamos disposta em um local do mapa da sala de recepção do hotel Plaza de Central, DJ, pista de dança, mesa de bebidas, bolo, cada detalhe me surpreende. Começo a mexer nos convites, alguns muito elegantes, outros que pareciam ter saído de um desfile de New Orleans, aquilo não era o nosso estilo. Procuro entre todos o que mais se encaixaria com a nossa personalidade, achei um champanhe, com letras e uma fonte elegante e com uma cor cobre, sem envelope, somente o convite. –Acho que ela vai gostar. – sorrio, era muito mais tranquilo, fazer cara de bobo quando ninguém está te observando.

Tento adiantar algumas coisas, mas é realmente muito trabalho, e a maior parte envolvendo decisões que não posso tomar sozinho. Era como escolher entre torta de limão ou torta de maracujá, uma tarefa impossível. Me largo de volta no sofá pensando para quem delegar cada uma das tarefas que ainda faltavam. Talvez Luna possa escolher as músicas, Connor providenciaria a nossa saída para o aeroporto, Isis pode escolher as flores da decoração, até mesmo poderia pensar em alguma tarefa para Damian como impedir os penetras de entrar.

Olho meu relógio mais por habito que por qualquer outra coisa. –Merda! –reclamo enquanto procuro as chaves do meu carro, faltavam vinte minutos para as quatro, não é como se pudesse buscar Hunt da minha maneira convencional, então, onde estavam as minhas chaves? Quando enfim as encontro, me encaminho para o hospital, irritado a lentidão que era andar no centro da cidade, com os faróis sempre apagados e com alguns motoristas sem educação que entravam em meu caminho.

Chego ao hospital tão rápido quanto é possível, não perco tempo me apresentando em nenhuma das portarias, todos ali já me conhecem, conheço até alguns pacientes, que me cumprimentam felizes enquanto caminho pelo corredor. Uma enfermeira mais velha, Dona Rute, me manda um beijo no ar que respondo com um sorriso contente, não podia ser diferente, meu amigo estava saindo do hospital.

–Bom dia raio de Sol. –paro na última portaria, sorrindo para uma das mais novas enfermeira, Amanda, que parecia muito ocupada com uma serie de prontuários para notar algo em sua volta.

–Wally? –seu rosto fica vermelho como costumava acontecer com quando Isis era criança e me olhava com os olhos de paixonite.

–Qual o problema? –percebo que os prontuários são de Hunt e me esqueço do afobamento da jovem.

–Seu amigo, cabeça dura como sempre. –ela percebendo que não havia entendido, resolve poupar o meu sofrimento. –Ele teve uma melhora considerável, bom isso seria eufemismo, você vai ver. –desata a falar, parecia um sistema de proteção, quase a gagueira de Luna, acho que no seu caso, era uma versão de mais palavras por minuto. – Mas ele decidiu abandonar o hospital, e voltar para casa.

–Como assim? Ele não vai ter alta? –questiono confuso.

–Wally, a coluna dele foi quebrada em três lugares diferentes a menos de dois meses, nenhum hospital o liberaria antes de ter certeza de uma recuperação permanente, física ou mental, sem falar de todos os anos de fisioterapia que teria que fazer. –ela tinha razão, estava acostumada a lidar com recuperação de pessoas com superpoderes, ou a prole dos Queens e do Batman.

Entro pelos corredores dos leitos sem me importar com permissão, e Amanda não se preocupou em negar, apenas se jogou de volta na cadeira e voltou a revisar o prontuário resmungando algo como “eles que se entendam.” Abro a porta, pronto para usar toda a minha sabedoria de broncas levadas, preparando o maior discurso nunca, jamais dado, quando as palavras ficaram presas em minha garganta. Hunt estava sobre os próprios pés, arrumando sua mala despreocupadamente, enquanto preciso piscar três vezes para fazer meu cérebro pegar no tranco.

–Você está andando? – aquilo era obvio, idiota até, estava vendo, ele estava em pé ao lado da cama.

–E você é o maior detetive, entre os heróis. –sorri brincalhão.

–Não, investigações e essas coisas ficam para o Batman e Questão. –respondo automaticamente, só me tocando depois da idiotice que estava saído da minha boca.

–Cara, você está andando, como isso é possível? -o abracei sem jeito, com medo de machuca-lo, mas feliz, esperando que me contasse um novo roteiro de filme religioso onde uma entidade divina veio até ele e lhe curou, ou coisa do tipo.

–Entrei para um tratamento experimental, e funcionou. –dá de ombros como se isso acontecesse toda hora.

–Que tipo de tratamento? Bebeu sangue de unicórnio? -estava feliz e muito, mas trabalho com as mentes mais avançadas que já pisaram na Terra, como surgiu um tratamento que não tive notícias.

–O que importa, é que estou bem e voltando para casa. –me joga a mala, como se fosse um saco de algodão.

–Era disso que a enfermeira estava irritada, você está se sentindo melhor e por isso vai sair sem ter alta? Cara, você não pode abandonar o tratamento. – não sabia o que dizer.

–Wally, só preciso sair do hospital, estou cansado de gelatina verde plutônio, preciso de uma lata de cerveja e assistir futebol no sofá da minha casa. Não vou abandonar o tratamento, só não consigo ficar aqui. –abre porta a minha frente esperando que saísse.

–Cerveja? E você não vai abandonar o tratamento? –não é que estava sendo cético de propósito, mas ele realmente disse “cerveja” e “tratamento” na mesma frase, e não usou uma negativa na sentença.

–Ok, um champanhe, no casamento do meu melhor amigo? – tenta.

–Só não entendo.

–Você só não pode ficar feliz por mim? – em sua voz havia um leve traço de amargura.

–Me desculpe por não poder voltar...- ele me interrompe com um sorriso típico do Hunt.

–Cerveja não, mas um Big Belly Burger? Você paga, está atrasado mesmo. – sorri e por um momento penso que tudo está bem.

SARA

–Tia, eu estou em casa! –grito na entrada da mansão dos Queens. –Isis! –continuo com o escarcéu, mantendo os olhos nos meus sapatos.

–É divertido ver como vocês entram nessa casa. –Damian estava parado ao pé da escada, com o semblante fechado de sempre e os braços cruzados sobre o peito.

–Estou vendo, você está quase se dobrando de tanto dar risada. –ironizo. –Tem sorte de nunca ter flagrado nada, por isso fica ai todo tranquilo, ou ranzinza. –dou de ombros. –Não entendo direito seu estado de espírito. –um mínimo sorriso aparece em seu rosto.

–Costumo mandar uma mensagem para a Felicity. –franzo o rosto, sem ter certeza do que acabei de ouvir. Pronto, Connor amando e Damian respeitando a sogra, posso morrer, já vi de tudo na vida. –Não saberia fazer tanto barulho. –justifica sobre meu olhar confuso.

–Isis?

–Está terminado de se arrumar, no quarto.

Subo as escadas, dois degraus por vez, e bato na porta de Isis, que murmura um “entre”, em resposta. Ela estava com um vestido amarelo, rodado, que a fazia parecer uma versão mais nova da mãe, só faltava ser loura. Quando me vê, corre feliz em minha direção para me dar um abraço, desses super intensos, sempre que vejo Isis, sinto que ela está se despedindo de mim.

–Seu namorado troca mensagens com sua mãe. –deduro, só para ver o roso confuso dela, é impagável!

–Damian não faria isso. –fala mais para ela mesma do que para mim.

–O que você quiser acreditar. –dou de ombros, e retiro seu convite da bolsa. –Aqui, vim te chamar para ser minha madrinha, junto com Luna.

–Luna? –parece surpresa, enquanto lê o convite em suas mãos.

–Eu gosto de Luna, mesmo antes de ir para o exército, e ela é a melhor amiga de Wally. –ensaiei esse discurso em frente ao espelho umas cinquenta vezes. –E o amor da vida do meu melhor amigo, seria ela ou o próprio Connor, e não acho que ele ficaria bem em um vestido rosa chá! –brinco a fazendo dar risada.

–É claro, Luna é ótima, só fiquei surpresa, ela costuma ser fechada quando não convive a algum tempo com a pessoa. –posso ver que ainda estranha.

–Digamos que nós temos uma química! –credo Isis, tá pior do que a Tia Fel. Sorrio da maneira mais convincente que posso. –E Wally, a quer muito como padrinho. –tento pela última vez, e só agora ela parece acreditar que tenho um bom motivo, e solta uma risada divertida.

–Entendi. Claro que vocês não deixariam de competir nem mesmo no casamento.

–Então, o que me diz?

–Vou adorar ser sua madrinha. –responde com um sorriso tenso, será que ainda está encasquetada com a história de Luna? Mas ela me abraça mais uma vez, de forma intensa, e não posso deixar de retribuir, só quem já esteve no inferno sabe o valor de uma abraço.

EM ALGUM LUGAR DO MUNDO

Abro meus olhos com dificuldade, sentindo fortes fisgadas em minha cabeça, enquanto meus olhos se adaptavam a luz forte. Estava no que parecia uma sala de operações, deitada em uma maca hospitalar. Meu primeiro pensamento, foi que Amazo havia voltado, e eu estava no lugar onde o Ivo ocupou antes.

Tento me levantar, e arrancar o cateter do meu braço, quando sinto uma mão firme em meu ombro, me empurrando de volta. A sala fica mais clara, e sinto que estou em movimento, como se estivesse em um barco, ou avião.

–Não se mova. –era a voz da Waller, e nem mesmo consigo me sentir aliviada ao ouvi-la. –Nós te encontramos desmaiada ao lado do helicóptero. Uma de suas costelas foi fraturada, a equipe médica precisou te operar, e tem as queimaduras em seu corpo. Estamos cuidando de você. –ela se senta em uma cadeira ao lado da minha cama, e apenas a olho sem reação.

–Ele está morto. –sussurro, com dificuldade, minha garganta estava seca, era desconfortável falar.

–Era a vida dele, ou a sua. –responde, folheando uma revista.

–Não está brava? –ela levanta seus olhos escuros e frios em minha direção.

–Sua mãe é minha sucessora na ARGUS, como explicaria a sua morte a ela?

–Da mesma forma que pode explicar as vinte e nove pessoas que matei a seu comando. –respondo com a mesma frieza. Na verdade eram trinta, mas não vou colocar Ivo nessa lista, ele seria meu segredo, para sempre.

–Você estava servindo o país...

–Claro, Claro. –interrompo, voltando a olhar para o teto. –Vai me interrogar agora?

–Não. Precisa se recuperar. –dizendo isso, ela se levanta, e sai da sala, que mais tarde, descobri que de fato, fazia parte de uma das naves do CADIMUS.

Chegamos a uma de suas bases, e sou levada para um quarto, onde me recuperaria. Mas a verdade é que me prenderiam até que toda a minha missão fosse checada, e tivessem certeza de que não estou escondendo nada. Só então seria liberada. Sei que Luna encobriria sua parte dos rastros, e estou segura de que encobri a minha. Pensar nela me faz levar as mãos ao pescoço, como será que todos estão, meus pais, Wally, os Queen’s?

Passo um mês inteiro sendo mantida na base, para minha “recuperação”, as queimaduras já haviam se tornado cicatrizes grossas, consegui uma tesoura para cortar meus cabelos, até o meio de minhas costas, com cabelos cacheados como os meus, mantê-los cumpridos, é a única coisa que me impede de parecer uma vassoura humana. Já havia até mesmo voltado a treinar, então não foi surpresa quando dois agentes me levaram a uma sala de interrogatório, onde a Waller me aguardava. Antes de sair do quarto, pego meus talheres, e os coloco em minhas meias, então sigo os guardas.

–Agente Diggle. –me cumprimenta, indicando uma cadeira, dois brutamontes param na porta, e ela se mantem do outro lado da mesa. Se Amanda soubesse que eles não são problema, e que eu quero muito matá-la, estaria atrás de um vidro blindado.

–Sua próxima missão. –empurra um envelope pardo em minha direção, e olho para o objeto sem acreditar, depois levanto meus olhos para ela, na esperança de que perceba todo o ódio neles.

–Amazo foi minha última missão, e está concluída.

–Você falhou, e nós perdemos tudo. –solto uma risada sarcástica, me lembrando de seu número maternal, quando fui resgatada.

–Perdi dois anos da minha vida nisso, não sou um membro do Esquadrão Suicida, Waller, e estou afirmando que vou sair daqui, por bem, ou por mal. –minha voz era baixa, e cheia de ameaças explicitas, Deus, vou matar essa mulher se ela tentar me manipular.

–Você me lembra uma pessoa. –sorri nostálgica. –Até mesmo ele, aprendeu que não pode me contrariar. –bate a mão na mesa.

Foi rápido demais, me abaixo e pego a faca em minha meia, depois puxo suas mãos, a fazendo varar do meu lado da mesa, em minha frente, com a faca pressionada em seu pescoço. Os guardas me tem sob a mira de seus revolveres, mas estava bem protegida atrás do corpo da Amanda.

–Há dois anos, eu não seria capaz de pressionar uma faca em seu pescoço. –murmuro em seu ouvido. –Graças a você, agora faço sem hesitar.

–Sara, se acalme. –sua voz soava como sempre, mas vejo uma gota de suor surgir em sua testa.

–Só depende de você, não preciso de uma arma para te matar, mas se não me deixar voltar para minha família, farei isso com prazer. –a aperto mais, tornando impossível que saísse de minha imobilização. –Odiaria ter que contar para minha mãe, que assassinei uma amiga tão querida. –ironizo, usando seus argumentos.

–Tudo bem. –murmura com esforço, depois olha para os guardas, que colocam suas armas no chão, e as chutam em minha direção.

–Quero uma garantia. –ela coloca a mão no bolso, me pedindo calma, e tira um telefone de lá.

–Tome, pode falar com sua família, dizer onde está. Será sua garantia.

Disco o número de Luna, com o qual ela costumava atender a polícia no time Arrow, era codificado, impossível de se rastrear. Coloco o celular sobre a mesa, no viva voz.

‘Alô?’ preciso me segurar para não chorar ao ouvir sua voz, mesmo alterada pelo modelador, soando como o Arqueiro Verde, o que faz Waller estremecer.

–Diga a ele minhas coordenadas! –ordeno e a Amanda começa a passar instruções para Luna.

‘Sara?’ sinto a emoção em sua voz. Minha ligação ao Arqueiro não é uma surpresa para a Amanda, já que meu pai trabalha com ele desde sempre, então o herói de Star City me chamar pelo nome, é algo normal.

–Eu estou bem. –garanto.

‘Estou mandando alguém para te buscar.’ Assim que termina de falar, vejo o Caçador de Marte em nossa frente. Solto a Waller de qualquer jeito, e vou em direção a J’onn, que prende um comunicador da Liga em meu ouvido, e de repente, estou parada, no centro do que foi a primeira caverna do Arqueiro.

Luna, segurava uma mala militar em suas mãos, ao lado de uma grande caixa. Não penso muito, apenas corro em sua direção, que deixa a mala cair e me abraça com força. –Graças a Deus você es... está bem! –sussurra em meu ouvido.

–Senti sua falta. –respondo me prendendo mais a ela, sorrimos feito bobas quando nos afastamos.

–Vou voltar para a torre, Luna explicará tudo, me avisem quando estiverem prontas. –J’onn diz nos lembrando de sua presença e vou até ele com um sorriso de gratidão.

–Obrigada. –falo, e ele sorri em resposta, desaparecendo em seguida. –Ah Luna! –voltamos a nos abraçar.

–Infelizmente eu não posso demorar. –diz se afastando em direção a caixa, limpando as lágrimas de seu rosto. –Connor foi capturado ontem. –a olho alarmada. –Mas está bem, em casa, só tenho que ficar o monitorando. –me tranquiliza. –Isso é para você. –me entrega uma sacola com um uniforme militar.

Começo a me trocar, e ela se ocupa em me contar o que houve com Connor, e falar um pouco de cada membro de minha família e do Time. Quando termino, ela prende meus cabelos em um coque desses sem graça, que se usa no exército, depois coloco a boina, e estava pronta. Combinamos como ela contaria para Wally, sem revelar que eu era sua surpresa, me entrega uma chave, a mala e a caixa, e nos despedimos mais uma vez. Aviso o J’onn que me deixa em frente a um prédio de tijolinhos, muito bonito, em Keystone, subo para o endereço que Luna me deu, e toco a campainha, com os dedos trêmulos.

Wally abre a porta com um grande sorriso, aposto que ele pensou que era comida. Mas congela assim que me vê, e não sei como reagir, estava mais alto, e forte do que a dois anos atrás, seus cabelos ruivos estava no mesmo corte que o Barry usa, mas havia dor em seus olhos, dor que vejo se dissipar enquanto me estudava, como se quisesse garantir que sou mesmo real. Engulo o nó em minha garganta, e faço força para encontrar minha voz, pois ele parecia estar em transe.

–Luna me deu uma cópia das chaves, estão no meu bolso, mas não consegui alcançar. –olho para minhas pernas indicando o local.

Tudo o que vejo depois é ele arrancando a caixa de qualquer jeito, e me livro da mala em minhas costas da mesma forma. Pulamos nos braços um do outro, e tudo o que sinto é ele me completando, nada mais importava, estava segura, em casa.


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Notas finais do capítulo

Então amores, nos digam o que acharam!
Bjnhos!



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