Paradoxo - Seson 2 escrita por Thaís Romes, Sweet rose


Capítulo 18
O Robin


Notas iniciais do capítulo

Oi gentes!
Finalmente, um capitulo cheio de Damian e Isis, do inicio ao fim para vocês. Esperamos mesmo que gostem.
Boa leitura!



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DAMIAN

Tedio era a minha companhia constante quando eu resolvia aparecer na universidade de Gotham, entenda-se, só estou aqui por não ter encontrado uma desculpa aceitável para faltar. Estava no meu terceiro semestre de Economia Internacional, e até agora nenhum professor havia me ministrado nada do que eu já não soubesse desde os meus oito anos. Quem sabe no próximo semestre eles me passem alguma coisa que eu tenha aprendido depois dos dez, acho improvável, mas Isis me proibiu de desacreditar na humanidade.

Meu curso é entediante, mas uma coisa era interessante, como todos os alunos se mantinham distantes de mim, até mesmos os docentes procuravam não se aproximar muito. Claro, sempre havia uma exceção, vez ou outra alguma garota resolvia tentar quebrar a barreira, seja pelo meu sobrenome, conta bancaria, ou por minha aparência, alguns garotos também tentavam fazer amizade toda vez que eu aparecia com um carro diferente, mal sabiam eles que eu pegava o mais próximo do portão que eu encontrava.

A aula estava caminhando para o fim quando o meu celular me tira da monotonia, saio da sala, atendo sem nem olhar para o número na tela, só grato por ter algo mais produtivo do que a história econômica de vinte e nove. -Pronto?

‘Pode buscar a Chloe agora na escola?’ A voz de Dick era quase um sussurro.

–Onde você está? –tento lembrar se ele havia sido escalado para alguma missão mais nada me vem à mente, sei que o velho Wayne estava resolvendo alguma coisa fora da Galáxia, Tim estava em Nova York, Barbara ... não faço ideia.

–Pode ou não? –mesmo com a voz baixa, ele parecia impaciente, só os seus filhos conseguiam deixar Dick dessa maneira, outro motivo por gostar tanto dos meus sobrinhos.

–Estou saindo daqui. –já estava a meio caminho do estacionamento a essa altura, como eu disse, só precisava de uma desculpa.

‘Outra coisa, só pegue a Chloe, assine a despensa, eu resolvo isso quando voltar.’ parecia preocupado, achei estranho.

–O que aconteceu? –ligo o motor e me encaminho para a saída da Universidade.

‘Tenho que desligar.’ Disse, seguido de um estrondo.

Quando paro em frente à escola da minha sobrinha, tudo parecia quieto. Me encaminho até a sala da diretoria, como eu sabia o caminho? Digamos que eu frequentei esses mesmos corredores durante parte da minha infância, mas diferente da faculdade, os meus colegas do primário não tinham o bom senso de manter distância, então vez o outra Alfred era obrigado a parar a faxina na mansão, e vir me buscar.

–Bom dia Sr. Wayne. -uma voz monótona me tira do meu momento nostálgico, eu apenas a comprimento com a cabeça. –O diretor está na sala esperando com a Srta. Grayson. –ela aponta a direção, como se eu não soubesse por experiência própria, e sigo, não me dando o trabalho de bater antes de entrar.

–Tio Damian. –Chloe corre me abraçando antes mesmo que eu feche a porta atrás de mim.

–Oi garota, ficou entediada? –brinco com ela, que nega fazendo beicinho.

–Eu liguei para a Sra. Grayson, ela me disse que não poderia vir buscar a filha, mas que mandaria alguém responsável para resolver esse impasse. –a voz monótona daquela criatura barbada que mais parecia um leão marinho e não uma pessoa, não havia mudado muito com o passar dos anos.

–Sr. Daves.

–É Willians. –retruca como se eu me importasse.

Se aquele cara possuísse cinco centímetros a mais de coragem, tenho certeza seria um vilão irritante dessa cidade. No alto dos seus sessenta anos, barriga proeminente, olhar de tédio e cabeleira rala e branca, seria páreo duro para o Pinguim. Mas como a coragem lhe faltou, ele só era vilão das crianças até o sexto ano.

–Que seja, vim levar minha sobrinha. –acaricio os cabelos castanho-vermelhados de Chloe.

–Me desculpe, Sr. Wayne, mas quando a Sra. Grayson disse alguém responsável, pensei que fosse o avô, não... –ele me olha com ar enojado, mas algo em minha expressão, o impede de terminar a frase. –Já que não tem parentesco com as crianças. –esse sujeito nunca foi com a minha cara, e eu estava pouco me fodendo para ele, mas agora estava mexendo no lugar errado.

–Sr. Willians, devo lhe lembrar que meu pai, Sr. Wayne, que tanto tem sido generoso com o passar dos anos com a sua instituição, adotou o Sr. Grayson, sendo assim ele é legalmente meu irmão, e seus filhos, meus sobrinhos. E se isso não fosse razão suficiente tenho aqui em seus registros, um documento que diz que tanto eu, quanto Tim Drake ou Jason Todd, temos permissão para levar nossos sobrinhos a hora que acharmos melhor. –o encaro com ar de tédio, enquanto massageio minhas têmporas.

–Já é a terceira vez na semana que os pais não podem busca-la. Não me espanta essa menina brigar no meio do pátio feito moleque de rua. –como assim Chloe havia brigado com alguém, isso não era da sua natureza, mas me foquei no que realmente estava me irritando, o desprezo om que ele se referia a minha sobrinha.

–Acabou Sr. Willians? – eu tinha que sair dali por que se não iria dar na cara desse idiota.

–Sim. –ele se senta e eu indico a saída para Chloe, tinha meus punhos cerrados, presos ao lado do meu corpo. Não faça besteira Damian, repito internamente, você está como o adulto responsável.

–Se isso continuar a acontecer, para o bem dessa criança, eu acho que devo chamar o serviço tutelar. –diz em voz baixa, e quando o olho de lado, o vejo se encolher por reflexo.

Me agacho diante dos olhos inocentes da minha sobrinha, e acaricio seu rosto de anjo antes de pedir. –Chloe, me espera lá fora. –ela assente saindo obediente em seguida, e tranco a porta para que não sejamos interrompidos. –O que pensa que está fazendo? –o velho tem medo no olhar, ótimo, medo era o que eu queria. -Não tem o direito de ameaçar tirar a minha sobrinha dos pais, usando essa história de conselho tutelar. –paro em sua frente o encarando, não havia ameaça em minha voz, ela era impecavelmente educada, o que no dicionário de um Wayne, significa perigo. –Você não vai querer mexer com a minha família. Ouça bem esse aviso, por que vai ser o último, faço você perder tudo, não vai conseguir emprego nem mesmo em canil municipal. Te aturei por anos em minha vida, pois meu pai confia em seus métodos de ensino, acredita que sua escola é a melhor, mas eu sei como você é um bêbado, preguiçoso, e quantas secretárias você assediou. – ele estava branco, parecia que a sua alma tinha saído do corpo. Bom! Era assim que ele tinha que ficar. –Não acho que seja para o conselho tutelar que deva ligar. Tenha uma boa tarde Sr. Daves, ou Willians, ou qualquer outra coisa, não dou a mínima.

–Você bateu nele tio Damian? –Chloe estava escorada na parede, parecendo assustada.

–Claro que não. –estendo minha mão para ela. –Violência nunca resolve nada. –mereço o prêmio de hipócrita do ano depois dessa.

Queria poder dizer mais alguma coisa a Chloe, repreende-la, mas o que eu poderia falar? Então, fiz a única coisa a meu alcance, a abracei com força e falei para ela ser forte, por que a briga seria grande, depois claro fomos tomar sorvetes juntos. Deixo Chloe na casa do Comissário Gordon no meio da tarde, ele não é mais Comissário, mas velhos hábitos não morrem tão rápido assim.

Quando chego em casa, resolvo tirar um pouco da ferrugem por falta de treinamento, ficar perto dos Grayson’s e Queen’s está me deixando mole, acho que estou precisando voltar para Nanda Parbat, precisando de um tempo para voltar a ser eu. Quem que eu estou querendo enganar, gostava dessa versão de mim mesmo, por mais que fosse esquisito ainda a parte de confiar e ceder, era um esquisito bom. Mas claro que querer não é poder, quando entro na caverna ela já estava ocupada, Tim estava sentado à frente dos computadores, Jason engolia, sem mastigar, metade de uma vaca entre duas fatias de pão, nojento, e tínhamos Isis, usando seu uniforme preto e verde, seus olhos azuis podiam ser vistos a distância, sob a máscara negra, e eles estavam espantados enquanto observava Jason realizar o ritual que ele denomina como refeição.

–Cara, vai acabar tendo uma indigestão. –ela quase vomita as palavras e Jason em resposta sorri com uma folha de alface entre os dentes. Eu nem me preocupo em perguntar porque eles estavam ali, uma completa perda de tempo.

Tim olhava para uma série de telas com alguns indicativos na borda de cada imagem, um frio percorre a minha coluna quando vejo traços muito peculiares em cada uma delas. Mortes aleatórias, todas com uma crueldade além do comum para um vilão qualquer. Alguém muito sádico tinha feito aquilo, ou muito insano. Atentados sempre em lugares religiosos, mosteiro no Tibete, um templo Budista na China, uma casa de oração na Suméria, entre outros lugares.

–Esse cara não gosta de religião, não é mesmo? – Isis aponta para uma mesquita em Jerusalém.

–Acho que ele é agnóstico. –Jason acerta a lixeira com uma bola feita com o seu guardanapo.

–Está mais para um cara que tomou um banho em um poço muito conhecido por vocês dois. –Tim abre uma imagem onde podemos ver, através dos satélites o castelo do meu avô, que hoje é comandado pela minha querida mãe.

–Alguma notícia do velho Ra’s? –Isis aponta para a foto do demônio.

–Morto até onde sabemos. –Tim dá de ombros, mas é só uma tentativa de amenizar, por que nunca, nenhum dos membros dessa nossa família bizarra, acreditaria que Ra’s realmente estivesse morto.

–Então a casa está por conta da vaca da Thalia? – deveria ter ficado irritado quando Jason xingou a minha mãe? Acho que depois que ela me matou, Vaca se tornou um elogio educado.

–Apenas consigam um nome, precisamos saber se alguém foi ressuscitado além de vocês dois naquele lugar, isso é uma missão diplomática. – Tim nos adverte.

–E você chamou cabeça quente um e dois para isso? – Isis aponta para Jason e depois para mim, fiquei mais irritado por ela ter me colocado na segunda posição do que por Jason ter ofendido a minha progenitora. –Coloquei por ordem de idade. – se explica parecendo ler minha mente.

–E por esse motivo, você está indo também. –Tim aponta para Isis. – Preciso que você mantenha o controle por lá.

–Vou precisar de dois enforcadores e por favor, a focinheira também. –Jason olha com um sorriso de lado, gostando da piada.

–Como prova de nossa diplomacia vocês vão levar um presente. –Tim a ignora, e a entrega uma antiga espada que um dia meu pai cravou no peito de Ra’s, um sinal de respeito e poder ao mesmo tempo, Tim era bom nesse negócio. Talvez por esse motivo ele seja o único de nós que nunca morreu.

–Mas qual o porquê desses lugares? –Isis volta a encarar as imagens. –Duas delas me parecem bem antigas.

–E são. -Tim afirma. –Isso vem acontecendo a aproximadamente a dezoito anos, apesar de que eu não sei o porquê desses lugares.

–São lugares que as pessoas vão em busca de aquietação para alma. – Jason explica o que eu já havia constatado.

–Lugares como esse atormentam aqueles que não as tem. – termino a explicação e vejo de canto de olho Isis me olhar com carinho, anteriormente poderia deduzir que isso era pena, hoje sei que nunca receberia um olhar de pena, não dela.

Tim nos encaminha para a porta do inferno, o lugar que um dia chamei de lar, e eu que cogitei mais cedo voltar para treina, nunca mais brinco com isso. Somos recepcionados por quinze guardas que nos cercam com suas espadas, lanças, metralhadoras e flechas. Esperava mais da minha mãe, não vi nenhuma bazuca apontada para a minha cara, desapontado!

Não demora muito e ela irrompe pelos portões, usando uma roupa que deixaria qualquer filho constrangido, Depois me perguntam o porquê de todos os meus traumas, se tudo o mais não bastasse, essa cena me levaria para a cadeira de um analista. Por isso que eu prefiro a minha tia, ao menos ela sabe usar as roupas como o que são, ornamentos para cobrir a pele.

–Olá meu filho. –ela se inclina sobre mim me dando um abraço, o qual eu respondo de maneira estática, nem mesmo minha sobrancelha se levanta. –E bom ter você de volta. –sentia toda a falsidade em sua voz. –E essa deve ser a minha nora? – era muito sarcasmo, e sei que Jason me zombaria por isso, por no mínimo, um ano inteiro, mas agora ele nem ao menos mexeu o corpo além da sua respiração.

–Preciso de uma informação. –corto antes que aquilo se torne mais insuportável.

–Então melhor entrarmos. –aponta para os portões, mas não sei se era uma boa ideia.

Isis e a Katoptris em um ambiente repleto de magia, seria mais um bombardeio de visões. Então notei que era isso que ela queria, e não iria aceitar um não como resposta. Para minha surpresa Isis é a primeira a dar um passo em sentido ao portão, encarando sem desviar o olhar de Thalia. Um sorriso gélido atravessa a face da minha mãe, eu tinha puxado o mal gênio dela, meu pai parecia um anjo comparada a essa peste.

Entramos e ela nos conduz logo a sala do poço, vejo o suor descer pela lateral do rosto de Isis mas ela não demonstra nada. Vejo sua mão desviar para a bainha de Katoptris e ela respira firmemente, a desembainha como se pedisse para que tudo terminasse de uma vez. Os guardas apontam suas espadas para ela, mas minha mãe acena ordenado que se retirassem. E assim com ela desembainhou, voltou a guardar e em sua feição nada demonstrou, vejo Thalia com um olhar vidrado, acho que ela esperava fogos de artifícios, mas nem uma boca torta de Isis ela conseguiu.

–Precisamos saber se esse poço trouxe de volta alguém além de nós dois. –Jason resolve dar um fim naquela palhaçada, retirando o capacete e encarando Thalia.

–E por que entregaria essa informação a vocês?

–Por ser uma mãe exemplar. –o sarcasmo é ácido.

–E por que temos um presente. –Isis pede com o olhar para que eu me acalme. Retiro a espada das minhas costas a desenrolando deixando claro do que se tratava.

–Meu amado usou essa espada. –sua voz tem algo que não sabia identificar, algo perturbador.

–Cravando no peito de seu pai. –Jason nem pisca ao falar.

–Precisamos da informação. –Isis de novo corta uma possível ação hostil.

–Pois bem. –Thalia se senta à beira do poço, molhando os dedos em suas águas. –Usado, ele é constantemente. De volta a vida apenas sei dos seus nomes, mas no período que estive ausente de Nanda Parbat, conhecendo mais do mundo... –em outras palavras, enfiando a espada em quem lhe desagradasse e transando com meio mundo. –O palácio foi invadido quando seu avô não estava aqui, metade dos guardas foram mortos e a outra metade estripada.

–Então ele foi usado? –Isis dá um passo em sua direção, cortando a história.

–Sim, mas não sabemos por quem. – Thalia afirma, parecendo não se importar.

–Alguém conhecedor da segurança desse castelo quando Ra’s não estava por aqui. Alguém que conhecia o funcionamento interno. –minha cabeça me levava apenas para uma pessoa.

–Sim. –Thalia afirma, ela sabia quem havia invadido o castelo e eu também.

ISIS

Chego em casa no início da noite, como sempre, faço um escândalo ao entrar, nunca se sabe quando meus pais se sentirão “inspirados”, é melhor não brincar com a sorte. Subo para meu quarto, tentando digerir a visão que tive, a Katoptris alucinou, assim que pisei em Nanda Parbat. Ao longo dos anos, aprendi a controlar minha face de “pessoa normal” quando estou vendo meus familiares ou amigos mais próximos, sendo mortos, ou despedaçados em uma das 52 terras. Não costuma ser nada divertido.

Mas durante esses quatro anos, minhas visões tem se alternado com um relâmpago azul, e o Arqueiro Negro. Nunca tinha visto aquele rosto, além de em minhas visões, mas conheço bem o homem que o tirou do poço, e pela forma que Damian estava quando voltávamos de Nanda Parbat, ele também conhecia. Me jogo na cama, ciente de que deveria levantar em poucos minutos, e tomar um banho, precisava convencer Tim a me mandar para Seattle.

Olho para a pilha de panfletos de universidades que meus pais acumulavam em minha escrivaninha, e acho que nem mesmo vou precisar do Tim dessa vez. Me levanto e vou em direção ao banheiro, tomo um banho rápido, e coloco jeans, um cardigã vermelho e um casaco sobre todo meu “arsenal civil”, precisaria de uma sombrinha também, que enfio em uma bolsa preta e pequena, Deus, eu odeio Seattle.

‘Oi baby!’ Minha mãe atende no primeiro toque.

–Mãe, já está na torre? –pego os panfletos e os folheio sem nenhum interesse real.

‘Sim, J’onn está em campo, e o Sr. Incrível vai me render mais tarde. Luna vai ficar com vocês hoje.’

–Sobre isso. –hesito andando de um lado para o outro no quarto, quando escuto a porta de casa se abrir, por não escutar mais nenhum movimento, já sabia de quem se tratava. –Pode teletransportar Damian e eu para Seattle? Quero conversar com minha tia sobre as universidades que ela falou.

Damian surge na porta do meu quarto, usando um sobre tudo preto, jeans escuros e uma bota de combate, seus cabelos estavam como sempre impecavelmente arrumados, e havia também todo aquele ar badboy a sua volta. Suspiro feito boba por um momento, e me odeio por ter feito isso, é a parte Felicity em mim, tomando conta nas horas mais inoportunas possíveis. –Vamos sair? –ele pergunta normalmente, e aceno um sim como resposta.

‘Está pensando na Universidade de Seattle? Mas e quanto ou MIT?’ posso sentir a entonação do desespero em sua voz.

–Mãe, já disse, quero testar todas as minhas opções. –suspiro frustrada.

‘Tudo bem, mas precisa voltar para a ronda, Connor e Sara não podem ficar sem reforços caso seja necessário, seu pai e John estão na Rússia com o Bruce.’

–Claro, claro. Só quero mesmo tirar algumas dúvidas. –não era mentira, não tudo.

‘Eu odeio Seattle.’ Ela murmura, e de repente estávamos na escuridão de um beco entre dois prédios imensos, reconheço um deles como a filiar da QC na cidade.

–Jura Isis, Seattle, e você nem para avisar? –Damian reclama quando os pingos grossos da chuva começam a desfazer o penteado Wayne padrão.

Todas as vezes que olho para a cabeça de um deles, consigo entender o porquê da fase emo do Dick, quando deixou de ser Robin. Mudar o penteado deve ter irritado Bruce muito mais, do que ter mudado o codinome para Asa Noturna, foi a forma dele de se rebelar. E respeito isso. Abro minha sombrinha e o entrego, por ele ser mais alto. Damian bufa ainda irritado, mas passa o braço por sobre meus ombros me abraçando e nos protegendo da chuva.

–Eu odeio essa Katoptris, sabia? –ele murmura enquanto caminhávamos em direção a QC. –Precisa me prometer que quando resolver se desfazer dela, vai me deixar sugerir algumas opções de destruição, já tenho uma lista.

–Damian, ela é temperamental. –aviso e ele revira os olhos, sem se importar nem um pouco. –Se me mostrar uma versão sua morrendo, eu vou fazer questão de criar um quadro de arte abstrata, retratando o momento, e te dar de presente de natal. Isso não pode ser considerado como contar a visão, pode?

–Você não é judia? –pergunta, mantendo a porta de vidro aberta para que eu entrasse.

–Tecnicamente, mas é complicado ter uma religião em minha casa. –dou de ombros. -Nós passamos a comemorar todos dos feriados, os da minha mãe, do meu pai e de Connor, nosso lema é sem recriminações.

Não preciso me anunciar, todos sabiam quem eu era no momento em que passamos pelas portas, Damian parecia estar igualmente acostumado. Um funcionário nos conduz para um elevador exclusivo para a presidência, que acredito que se apertar os números certos, nos levaria para o covil da Speed e do Arsenal. Deve ser uma droga combater o crime em baixo dessa chuva incessante. Não me admira o índice de violência da cidade ser muito menor do que a de Star City, quem iria querer sair de casa em um lugar desses?

–Chloe brigou na escola hoje. –ele conta assim que as portas se fecham, tentando conter um sorriso de lado. –Parece que bateu em um garoto da terceira série. –eu o olho espantada.

–Como assim? Ela se machucou? –questiono preocupada, Chloe pode ser marrenta, mas é uma garotinha pequena para seus oito anos, e parece muito mais uma boneca de porcelana do que uma criança briguenta.

–Nem um arranhão. Eu verifiquei. –sorrio fraco para ele. –Parece que o garoto não teve a mesma sorte, mas fiquei preocupado. –franzo o rosto para ele. –Sim Isis, eu me preocupo. –responde a ironia estampada em minha face, mas era pura implicância, Damian é louco por seus sobrinhos e ele sabe que eu sei disso. –Ela não quis me contar o motivo, só disse, palavras dela, que ele é um “bobão cara de coco”.

–Até a Chloe é melhor do que eu em xingamentos. –pondero e Damian concorda balançando a cabeça.

A porta do elevador se abre e somos recebidos por uma Thea sorridente. Ela me abraça com carinho, sem esconder a animação. –Sabia que Seattle, venceria! –comemora piscando para Damian. –Pode pedir transferência, eu ajudo vocês, a primeira vez em que morei com Roy tínhamos dezenove anos, eu dobro meu irmão e Connor fácil. –Damian morde o lábio para não rir do constrangimento em meu rosto, mostrando a covinha em suas bochechas.

–Desculpa tia, mas não vim pela universidade. –digo sem graça a vendo murchar. –Preciso de respostas. –Thea suspira e nos indica um sofá amarelo no centro de seu escritório. Nos sentamos lado a lado, e ela se senta no poltrona em nossa frente.

–O que querem saber? –troco um olhar com Damian, ele iria preencher as lacunas que não posso.

–Malcom Merlin. –ela fica imediatamente tensa, mas sei que Thea responderia todas as nossas perguntas, o problema é que as minhas são muito limitadas, por isso precisava de que Damian estivesse pensando o mesmo do que eu.

–Claro. O que ele fez agora?

–Acho que o certo é, o que ele fez a muitos anos atrás. –sim, Damian estava pensando o mesmo.

–Vocês estão falando do empreendimento nos Glades? –semicerra os olhos. Não era essa a bendita resposta, mas não sei como perguntar sem revelar a visão.

–Não, desse nós sabemos. –Damian parece tão impaciente quanto eu. –Quinhentas e três pessoas morreram naquele dia, mas quero saber quem ele ama, além de você, a ponto de trazer de volta a vida, usando o poço de Lázaro. –respiro aliviada, acho que se estivesse sozinha aqui, o beijaria nesse momento.

–Malcom é 100% contra a ressuscitar pessoas usando o poço. –diz convicta. –Quando sua mãe matou Sara. –ela olha condescendente para Damian, sem julgamentos, afinal o pai dela também é um super vilão. -Cheguei a falar disso com ele, e pensei que voaria em meu pescoço!

–Sabe se ele presenciou a ressureição de Jason? –pergunto a Damian que estava pensativo.

–Não. –responde imediatamente. –Ele ouviu os rumores, todos ouviram, mas não acho que tenha presenciado. Tem que haver um motivo para ele ser contra.

–Ele não faria isso, Malcom é horrível de várias maneiras, mas disso eu tenho certeza. –ela afirma e Damian me olha, estudando meu rosto, que deve estar vermelho agora de tanta frustração acumulada.

–Sim, ele fez. –diz a ela, que leva a mão a cabeça. –Pensa Thea, quem ele traria de volta a vida.

–Bom, ele não era um monstro antes de sua esposa morrer. –parece pensar alto. –Acha que foi ela? –pergunta esperançosa, Damian me olha mais uma vez, eu mordia os lábios para não gritar a resposta.

–Não. Precisa ter outra pessoa! –não conseguia mais ficar parada, me levanto e passo a olhar a cidade chuvosa através das janelas do escritório.

–Tommy. –a voz de Thea se resume a um suspiro, quando me viro em sua direção, seus olhos estavam marejados, a ponta do nariz vermelha, ela parecia devastada. –Ele era meu irmão, filho do Malcom. –ela olha para Damian, depois para mim. –Por favor, me diz que não foi ele quem capturou o Connor. O Tommy com quem cresci era uma das melhores pessoas com quem convivi até hoje, ele não pode ter machucado meu sobrinho.

–Sinto muito. –Damian diz, sem nem precisar olhar em minha direção para confirmar a resposta.

Tommy Merlin, ele era o melhor amigo do meu pai, por que então iria querer caçá-lo?

–Oraculo, é melhor nos levar direto para a torre. –Damian se levanta, e toca o comunicador em sua orelha. –Claro que não estamos uniformizados! –ele responde, se esforçando para ser paciente, eu me sento ao lado de minha tia, e passo meu braço ao redor de seus ombros tentando confortá-la, da melhor forma que podia. –Não, ela não vai se mudar. Sim, pode ser o MIT... Sinceramente, eu não sei! –ele bufa, tenho certeza que minha mãe estava fazendo isso por diversão, ela não faz o estilo Donna Smoak. –Quer saber, vou ligar para o Tim! –Damian explode, e no mesmo momento, estávamos no centro do teletransporte, com Thea ao nosso lado.

–Credo, como você é esquentado! –escuto a voz da minha mãe que estava sentada em frente aos computadores, ladeada pelo meu pai, vestido como Arqueiro Verde, e o Batman. –Isis teve uma nova visão? –deduz.

–Sabemos quem é o Arqueiro Negro. –Damian diz, sem rodeios. –Ele é Tommy Merlin.

–Nós já sabemos. –Batman e Arqueiro respondem juntos, e a Oraculo concorda. –Acabamos de voltar de uma das prisões da ARGUS, fomos ver Malcom. –meu pai continua, como uma resposta ao olhar inquisidor de Thea, ele também parecia igualmente abalado. –Ele nos contou o que fez.

–Ótimo, fui a Seattle atoa. –Damian reclama baixo o suficiente, para que apenas eu escutasse, por estar muito próxima.

–O que vamos fazer agora? –eu pergunto preocupada com meu pai e meu irmão.

–Quando o Capuz Vermelho voltou, ele queria o Coringa morto. –Batman diz.

–Queria que você o matasse. –Damian corrige, mas não por implicância, eles estavam no modo Batman e Robin, tentando montar o caso.

–Vingança? –minha mãe pergunta. –Nesse caso, não faz sentido ele ir atrás do Arqueiro Verde, ele tentava salvá-lo enquanto ele morria.

–Tommy pediu para que eu saísse do local. –meu pai parece perdido em pensamentos e dor. –O prédio estava desabando, ele voltou para resgatar Laurel, mas uma viga caiu sobre ele... –minha mãe se levanta, e toca seu ombro com carinho, o dando apoio.

–Tecnicamente quem o matou foi Malcom. –Damian corrige mais uma vez. –Acha que ele quer que o Arqueiro Verde mate o Merlin? –pergunta ao pai que parece pensar a respeito.

–Espera, mas o Robin não voltou com essa sede de vingança. –eu penso alto olhando para o rosto de todos, que passam a se olhar, depois me olham, e desviam o olhar, como se estivesse invadindo a privacidade de alguém naquela sala. –Ele também usou o poço.

–Eu tive algo em que me agarrar. –diz sem me olhar nos olhos, mas meu pai e Batman o olhavam cheios de significado. –Te explico depois, só tenha em mente que meu caso não pode ser usado como paralelo com os deles.

–Robin, Nightmare, é melhor vocês usarem um de seus uniformes reservas que temos aqui. –Batman sugere. –Outros heróis estão a caminho, e a identidade é importante.

Aquilo era uma desculpa, havia algo no caso de Damian que eles não queriam que discutíssemos na frente de todos, ou na frente deles. Pensando bem, isso é ridículo, mas como estou tentando ser a filha obediente nesse meu último ano com meus pais, para não os enlouquecer de vez, me resigno a minha sina, e vou me trocar em um dos vestiários. Mas também, não vou ficar aqui discutindo caso depois, vou direto para Star City, descontar minha frustração por nunca poder falar o que quero, na cara de algum bandido idiota!

Eu estava cansada e frustrada com tudo isso. Ser bombardeada sempre pelas mesmas imagens da Katoptris, era como se ela estivesse me dizendo que eu não estava fazendo nada para impedir o que aconteceria. As vezes quero gritar para os céus, o quão isso é injusto com todos ao meu redor, e comigo. Nem mesmo me importo mais em mentir de uma maneira convincente para os meus familiares ou para Damian, acho que para ninguém, minhas mentiras são tão ruins que nas poucas vezes que eu parava para pensar na porcaria que eu havia falado ficava com vergonha de mim mesma, talvez devesse fazer faculdade de artes cênicas para aprender a mentir melhor.

–Nightmare? –ouço Damian me chamar do outro lado da porta do vestiário. –Luna precisa de ajuda. -abro a porta com uma carranca, que faz Damian dar um passo para trás, isso era uma atitude correta. Sigo de volta para o centro da torre que agora fervilhava de heróis voltando de suas missões. Procuro meu pai entre as pessoas mas não o encontro.

–Seu pai foi investigar uma organização no sul da África. –só a voz dele já me causa arrepio, mas quando olho para cima Superman estava sorrindo, o seu típico sorriso de cara atrapalhado, só faltava os óculos em seu rosto, as vezes me pergunto se as histórias de que Lois levou anos para descobrir que Clark Kent era Superman eram realmente verdade. –Estamos muito próximos de descobrir todos os membros de um trafego internacional de bebês. –seu sorriso desaparece, aquilo era pesado, mesmo a liga enfrentando tantos vilões intergalácticos, e demônios mitológicos, até deuses, era incrível como a nossa própria espécies conseguia nos fazer sentir vergonha de nós mesmos.

–Nightmare? – ouço minha mãe me chamar.

Aceno uma despedida muda para Clark, que desde que descobriu sobre a sua versão imperador do mal/assassino brutal/ditador, começou a me tratar com mais cuidado e sempre que fala traz um sorriso que parece ter vindo direto de Pequenopolis. Em outras palavras, o mais humano possível, para me fazer entender que ele era tão humano quanto kripitoniano. Não era culpa dele, eu sei, mas sempre que olho em seus olhos, as imagens da versão dele espancando meu pai até a morte, me invadem a mente.

–Arqueiro Verde foi sequestrado. –anuncia assim que me aproximo, olho espantada, mas minha mãe tinha um sorriso nos lábios. –Não esquenta, não é um sequestro, sequestro. –começa a devanear enquanto falava. –O maior risco que Connor corre no momento, é de precisar discutir como serão o nome de seus futuros filhos e locais de casamento, segundo o que Diggle me contou a alguns anos.

–Às vezes Oraculo, você consegue ser mais assustadora que o Batman. –eu estava com a cabeça cheia, e minha mãe não estava ajudando.

–Já passei por isso, agora é a vez da Luna. – responde com um ar pensativo. – Tive muitos pesadelos com o que eu ouvi aquele dia. –sua expressão se fecha instantaneamente. –O importante é que Luna pediu a sua ajuda, Artêmis já está por lá. – e assim eu sou teleportada para a nossa caverna, Luna estava em seu centro de comando, estava olhando trezentas câmeras de vigilância diferentes.

–O que está acontecendo? –Damian me dá um susto, nem imaginava que ele tinha vindo comigo, amanhã vou comprar um sino e amarrar em seu pescoço.

–Connor foi sequestrado pela Cupido. –Sara explica por que Luna nem piscava.

–Agora entendi o motivo do sorriso da minha mãe. –digo caminhando em sua direção.

Olho para as mesmas câmeras. Tenho certeza que Connor em no máximo duas horas teria se livrado dessa louca que é a Cupido. O codinome Cupido na verdade já foi usado por diversas mulheres ao longo do tempo, todas doidas, tio Diggle me disse uma vez que o Deadshot até forjou a própria morte para se livrar da primeira Cupido. Pensando bem, entre Cupido e Arlequina, acho que eu também teria inventado a minha morte.

–Alguma pista? -Damian pergunta.

–Sim, o último lugar que o Arqueiro Verde esteve foi aqui. –Luna aponta para um local mais afastado perto de uma reserva florestal privada, já na saída da cidade. –Ele foi atender um pedido de socorro, de uma ambulância que teria sido atacada. Depois não tive mais notícias dele. –ela respira fundo antes de voltar a falar. -Cruzei algumas informações, e a ambulância em questão foi ro-roubada no início da semana, seu rastreador desativado, até o começo dessa noite. Depois que o Ar-arqueiro desapareceu, a ambulância foi encontrada car-car-carbonizada, em frente ao campo de futebol do campos da Universidade de Star City.

–Um plano muito elaborado para Cupido. Ao menos era, há dois anos atrás. – Sara parece constrangida por ter perdido tanto.

– E é. –confirmo.

–Dentro dessa reserva, existe alguma casa? – Damian pergunta olhando para a foto via satélite do local.

–Sim, a casa tem seu próprio sistema de vigilância. Consegui invadir as câmeras internas, mas está vazia. –Luna respira duas vezes para colocar a cabeça no lugar. Se concentrava em cada palavra antes de falar tentando não gaguejar.

–Essas casas têm normalmente um local onde eles armazenam equipamentos. – Damian expulsa Luna que nem reclama, acho que estava a ponto de explodir de preocupação. Ele resgata uma imagem via satélite, do local durante o dia, quando ele dá zoom, podemos ver uma mansão luxuosa ao lado de um pequeno casebre.

–Acho um palpite valido. – Sara sorri cumprimentando Damian.

DAMIAN

–Ainda não entendi o que você está fazendo aqui? –Isis estava uma fera, mas sei que não disse isso para me irritar, ela estava a ponto de explodir, e eu era a pessoa que mais a entendia. Puts! Ela estava muito ferrada.

–Gothan está lotada hoje, todo mundo em casa. –respondo andando entre as árvores, tínhamos deixado as motos a um quilometro atrás, não queríamos que nossa chegada fosse anunciada.

–Vocês... Eu nem sei dar um nome para vocês. –Artêmis contém o sorriso.

–Você não é a única. –Isis estava muito mal humorada, acho que se encontrasse um exército hoje ela daria conta, Sara e eu iriamos apenas ficar olhando.

Logo a frente vemos três indivíduos que cobriam toda a extensão do que parecia uma velha casa de ferramentas, munidos de armamento pesado. As ferramentas deveriam valer uma fortuna. Nos separamos para ataca-los ao mesmo tempo, assim eles não poderiam avisar ninguém da nossa chegada. Isis estava empolgada, mas foi silenciosa como sempre. Já Sara e eu fomos mais rápidos, não estávamos tentando descontar nossa raiva em ninguém no final das constas.

Procuramos um lugar para entrar sem sermos vistos, aponto para o telhado da casa, haviam algumas telhas quebradas, conseguiríamos manter o fator surpresa. Subo e aponto para que as duas ficassem em posição. Consigo uma boa visão do que estava passando ali.

Connor estava sentado, amarrado em uma cadeira, o rosto baixo, mas ainda estava com o capuz e acredito que com a máscara também, parecia sedado. Uma mulher com os cabelos curtos e vermelhos passa a mão nas cochas dele. Nesse momento chego a me sentir grato por Luna não estar vendo isso. Ela levanta o rosto do Connor e o beija, uma parte de minha mente, pensa em tirar uma foto para presentear Dick no natal, mas perderíamos o fator surpresa, e Luna não merece saber dos detalhes de como o cara que ela gosta foi abusado sexualmente, ou quase. Essa mulher conseguia ganhar da Era em quesito esquisitice.

Dou o sinal para Isis e Sara, que entram ao mesmo tempo em que eu estouro as telhas sob meus pés e aterrisso perto da porta dos fundos do casebre. Cupido estava surpresa mas não demora a pegar seu arco e apontar para Isis, que nem parece ponderar e a desarma.

–Cuidem do Arqueiro Verde, eu lido com essa doida varrida. –Nightmare quase rosna, não deixando espaço para contestação.

–Se afastem do meu homem! –Cupido esbraveja se defendendo dos golpes de Isis, seus movimentos eram preciso, não era uma amadora, por que logo começa a lutar de verdade, o que faz Isis sorrir, ela estava precisando disso.

Pego uma pequena seringa que contém uma quantidade baixa de adrenalina em meu cinto e injeto em Connor, enquanto Sara o desamara, quase que instantaneamente Connor recobra a consciência, mas ainda parecia perdido, Luna precisava verificar o que essa doida da Cupido havia injetado nele, isso claro quando Isis decidisse dar um fim a essa luta.

–Nightmare! –Sara grita, chamando sua atenção, eu não queria estragar a sua diversão, mas precisávamos sair. Isis finaliza Cupido que cai no chão desacorda. –Está melhor?

–Sei que não é certo, mas estou de alma lavada. –sorri de volta para amiga, mas quando olha para o estado perdido do seu irmão seu sorriso some. –Vamos, a polícia cuida do resto.

Ficamos só o tempo suficiente para amarrar a Cupido e seus capangas para que eles não fugissem. Connor já aparentava melhora, e se recusou em esperar ali enquanto iriamos pegar as motos. Teimosia era um traço de família.

Quando voltamos para o porão dos Arqueiros, Connor já estava totalmente recuperado, Luna o abraça nitidamente aliviada pela sua volta, e ele retribui com a mesma intensidade. –Você está bem? –pergunta quando se afastam, ambos contrariados.

–Ela não me machucou. –garante.

–Mas injetou algo nele, é melhor verificar. –digo. Luna o leva para retirar uma amostra de seu sangue e Isis passa direto para o vestiário. Vou até os computadores de Luna, e começo a procurar mais informações sobre essa nova Cupido.

–Alguma coisa? –Sara para ao meu lado já sem o capuz e a aljava.

–Ela esteve na marinha por quatro anos, por isso seus golpes não eram amadores, o marido abandonou a um ano atrás, na mesma época que sofreu um aborto espontâneo. –leio os arquivos, ali estava o motivo da loucura. –Seis meses atrás, o Arqueiro Verde a salvou de um prédio em chamas.

–Por isso ela é apaixonada por ele. –eu concordo com a cabeça. –Isis estava diferente hoje. –Sara nem de importa em ser sutil na mudança de assunto, a respeito e ela sabe disso, por que diferente da maioria das pessoas, ela não procura meias palavras para falar algo comigo.

–Muita coisa na cabeça, e a volta do melhor amigo morto do seu padrinho não está a ajudando a colocar os pensamentos em ordem. –respondo enquanto me livro do meu cinto e da máscara.

–Você poderia ajudá-la a entender. -pisco duas vezes, confuso com o que ela disse. –Tommy passou pelo mesmo que você, não foi? Talvez se a mostrasse com o seu ponto de vista, ela conseguiria achar alguma maneira de interpretar as visões que tem tendo. –sorri batendo em meu ombro, tentando me encorajar. –Ela subiu a uns dez minutos, se fosse apostar, apostaria que ela está no telhado.

Passo pelo vestiário e coloco roupas civis, e tomo todo o meu tempo pensado se devo realmente falar com Isis, na verdade era o que eu poderia falar para ela? Minha experiência com o poço foi diferente da de Jason, e pelo que estou vendo, bem diferente da que Tommy está tendo.

Entro no elevador sem me preocupar em me despedir de todos, minha cabeça estava cheia de coisas incompletas, como um quebra-cabeças que faltava peças. Mas poderia dizer o que sei a Isis, talvez isso a ajude em alguma coisa. Subo as escadas de incêndio no exterior do prédio e a vejo sentada no beiral com os braços envolvendo seu corpo em um abraço, e suas pernas balançando para fora.

–Muita coisa para tentar entender? –eu questiono enquanto me sento ao seu lado.

–Nem sei se um dia vou conseguir colocar tudo em ordem. – eu olhar não sai da linha onde o mar da baia de Star se encontra com o céu.

–Coisa que eu também não entendo. –passo meu braço sobre seus ombros em uma tentativa de protege-la. Ela se ajeita mais ao meu lado, e sinto um reconforto em meu peito, seu cabelo tinha um cheiro tão bom que poderia passar o dia com ela assim e não me enjoaria do seu perfume. –Quando Jason voltou a vida, eu ainda não estava com o meu pai, mas tão pouco vi a sua ressurreição, minha tia desaprovava o uso do poço para tais fins. Ela já sabia que o que voltaria a vida não seria a mesma pessoa que havia morrido. Por isso ela me tirou do palácio no dia, acho que mesmo se eu tivesse visto, seria muito criança e não teria entendido a magnitude do que estava acontecendo. –respiro fundo, tentado aos poucos encaixar as peças soltas. Isis em meus braços nem mesmo parecia respirar, estava avida por saber mais, por entender mais. –O que sei de Jason foi o que Dick me contou, e alguns surtos que eu o vi ter com o passar dos anos, mas de alguma amaneira, que não entendo como, ele ficou melhor. Seu treinamento no Castelo de All, com Ducra como professora. –ela se volta para mim parecendo mais confusa que esclarecida. –Você já tem muito misticismo em sua vida, vamos pula essa parte. A questão é que Ducra moldou o espirito de Jason, mas não é algo que qualquer um possa fazer, ou qualquer um possa resistir, tenho que dar o braço a torcer, Jason é mais forte do que se faz parecer.

–Mas e você?

–Não sei Isis. Talvez por eu ser um All Ghul. -mas ela me interrompe com um sorriso nos lábios.

–Não se culpe por isso, você só é metade All Ghul, seu charme vem todo da parte Wayne.

–Talvez a minha metade All Ghul tenha alguma coisa a ver com isso. –ignoro seu comentário, foi involuntário, é o charme dela que veio da parte Smoak. -Meu avô usava esse poço desde tempos imemoriáveis. Minha mãe o usou antes de me dar a luz, talvez isso tenha influenciado na maneira que o poço agiu em mim. Talvez seja outra coisa que eu não saiba ainda. Voltar a vida não é algo que nosso corpo consegue entender tão fácil, partes das memorias da minha morte sumiram da minha mente. –Isis estremece em meus braços. –O mesmo aconteceu quando eu voltei a vida. Acho que é uma defesa que foi ativada. –dou de ombro como se não fizesse muita importância.

–Mas isso não me ajuda a achar uma solução para Tommy. Eu sinto, aqui dentro, que deve ter alguma coisa que eu possa fazer, Tommy merece uma oportunidade. –ela passa as mãos em seus cabelos frustrada. –Está na nossa frente Damian, só não estamos enxergando.

–Você está na minha frente, e eu estou te enxergando. – brinco tentando fazer ela se acalmar.

É quando percebo, a última peça do quebra-cabeça. Mesmo Jason tendo passado por todo o treinamento com Ducra, ainda havia resquício da magia do poço nele. Mesmo que a linhagem All Ghul tivesse me salvado dos mesmos efeitos, deveria ter algum traço do poço em mim, eu sei que durante muito tempo eu tive essa influência, mas ela havia sumido, na mesma época que Isis apareceu em meu caminho. Me levanto e começo a andar de uma ponta a outra do telhado. Os primeiros raios do dia ameaçavam a cortar o horizonte.

–Qual o problema?

Isis se levanta e fica me encarando, olho para seu rosto em forma de coração, como se a estivesse vendo de novo pela primeira vez. Seus cabelos castanhos possuíam pequenos reflexos louros, onde os primeiros raios de sol refletiam. Seus olhos azuis mostravam mais maturidade do que sua idade deveria, e seus lábios... Uau! Ela era linda. Balanço minha cabeça tentando focar meus pensamentos.

–Tommy precisa de alguém. –ela me olha sem entender.

–Que tipo de alguém? –semicerra os olhos, colocando as mãos nos bolsos de seus jeans. -Um pastor? Padre? Um rabino? Pai de santo?

–Não Isis. Ele precisa de alguém que o ligue a esse mundo. Alguém que ele ame. –tento explicar, mas ela não estava entendendo onde queria chegar.

–Tia Thea, é irmã dele, e meu pai foi o seu melhor amigo. –ela não entendeu.

Diminuo o espaço entre a nós, para que ela olhe em meus olhos e perceba o que eu estou prestes a dizer. –Tommy precisa de alguém como eu preciso de você. –dou um segundo para que ela processe, antes de voltar a falar. -Foi você esse tempo todo, o que me ligou a minha humanidade, por que você é a última peça do meu quebra-cabeças. –ela se afasta com um olhar de que nada fazia sentido. –Essa é a peça que falta em Jason, e não importe quanta magia usemos em Tommy se ele não tiver essa peça, talvez nunca vá voltar a ser ele.

–Damian, você não está fazendo sentido. –ela dá mais um passo para trás, tentando parecendo zonza, em uma tentativa de organizar seus pensamentos, mas não a deixo fugir.

–Isis, eu te amo. – digo em um único folego. –Amar você é o que me faz não me perder. – não dá para ser mais claro que isso. Me afasto lhe devolvendo o seu espaço. – Se quisermos trazer Tommy, precisamos desco...

De repente seus braços em volta do eu pescoço, sem falar em sua boca colada na minha em um selinho doce me impedem de falar qualquer coisa, mas eu não me importo. Ela se recupera e se afasta aos poucos percebendo o que tinha feito, seu rosto estava vermelho. Rapidamente ela me dá as costas, ou tenta, foi tudo muito rápido, mal consegui distinguir os movimentos do meu corpo.

Isis havia começado algo que eu já queria fazer a muito tempo. Quando me vi, estava puxando o seu braço com carinho, fazendo com que ela se virasse me minha direção novamente. Sinto sua respiração, passo meus dedos em seu rosto, posso ouvir seu coração batendo violentamente, ou seria o meu? E assim como se sempre tivéssemos pertencido um ao outro, nossos lábios se encontram. Sua boca se encaixa perfeitamente na minha, seu hálito doce não deixando que eu pare de querer beija-la. Mas o ar se faz necessário, fazendo nos afastar, nossas testas ainda coladas, e nossas respirações aceleradas estavam em sincronia.

–Pensei que você nunca fosse fazer isso. –há um pequeno sorriso no canto dos seus lábios, um reflexo do meu com certeza.

–Desculpe a demora... –ela me cala selando nossos lábios novamente.


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Notas finais do capítulo

Só nós que estamos aqui ouvindo corinhos de aleluia?
Bom, não deixem de nos contar o que acharam, vamos adorar saber a opinião de vocês!
Bjnhos!