Paradoxo - Seson 2 escrita por Thaís Romes, Sweet rose


Capítulo 1
Connor Hawke


Notas iniciais do capítulo

OI PESSOAS
Okay, só para começar, essa foi uma das promessas que demoramos um bocado para cumprir, mas finalmente ACONTECEU!!!! IEI!
Então, pessoas que acompanharam a primeira temporada e queria essa, sejam bem vindas novamente, e novos leitores, parem um pouquinho e deem uma olhadinha no link abaixo, conheçam o Wally e se apaixonem por ele, como todos nós.
http://fanfiction.com.br/historia/559295/Paradoxo/
Mortinhas de saudades de vocês!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/632863/chapter/1

LUNA

Tem dias que já acordo sentindo que vou me arrepender de sair da cama, mas não posso me dar ao luxo de seguir meus instintos, por que sou pobre, e pobre não escolhe suas folgas, por isso aqui estou eu. Mas esse emprego é bom, mais do que bom na verdade, desde que me formei andei entregando currículos em todos os lugares e nada de ser contratada, e quando estava prestes a vender hot dog para ganhar a vida, essa mulher me encontrou, bom eu a encontrei na verdade. A QC era minha ultima tentativa, mas não tinha nenhuma esperança, ainda bem que sei que sou pobre, e não me dou ao luxo de deixar de me iludir, graças a isso hoje tenho um emprego, como assistente da CEO, Felicity Smoak-Queen, adoro essas mulheres que usam hífen, e graças a ela, já estou a quatro meses, três semanas e cinco dias empregada.

-Segura esse elevador, por favor! –grito equilibrando o café da minha chefe em uma mão, e seus relatórios na outra.

Um homem louro usando um blusa manga longa de gola v e jeans, imediatamente coloca a mão na porta, a travando. Essa é mais uma das muitas partes ruins em ser pobre, a falta de escolha. Tenho um problema, que pode ser qualificado como fobia social, talvez, ou posso simplificar e dizer que não gosto de pessoas, hum-hum, nem um pouquinho. Não me entenda mal, não sou um ser humano ruim, só não gosto de conhecer outros homo sapiens, preciso de um tempo para me sentir confortável com alguém novo. Gostaria de poder dizer que prefiro os animais, e sim, eu os acho lindos e sou incapaz de fazer mal a qualquer um deles, mas também morro de medo, é algo que não posso controlar, os cachorros tendem a correr atrás de mim, latindo como bestas selvagens, não importa quão fofinhos aparentem ser.

-Obrigada. –digo ao cara que parece um super modelo e é ridiculamente bonito. -Bom dia Camille. –cumprimento a mulher ruiva que estava rindo de forma estranha para ele, que flertava descaradamente com ela.

-Bom dia Luna. –sorri se virando novamente para ele.

-Não linda, não vou estar na cidade nesse sábado, mas estou livre nesse fim de tarde. –sua voz grave e sexy faz a garota quase orbitar dentro do elevador, e eu apenas me encolho o mais afastada que posso dos dois, tentando segurar o riso.

-Saio as cinco. –conta se inclinando em direção a ele.

-Então temos até as sete. –sorri, tenho que admitir, um belo sorriso, mas que tipo de cara marca hora para acabar um encontro?

O elevador se abre no décimo oitavo andar, e Camille agarra o super modelo lhe dando um beijo constrangedor, sério, conseguia ver a língua dela quase na orelha dele. Pelo amor de Deus, arrumem um quarto! Ela sai, e o vejo fazer cara de cachorrinho perdido para a garota, o que não durou nem mesmo um segundo após as portas se fecharem.

-Você é nova por aqui, ou apenas não te conheço? –diz para mim, e ele ainda estava limpado o batom vermelho da outra garota de seus lábios quando se vira em minha direção. Não consigo conter meu riso de escárnio. –O que foi? –se faz de inocente me olhando com aqueles grandes olhos azuis.

-Está brincando comigo? –infelizmente minha voz sai baixa demais, não por que estava atraída por esse mulherengo, mas por que simplesmente não consigo projetá-la mais alto do que isso quando estou constrangida. O que ele claro, tomou como um convite para dar um passo para trás e parar ao meu lado, inferno.

-Claro que não, me lembraria desse rosto se já tivesse o visto antes. –nego balançando a cabeça, percebendo que estava quase chegando a meu destino. Deus seja louvado por isso.

-Não faz... –sussurro dando um passo para frente, ficando de costas para ele, o que me deu uma coragem até então, inédita. –Mesmo se fosse esse tipo de garota que cai nesse tipo de cantada, o que não sou. –destaco, mais dois andares e poderia fugir. –Saio as oito, não me encaixaria em sua agenda. –debocho.

-Estarei livre as sete. –me viro em sua direção chocada com sua cara de pau. Ele apenas sorri com ar encantador.

-Não es... es... Não estou. –merda de gagueira nervosa! –Interes... res... ressada!- o cara inclina a cabeça de lado me ouvindo, então o elevador se abre e saio em disparada para a sala da Sra. Queen.

Felicity estava sentada atrás de sua mesa, mordiscando uma caneta vermelha enquanto lia algo em seu computador. Murmuro um bom dia, lhe entregando o seu café e os relatórios, ela responde animada minha saudação. A Sra. Queen é uma das poucas pessoas com quem me sinto realmente à vontade, talvez por ela mesma, a seu modo ter o próprio grau de estranheza, o que me faz respirar fundo me acalmando.

-Está tudo bem? -Questiona preocupada me olhando nos olhos. –Delphine, você está vermelha! –ajeita o óculos em sua face.

-Agora sim, estou melhor. –começo a falar depois de um longo suspiro. -Só um cara estranho, bonitão, mas estranho, que estava flertando com uma garota no elevador, e assim que ela saiu, ele passou a me cantar... Inacreditável! –desabafo, e ela olha assustada através de mim, então vejo o mulherengo batendo na divisória de vidro que separava minha mesa de sua sala.

-Luna, esse é meu filho, Connor. –diz em tom de desculpas gesticulando em direção a ele que entra com cara de criança que acabou de aprontar. –Sério Connor? –pergunta com ar de recriminação se levantando para abraçar o filho. Como pode uma mulher tão educada, ou mesmo um casal como os Queen, gerarem... Isso? O olho de baixo para cima, depois balanço minha cabeça tentando recobrar meus pensamentos.

-Eu não sabia. –fala quando se afastam, depois se vira em minha direção. –Me desculpe, Luna? –apenas balanço a cabeça, incapaz de responder sem gaguejar.

-Vo... Vou. –aponto em direção a minha mesa olhando para Felicity que assente compreensiva.

-Claro querida, te chamo se precisar de algo.

-Eu gostaria de um café. –Connor diz me olhando, mas antes que possa responder Felicity fala por mim.

-O refeitório fica no décimo primeiro andar, pode pegar você mesmo, assim que descer! –o garoto a olha assustado, e eu seguro o riso, saindo da sala.

-Mãe! –o ouço reclamar.

Decido passar direto pela minha mesa, apenas me dando o trabalho de jogar minha bolsa sobre ela, e me encaminho para o banheiro, eu não sei bem qual era a real ordem do que eu estava sentindo no momento, se era constrangimento seguido de ódio, ou ódio seguido de constrangimento, mas seja qual a ordem dos fatores aquilo merecia um nome próprio. Claro que ver ele diminuindo metade da arrogância perante uma mulher que não deve ser maior que eu, fez realmente meu dia melhorar bastante. Ele parecia um cachorrinho de orelhas murchas e rabinho entre as pernas, okay, isso foi bem divertido. Mas não significa que a arrogância, a prepotência e o descaramento daquele sujeito ainda não me deixem fula. E o fato de eu parecer uma idiota esquisita gaguejando nervosa na frente dele, todo altivo e bonitão, não ajudou muito a melhorar o meu humor.

CONNOR

-Qual é mãe? Vai ficar brava comigo? – Pergunto fazendo a minha melhor cara de bom moço.

-O que você acha? – Ela dá um tapa em meu braço, que para ser sincero, se não fosse a cara de brava, pensaria que se tratar de um carinho, e volta a sentar em sua cadeira, apoiando seu queixo por sobre o dorso das mãos. Agora era oficial, eu estava encrencado. Me resigno a sentar à sua frente e esperar a broca que eu iria receber. – Connor, eu nunca interferi em seus relacionamentos, mesmo quando via você fazer burrada atrás de burrada. Mas não vou deixar você brincar com Luna. Eu gosto dela, e é a melhor secretaria que encontrei em anos. Sabe como é difícil encontrar alguém competente Connor? -arregala os olhos me encarando, e me esforço para não sorri enquanto nego. - Ela não merece que mexam com os seus sentimentos. Já viu como é uma garota adorável?

-Não estamos falando da mesma pessoa. -murmuro baixo demais para que ela escute, enquanto continuava a falar sem parar.

-É doce, confiável, esforçada e tem aquelas estranhezas... -continua a falar, a esse ponto estava apenas cantarolando Come And Get you Love em minha mente.

-Mas mãe, eu nem fiz nada, ainda. – digo quando percebo que seus lábios pararam de se mexer, e sorrio inocentemente para ela.

-E não vai fazer, nunca. – sorri da mesma forma, como se tivesse acabado de bolar um plano infalível. – Uma regra. – diz como se gritasse ‘Eureca’.

-Como? –olho em direção a saída antes de coçar a nuca, desejando estar em qualquer outro lugar nesse momento.

-Você não vai poder sair com ninguém que eu, o seu pai, ou a Sandra trabalharmos diretamente. – parece contente com ela mesma.

-A partir de hoje? – Começo a repassar o histórico em minha cabeça.

-Connor! –exclama tombando o corpo para trás, antes de me olhar com fogo nos olhos. -Quem? -nessa hora fiquei em um impasse, poderia mentir, mas não gosto de mentir para nenhum dos meus pais, então olho para a mulher linda que me aceitou como seu filho, e encaro minhas conseqüências.

-A secretaria do meu pai no gabinete da prefeitura, a secretaria da minha mãe. – começo a contar com os dedos. – A relações públicas da QC... –penso mais um pouco. – E teve um lance rápido com uma vereadora, mas foi coisa de meia hora mãe. – Felicity faz uma careta de nojo antes de jogar as mãos para o céu. – Claro que tenho um encontro com essa gata do décimo oitavo andar, que mãe, eu não posso desmarcar. –Felicity tira os óculos do rosto e me olha abismada. -Ajuda se eu disser que nunca tive caso algum com nenhuma das suas secretárias? -tento, é não, não ajudava.

– Faça o que quiser, mas não inclua a Luna nessa equação. –respira fundo cansada. -Mas além de dar em cima das funcionárias da empresa, o que você veio fazer aqui? – Começa a mexer em seu computador dando por encerrada a conversa.

-Você diz, além de ver a minha querida mamãe? – Tento o truque mais manjado da cartilha de ‘como ganhar as coisas da sua mãe’.

-Além. – Ela continua me olhando, dando risadinhas.

-Preciso de uma melhora no meu traje, acho que está muito pesado, queria ver se tinha algo novo para ser testado. – começo a brincar com uma esfera de metal que está sobre sua mesa.

-Vou ver se Cisco ou Ray tem algo novo. – sorri.

-Valeu mãe. – me levanto e quando já estou perto da porta ela me chama.

-Connor, nunca mais peça café a Luna. – diz séria, e eu tive até medo de perguntar o porquê, mas decido que quanto mais rápido sair dali melhor.

A verdade é que no fundo, isso era apenas um jogo, sempre um jogo, e eu sou o quarterback. Sorrio quando saio da sala e vejo a tal Luna distraída abaixando a saia de seu vestido vermelho estilo secretária. Ela é uma mulher bonita, um corpo esguio e com curvas generosas, pele clara, cabelos cacheados, com alguns fios rebeldes que pareciam muito atraídos por seus lábios, e por falar nisso, que lábios são aqueles? Claro que tem o problema do gênio, mas a tal gagueira era até charmosa, e isso me faz esquecer tudo o que acabei de prometer para minha mãe há pouco. Abro meu melhor sorriso quando ela por fim me percebe, claro que seu rosto se fechou de imediato.

-Nos vemos as oito Srta. Delphine. –afirmo passando por ela, que não consegue esconder o choque em seu rosto, então entro no elevador me sentindo um pouco menos irritado pela bronca que ela me fez levar.

-Que garota mais insuportável! – reclamo ao telefone com Dick enquanto esperava a minha próxima distração aparecer pelo hall de entrada da QC já no final do dia.

‘Você já disse isso. ’ responde enquanto parecia correr a trás de alguém.

-Pensei que estava de folga. – Me encosto em uma parede perdendo a paciência com a demora da... Deus qual era o nome dela mesmo?

‘Depende, que tipo de folga envolve trocar a fralda de bebês enquanto corre atrás de uma mine pivetinha que insiste em sumir com a chupeta do irmão mais novo?’ Começa a reclamar, mas sei o quanto ele adora a sua família, Dick Grayson é simplesmente maluco pela mulher e paranoico com os seus filhos. E ai está uma coisa que eu não me vejo fazendo no futuro. ‘Mas o que você não disse ainda foi o porquê ela é insuportável?’

- Ela me fez levar a maior bronca da Felicity, e até agora estou meio tonto.

‘Ah, coitadinho do Connor, ele está chateadinho porque levou uma bronca da mamãe, não foi?’ Faz voz infantil só para me irritar.

-Por que mesmo eu liguei para você? – tento me lembrar.

‘Por que Wally está em uma missão, Roy está com a sua tia e o Jason não está nem aí para suas crises. ’ Resume.

-Faz sentido... –pondero. A porta do elevador se abre e vejo Srta. Delphine sair carregando uma caixa que é grande demais para o porte dela. Eu sei que deveria me afastar, mas não resisto em provocar, quem pode me culpar? – Tenho que ir. – falo para Dick apressado, e nem espero sua resposta, simplesmente desligo. -Luna? –Chego ao seu lado. Ela se vira assustada, me olhando com aqueles grandes olhos verdes.

-Você. – em sua voz baixa, quase sussurrada estava evidente o desprezo, que se não fosse esse o meu objetivo eu ficaria com o ego ferido.

- Você não sai só as oito? – começo a andar de costa para ficar a sua frete.

-E você sendo o mulherengo que parece ser, não deveria saber quando não é bem vido? –era hilário, ela olhava para a grande caixa em suas mãos ao dizer, me evitando.

-Nossa, uma frase inteira sem gaguejar, deve ser o seu recorde. – provoco. Lembrete para mim mesmo, nunca provocar uma mulher que carrega uma caixa em mãos. Luna deixa inesperadamente a caixa cair atingindo em cheio os meus dois pés.

-Você é maluca! – tento conter a cara de dor.

-Talvez anti social, n... não ma... ma...luca! – ela pega a caixa e sai me deixando abismado. Isso nunca tinha acontecido comigo, não o fora, isso acontecia, pouco, fato, mas ser pego assim de guarda baixa por uma garota, isso é novidade. E tenho os dois pés machucados para provar isso.

-Connor? -ouço a voz da garota ruiva atrás de mim, e Deus por que todo esse bloch? Será que ela esfregou o cabelo na cara?

-Sabe o que é linda? –olho para trás vendo a assassina de pés a caminho do estacionamento. –Eu não vou poder ir, o meu vôo, ele foi adiantado. –faço cara de tristeza, e ela olha igualmente abalada. Mas nem sei mais o que vi nessa garota, talvez seguir a regra que Felicity criou, seja o melhor a ser feito.

LUNA

Não sei o que a Sra. Queen colocou dentro dessa caixa, mas se não a conhecesse diria que é algum tipo de armamento, que coisa pesada. Equilibro a caixa com dificuldade tentando alcançar a chave que estava presa entre minha mão e a caixa, mas não sustentaria o peso com meu braço esquerdo, se ao menos os pés daquele idiota estivessem aqui para amparar a queda. Sorrio com o pensamento maléfico.

-Hey, Luna! –escuto uma voz familiar a me chamar. –Deixa que te ajudo com isso. –o Sr. Queen pega a caixa de minhas mãos como se elas não pesassem mais do que um pacote de arroz.

-Obrigada. –murmuro, mas ele já está acostumado comigo tempo suficiente para saber como eu sou. Abro o porta malas do carro de sua esposa e ele espera que eu o feche, para ter certeza que não teria mais dificuldades, e nesse momento percebo que sim, uma maçã pode cair a léguas do pé.

-Felicity está em reunião? –pergunta caminhando a meu lado, ele olha rapidamente ao redor, mas volta em seguida a minha direção com um sorriso no rosto.

-Sim, ela pediu que descesse com essas caixas para ela. –aponto em direção ao carro. –Não queria se atrasar para sair, quando conseguir se livrar do conselho.

-Quantas mais precisa trazer?

-Duas. –respondo e ele assente. –Oh, não senhor, nem pense em se incomodar! –digo ao perceber sua expressão.

-Desculpe Luna, mas não parece dar conta de trazer mais duas dessas. –dá risada. –Ou vamos ter que te levar para o hospital, com alguma fratura na lombar, e tenho meus compromissos com minha mulher hoje. –a forma como ele sorri me faz ver algo do filho dele, mas não de uma forma ruim, ao menos Oliver guarda suas indiscrições para a esposa.

Entramos novamente no saguão, e o que vejo me faz pensar em por que raios a humanidade ainda não foi extinta. É pedir demais um meteoro, invasão alienígena ou quem sabe o sol pode entrar em supernova? Suspiro tentando conter minha fúria quando vejo o mini Queen parado em frente ao elevador, estou tentada a passar a usar as escadas de agora em diante, para resto da minha vida. Essa praga não tinha um encontro?

-Filho, o que faz aqui? –o Sr. Queen pergunta quando estamos próximos o suficiente, mas o garoto me olha dos pés a cabeça antes de respondê-lo.

-Eu tinha um encontro. –coça os cabelos louros e curtos, parecidos com os do pai.

-E por que não está nele? -olha como se fosse atípica a atitude do filho.

-A garota... –pensa tentando se lembrar do nome, e Oliver balança a cabeça com um sorriso divertido quando entramos no elevador.

-Camille. –sussurro irritada com a falta de consideração.

-O que disse? –Connor e Oliver se viram em minha direção, sim, muito parecidos, uma genética excelente, assumo. Tirando o fato de não existir nem um pingo da educação do pai nesse monte de músculos e prepotência.

-O no... nome dela. –respondo me encolhendo, o mais distante dele que consigo. –É Ca... Ca... Camille!

-Vire para frente Connor. –Oliver diz para o garoto que não parava de me olhar com um sorriso de lado, eu queria evaporar, literalmente, estava a ponto de ter um ataque, cadê aquela supernova quando se precisa dela? –Desculpe Luna. –diz com a voz firme, como se quisesse me passar confiança, e me limito a assentir.

-Então, a Camille teve um empecilho. –retoma de onde parou. –E resolvi esperar aqui em cima, até dar a hora de buscar a Isis no colégio. –ao menos, bom irmão, a ovelha negra é, sua voz chega a mudar ao falar da pequena Queen.

-Disse para John que vai pegá-la?

-Sim, liguei para ele assim que... Soube do tal empecilho. E por que está aqui? –os dois trocam olhares nos quais parecem contar a saga inteira da família Stark e seus membros mortos. O elevador se abre e atraso o passo, para não ter mais que ficar perto dele.

Acho que vou me trancar em meu quarto nesse fim de semana, o mais longe que posso da humanidade, apenas na companhia de meus livros e séries preferidas. Felicity ainda estava em reunião, então apenas entro em sua sala para pegar mais uma das caixas. Oliver olha para o filho, depois para mim, e a outra caixa enorme. Por favor, Deus, isso não, ele não! Me desespero em pensamento vendo o que inevitavelmente seguiria.

-Se ela chegar a engolir uma letra, ou gaguejar uma vez se quer... –Oliver ameaça o olhando sério, o que me surpreende, por que até eu mesma me encolho.

-Vou me comportar. –garante, e para provar, ergue a caixa menor para mim, me entregando com cuidado e pega a outra. –Acho que começamos mal. –diz me olhando nos olhos, seus olhos azuis quase parecem sinceros, quase.

CONNOR

-Fique em cima dela. –adverte quando a garota passa pela porta carregando com dificuldade sua caixa, e abro um sorriso largo para ele. –Entendeu o que eu quis dizer! –acrescenta, mas um pequeno sorriso surge no canto de seus lábios. –Vou tentar esvaziar esse prédio antes que piore, agora vai!

Sigo a garota e esperamos o elevador, tento olhar discretamente para os lados, para não alarmá-la. Estávamos na pista desse meta humano capaz de mudar de forma a dias, e ele pode ser qualquer um, em qualquer lugar. Infelizmente a única pessoa de quem ele quer se vingar é minha mãe, por isso precisava agora ficar de olho em Luna, que é uma das pessoas mais vistas em público com ela. Quando entramos no elevador, ela escora na parede contrária a que estou, como se todo esse espaço ainda não fosse suficiente, apesar de estar tentado a provocá-la, não posso ser um mané agora, não era o momento para jogos. Mas então ouvimos um barulho alto de ferro rangendo, e em seguida o elevador para.

-Não... Não... Não. –murmura com os olhos arregalados deixando a caixa cair de suas mãos. –Não hoje, não com ele, qual é Deus? –olha para o alto como se conversasse mesmo com alguma divindade.

-Vai ficar tudo bem, vamos sair daqui. –falo soltando a caixa com cuidado para pegar meu celular em meu bolso, constatando que não havia sinal. –Pode levar algum tempo. –acrescento franzindo o rosto.

Olho o alarme de emergência que parece estar travado, em seguida a luz falha também. Ótimo, e eu dispensei um encontro com uma ruiva gostosa, apenas para ficar aqui preso com a garota estranha, gostosa, mas estranha. Quando olho em sua direção ela tremia escorada na parede, abraçando ao próprio corpo, como se estivesse tendo um ataque de pânico, por instinto dou um paço em sua direção.

-Não! –grita me fazendo parar. –Na... Não se aprox... aproxime!

-Luna, não estou mais te provocando, você precisa de ajuda. –tento dar um passo em sua direção, mas parece agravar ainda mais as coisas, só que me faltava, meus pais vão comer meu fígado. –É claustrofóbica?

-Na... Não. –sussurra.

-Medo do elevador despencar com a falta de energia? –ela me olha assustada, antes de me dar conta do que acabei de fazer. –O que não vai acontecer! -garanto. –É um ataque de ansiedade. –percebo e ela apenas continua tremendo, assustada. –Precisa respirar fundo. –faço uma vez para ela que observa atenta antes de imitar minha ação. –Como se sente?

-Meu coração está acele... ler... rado. –puxa o ar com dificuldade.

-E não consegue respirar direito. –concluo agora realmente preocupado. –Vem aqui. –abro meus braços para ela que me olha como se fosse uma barata. –É sério garota, não estou querendo tirar nenhuma casquinha, aplicar pressão em seu torso vai te fazer relaxar e se acalmar. –ela me olha receosa.

-Não gos... gos... gosto, de abraços. –a gagueira parecia estar ainda pior. –Ou de vo... vo... você! –me olha de cima a baixo, mas seu semblante assustado, não permite que o gesto seja tão insultante como ela desejava que fosse.

-Bom, por que não vou te ligar pela manhã! –debocho cobrindo a distância entre nós e a envolvendo em meus braços, sua cabeça se encaixa entre meu pescoço perfeitamente, fazendo com que me maxilar repouse sobre seus cabelos. Seus braços permanecem esticados, e seu corpo tenso, como se estivesse querendo correr, mas não tivesse para onde ir. –Hey, hey, hey! Oh.

-O que está fazendo? –sussurra pela primeira vez sem gaguejar.

-Xiii, estou cantando, li algo sobre terapia musical na minha época de faculdade, vai te ajudar a se acalmar. –respondo sorrindo.

-Não. –diz agora em tom de pedido.

-Sim! –revido. –Whon’t you come see about me? I’ll be alone, dancing know you baby. Tell me you troubles and doubts, giving everything inside and out and.

-Simple Minds. Clube dos cinco? –a ouço murmurar. –Ao menos uma coisa em você não me faz querer ter porte de armas. –dou risada continuando a cantar a música, mas ela já parecia mais calma, com o tempo passa a cantar baixinho e só paro quando sua respiração se torna compassada.

Nada, eles já teriam dado conta de nossa ausência a essa altura, eu precisaria nos tirar dali, não sei o que está acontecendo com meus pais nesse momento, e não posso entregar minha identidade para Luna. Olho para o elevador, havia uma abertura de ar no teto, que deveria servir, agora como convencer a garota a me seguir? Me afasto com cuidado para olhá-la, seu rosto estava corado, mas devido o que ela passou decido não me dar crédito, dessa vez.

-Você está melhor? –analiso seu rosto e me sinto tentado a afastar seus cabelos, mas não era hora para ser eu.

-Sim. –responde com a voz mais firme.

-Ótimo, precisamos sair daqui. –como que para reforçar meu argumento o elevador parece despencar alguns centímetros. –Sair agora!

-E como vamos fazer isso? Não me diz que pretende dar uma de Keanu Reeves e abrir essa porta entre dois andares? – Diz agora muito rápido, e tenho que me esforçar para acompanhar o que diz, se não fosse meus anos de experiência com Felicity, Barry e Wally, acho que não teria passado das primeiras três palavras.

-Se fosse para escolher uma cena de Velocidade Máxima, prefiro quando a Sandra Bullock e o Reeves saltam do ônibus. -Falo sem prestar muita atenção a ela e sim no que estava preste a fazer.

-Você acabou de subir um ponto no meu conceito. Mas mesmo assim eu não vou te se...se... seguir por essa portinhola. – Aponta para a portinha por sobre nossas cabeças. – Em uma cidade che... chei... cheia de heróis, será que nenhum popode aparecer para fazer jus ao título? -quase caio para trás com essa. Pulo alto o suficiente para conseguir empurrar a portinhola, mas ela parecia estar bloqueada. E como que para garantir que o nosso tempo estava acabando o elevador começa a fazer barulhos muitos suspeitos. – Talvez tenha alguma coisa nessas caixas que possa nos ajudar. – Luna se dá por vencida, mas não sei o quanto isso poderia sem bom.

-Acho melhor não. – Tento afasta-la. – Minha mãe pode não gostar de que mechamos nas coisas dela.

- Por que ela real...realmente vai gostar da poça de san..sangue que vamos fazer quando chegarmos no chão. – Ela tinha um ponto muito forte a seu favor. Felicity iria ficar uma fera com isso. E antes mesmo que eu pudesse fazer alguma coisa para impedir ela já tinha uma flecha em mão, que parecia ser das que explodem.

-Acho melhor ficar com isso. – pego a flecha, e da caixa ela tira a parte de cima de um dos meus trajes de combate. – Com isso também. – E por último ela tira um arco retrátil. – Vamos parar de mexer nas coisas da Sra. Queen. – Fecho a caixa e ela olha para mim entre o espanto e admiração.

- Ok, agora eu aceito sair por ali... – aponta para a porta. – Com você.

-Você não vai me fazer as perguntas típicas? – Tento entender aquela garota ao meu lado.

-Talvez mais tarde, quando estivermos descendo as escadas em segurança. – Ela quase grita.

- Combinado.

Então acontece algo interessante, enquanto tento encontrar o restante do meu traje, ela apenas observa, mas quando começo a vestir meu uniforme, Luna se vira de costas cantando baixinho a música tema de MIB, que de uma forma bizarra se encaixava de forma perfeita a situação. Se não estivéssemos a ponto de morrer, teria muito com o que provocá-la, apesar de a cada momento estar mais intrigado por seu jeito estranho. Com uma das flechas consigo abrir aquela maldita porta, saio do elevador e ali tem uma coisa não muito boa, na verdade era péssima, um time quase zerado em duas bombas fixadas nos freios de segurança do elevador.

– Me diz ai? Qual é dessa de gagueira, você faz isso quando se sente atraída por alguém? – Pego sua mão e a levanto, me surpreendendo o quão leve ela é. - Por que no inicio pensei que acontecia por estar nervosa, ou brava, mas está em uma situação de vida ou morte, e descobriu que sou mais do que só um rostinho bonito, e bom, nada. Nem uma sílaba repetida? -finjo decepção em minha voz.

-Você não vai me distrair falando besteiras. – ela fica em pé ao meu lado. – Ainda mais quando tem dois explosivos perto demais de me fazerem virar purê de Luna na parede. – aponta para os dois dispositivos que entravam nos seus últimos quarenta segundos.

-Era exatamente disso que eu estava tentando te distrair. – E lá em cima consigo ouvir tiros, aquilo não era promissor. Disparo uma flecha para o auto a prendendo no andar de onde os tiros tinham sidos disparados. Puxo Luna para mais perto de mim. – Você precisa que eu cante? – Faço piada e nos içamos bem a tempo de duas pequenas explosões destruírem os freios fazendo o elevador virar uma pilha bem grande de sucatas no térreo. Paramos na porta do andar do escritório da Felicity, e como suspeitava era exatamente de onde os tiros estavam vindo. Meu pai e uma das minhas mães estavam ali, e aquilo não fazia sentindo, do tempo que tudo tinha começado, já era para o meu velho ter dado um jeito nisso.

-Well, you can tell by the way I use my walk. – Ouço a voz baixinha de Luna, que me surpreende por um segundo, fazendo com que a olhasse assustado.

-Okay, eu não preciso de música, cantei por que você estava tendo um ataque de pânico, mas eu sou treinado para isso. Não vamos abrir um precedente aqui. – tento manter minha cabeça, nos barulhos lá de fora, mas não estava conseguindo ouvir nada.

-I'm a woman's man, no time to talk, Music loud and women warm, I've been kicked around since I was born. –continua a cantar. –Funcionou para mim e eu tenho todas essas minhas fobias, só quero ajudar. –justifica quando a encaro, eu odiava ter que admitir, mas funcionou, por que consigo ouvir os barulhos do lado de dentro do andar, e sabia exatamente o que faria a seguir.

- Vou abrir e você e vai entrar na próxima porta a esquerda, ali deve estar vazio. – Ela apenas concorda com um aceno. Quando abro a porta Luna logo me obedece, e eu vejo meu pai lutando contra oito bandidos ao mesmo tempo, puxo a capuz para cobrir o meu rosto e começo a disparar algumas flechas, mas eu não tinha muitas, apenas alguns modelos de testes, e elas não eram tão boas como as velhas flechas com luva de boxe na ponta. E com isso apenas consegui deter três dos oito homens que encurralaram o velho Queen, e a trás dele minha mãe tentava freneticamente chamar ajuda com o tablet em mãos. Não que meu pai não de conta de oito ou vinte caras, mas esses caras aqui devem ter sido treinados pelo Banne de tão grandes que eram, e tem o fato de seu principal objetivo ser impedi-los de chegar a Felicity. De repente ouço um barulho atrás de mim e quando me viro um brucutu daqueles está estendido no chão e Luna segurava, o que acredito ser, um resto de cadeira nas mãos. Puxo ela para perto e consigo derrubar outro bandido, no exato momento que meu velho derruba os dois últimos.

– Vocês estão bem? – meu pai pergunta nos olhando, antes de parar em Felicity, que balança a cabeça concordando enquanto se joga em seus braços, aliviada por nada de pior ter acontecido. Esses dois sempre arranjam uma desculpa para estarem um nos braços do outro.

Me viro para Luna e seguro seu rosto entre minhas mãos, como se para assegurar que ela estava inteira. – E você? Não está machucada? Nenhum arranhão?

-Eu estou bem Connor, obri... obrigada. – agradece com o rosto corado, e por algum motivo me sinto em paz, mesmo acabando de passar por tudo isso, e estranhamente satisfeito, por não ter nenhuma farpa no fim dessa frase.

-Garota estranha, com um gênio singular, já viu isso antes? – ouço meu pai falar atrás de mim, mas não entendo direito, e apenas escuto a risada da Felicity.

-Talvez. – afirma.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Agora é aquela história que conhecem, querem que a fic continue? Querem ver o Wally e Sara, e todos do time?
Gostaram de Luna e Connor?
Nos contem queridos, não deixem de comentar!
Bjnhos
Thaís Romes e Sweet Rose