Kardiá escrita por HyeWook


Capítulo 5
O terceiro coração: o coração doente.




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Não era muito difícil encontrar médicos de qualidade na Coréia do Sul. Principalmente para Aron, que tinha uma boa condição financeira. Em menos de uma semana conseguiu marcar uma consulta para Ren. Era apenas um clínico geral, nada específico. Apenas ajudaria os dois a saberem por onde deveriam começar a busca por respostas.

—Não devíamos gastar dinheiro comigo. Nem faltar trabalho. – Ren dizia observando pensativo as ruas de Seul pela janela do carro. Aron dirigia tranquilamente.

—Você precisa estar vivo para trabalhar, Ren. – retrucou.

—Não seja negativo assim!

—Realista. Eu sou realista.

***

O médico que atendeu Ren era, até mesmo, simpático. Um homem polido. Seu consultório expressava no luxo todo o reconhecimento que ele parecia ter. Por mais que fosse difícil aplicar muito luxo em tons de branco. “Eu devia ter investido em medicina”, Ren pensava ao observar cada detalhe do lugar um tanto impressionado.

Descreveu para o médico todos os sintomas que sentia. Desde a fraqueza até as dores no peito. E o conceituado doutor não respondeu com uma expressão agradável.

—Algo sério, Doutor? – Aron perguntou, percebendo o olhares nada agradáveis.

—Eu vou dar a vocês o telefone de um cardiologista amigo meu. Ele vai saber explicar melhor. – pegou um tipo de cartão de visitas em branco e anotou o telefone do amigo médico. —Digam a ele que eu os recomendei. Eu vou passar alguns exames e vocês já podem leva-los prontos.

—Não pode dar nenhuma pista do que seja, Doutor?

—Eu prefiro que uma pessoa especializada explique a vocês, com os exames em mãos. – o médico fugia do assunto. Não era algo simples.

***

A lista de exames não era muito grande. Porém os dois tinham as obrigações no trabalho e acabou se passando um mês. Um longo mês por sinal. Ren acabou ficando cada vez mais próximo de Aron e HaNa. E mal perceberam quando, em pouquíssimo tempo, já estavam se tornando uma família. Uma família unida.

Era tarde, o sol era agradável. Ren e Aron estavam na sala de espera de um laboratório, era o último exame que Ren tinha que fazer.

Uma enfermeira um tanto simpática chamou por Ren. “Choi MinKi!” E ele a acompanhou até a sala em que o exame seria realizado. Aron estava ao seu lado. Como em todos os exames. Porém dessa vez, Ren fez um pedido em especial.

—Aron, pode me deixar sozinho dessa vez? – perguntou parado em frente a porta da sala. Podia ver todos os aparelhos do exame a enfermeira já estava a sua espera junto com o médico, que era a única pessoa apta a usar o aparelho de exame.

—Por quê? – Aron perguntou intrigado. Esteve o tempo todo na campainha de Ren, por que o deixaria sozinho agora?

—Dessa vez eu quero ir sozinho.

—Tudo bem. – Aron respeitou a vontade do amigo e voltou a sala de espera.

Não era uma exame muito comum, pelo menos não para que fosse recomendado por um Clinico Geral. Um Ecocardiograma vascular é um exame que utiliza ondas de ultrassom e permite analisar o fluxo de sangue que circula nos vasos sanguíneos por meio de um transdutor.

Ren tirou a camisa e deitou-se na maca. O médico, que também era simpático começou o exame.

Corria tudo tranquilo. Até que a expressão do médico e da enfermeira mudaram. Ficaram iguais a do primeiro médico que o atendeu. Estavam sérios, trocavam olhares nada agradáveis, deixando Ren confuso. Havia algo errado.

—Algum problema? – perguntou encarando a imagem que, ao seus olhos, era apenas um borrão.

Para aquele médico, o borrão mostrava um grande problema.

— Você já está fazendo algum acompanhamento com um cardiologista? – perguntou parecendo preocupado.

—Eu tenho uma consulta marcada. É em poucos dias. – Ren respondeu tirando sua atenção daquele borrão na pequena tela. —É algo muito sério?

—Seu médico vai explicar tudo. – voltou sua atenção para os exames.

—Eu vou morrer? – Ren perguntou num tom natural. Ele não tinha a mínima noção.

O médico e ignorou.

—Por que ninguém me diz o que está acontecendo? Não é a primeira vez que fazem essa cara! Eu só quero saber o que está acontecendo! – Ren começou a ficar nervoso.

—Seu médico vai lhe dizer, Sr. Choi. – a enfermeira tentava acalmar Ren.

—Ele é um médico. Por que não me diz?

O médico e a enfermeira apenas se olharam. Um olhar sério e de cumplicidade. Não disseram mais nada até o fim do exame.

***

HaNa estava na cozinha do apartamento de Aron. Preparava um prato diferenciado para Ren. Ele estava cansado de Lámen e ela apenas quis agradá-lo.

Aron estava em um jantar negócios. Era algo comum quando todos os seus colegas coreanos tão elogiados resolviam mostrar porque não mereciam os altos cargos que tinham na empresa. Aron era chamado nessas horas, e sempre resolvia tudo da melhor maneira.

Ren estava sentado na sala de estar. Assistia TV. Um programa sobre as belezas de

GangNam. É sério que produzem coisas desse tipo para TV? – pensou sozinho decepcionado. Não queria falar. Estava nervoso desde o exame. E por alguma razão, estar em casa naquela noite de sexta o deixava nervoso. Estava começando a sentir falta de algumas pessoas, mesmo que não quisesse se lembrar delas.

Pegou o controle remoto e começou a trocar de canais impaciente. Nada na TV lhe agradava. Continuou já quase repetindo a sequência de canais e sequer notou HaNa de pé ao seu lado.

—A comida está pronta. – ela disse de maneira suave. Ren apenas virou-se para ela, sorriu e jogou o controle remoto no sofá. Talvez comer o distrairia.

A refeição seguiu em silêncio. Apenas um elogio de Ren ao final e ele logo voltou ao tédio da TV. Ele estava inquieto e HaNa notava isso. Ela apenas lavou toda a louça e, muito calma, sentou-se ao seu lado no sofá.

—Você tem algum problema? – perguntou com os olhos concentrados na TV. Não tinha esse costume. HaNa, nem mesmo, tinha uma TV em casa. E ao contrário da maioria das pessoas ela se orgulhava disso.

—Por que acha isso?

—Você não para de mudar de canal. Estou ficando tonta.

—Desculpe-me. Eu não encontro nada de bom para assistir. – Ren, por fim, desligou a TV.

—Você só está inquieto. Quer conversar? – HaNa perguntou levantando-se e se jogando na confortável poltrona da sala. Ela não tinha a postura elegante das outras mulheres da sua idade. Seu corpo estava literalmente jogado naquele confortável móvel. Desde que estivesse confortável, não se importava com o resto.

—Como você sabe disso? – Ren perguntou deitando-se no sofá. Não se importava mais em manter qualquer postura perto de HaNa. Se espalhou da maneira mais folgada que pôde.

—Eu sou uma escritora, Ren. Eu conheço as pessoas.

E a vontade de Ren, de ficar calado, voltou. Conhecer pessoas. Quem ele conhecia de verdade? Além de Aron e HaNa, claro. Conhecer pessoas era algo muito complexo para ele, que veio de um lugar onde a aparência era o que importava. Já fazia muito tempo que não via os que julgava conhecer.

Começou a pensar nos exames, nos rostos preocupados dos médicos e daquela simpática enfermeira. Não conseguia esquecê-los. Era perturbador porque sabia que estava prestes a receber uma péssima notícia.

—Uma vez, meu avô me disse que nós sabemos quando estamos morrendo. Ele me disse que quando sentimos isso, começamos a lembrar de toda nossa vida, todos que amamos, todos que odiamos, todos os sorrisos, todas as lágrimas. Tudo. No momento em que eu vi o rosto daquele médico, enquanto fazia aquele exame, eu comecei a me lembrar de tudo.

—O que quer dizer?

—HaNa, eu acho que estou morrendo.

***

Era uma noite de quinta-feira. Aron conseguiu marcar uma consulta com o Cardiologista depois do expediente, assim não precisariam perder mais um dia de trabalho.

Aron e Ren estavam sentados na sala de espera. Ren seria o último a ser consultado. Aron checava as notícias dos Estados Unidos pelo celular e Ren segurava todos os exames em seu colo. Não conversavam muito. Havia nervosismo ali.

—Choi MinKi! – dessa vez foi a secretária que chamou por Ren, não uma enfermeira.

Ren prontamente se levantou ainda segurando os exames. Ia seguindo a secretária, quando notou uma coisa: Aron não estava ao seu lado.

—Você não vem? – perguntou.

—Ah! Desculpe-me. – Aron se levantou guardando o celular no bolso da calça. — Achei que você ia preferir ir sozinho.

—Não seja idiota, Aron. Venha logo!

***

O consultório era tão luxuoso quanto o do primeiro médico. E o Dr. Kim YoungNam também era simpático. Parecia estar passando dos 50 anos. Uma médico experiente.

Dr. Kim recebeu os dois no consultório da melhor maneira possível e logo se sentaram dando início à consulta. Ren falou novamente de cada sintoma que sentiu. Contou que sentia algumas coisas há meses mas nunca achou que fosse algo sério.

O médico ouviu tudo atentamente enquanto analisava os exames de Ren. Conforme analisava, via o quão sério aquilo era e, claro, Ren notou.

—Qual é o problema, hein? – Ren perguntou, aumentando o tom da voz. —Por que todos os médicos fazem essa cara?

—Choi MinKi, o seu problema é complicado... – o médico dizia olhando fixamente para o último exame, o Ecocardiograma.

—Vai dizer o que? Vai me recomendar outro médico e dizer que só ele pode resolver meu problema? – Ren estava, literalmente, gritando.

—Ren, se acalme. – Aron dizia calmo. Enquanto isso Dr. Kim apenas observava.

—Me acalmar? – virou-se, nervoso, para Aron. —Ninguém é capaz de dizer o que eu tenho e você quer que eu me acalme?

—Choi MinKi– o médico iniciou ainda calmo. —ninguém mais quis te dizer o que você tem porque não é algo fácil de se dizer a qualquer pessoa.

—Como assim? – Aron perguntou tentando conter a curiosidade, o que era impossível.

—Eu tenho quase certeza de que sei porque eu fui recomendando a vocês. Eu trabalho com esse tipo de problema há anos. – a calma do médico ainda irritava Ren.

—Então, diga logo!

—Choi MinKi, o que eu vou dizer agora é sério. Você tem que estar preparado.

—Eu estou preparado.

Aron não disse nada, apenas assentiu com a cabeça.

O médico tomou um suspiro hesitante—Cardiomiopatia hipertrófica é uma doença cardíaca na qual há o aumento do músculo cardíaco. Um coração nessa condição tem dificuldade na saída de sangue sendo forçado a trabalhar mais para realizar o bombeamento do sangue. O seu coração, Choi MinKi, está nessa condição.

—E qual é o tratamento, Doutor? – Aron perguntou.

—Em casos normais, eu recomendaria remédios e até a aplicação de um marca-passo. Em casos específicos, um desfibrilador automático implantado também é muito útil. Porém no caso do Sr. Choi MinKi... – o médico hesitou em terminar.

—O que tem o caso dele? – Aron perguntou mais uma vez.

—O músculo cardíaco dele está muito grande. Eu trabalho com essa doença há anos e talvez seja o maior que já vi. Muito talvez um transplante seria a solução.

—Está dizendo que...

—Eu vou morrer. – Ren fechou os olhos. Sentia um sentimento de alivio o preencher. Estava certa. Já vinha sentindo a morte, ali, apenas havia ganhando a certeza.

***

Não era inverno, mas a noite era fria. Não era um frio comum. Era um frio aterrorizante! Não da parte de Ren, que sentava-se no banco do carona do carro de Aron muito bem acomodado e aquecido. Porém Aron... Esse sim, sentia frio. Frio de medo. Aron tinha medo da morte por mais que não fosse a sua.

—Eu vou procurar outro médico para você essa semana. Precisamos de uma segunda opinião. Talvez uma terceira! Esse médico pode estar errado. – Aron falava rápido, atropelando as palavras com a língua.

—Aron – Ren chamou-o, sua voz esboçava tranquilidade. — Acalme-se. Eu sei que vou morrer. Não há médico que mude isso.

—Talvez um transplante! – Aron soltava esperança pelos poros. Não era do tipo que deixaria alguém morrer.

—Um transplante de coração? – Ren perguntou. —Vamos ter que nos prostituir para talvez conseguir um no mercado negro. E o médico nem deu certeza se um transplante funcionaria. Aron, sejamos realistas! Eu sei que vou morrer.

—Não... As coisas não funcionam assim. – podia-se ouvir a esperança ainda presente da voz de Aron, dessa vez com uma generosa dose de decepção. Ver alguém morrer nunca esteve em seus planos de vida, principalmente alguém na situação de Ren.

—Você deveria saber melhor do que eu, que sim.

***

HaNa havia preparado um jantar especial para Ren e Aron naquela noite. Quando recebeu a notícia, seu humor, que flamejava felicidade, se apagou. Em choque, ela abriu a geladeira de Aron, pegou um ponte de sorvete, pegou uma colher na gaveta do armário, apoiou o pote no balcão, sentou-se e começou a devorar todo o sorvete.

—A vida não é justa. – disse, decepcionada e de boca cheia.

Ren parecia completamente normal. Foi até o fogão e serviu-se. Cantarolava alguma música da Hallyu que Aron com certeza odiava. Havia um ar de naturalidade a sua volta. Sentou-se do lado de HaNa e começou a comer.

Aron, por alguns instantes, se questionou sobre a imagem que seus olhos viam naquele momento. Pegou uma cerveja na geladeira, sentou-se ao lado de Ren, que devorava seu jantar com gosto e começou a tomar da lata. A cerveja coreana era ruim, mas era a que tinha. Na TV tocava uma música de um música britânica.

Foi o que mamãe me disse.

Este é o jeito, Oh, é assim que deve ser

Yeah, yeah, mamãe me disse que este é o jeito como deve ser.

***

—Tome! – Aron dizia segurando seu laptop. —Ren, você tem que procurar algum conhecido.

Já se passavam das 11 da noite. HaNa e Ren estava sentados no sofá assistindo a alguma reprise de um programa de variedades. Aron estava de pé, parado à frente dos dois.

—Aron, não seja mal educado! – HaNa chamou sua atenção. —Nós queremos ver TV!

—Ren precisa entrar em contato com alguém, HaNa. – Aron olhou sério para Ren. —E o mais rápido possível.

—Se você quer saber, não vou procurar minha família. – Ren respondeu voltando sua atenção para a TV.

—Vai procurar nem que seja o cachorro de uma das suas antigas empregadas. – Aron, simplesmente, jogou o laptop no colo de Ren que, por sorte, não deixou cair. —E chegue pro lado HaNa. Eu preciso me sentar ao lado de Ren.

—Aigoo! Você já foi mais educado! – HaNa respondeu enquanto atendia à ordem de Aron.

Ren ia acessando todos os perfis que tinha em redes sociais. Aron ao seu lado observava tudo minuciosamente. Como uma sombra. Era irritante. Porém Ren não tinha mais nada esconder então não se incomodava.

Em um dos perfis de Ren havia um detalhe. Ele parecia ter sido usado no tempo em que estava morando com Aron. O problema era: Ren não usou nenhuma rede social nesse período. Muito mal usava a internet.

—Tem alguma coisa errada...

—O que? – HaNa perguntou jogando o corpo no colo de Aron para ver e tela do computador.

—Parece que alguém andou usando meu perfil nos últimos dias.

—Como você sabe? – Aron perguntou.

—Tem coisas aqui que eu tenho certeza de que não postei.

—Tipo o que?

—Tipo isso. – Ren virou o aparelho de modo que HaNa e Aron podiam ver o que estava na tela.

"Queridos amigos, vocês devem estar se perguntando por que não tem me visto. A verdade é que eu descobri que estou muito doente. Está sendo um momento muito difícil para minha família e eu preferi me isolar. Perdoem-me”

—Que loucura... – Aron disse, chocado.

—Eu não acredito! Ele deve ter pago alguém pra fazer isso!

—Ele?

—Meu pai! – Ren levantou-se deixando o laptop e saiu andando em direção ao seu quarto. Aron o seguiu e HaNa ficou sozinha na sala. Não gostava de se intrometer nesse tipo de coisa.

Aron conseguiu para Ren antes que ele entrasse em seu quarto. Estava claramente nervoso.

—Ren, você sabe que não pode ficar nervoso. Lembre-se do que o médico disse.

—Eu vou morrer de qualquer maneira, Aron! – retrucou entrando no próprio quarto. Sentou-se na cama e tentava se acalmar. —Acabou...

—Olha... – e pela primeira vez, Aron, não tinha na boca, as palavras certas a dizer. Ren também não tinha nenhuma malcriação para retrucar. Aron o observava cuidadosamente em silêncio. Quando não se sabe o que dizer, o silêncio é o melhor conselho.

—Você não entende. – Ren quebrou o silêncio, que nem durara muito tempo. —Não é como na América. Eu tenho que agradecer por estar vivo! Se me descobrem aqui, acabam com sua vida. – Ren começava a ofegar. Seu coração estava acelerando e podia sentir isso.

—Como assim? – Aron perguntou sentando-se ao seu lado.

Ren tomou um suspiro profundo, seu coração doente estava quase normalizando seus batimentos novamente. Pelo menos aquele dia, não era seu dia de morrer.

—Você já deve saber que algumas coisas aqui na Coréia são ridículas. E minha família é uma delas.

—É um pouco notável. – brincou. —Mesmo que você não fale muito sobre eles...

—Aron, eu fui como você. Passei parte da vida sendo protegido pelo meu pai e quando ele viu que eu não me tornei o que ele queria, tudo deu errado para mim. Ele contratou pessoas para me seguir, começou a controlar meus horários...Chegou a pagar funcionários da escola para me vigiarem também.

—Um tanto psicopata. – Aron respondeu, tentava usar algum humor para que Ren não ficasse nervoso novamente. —Mas me diga, foi assim que ele descobriu?

—De outro jeito que não foi.

—E então ele te expulsou de casa? – Aron nunca fora muito curioso sobre as circunstâncias que levaram Ren até ali. Ele saberia tudo na hora certa. Por mais que fosse aos poucos.

—Depois de tentar me matar, sim. Eu acho que ele não ficou muito feliz com a ideia.

—Ele não deve ser uma pessoa feliz. – os dois riram, por mais que fosse um fato triste.

—Que lindo! Vocês deviam ser namorados só pra eu poder assistir isso todos os dias! – era HaNa, parada na porta, segurando o laptop. Foi recebida pelos dois com olhares repreensivos. Não era um comentário muito agradável. —Eu tenho uma coisa que vocês precisam ver. – sentou-se ao lado de Aron, virou a tela do laptop para si e começou a ler a mensagem que havia na tela:

“Caros amigos e familiares, aqui é um representante da família de MinKi. Como vocês já devem saber, ele estava muito doente nos últimos dias. Venho aqui, em nome de MinKi e da família Choi comunicar que ele veio a falecer hoje, pela manhã. O velório começa esta noite e durará três dias como manda a tradição. O enterro do corpo será no sábado. Toda a família sente muito.”

—E quanto mais eu conheço os coreanos, mais loucos eles são. – Aron dizia chocado. Tratava-se de uma família forjando a morte do próprio filho.

—Parece até que previram. – HaNa respondeu, curiosa. Não estava chocada. Nada que vinha daquele lado da ponte lhe causava o menor espanto.

—Não... – Ren disse pensativo. —Nenhum deles sabe que eu vou morrer. Eles só inventaram um jeito de explicar meu sumiço. Mais inteligente do que eu imaginei. – sempre se surpreendia com a engenhosidade de seu pai.

—E só piora... – Aron levantou-se. Sentiu que precisava de apenas um bom banho e dormir. Muita informação em um dia só. Morte verdadeira de Ren, morte falsa... e mais loucuras coreanas. — Eu vou dormir antes que eu acabe ficando louco que nem esses coreanos...

—Espere, Aron! HaNa, você disse que o enterro é no sábado, não é?

—Sim.

—Nós três vamos no meu enterro amanhã.


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