Kardiá escrita por HyeWook


Capítulo 2
Ganhando uma nova vida.


Notas iniciais do capítulo

Oi :3



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— Só por isso? – Aron perguntou indiferente.

Ele não ligava para a sexualidade de Ren. Era maduro o suficiente para aceitar e respeitar isso. Costumava ter um ou dois amigos gays quando morava nos Estados Unidos.

— Como assim? – Ren perguntou confuso.

— Ele te expulsou de casa só por isso?

— Você não é daqui mesmo, não é? – Ren perguntou ainda sem entender a reação de Aron. —Aqui isso não é algo simples.

— Eu vim dos Estados Unidos. Lá muitas pessoas, assim como eu, não ligam para isso.

Ren não sabia o que responder e encarava Aron curioso. Ele não entendia muito sobre a sociedade norte americana. Conhecia um pouco da moda e só. Mal sabia pronunciar as palavras básicas do inglês que estavam no dia a dia.

Porém de certa forma, desejou ir para lá. Sentia que mesmo que nem todas as pessoas pensassem como Aron, seria melhor do que morar na Coréia onde não poderia conseguir sequer um emprego caso descobrissem sua sexualidade, sem contar coisas piores que poderiam lhe acontecer. E talvez se sua família morasse nos Estados Unidos teriam uma maturidade maior para entender tudo. Talvez.

— As coisas aqui são bem diferentes... – Ren disse pensativo.

— Não ligue para os outros! – Aron disse animador. — Depois resolvemos o que faremos com você. Mas agora precisamos dormir porque eu tenho trabalho amanhã e você precisa descansar.

— É... Eu preciso descansar.

***

Aron já ia até seu quarto quando se lembrou de uma coisa. O secador com que secara os documentos de Ren não era seu. Era de HaNa.

HaNa era melhor amiga e vizinha de Aron. Ele a conhecia desde que se mudou para seu apartamento. Ela havia se mudado para aquele prédio quase na mesma época, com diferença de alguns dias, quase um mês. Assim, os dois estranhos se tornaram melhores amigos.

HaNa tinha quase a mesma idade que Aron, a pouca diferença era de meses

Diferente de Aron, HaNa não foi para faculdade. Sempre quis ser escritora e nada mais que isso. Mas nada na Coréia é fácil como as pessoas imaginam.

Como ainda não havia conseguido realizar seu sonho, HaNa trabalhava na confeitaria de um grande supermercado. O apartamento espaçoso foi a última coisa que seu padrasto lhe deu antes de ser obrigada pela mãe a sair de casa. Não tendo que pagar aluguel, se virava como podia com o pequeno salário.

Tudo era difícil, mas Aron sempre a ajudava.

— Aish. Quem é? – HaNa perguntou ao ouvir alguém bater à porta.

— É o vizinho mais lindo do mundo! – Aron disse em um tom que chegava a ser cômico. Os dois sempre faziam brincadeiras do tipo.

HaNa abriu a porta e Aron entrou sem ser convidado, os dois tinham esse tipo de intimidade.

— Seu secador! – Aron dizia ao colocar o aparelho em cima da mesa da amiga.

— Ele está bem? Perguntou por que ele estava na chuva daquele jeito? – HaNa perguntou curiosa. Ela sempre foi assim. Queria saber de tudo.

Então Aron contou a história que Ren havia lhe contado a HaNa e ela ficou chocada. Ela não era americana como Aron mas pensava como ele. Não por influência, ela apenas tinha uma opinião própria sobre isso e que, por coincidência, era bem parecida com a de Aron.

Os dois conversaram um pouco mais, então Aron voltou ao seu apartamento para finalmente dormir. Ele estava completamente cansado.

***

No outro dia Ren acordou calmamente pela manhã.

Levantou-se com facilidade e a primeira coisa em que reparou foi seu reflexo no espelho. Os cabelos não estavam muito bagunçados e o rosto não parecia com o de alguém que havia acabado de acordar. Ren sempre foi completamente bonito e se orgulhava disso.

Saiu do quarto direto para a cozinha, talvez por costume. Procurou por Aron, mas apenas encontrou um bilhete em cima do balcão seguro por uma caneca em cima.

“Ren, eu fui para o trabalho. Tem bastante comida nos armários e na geladeira, e você pode comer o que quiser. Mais tarde minha amiga, HaNa, vai ver como você está! Não se assuste com ela!

Até mais tarde.

P.S. o número do meu celular está em um papel preso à geladeira.”

Ren leu o bilhete de Aron por umas 3 vezes, ele gostava daquele jeito cuidadoso.

Procurou na cozinha algo que não precisasse ser preparado para comer. Como sempre foi de uma das famílias Milionárias de Seul, nunca ousou aprender a usar o fogão.

Encontrou alguns biscoitos e um suco. E isso foi seu café da manhã.

Foi para a sala de estar e encontrou, na mesa de centro, um notebook fechado com mais um bilhete em cima.

“Ren, se quiser usar este notebook, use à vontade.”

Preferiu assistir televisão. Se entrasse na internet ia acabar em alguma rede social e por consequência, entrando em contato com algum conhecido e no momento não queria conversar com ninguém, não se orgulhava da situação em que se encontrava.

As horas se passaram e quando Ren se deu conta já era tarde. Não tinha muito o que fazer então, continuou do jeito em que estava até que ouviu alguém bater à porta. Não abriu de imediato, esperou para ver se não estava ouvindo coisas, mas a porta continuou a bater e se lembrou do bilhete de Aron, poderia ser a amiga que ele disse que iria visitá-lo.

Ao abrir a porta se deparou com a imagem de uma bela jovem, de estatura média, pele extremamente branca, evidentemente suave e cabelos negros num caimento perfeito até à cintura. Era HaNa.

Mesmo sendo gay, Ren sabia reconhecer beleza em uma mulher, e ele via essa beleza em HaNa, e muita. A ponto de encará-la surpreso. Ren nunca fora muito bom em disfarçar.

— Ren... Certo? – HaNa perguntou confusa, não era boa em lembrar nomes, mesmo que curtos.

— Sim...

—Tenho comida! – HaNa levantou o pacote que segurava sorrindo.

HaNa entrou mesmo sem ser convidada e praticamente arrastou Ren para a cozinha. A pedido de Aron, ela havia levado algumas mini pizzas, croissants e cupcakes, coisas que todos gostam de comer para Ren. E ela também deveria verificar se ele estava bem.

Ren comia com vontade tudo que HaNa lhe deu e ela ficou muito satisfeita em ver como ele comia, já que ela havia preparado tudo.

— Foi você quem fez? – Ren perguntou no intervalo entre as mordidas.

— Sim. – ela respondeu. —Eu faço isso no trabalho.

— Estão ótimos. Bom Trabalho!

Como os dois não tinha muita intimidade, logo o assunto que poderiam ter acabou. Mas HaNa ia logo acabar com o silêncio. Assim como Aron, ela gostava de conversar.

— Aron pediu para avisar que talvez ele chegue mais tarde do trabalho hoje.

— Tudo bem. – Ren respondeu indiferente enquanto comia. —Mas me diga uma coisa, em que o Aron trabalha? – perguntou para puxar assunto. HaNa lhe parecia amigável.

— O Aron? Ele trabalha em uma agência de publicidade relativamente conhecida daqui de Seul.

— E vocês moram, assim, sozinhos? Sem mais ninguém tipo: pais, empregadas ou qualquer coisa do gênero.

— Sim. – HaNa respondeu. — Na verdade eu moro bem aqui do lado. Eu e Aron apenas ajudamos um ao outro. Somos independentes se você quer saber. – Ren encarou HaNa curioso enquanto ela falava. Passara a vida toda cercado pela proteção de seus pais e seus únicos amigos também viviam da mesma forma. Nesse momento chegou a sentir uma ponta de inveja de Aron e HaNa.

— Sem querer ser mal educado, eu estou começando a sentir inveja de vocês dois. – Ren disse envergonhado.

— Não sinta. – ela riu. —Você logo estará como nós.

— Estarei? – perguntou surpreso.

— Não conte para Aron mas... Ele me contou sua história. E eu acho que ele vai te ajudar.

— Está brincando? – perguntou completamente surpreso. — Mas, por quê?

— Aron é a melhor pessoa que eu já conheci. – HaNa respondeu pensativa. —Ele ajuda as pessoas por instinto. Eu nunca entendi isso.

— Ele é bem diferente das pessoas que estou acostumado a conhecer. – Ren respondeu pensando em sua antiga vida.

— Foi exatamente isso que pensei quando o conheci.

***

Já era tarde da noite e HaNa já havia ido embora. Ren estava sozinho assistindo televisão à espera de Aron e acabou adormecendo no sofá.

Aron chegou quase meia noite. Estava cansado e só queria saber de um bom banho e sua cama. Mas ao chegar encontrou Ren dormindo no sofá. De primeira, pensou em não acordá-lo, mas não poderia deixa-lo dormir no sofá sendo que havia uma cama para ele no apartamento.

— Ren?! – chamou.

Ren despertou como num susto. Mas ao ver que era Aron, tentou o máximo parecer apresentável. Sentou-se no sofá e Aron se sentou ao seu lado.

— Então, como foi o dia? – Aron perguntou.

— Não sei muito o que dizer, mas sua amiga, a HaNa, esteve aqui. – Ren respondeu tentando ser gentil com Aron. Queria agradá-lo de alguma forma —Ela me deu comida.

Aron riu. — Ela adora cozinhar!

Um silêncio constrangedor se instalou entre os dois. Não tinham muito o que conversar. Porém Aron logo quebraria isso.

— Ren, eu preciso te perguntar algumas coisas.

— Tudo bem.

— Bom pra começar eu preciso saber o que você pretende fazer da sua vida? – Era a única pergunta que Aron podia fazer naquele momento.

— Eu não sei, Aron. Eu não sei. – respondeu pensativo. Sentia um desespero dentro de si assim que começou e se lembrar de tudo. — Olha, eu não tenho para onde ir. Se você puder me deixar ficar aqui, eu faço tudo o que você quiser. Eu até pinto meu cabelo se isso te agradar! – implorou em desespero. — Eu não tenho mais ninguém!

— Bom, eu tenho uma proposta para você. Você pode morar aqui comigo, mas vai ter que trabalhar! Eu já até tenho um trabalho em vista para você.

— Sério? – Ren perguntou surpreso. — Aron eu lhe devo a minha vida! – disse surpreso. —Mas...eu não sei fazer nada além de falar ao telefone.

— Bom, o trabalho que eu pensei pra você é de meu secretário. Não precisa saber muito mesmo.


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