Kardiá escrita por HyeWook


Capítulo 1
O que acontece na chuva de Seul, fica em Seul.


Notas iniciais do capítulo

Olá! Então essa fic já estava terminada em outro site e já que estou migrando pra cá decidi trazê-la pra cá. Espero que gostem.



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— Eu nunca vou aceitar um filho como você! – essas eram as palavras que ecoavam pela cabeça de MinKi, ou Ren, como era chamado pelos amigos.

A chuva caía cada vez mais forte por Seul, todos estavam à procura de um lugar seguro e seco, mas não Ren, que caminhava sozinho pelas ruas.

A intensidade da água só aumentava e ele mal conseguia ver à sua frente. E ele não se importava. Não se importava com a água, não se importava com a pouca visão e muito menos com o fato de estar todo molhado. Para ele, nada mais importava.

Não fazia muito tempo que havia saído de casa. Na verdade, ele não havia saído, não por vontade própria, Ren havia sido expulso de casa. Expulso por não ser como os outros rapazes, por, na verdade, gostar mais de rapazes do que de meninas. Por sentir desejo por homens e não por mulheres.

A sociedade coreana era preconceituosa, e em uma família como a de Ren, não seria diferente.

Além de expulsá-lo brutalmente de casa, o Sr. Choi fizera questão de dizer as piores palavras que se pode dizer a um filho.

Você não pertence mais a essa família! Meu filho homem a partir de hoje morreu.

A chuva continuava forte e Ren ainda vagava pela cidade. De repente, começou a sentir algo disparar em seu peito. Respirar ficava cada vez mais difícil e quando se deu conta, conseguia apenas se manter em pé graças a um poste no qual se apoiava. Começou a sentir-se tremendo e a visão só piorava. Então, tudo parou à sua volta. Afastou-se do poste e tentou caminhar, e sem perceber, tudo havia ficado negro. Sentiu-se cair e de repente não sentiu mais nada.

. . .

Aron procurava o guarda-chuva em sua mochila. Poderia ficar na agência de publicidade em que trabalhava com os colegas até que a chuva amenizasse, mas não. Não queria ficar naquele lugar. Não depois da incrível chance de ser promovido que perdera.

Queria ir para seu apartamento para apenas descansar sozinho. Talvez se questionasse por toda a noite, procurando saber onde errara, mas, o plano para aquele momento era apenas descansar sozinho. E mais nada.

Conseguiu achar o guarda-chuva. A chuva ainda era forte e teve dificuldade para chegar a seu carro, mas finalmente conseguiu. Por mania, ou reflexo, olhou para os lados ao abrir a porta do carro. Porém dessa vez viu algo diferente.

Não tão longe do carro, avistou algo na calçada, ou seria uma pessoa?

Aproximou-se e confirmou. Era uma pessoa.

A pele branca e o os fios loiros se destacavam em meio às roupas escuras. Não parecia ser oriental, e também não parecia estar morto. Aron abaixou-se ainda mais próximo e checou a pulsação no pescoço do outro, ou outra. No meio da chuva não sabia identificar se era um homem ou uma mulher.

Estava vivo. Mas talvez não por muito tempo.

Sequer pensou em chamar uma ambulância, Aron vinha de um lugar onde isso não ajudaria muito, preferiu colocar aquela pessoa em seu carro e levá-la até seu apartamento. Lá saberia o que fazer.

. . .

Ren sentiu-se aquecido em algum lugar aconchegante. A chuva agora era só mais um barulho distante.

Abriu os olhos e viu que estava em um tipo de sala de estar. Estava deitado em um sofá e também estava coberto. Não sabia como havia parado ali. Levantou-se para procurar alguém e foi andando pelo local. Parou em frente à janela mais próxima e olhou para o lado de fora. Percebeu que parecia estar em um apartamento ou algo do tipo e continuou andando pelo local. Ainda na sala ouviu um barulho do que parecia ser um secador de cabelo. Seguiu os ruídos e finalmente, alguém.

Parecia ser a cozinha e havia alguém que Ren não conhecia. Não era exatamente alto, tinha cabelos castanhos, olhos puxados e uma expressão um tanto máscula. Estava usando o secador em cima de o que poderiam ser alguns papéis, não dava para ver o que eram. O rapaz era completamente estranho para Ren, que ficou o encarando.

Até que o rapaz percebeu sua presença.

—É... – olhou com certa dificuldade para um dos papéis que secava. — Choi MinKi? – perguntou olhando para Ren e logo desligando o aparelho que ainda estava em suas mãos.

Ren apenas assentiu.

—Eu sou o Aron!

—Aron... – Ren repetiu apenas para si mesmo. Aron, um nome em Inglês.

—Não fique assustado! Você estava caído numa calçada no centro de GangNam. Como estava chovendo muito eu trouxe você pra cá.

—E onde é... Aqui? – Ren perguntou ainda confuso.

—Esse é o outro lado do Rio Han. E estamos no meu apartamento. – Aron respondeu voltando à atenção para os papéis no balcão, Ren começou a pensar que os mesmos fossem seus documentos. —Me diga... Você está bem agora? – Aron ligou o secador novamente. — Você estava totalmente apagado. - disse enquanto secava os papeis que agora eram visivelmente os documentos de Ren.

—Eu... Eu acho que sim. – Ren respondeu observando o local.

A cozinha de Aron era simples. Muito mais simples do que Ren estava acostumado. Não eram as louças refinadas de sua mãe e muito menos os copos de cristais que pareciam dar outro sabor a água, guardados em um armário da mais cara madeira possível. Era uma simples cozinha, daquelas com um balcão embutido, armários simples, copos de vidro e nada de luxo. Era uma típica cozinha da vida do outro lado do Rio Han. O qual Ren nunca conhecera.

O silencio se instalava entre os dois. Só que Aron era uma pessoa que gostava demais de conversar, ele acabaria com o silêncio logo. E o fez.

—Você precisa de roupas secas, Choi MinKi.

—Ren.

—Como?

—Me chame de Ren, não gosto desse nome.

—Então, tudo bem. E você ainda precisa de roupas secas, Ren.

. . .

—Sabe, quando vi você caído na rua achei que você fosse do ocidente. – Aron dizia enquanto abria uma das gavetas da cômoda e procurava roupas secas para Ren. —E também achei que fosse uma garota. – riu.

—Isso acontece sempre. –Ren respondeu seco. Ele usava sempre o tom baixo, não sentia necessidade de muita animação e dinamismo, sequer olhava diretamente para Aron.

—Aqui! – Aron estendeu suas duas mãos segurando roupas secas em direção a Ren. —Roupas secas.

Ren não disse nada, apenas pegou as roupas com todo cuidado.

—Coloquei uma toalha para você no banheiro, ele fica bem aqui do lado. Tome um banho enquanto preparo algo para comermos.

—Ok.

. . .

As roupas de Aron obviamente ficaram largas em Ren, mas ele não se importava. Ao menos estava seco e confortável.

Depois de se secar e vestir completamente, Ren voltou à cozinha. Estava com fome.

—Com fome? – Aron perguntou ao notar sua presença. E Ren apenas assentiu. —Fiz Lámen para você. Sente-se aí. – apontou para o balcão.

Ren notou que havia bancos em frente ao balcão e sentou-se em um deles para comer.

Aron pegou uma das tigelas que haviam ali e serviu Lámen a Ren.

—Não deve estar muito bom mas... – dizia ao entregar a tigela ao outro, porém se surpreendeu ao ver a vontade com que Ren comia.

—Está ótimo! – Ren disse em um intervalo entrar as mordidas.

Aron também se serviu e os dois jantaram. Ren o ajudou com toda a louça e depois Aron foi preparar o quarto extra que havia no apartamento para Ren. Os dois prepararam tudo sem muita conversa, mas Aron era curioso demais. Ele precisava saber mais sobre Ren.

—Ren... – chamou sua atenção.

—Sim. – Ren respondeu ajeitando o ultimo travesseiro.

—O que aconteceu para você estar caído daquele jeito na calçada?

—Eu estava andando e de repente apaguei. – Respondeu se lembrando de quando ainda estava andando na chuva. —Eu senti algo disparar no meu peito e desmaiei ou algo assim.

—Mas você parece ser de família rica, por que estaria andando sozinho num tempestade? – Aron estava certo. O rosto de Ren dizia claramente que ele vinha de uma boa família. Pele e cabelos bem tratados, roupas aparentemente caras e até mesmo seu olhar.

—Se eu te contar, - Ren dizia olhando para a janela, a chuva ainda caía. —Vou acabar lá fora de novamente.

—Eu nunca faria isso!

—Eu não sei se devo.

—Fique tranquilo, de onde eu venho, nada me surpreende.

—A verdade é que eu fui expulso de casa. – Ren respondeu recordando toda a dor que havia passado à pouco.

— Por quê? – Aron perguntou curioso.

Ren hesitou em dizer porque havia sido expulso. Não sabia se Aron pensava da mesma maneira que outras pessoas que conhecera. Mas ele havia o ajudado tanto e se sentiria mal se não contasse. Era o mínimo que devia fazer.

—Meu pai me expulsou de casa porque... Eu sou gay.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que sim!
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