Monotonia escrita por Deusa Nariko


Capítulo 23
23


Notas iniciais do capítulo

Vigésima terceira drabble.
Boa leitura!



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Monotonia

Por Deusa Nariko

XXIII

 

Amegakure era diferente de tudo o que Sakura já tinha visto. Apesar da apreensão inicial, desnecessária de acordo com Sasuke, a vila oculta da Chuva se provou um lugar tão cheio de mistérios quanto de encantos.

Chovia quando chegaram e Sakura tentou não encarar o fato como uma coincidência infeliz ou como um presságio inevitável. Apenas puxou o capuz de sua capa sobre a cabeça e acompanhou as passadas de Sasuke pelas ruas estreitas e encharcadas.

Os prédios altos e escuros a fascinaram de um modo grotesco: eram esguios e se perdiam de vista, por pouco não tapando a visão de um céu cinzento por inteiro. Apesar da arquitetura fora dos padrões, entretanto, Amegakure não se diferenciava muito de outras vilas que ela conheceu, apesar de se assimilar a um distrito altamente industrializado.

Havia poucos Shinobis nas ruas, estabelecimentos comerciais brotavam nas esquinas e alguns poucos até mostravam vitrines pouco chamativas, vendendo de tudo um pouco aparentemente. Ainda assim, aquela aura densa imperava.

Os transeuntes nas ruas pareciam refletir o humor macambúzio do mau tempo, acobertados por capas de chuva e mantos escuros, alguns até portavam guarda-chuvas de cores monocromáticas. Mas Sakura estava mesmo encantada para se deixar contaminar pela aura cinzenta de um dia chuvoso.

— Por aqui — Sasuke a despertou de seu pequeno devaneio ao indicar que o seguisse até um dos prédios esguios e taciturnos, espremido entre dois arranha-céus angulosos com tubulações gigantescas emergindo de suas paredes.

Ela o fez sem pestanejar, apressando os passos quando viu o marido desaparecer por trás de uma porta estreita. Passou pelo limiar com um arquejo preso entre os dentes, puxando o capuz da cabeça uma vez que se abrigou da chuva fria. Então olhou em volta curiosa para o cômodo abafado.

Sasuke estava próximo a um balcão no que parecia ser uma recepção. Havia pouca mobília espalhada ao longo do cômodo e as roupas e botas encharcadas de Sakura estavam começando a formar uma poça no assoalho de madeira escura. Uma pensão?, conjecturou ao trocar breves relances com o homem esguio que se esgueirava por trás do balcão.

Confirmou sua conjetura ao observar Sasuke pagar uma certa quantia ao homem que, por sua vez, entregou a ele uma pequena chave. Ela se aproximou comedida do balcão, suas roupas e cabelo pingavam, mas o homem parecia não dar atenção a isso.

— Vamos — Sasuke disse ao subir um lance de escadas à sua direita; a madeira antiga rangia a cada degrau ultrapassado.

As escadas levaram-nos ao segundo piso e, por fim, a um corredor um tanto abafado com portas espalhadas ao longo dele. Sasuke se aproximou de uma delas e a abriu com a chave. Sem perder tempo, Sakura o seguiu cômodo adentro e suspirou de alívio.

Abriu o fecho da capa molhada que lhe pesava os ombros e viu o esposo fazer o mesmo. Era um quarto simples, com pouca mobília a não ser por uma cama de casal e uma escrivaninha e uma cadeira ao fundo. O assoalho acarpetado abafou o som de seus passos.

Sakura retirou as botas primeiramente antes de fechar a porta e depositar sua mochila no chão.

— Tire as roupas molhadas e tome um banho — ele disse, indicando uma porta estreita à esquerda dela. — Pode pegar um resfriado se as mantiver.

Sakura assentiu; de fato, um banho quente viria a calhar agora. Mas antes, aproximou-se de Sasuke e apanhou-o pela mão num convite tácito para acompanhá-la, afinal ele também estava encharcado. Por um breve momento, as sobrancelhas dele arquearam-se elegantes no seu rosto, encimando os olhos confusos. Mas o instante de aturdimento cessou assim que ela o puxou na direção do banheiro.

Uma vez lá dentro, Sakura se livrou das roupas molhadas que colavam no seu corpo e ajudou Sasuke a fazer o mesmo. Quando abriu o chuveiro e testou a temperatura por pouco não sorriu, um banho quente depois de horas viajando sob a chuva era mais do que benquisto.

Desperdiçar tantos minutos num banho, especialmente com Sasuke, não era tão precioso para Sakura já havia algum tempo. Ao sair, envolta numa bruma de vapor, enrolou-se em um roupão e voltou ao quarto.

Sem cerimônias, refestelou-se sobre a cama e os travesseiros, mantendo um olho atento sobre o marido que se deslocava pelo quarto remexendo nos seus pertences. De repente, entediada com o som da chuva batendo constantemente na janela, sentou-se ereta:

— Quando foi a última vez que esteve em Amegakure? — perguntou a ele, ávida para saber mais detalhes da viagem que Sasuke fez, além disso, faria qualquer coisa para matar o ócio.

— Não faz muito tempo — ele respondeu evasivo e Sakura disfarçou uma careta.

Depois de um tempo, ele se aquietou, sentando à beirada do colchão, e acrescentou:

— Achei que seria importante entender a origem da Akatsuki. Afinal, o Tsuki no Me era seu principal objetivo. Investiguei durante algumas semanas todas as conexões remanescentes com a Akatsuki que ainda existiam aqui, mas, depois da morte de Nagato, elas se tornaram tênues demais. Não obtive muitas respostas aqui — ele concluiu com um franzir da boca que delatava frustração.

— Você se refere àquela investigação sobre o clã Ōtsutsuki?

Ele assentiu e Sakura aproveitou o momento para se esgueirar até o marido. Abraçou suas costas, deitando a cabeça num ombro forte. Depois de algum tempo em silêncio, Sakura se afastou, recuando de encontro à cabeceira e aos travesseiros, mas puxou Sasuke consigo, rearranjando-o até tê-lo nos seus braços com a cabeça pousada no seu peito.

Seus dedos se embrenharam no cabelo grosso dele, procurando relaxá-lo e libertá-lo de qualquer tensão. Era bom estar assim com ele, compartilhar momentos, ainda que breves, de tranquilidade. Ouvir o coração dele sincronizar os batimentos com o seu e cada expiração profunda do seu peito era precioso demais.

Sakura não trocaria momentos como aquele, momentos em que podia apreciar a quietude e a paz ao lado do homem que amava, por absolutamente nada no mundo.

Depois de tantos anos de angústia, das noites solitárias e dos dias incontáveis de espera, ela finalmente estava onde sempre quis estar. Não sairia dali tão cedo.


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Notas finais do capítulo

Mil desculpas pela demora! Como disse, com a pós-graduação e o curso, sobraria menos tempos para as atualizações, além disso, semana passada estreou Batman v Superman e eu só conseguia pensar no filme e em mais nada! HAHAHAHA
...
Aliás, alguém assistiu? Eu saí desnorteada do cinema... SURTEI MUITO! Sou muito fã da Trindade e dos filmes do Zack também, então é desnecessário dizer que amei, né? *-*
...
Enfim, essa semana tentarei atualizar outra Fanfic e estou escrevendo uma one-shot em comemoração ao aniversário da Sakura (atrasadíssima, mas o que vale é a intenção, certo?) Hehe
...
Até o próximo!



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