Um amor sob medida escrita por Woodsday


Capítulo 1
Definitivamente, o melhor chefe que já tive


Notas iniciais do capítulo

Hey, esse é o prólogo. É só uma introdução a Rose (uma Rose um pouco diferente) Espero que gostem!



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Eu encarei a mim mesma com um sorriso satisfeito. Meus Jimmy Choo vermelhos combinavam perfeitamente com a saia lápis preta e a camisa social da mesma cor. Eu me sentia linda e poderosa. E eu certamente, iria colocar a Runway abaixo!

Eu quase não podia acreditar que finalmente conseguia a tão sonhada vaga nessa revista. Foram anos de escalas épicas – maiores que o Monte Everest – anos de servir cafés e escrever horóscopos e agora finalmente eu estava sendo reconhecida! Era simplesmente maravilhoso!

Maravilhoso pelo fato de estar fazendo o que gosto e claro, pelo fato de finalmente poder pagar todas as faturas abusivas e horrendas do meu cartão crédito. Afinal de contas, desde que há dois meses eu joguei uma bandeja de café quente em cima de Stan Alto – que de alto só possuía o nome -, meu ex-chefe simplesmente gritara a plenos pulmões que eu estava demitida.

De-mi-ti-da.

Ele soletrara com extrema arrogância e eu, claro, sendo Rose Hathaway simplesmente lhe dera as costas, fazendo o favor de lhe dar uma bela batida com a minha Gucci. Aquele homenzinho desaforado. Tudo que eu fizera para acarretar em minha demissão fora constatar com muita, muita gentileza o quão brega ele ia trabalhar todos os dias, afinal, não é porque é um escritório de contabilidade que o pigmeu precisa ir trabalhar como se fosse um mendigo, certo? Tudo bem que o lugar não exigia grande empenho, mas por Deus, quem aguenta olhar todos os dias para aquelas roupas horrendas? Bem, eu não aguentava.

– Rose? Você está pronta? – Lissa deu dois toquinhos educados em minha porta e eu sorri para minha melhor amiga. – Ual! – Ela exclamou e então abriu um sorriso gigantesco de ponta a ponta. – Estou tão orgulhosa de você, Rose!

– Eu também. – Afirmei sem modéstia jogando o cabelo para trás das costas. – Eu nem acredito que finalmente estou indo para lá! – Dei um gritinho animado e Lissa imitou meu gesto, nós rimos juntas e eu me apressei, pegando a minha bolsa e as chaves da nossa casa.

Quando eu recebera a proposta de entrevista para trabalhar na revista – depois de exatamente cento e cinquenta e cinco e currículos enviados – eu faltara simplesmente morrer de emoção. Quase literalmente, considerando que eu estava correndo e acabara por tropeçar em meus próprios pés – o que me lembra obviamente, de jogar fora aqueles tênis que prometiam milagres, mas só serviram para danificar minhas unhas bem feitas. No entanto, como diabos eu iria para Nova Iorque se estava desempregada, com meus cartões estourados, e sem nenhuma poupança e pior! Um guarda-roupa gigantesco para me acompanhar – a bagagem extra era realmente cara. Foi quando eu resolvi ceder ao meu orgulho e procurar a Abe, meu pai. Ele era turco, o que me fazia metade turca também – mas eu gostava de afirmar que era cem por cento americana -, Abe tinha milhões de negócios que eu jamais tive o interesse de conhecer, tudo tratando-se de importação e exportação. E ele era vergonhosamente avantajado financeiramente.

O velho era podre de rico!

Mas eu ainda tentava manter alguma dignidade em conseguir meu próprio sustento. Afinal de contas, eu só descobrira sobre Abe três anos atrás, até então, minha mãe – Janine Hathaway – abominava a ideia de ser dependente financeiramente. Isso, porque ela é delegada em Montana e ganha horrores de dinheiro – que a propósito é onde eu morava antigamente junto de Lissa.

Ah claro, e Lissa! Minha melhor amiga desde... Bem, desde sempre! Os pais de Lissa eram nossos vizinhos e quando eles faleceram tragicamente em um acidente de carro – que inclusive, eu estava fazendo parte – Lissa e eu ficamos desoladas, pior ainda, minha melhor amiga corria o sério risco de ir para um orfanato, foi quando minha mãe decidira tomar a guarda de Lissa para si e desde então, éramos irmãs legalmente – o que só contestava o que já existia de fato. Lissa era doce e gentil, e era muito, muito calma. Certinha demais, estudiosa. Ao contrário de mim, é claro. Eu sempre fui o que pode se chamar de uma pessoa excêntrica e um pouco – talvez muito – encrenqueira.

Eu era um espécime raro e tinha consciência disso.

Mas se havia uma coisa na qual eu era boa. Era na moda. A moda sempre esteve presente em minha vida, quando eu tinha oito anos adorava observar as vitrinas com puro fascínio. Fora a minha primeira visita a Bervely Hills e eu jamais poderia esquecer a sensação de estar lá! Todas aquelas lojas lindas, aquelas cores vivas e aquelas roupas maravilhosas! Eu podia vibrar só de pensar! E então, aos dezessete, eu já estava incrivelmente ferrada.

Visa, Mastercard, American Express, Diners... Os cartões eram infinitos.

E minhas contas também!

O que me levou a abandonar o sonho da moda por tempo indeterminado – eu ainda cursei a faculdade, é claro – mas trabalhar? Era impossível! E eu simplesmente não me continha em nenhum daqueles empregos horrendos não dignos da minha ilustre presença. Eu sempre acabava ganhando uma passagem só de ida para o RH ou como no caso de Stan Alto, um belo grito alto e claro anunciando minha demissão para metade do departamento.

Bem, isso até agora.

Eu encarei o prédio enorme e luxuoso com um sorriso gigantesco em meus lábios. Agora eu seria Rose Hathaway, uma estilista da Runway. Eu sempre incrível, seria maravilhosa, eu seria demais!

Erguendo o queixo, eu caminhei confiante em direção ao balcão da recepção. O atendente olhou-me como se de fato, eu fosse esperada e o sentimento de agitação só cresceu dentro de mim. Eu podia sem duvida, dar alguns pulinhos tamanha a minha felicidade.

– Você é Rosemarie Hathaway? – Perguntou uma voz atrás de mim, eu me virei. Surpresa pelo tom leve e rouco. Havia um sotaque russo em sua voz e eu engoli em seco ao dar de cara com um Deus Grego digno do catalogo de natal da Vogue. Aquele catálogo onde os homens lindos de morrer sempre saem de sunga vermelha e toquinha de papai noel.

Resolvi espantar o pensamento da minha mente, antes que eu corasse vergonhosamente ou pior! Deixasse escapar algo vergonhoso dos meus lábios.

– Rose. – Eu sorri abobada, estendendo a mão em sua direção.

– É um prazer, Rose. – Ele disse com um sorriso estampando o rosto másculo. Os dentes eram brancos e perfeitos e quis me estapear por estar reparando nos dentes desse homem. O sorriso deixou algumas covinhas à mostra. E quando ele apertou a minha mão, senti-me arrepiar com o toque quente e macio. Vestia-se maravilhosamente bem, pensei analisando seu terno de corte reto, provavelmente Armani. – Sou Dimitri Belikov. – Ele disse, afastando-se e levando as mãos aos bolsos da calça. – Seja bem vinda ao seu novo emprego. Nós temos muito trabalho pela frente. – Finalizou, indicando-me ao redor.

– Mas eu achei que ia trabalhar com a chefe. – Murmurei confusa e quase chateada, olhando ao redor em busca de talvez, Miranda Prewsley. Quem sabe não é?

– Desculpe? – Dimitri arqueou a sobrancelha bem feita.

E ele ainda fazia a sobrancelha! Aposto que passava hidratante nas mãos. Aquelas mãos enormes deviam consumir muito hidratante. – Desculpado. – Respondi distraída com os pensamentos absurdos que vinham até mim, mas logo ouvi seu riso divertido e quis me estapear outra vez. – Bem, é que... Eu achei que...

– Srta. Hathaway. – Ele fez uma pausa, dirigindo a mim outro sorriso matador. – Eu sou seu chefe. – Ele disse isso de uma forma gentil e divertida, como se estivesse acostumado com esse tipo de situação. Provavelmente estava.

Meu queixo caiu.

Bonito, charmoso, divertido, rico e chefe da Runway!

Definitivamente, esse é o melhor chefe que já tive.


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