O Guardião escrita por Anne Victoria Medeiros Gurgel


Capítulo 4
Mudanças




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Mudanças

Sua última frase pairou sobre nós naquele silêncio desconfortável. Eu não sabia nem como reagir, eu era descendente de um clã poderoso e que tinha “grande poder”, daqui a pouco ele vem com o papo de “com grandes poderes vem grandes responsabilidades”. Aquilo era ridículo, se eu fosse mesmo tudo isso então por que eu tinha perdido feio naquela briga com aquela coisa? Uma briga que nem devo chamar assim, apanhei mais do que bati.

– olha eu não sei se você está batendo bem da cabeça – comecei a falar tentando não ser tão rude quanto os meus pensamentos – mas você pegou a garota errada, lamento informar.

– como humanos podem ser tão céticos – seus olhos assumiram um aspecto de...raiva? – vou lhe provar que não erramos e principalmente responder muitas perguntas que ainda tem.

– ah é? – revirei os olhos – como pretende fazer isso charlatão?

– com isso – ele pegou um prato.

– acho que você não está bem informado, mas isso é só um prato. – cruzei os braços – você é maluco ou o que?

– você vai ver. – antes que eu pudesse dizer algo ele lançou o prato na minha direção. Se eu não tivesse me jogado para trás o prato teria me acertado, que doidera era aquela?! Se não fosse pelo meu reflexo estilo Matrix eu estaria com a cara toda ferrada.

– Ficou maluco de vez? - o encarei

Ele ignorou e pegou mais coisas e começou a tacar em mim, com uma mira absurda, eu só conseguia me esquivar e ir para longe, mas ele chegava perto a cada passo que eu me distanciava. Aquilo não desviaria para sempre acabaria acertada, então pulei para atrás de um sofá tentando me proteger, mas como se soubesse desse movimento ele lançou algo, que não reconheci de imediato, na direção do meu salto me acertando bruscamente em minha barriga, meu pulmão ficou sem ar e cai rolando no chão. Levantei-me aos poucos e fiquei de pé olhando para ele, agora eu estava com raiva.

– você quer parar com isso?! – gritei e arremessei a primeira coisa que encontrei, ele simplesmente deu um passo para o lado, desviando. – qual o seu problema?

– talvez essa não seja a forma – ele pensou – sua vida em perigo não aciona nada dentro de você, creio que seja de outro jeito, mas qual? – ele era doido, o que ele estava falando, acionar? Eu não sou um robô para acionar nada.

Andei em direção as escadas e antes de subir desferi um soco em seu rosto, mas ele simplesmente colocou a mão na frente e segurou meu punho. Tentei uma joelhada, em vão, ele bloqueou usando o meu punho. Puxei meu braço e ele me soltou dando um passo de distância entre nós e me encarou, seus olhos pareciam pedir uma briga e minha raiva também, sem segurar minhas ações fiz o que não deveria fazer, o chamei para briga.

– Péssimo dia para me irritar Axel – estralei meus dedos – Você não vai ficar fazendo tudo isso e esperar que eu não fique com raiva. – ele franziu as sobrancelhas –quer ver se sou essa droga de Semini testando meus limites? – minha voz era ríspida – parabéns, conseguiu o que queria.

Desfiro um soco contra, mas ele desvia e emenda em uma rasteira, salto para trás e me impulsiono para pegar velocidade e ataco com um chute meia lua. Ele bloqueia com seu antebraço e segura minha perna puxando-me para frente, jogo meu peso para seu braço e giro meu corpo acertando-o com minha outra e derrubando nos dois no chão. Cai perto de uma mesa de vidro fazendo com que ela tombasse para lado estraçalhando o vidro e o espalhando pelo chão. Pego os pedaços de vidro e lanço nele, com uma precisão que nem sabia que tinha, acerto-o na perna e alguns passam de raspão pelo seu braço que protegiam instintivamente seu rosto e coração.

Eu não me controlava, a raiva tomou conta total de minha cabeça, estava agindo apenas por impulso.

Peguei dois pedaços de bastões que estavam no chão, comecei a ataca-lo novamente, cada vez mais rápido como se não eu não cansasse a cada ataque. Senti algo despertar dentro de mim, algo que eu nunca soube que estava lá, meu campo de visão aumento, senti minha respiração e as coisas ao meu redor mais lentas e como se tudo tivesse em câmera lenta, até mesmo os movimentos do Axel. Meu sangue parecia ferver e minha cabeça apenas pensava em uma única coisa, extravasar a raiva. Meu corpo se fortaleceu, soltei os dois pedaços de bastões e comecei a soca-lo fortemente, senti como se nada mais importasse e como se uma aura negra cobrisse tudo que aprendi sobre controle e fizesse com que eu batesse até não poder mais, batesse até não restar nada.

Senti os braços do Axel me segurassem e ele se jogar em cima de mim me imobilizando completamente.

– controle-se – ouvi o grito de Axel, mas sua voz parecia distante – você vai destruir a casa!

Senti minha consciência voltar e aquele “despertar” voltar a ficar adormecido dentro de mim, o que eu tinha feito?. Olhei para Axel que ainda estava em cima de mim, me olhando com certa preocupação e receio pelo que eu tinha feito, pelo seu olhar eu sabia que ele não esperava que eu causasse tanto estrago.

– me largue – desviei seu olhar.

Ele se levantou e estendeu a mão para me ajudar a levantar, ignorei sua mão e levantei sozinha, olhei ao redor. A sala estava destruída e as janelas quebradas, mas tirando isso parecia que estava tudo bem.

– acredita em mim agora? – ele perguntou sem me encarar.

– a sala está destruída, a casa quase foi abaixo, você está ferido – falei em voz baixa – isso não é algo que eu queira acreditar.

Fui em direção ao meu quarto e subi silenciosamente, não queria nunca mais usar aquele poder, independente da raiva ou do perigo, não queria ferir ninguém novamente.

Entrei no quarto e me deitei olhei ao redor, algumas coisas que antes estavam nas paredes agora encontravam-se caídas pelo chão, as janelas de vidro agora com rachaduras bem grandes, a única coisa que estava intacta era a cama.

Me joguei em cima e não sai de lá até que Axel começava a bater na porta, não ousei me levantar, estava exausta e com receio, não era uma boa ideia sair. E mesmo que o Axel tenha sido um idiota e me provocado a fazer aquilo e por muitas outras coisas, eu não queria feri-lo ainda mais, afinal eu ainda gostava muito dele e ele era a única família que eu tinha e sabia que independente do que ele fosse, humano ou anjo, ele sentia a mesma coisa por ela.

Ouvi a porta se abrindo e os passos ressoando pelo quarto com o barulho parando quando o senti ao lado da minha cama. Não falei nada, apenas esperei ele falar alguma coisa ou ir embora, mas ele ficou apenas parado e quando desisti de esperar dele fazer alguma coisa, o senti me abraçando. Um forte abraço, que me fez ficar sem ar por alguns segundos, aquele abraço era tudo que precisava ser feito naquele momento; um abraço de desculpas e caloroso.

– perdoe-me – ele falou baixinho – eu tinha que fazer aquilo, me deram ordens e se eu não as cumprisse algo ruim aconteceria.

Ele não parecia ser um anjo e muito menos, não parecia ser alguém autoritário, ele apenas parecia ser ele, isso era ilógico, mas era a verdade.

Eu apenas o abracei, me perdendo no conforto daquele abraço e deixando tudo para trás...apenas o abracei.


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Notas finais do capítulo

Ficou um pouco meloso, mas espero que tenham gostado rs



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