Wolfpack escrita por Junior Dulcan


Capítulo 10
1x10 - Against the Will


Notas iniciais do capítulo

Ola Wolfers! o/
São tantas emoções para essa reta final da temporada T.T
Esse capítulo pode ser complicado de entender as motivações para alguns, mas tudo vai se encaixar no grande finale!
Pessoal que acompanha a fanfiction muito obrigado. Até aos leitores fantasmas/ agentes secretos que eu nem sei quem são, mas já considero pakas! *-*

Venho lembrar apenas uma questão de praxe que as vezes é bom ressaltar: Teen Wolf, seus personagens, mitologias, enredos e lugares não me pertencem. Todos os direitos de imagem pertencem a MTV e ao Tio Jeff, entretanto todos os personagens originais, enredo e lugares representados sob o titulo desta fanfict "Wolfpack" me pertencem e estão protegidos pelo direito de propriedade intelectual, sendo que apenas podem ser usados sob minha autorização.



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Anteriormente em Wolfpack... Henry relembra seu passado mostrando sua complicada história com o seu irmão gêmeo James. A antiga família que era residente em Beacon Hillis, a conexão com os Hale e a razão para Henry perseguir o irmão até hoje. Agora os dois alfas entram em um combate para acertarem suas diferenças após tantos anos.

Jonny

Mais problemas à vista. Mal havia passado algumas horas desde que saímos da delegacia. Com agora duas garotas querendo descobrir o que estava acontecendo ficava cada vez mais difícil fingir que vivia uma vida normal como as outras pessoas, que não era um estranho canibal sobrenatural que estava escondendo do melhor amigo o que estava fazendo.

Há algumas semanas depois de minha crise que acabou me levando a comer carne humana do cemitério e necrotério tudo havia mudado. Não tinha mais como abandonar meu lado canibal, quando acordei naquela clareira envolto em sangue e ossos humanos já sabia que apesar de achar repulsivo não conseguiria abandonar minha dieta.

Então Henry apareceu. Difícil de explicar como a ajuda dele foi providencial, com minha dieta sendo incapaz de ser mudada o homem que ele consultou me deu uma alternativa: pegar apenas o necessário. Henry me ajudou a esconder os vestígios da minha crise e logo em seguida me ensinou e me acompanhou em umas investidas para obter alimentos.

Para ser honesto eu não queria fazer nada daquilo, comer carne de outras pessoas, beber seu sangue e sentir seu gosto eram repulsivos e deliciosos pensamentos combinados em uma confusão em minha mente. Henry entrava e saia de hospitais da região, roubando sempre um grande isopor cheio de bolsas de sangue, pensei nas pessoas que precisavam de transfusão que estavam naquele momento sendo impedidas disso, mas ele por outro lado me lembrou que era melhor esperarem por novas bolsas de sangue do que eu ir retirar o que eles tinham direto de seus corpos. Não tinha como argumentar contra isso.

Aquelas coisas não podiam ficar na minha casa, não havia explicação plausível no mundo para explicar aquilo, por isso recebi uma pequena caixa térmica com resfriamento que deveria esconder a sete chaves em casa, enquanto Henry guardaria o restante em um espaço refrigerado em seu contêiner.

O próximo passo foi pegar apenas partes de corpos, muito do que pegamos foi retirado de necrotérios de cidades próximas. Sempre fazíamos essas visitas a noite, porque eu não poderia explicar isso para Eva e David, pelo menos não por enquanto. Tinhas minhas dúvidas sobre o porquê de o lobisomem estar me ajudando, ele mal falava comigo nas viagens e quando falava apenas era sobre como estava lidando com tudo aquilo ou sobre David.

Era estranho, mas sentia que todas aquelas viagens formavam um tipo de vínculo entre nós, como se ele soubesse o que eu estava passando e quisesse garantir que tivesse as melhoras chances possíveis de fazer tudo sem causar estragos. Nossa última viagem até uma das cidades vizinhas foi a primeira em que realmente conversamos sobre algumas coisas.

–Henry? –Estávamos na estrada, indo em direção a mais uma cidade onde pegaríamos, sangue e partes de corpos, uma viagem adorável como qualquer outra, como não poderia ser? Já havia notado que ele sempre segurava uma foto quando estávamos no carro dele, as vezes de uma garota que parecia ter a minha idade e outras uma mais velha que parecia ter a idade dele, não eram a mesma pessoa, mas pareciam ser importantes para ele.

–O que? –Ele não olhava diretamente para as pessoas, falava de modo mais seco, era difícil entender aquele cara.

–Quem são essas garotas? Você está sempre segurando essas fotos... então quem são elas?

–São a minha razão de estar aqui hoje. –Essa resposta não exclarecia nada, fiquei confuso tentando extrair alguma coisa que fazia sentindo de suas palavras, felizmente ele continuou: –Minha mãe e uma... amiga.

Tentei dizer alguma coisa, mas a forma como ele disse a frase, carregada de significado e dor não dava para iniciar uma conversa daquelas. Era como invadir a vida pessoal dele e francamente não éramos próximos o bastante para conversar abertamente sobre a família.

–Elas faleceram a muitos anos. –Abri a boca algumas vezes tentando dizer alguma coisa como: “Sinto muito” ou “Meus pêsames”, mas podia sentir que ele já havia ouvido muito isso. Ficamos em silêncio por alguns minutos, já tinha me arrependido de ter tocado no assunto que com certeza não era o favorito dele.

–Você disse que elas são o motivo de você estar aqui hoje... você quer dizer estar aqui nessa cidade?

–Minha mãe é uma das minhas âncoras, o que uso para não perder o controle, o timão que guia minhas decisões mais básicas. Minha amiga é o motivo de estar nessa cidade, estou aqui pelo alfa que mordeu você e seu amigo. –Não era do tipo sentimental ou afetivo, principalmente quando se trata de outros caras, é difícil se relacionar e formar amizades entre outros caras quando o assunto que era tocado fosse triste, homens em geral se unem e formam amizades baseadas em interesses em comuns, risadas, sendo uns idiotas juntos e toda aquela coisa de homem.

Outro silêncio se formou entre nós. Minha mente trabalhava a mil por hora querendo encaixar as peças, mas simplesmente não havia informação o bastante. Havia apenas uma pergunta que corria minha cabeça, uma que eu não conseguiria deixar de perguntar.

–Eu sei que já perguntei antes e você não respondeu, mas porque você está me ajudando? Você mesmo disse antes que lobisomens e wendigos não são comumente vistos juntos e mesmo assim aqui está você, me ajudando a fazer algo que até eu acho repulsivo.

–Você não é o primeiro wendigo que encontrei, mas é o primeiro que não quer matar. Já conheci muitas pessoas, já via muitas coisas, mas sei quando alguém realmente precisa de ajuda, ao menos quando se trata de algo vindo do sobrenatural.

–Eu já matei. –Aquele evento nunca iria sair da minha cabeça, ainda tinha pesadelos com o homem agonizando nos meus braços enquanto eu cravava os dentes em seu pescoço.

–E você entende o preço. Dentro de um mundo como o nosso cheio de monstros, saber reconhecer que tirar uma vida é algo que nos marca e rompe por toda a vida é um caráter que nem todos os seres sobrenaturais possuem. –Não estava acreditando que realmente estávamos tendo aquela conversa, ele nem mesmo questionou quando desviei bruscamente o assunto de sua mãe para a pergunta que eu tanto queria fazer.

–Você acha que David vai aceitar o que estou fazendo? Ele é meu melhor amigo no mundo todo, mesmo assim não tive coragem de contar.

–No devido tempo talvez, é difícil para as pessoas aceitarem alguém como um wendigo. Aceitar que o que fazem é uma necessidade e não uma opção. Assim como um lobisomem você é um predador, mas não precisa ser um assassino. –O restante da viagem foi calma, já estava me acostumando com aquela rotina, entramos e saímos sem sermos vistos e logo estava em casa de novo após me alimentar e levar algo para comer depois.

Mesmo me lembrando de tudo que tinha feito ainda não conseguia acreditar em como tudo tinha chegado aquele ponto. Eva estava muito aborrecida comigo, por alguma razão ela achava que ser caçado por um monstro na escola podia ser evitado, como se eu pudesse escolher evitar a criatura.

Estava prestes a ir me deitar quando olhei da minha janela para rua, apreciar um pouco o luar e as estrelas me deixavam calmo. O uivo cortou a noite cheio de comando, até eu conseguia sentir. Vinha com toda certeza da floresta além dos limites da escola, talvez fosse uma boa ideia ligar para David. O engraçado que eu não precisei, ele apareceu na rua em seguida, apenas de short e camiseta indo em direção a floresta.

Graças aos meus novos sentidos segui-lo não seria problema, a dificuldade estava em sua presa, ele inclusive estava transformado e corria numa posição agachada como fazem os animais. Ele nem sequer parecia me notar, a rota que ele fazia contornava a cidade indo na direção da escola, tinha uma péssima intuição sobre o que estava por vir.

Kelly

Algumas semanas com animais a solta na cidade e tudo estava bagunçado, as pessoas pareciam totalmente fora de sincronia. Tudo bem teve toda aquela coisa com o Marcus, isso foi horrível, mas as pessoas tinham mudado. Podia sentir que aquela festa foi um ponto de mudança para todos. Bom, não para minha pessoa é claro. Muitos pensam que sou um vaso vazio, mas sou mais cheia de conteúdo do que qualquer outra garota daquela cidade.

O problema é fazer com que as pessoas enxerguem através da minha aparência e me levem realmente a sério, tudo bem, eu entendo a parte de ficarem pasmos com minha beleza, afinal sou linda e bem resolvida, mas sou muito mais que minha beleza. Gostar do cara mais popular entre as garotas não me ajudava muito no quesito “desfazer máscara da futilidade”, já que Jonny era a personificação da palavra.

Sou uma garota decidida e vou atrás do que eu quero e eu o queria, o problema era que ele me deixava desconcertada demais. Helen minha melhor amiga na vida tentava me ajudar, mas ela não entendia o fato de que tinha que deixar ele fazer o primeiro movimento, o que infelizmente ele não fez. No começo era meio torturante vê-lo com aquelas vagabundas da escola, depois acabei tendo que me conformar. Também me fez perceber que tinha que fazer as coisas certas ou acabaria sendo apenas mais um número.

Devo dizer que meu plano estava indo por água abaixo até a festa na floresta, apesar do quão horrível ter uma morte as coisas mudarão. Helen se aproximou de David que era o melhor amigo de Jonny, finalmente havia algo que unia nós dois. Minha amiga não tardou a me dizer que ele gostava de mim, mas ele não fez nenhum movimento e isso me deixava frustrada e confusa. Tive que me manter compostas e não agir impulsivamente, como uma adolescente cheia de hormônios se jogando em cima dos caras.

Apesar de David ter se aproximado cada vez mais de Helen meu progresso com Jonny era nulo. E depois de dias me sentei na mesa deles e para que? Ser mal-entendida fazendo os rapazes se afastarem. E depois para piorar vem aquela noite na escola, onde David e Helen praticamente acabaram com as chances de algo entre eles acontecerem, menos David significa menos Jonny.

Você acha que Helen deixou o assunto acabar? Mal tínhamos acabado de sair da delegacia seguida da sua super constrangedora conversa com David e ela queria voltar para a escola para investigar. Não preciso dizer que ela estava louca? Tínhamos acabado de sair daquele pesadelo noturno e ela queria voltar.

–Amiga, eu não preciso dizer que você é doida, não é? –Ela estava com aquela expressão que eu detestava: “irritadamente obstinada” e não tinha nada que eu pudesse fazer para colocar algum juízo na cabeça dela.

–Vou levar algo que tenho em casa, podemos ir escondidas. Você ainda sabe como usar uma arma não é mesmo?

–Claro que sei. Como posso esquecer que seu pai ficou obcecado há dois anos que tínhamos que saber usar uma arma, mesmo que de choque em caso de necessidade. Nunca pensei que realmente iria precisar, acho que seu pai é meio vidente... –Isso nem era o mais importante. Estávamos mesmo discutindo aquilo, mal havia passado duas horas desde que fugimos de um animal potencialmente mortal?

–Ótimo, vamos eu pego a moto do meu pai. –Comecei a segui-la na rua enquanto ela fazia seu caminho para o carro onde um amigo do pai a aguardava para leva-la até sua casa.

–Você não tem habilitação?! –Ela nem parecia que estava me ouvindo, quando virou para mim parecendo que tinha sua rotina feita foi apenas para dizer:

–E daí?

–Você caiu e bateu a cabeça? –A pior parte era que eu sabia que ela estava falando sério, quando enfiava uma coisa na cabeça o lado policial dela ativava e então não tinha mais nada que se podia fazer para impedi-la.

Nossa briga silenciosa no banco de trás do carro não diminuiu nem um pouco a vontade da garota, o carro do policial nem sequer havia virado na esquina e ela já estava procurando jaquetas e botas para sair numa divertida caçada noturna.

–Nós vamos mesmo fazer isso? Porque eu não me importaria de ficar em casa e ver um filme na Netflix como uma adolescente normal!

–Você fez aula de tiro por dois anos, em algum momento isso tinha que valer alguma coisa, agora vamos. –Tive tanta vontade de ligar para o pai dela, mas sabia que se ele soubesse o que a filha iria fazer o castigo seria de proporções bíblicas. Por via das dúvidas deixei o número na chamada rápida, em caso de necessidade.

Ela me passou uma jaqueta e tive é claro que trocar de calça e uma bota, estava frio, não iria me expor mais do que o necessário. Quando saímos de casa e ela me passou um coldre com uma pistola carregada foi que percebi que isso era realmente sério, para piorar reconheci a mochila transversal em suas costas a que ela usava quando carregava sua lança. Tivemos muita sorte de não encontrar nenhuma viatura, isso ou de alguma forma Helen havia memorizado as rotas de vigilância podendo evitar encontrar com amigos do pai.

Helen seguiu a estrada até os limites da escola, estranhamente havia um carro parado próximo a propriedade. Com certo esforço guardamos a moto escondida na mata próxima, agora só faltava encontrar seja lá o que estivéssemos procurando. Cinco minutos depois com o vento frio, barulho de bichos na mata e insetos já tinha me cansado daquela pequena viagem. Só pessoas doidas vão atrás de animais assassinos no meio do nada.

–Você sabe o que estamos procurando? –Minha voz tremia um pouco com o frio. Ela não me olhou antes de responder um pouco nervosa:

–Não... –Conseguia ver seu rosto se contorcendo com a dúvida.

–E já pensou que os rapazes e eu digo isso de todo o meu coração, não porque estou me segurando para não surtar, podem ter tido um bom motivo para não querer nos envolver nisso?

–Não...

–Isso é mesmo sobre querer saber a verdade ou você apenas está aborrecida pela maneira que as coisas estão indo entre você e David?

–Eu não sei! –Toda aquela pose de confiança tinha desaparecido, ela parecia uma garota que percebia a idiotice que estava fazendo. –Ele está escondendo alguma coisa! Desde aquele dia na festa...

–Você percebe que ele não te deve a verdade, não é? Vocês nem são namorados nem nada...

–Eu... eu... sou uma idiota, não é?

–Eu diria obstinada e um pouco doida, mas não idiota. Agora vamos embora, preciso de um banho e chocolate quente para esquecer essa noite traumática. –E finalmente após ter nos carregado no meio do nada com armas e uma moto para a qual não estávamos licenciadas a pilotar ela me escutou, se não encontrássemos nada perturbador ou algum tarado na floresta a noite não estaria arruinada.

–O que vocês estão fazendo aqui? –Tudo bem confesso que eu gritei um pouco ou por alguns segundos, está parte estava meio confusa para mim. Estava prestes a sair da floresta e do nada escuto alguém chamar, bom vamos ser honesto parece a trama de um filme de terror. –Ow! Nossa você tem as cordas vocais bem fortes.

–Max? O que você está fazendo aqui? –Helen se adiantou para falar com o rapaz, apesar da atitude suspeita era meio animador ver um rosto conhecido.

–Estou aqui com Eddy, acredito que pelo mesmo motivo que vocês. –Ele nos olhou e por um momento fiquei constrangida, em um nível que eu nem sequer imaginava ser possível.

–Nós... não, não é nada disso! Nós estamos juntas aqui na floresta, mas não estamos juntas! Não desse jeito! –Helen sorriu se divertindo com meu desconforto, não querei causar a impressão errada.

–Relaxa. –Max sorriu e isso me deixou mais relaxada. –Eu quis dizer: estamos aqui pelo que aconteceu na escola algumas horas atrás.

–E onde está o Eddy? –Minhas chances de pegar Helen e ir embora pareciam desaparecer agora que ela tinha encontrado o rapaz, e com Eddy na mata era certeza que minha amiga não iria embora.

–Eu o deixei próximo ao córrego a uns quinhentos metros, ele queria checar um rastro, enquanto eu estava estabelecendo um perímetro. –Ele parou por um momento nos encarando com as sobrancelhas franzidas. –Vocês estavam andando na floresta aleatoriamente procurando um animal que nem sabem o que é?

–Foi ideia dela. –Apontei para Helen para deixar muito claro que esse tipo de loucura não era minha ideia. –Por mim teria vivido minha vida muito bem sem saber o que era aquela coisa na escola...

Um uivo cortou a noite, minha fala e vontade de ficar em pé. Era profundo e carregado de terror. O monstro estava na floresta e tinha acabado de dar um alerta para que fossemos embora. Max agarrou meu pulso, senti a dor se espalhar por todo meu braço quando garras saíram de suas unhas e se cravaram no meu pulso. Seus olhos ficaram amarelos, pelos começaram a crescer em seu rosto, suas feições ficaram mais animalescas, suas orelhas tomaram uma forma pontuda e presas surgiram em sua boca.

–Solte ela! –Helen puxou sua mochila e puxou as barras de ferro. Num instante a barra metálica bateu diretamente no peito do rapaz.

Ele soltou um uivo animalesco que parecia mais um rugido, o golpe que normalmente teria derrubado um homem nem sequer parecia tê-lo ferido. Me afastei alguns passos segurando meu pulso ensanguentado, a arma de Helen mais conhecida como Steven não estava montada completamente, com apenas as três barras unidas ficavam faltando as peças principais.

–Corremos?! –Helen me olhou parecendo em dúvida.

–Corremos! –Concordei sem nem pestanejar. Fugir de seja lá o que Max fosse não era divertido, ela era mais rápido do que nós duas e levou apenas uns minutos para agarrar Helen e a jogar no chão. Puxei o teaser da bolsa, não iria atirar com uma arma de verdade nele, por mais assustador que a situação parecesse. Relaxei minha postura, levantei a arma e atirei.

Prendi o gatilho da arma com uma pedra enquanto ajudava minha amiga a se levantar, a arma não iria mantê-lo ali para sempre então essa era nossa chance de fugir.

–Vamos pegar minha bolsa, se puder terminar de montar o Steven então acho que consigo pará-lo!

–Você percebe que ele é um tipo de monstro?! Esse seu graveto não vai feri-lo! –Como sempre ela não me ouviu. Corremos de volta deixando o monstro caído se contorcendo.

Helen entrou na pequena clareira derrapando e pegando suas barras de ferro cilíndricas, o uivo veio de onde deixamos Max, ele devia ter se libertado e devia estar muito nervoso.

–Termina isso logo! –Helen montou as quatro barras e as prendeu, por fim quando Max entrou na clareira ela havia prendido a ponta da lança.

Steven, como era conhecida a lança, era uma arma profissional de encaixe feita sob medida para a garota, seu designer era prático e leve, ao menos era isso que Helen dizia sobre aquele pedaço de cano. Ela girou a arma em um movimento fluido fazendo uma abertura com os braços e acenando para ele vir. É, ela era mesmo muito doida.

Max foi para cima dela, nem um pouco intimidado com a ponta ameaçadora da lança. Quando ela rodou a lança para acerta-lo, ele apenas segurou a arma arrancando-a das mãos dela e jogando a arma longe.

–Essa seria uma boa hora para você me ajudar! –Max investiu contra ela, mas seu treinamento de luta ajudava a se safar, isso até ele a agarra pelo pescoço. Aquela não era a melhor hora para pensar se podia ou não o machucar, pequei a arma que Helen havia me dado, mirei e atirei em sua perna. Felizmente isso foi o bastante para ele perder o equilíbrio e soltá-la, ainda estava meio que em choque, mas quando minha amiga respirou com força e agradeceu me senti mais confortável em ter atirado em alguém.

–Vamos sair daqui. Ele não vai poder andar direito depois disso o que nos dá tempo de sobra para sair dessa floresta. –Nem sequer questionei as palavras dela, não poderíamos correr risco por isso nem sequer procurarmos sua lança desaparecida na mata.

Nunca fiquei tão feliz ao ver as luzes da escola, já estávamos em cima da moto prontas para sair quando mais uma surpresa da noite aconteceu: Jonny. Estava apenas de camiseta, bermuda e tênis o que sugeria que tinha saído com pressa de casa. Devo confessar que minha mente meio que congelou ao encarar certos pontos estratégicos de seu corpo com aquela roupa.

–Helen? Kelly? O que vocês estão fazendo aqui? –Meio que tive um pequeno infarto ao ouvir o som do meu nome na voz dele. Queria contar tudo, mas Helen sacou uma arma de choque e apontou para ele. –Ei! O que eu fiz? Por que está apontando essa arma para mim?

–Acabei de encontrar uma pessoa que se transforma em monstro na floresta que me fez essa mesma pergunta antes de tentar rasgar minha garganta. Então estou assumindo que você vá fazer a mesma coisa.

–Monstro? Você encontrou o David? –Minha expressão de choque devia ser a mesma de minha amiga, ela levou vários segundos de expressões contorcidas para parecer ter absorvido as palavras de Jonny.

–David? Não, nós encontramos com Max. –Jonny parecia bem confuso, nos olhou como se estivéssemos falando bobagens.

–Max é um lobisomem? –Ele se arrependeu das palavras no momento que as falou. –Nada esquece.

–“Lobisomem”? O que diabos você quis dizer com “lobisomem”?

–Helen, tem uma boa explicação para tudo isso e eu realmente gostaria de poder de alguma forma explicar, mas meu amigo está agindo estranho hoje e preciso ver o que está acontecendo. Ele entrou na floresta e tenho certeza que ele veio nessa direção... por causa de algo.

–Por causa do uivo! Lobos uivam para sinalizar sua localização para outros membros da matilha! –Os dois olharam para mim como se notassem minha presença pela primeira vez. –Eu assisto Animal Planet! Supondo é claro que essa coisa de lobisomem não seja invenção.

–Essa conversa é muito educativa e tudo mais, só que eu estou com pressa, então tchau! –Jonny passou por nós indo em direção a mata, porém Helen agarrou seu pulso.

–Nós vamos com você!

Henry

Sabia o que significava aquele uivo: onde quer que a matilha dele estivesse escondida se pudessem ouvir logo estariam aqui. A pior parte era que ele os estava convocando de forma que mesmo quem não quisesse viria. O chamado de um alfa não pode ser ignorado por sua matilha.

–O que foi irmão? Com receios? –James adorava zombar das pessoas, um dos traços de sua personalidade que mais me irritavam, ele era assim desde criança, mesmo com sua matilha de pré-adolescente ele já era um babaca.

–Estou apenas pensando em como você não é homem o bastante para me enfrentar sem o seu pequeno bando de renegados. –Ela sorriu se divertindo como se isso trouxesse boas lembranças.

–Isso ficou no passado. Tenho mais classe hoje em dia para escolher quem faz parte de minha matilha. Você deveria ficar satisfeito afinal veio de você a inspiração.

–É? Estou lisonjeado. –Nós mal trocamos alguns golpes, por alguma razão ele não parecia nem remotamente preocupado com quanto tempo gastaria ali. –Ainda tentando entender qual será meu próximo movimento?

Isso era verdade, estava tentando entender o propósito de tudo aquilo. Não precisava ser um gênio para ver que ele era mais forte do que eu, os poucos golpes que acerte mal o fizeram pestanejar enquanto os dele quase partiram meus membros. Ainda era um mistério para mim como ele adquiriu tanto poder ao longo dos anos, como era possível ele ser tão mais forte?

Nosso embate não durou muito, pude ouvir quando mais alguém se juntou a nossa luta. Levei alguns instantes para reconhecer aquele rosto, fazia quase dois anos que o tinha visto pela última vez, o rapaz na minha frente era de uma família de caçadores, nunca imaginei que ele fosse um lobisomem.

–Surpreso? Sabe qual a melhor parte? Ele nem sabe que é um lobisomem. –Não entendi o que meu irmão queria dizer com aquilo, era meio impossível não saber quando se é uma criatura sobrenatural. Principalmente quando se é um caçador. –Duas coisas que combinadas: Poderes de Alfa e um bom conhecimento sobre a mente humana, em pensar que eu não poderia ter tirado nada de bom daquela sua namorada esquisita.

O rapaz tinha os olhos estranhamente vagos, não parecia sequer saber o que estava acontecendo, quase como se estivesse dormindo.

–Ele está dormindo.

–Hipnotizado na verdade. Ele me tem sido útil nos dois últimos anos, com informações internas sobre os caçadores e sempre tomo suas memórias deixando-o apenas com o que não é importante. A mente é uma ferramenta poderosa se você souber como usa-la.

O rapaz não era um desafio o derrubei e estava prestes a acabar com ele quando me deparei com seus olhos vazios. Não seria capaz de matá-lo. James sabia disso, essa era a razão de tê-lo convocado, ele sabia que eu não poderia matar um inocente. James usou a oportunidade para gravar as garras em minhas costas e erguer meu corpo.

–E então Henry, está um pouco mais disposto a ouvir minha proposta agora?

–Eu prefiro morrer...! –O sangue borbulhou em minha garganta, a dor se espalhava dentro de mim, mas já tinha me decidido há anos que não seria mais um fantoche do meu irmão. O som de um disparo cortou os sons da noite, James me largou no chão parecendo surpreso.

–Essa é uma noite realmente memorável. –Mesmo de onde estava podia ver pelo canto dos olhos a forma do caçador loiro que tinha visto mais cedo, ele parecia bastante ferido, mas sua expressão de ódio puro não deixava espaço para demonstrar dor.

–Certamente é. –O rapaz respondeu a James, mas seus olhos estavam fixos no beta. –Ouvi o bastante para entender o que aconteceu. Só não entendo como Max entrou na minha casa, ela é a prova de criaturas sobrenaturais.

–Sua casa foi sabotada. Fiz com que Max mandasse algumas pessoas para ele pudesse entrar sem ser notada, por exemplo a uma rachadura nos fundos da sua casa quebrando o círculo das cinzas das montanhas. E apesar da madeira refletir a luz da luz ela não é prejudicial aos lobisomens, além disso removi dias antes toda wolfsbane escondida nos dutos de ventilação.

–Você nos manipulou todo o tempo? –O caçador parecia transtornado, deveria haver algo a mais naquilo tudo que eu não entendia.

–E o que vai fazer a respeito? Nessas condições você espera me vencer? Não passa de um saco de carne, mal consegue se manter em pé e é claro não preciso lembrá-lo que da última vez acabei com seu pequeno grupo de caçadores sem nenhum problema. –Aproveitei o momento e ataquei James pelas costas, mas ele apenas torceu meu braço quebrando os ossos e me derrubando novamente. –Henry por favor, estou no meio de uma conversa.

Quando achei que não poderia piorar o rapaz é surpreendido por ninguém menos que David, que o bateu com tanta força contra uma árvore que fiquei admirado que ele não tivesse desmaiado. Ele tinha os mesmos olhos vagos do outro, sua postura nada parecida com o que era normalmente, agora parecia um animal selvagem.

–Agora a diversão de verdade vai começar! –James veio em minha direção enquanto sinalizava para os outros dois irem em direção ao caçador. –Com as crianças se divertindo podemos conversar... –Ele olhou para os lados parecendo um pouco admirado. –...acho que não, ainda temos mais convidados.

As garotas que estavam na escola surgiram acompanhadas por Jonny, ele pareceu entender a cena por completo, seus olhos foram do caçador ferido até os betas e depois para James.

–Garotas vocês duas ajudam o Eddy eu vou ajudar o Henry! –As duas pareciam não saber do que ele estava falando, mas correram para amparar o caçador. Jonny veio na direção de James, medindo meu irmão antes de fazer algum movimento. Ele veio correndo e James se preparou para atacá-lo, mas o rapaz desviou derrapando nas folhagens e passando perto de mim. Aquela era uma abertura na guarda que James iria se arrepender.

Aproveitando a abertura me coloquei de pé num salto usando minhas garras para cortar as costas daquele monstro. Ele revidou, mas Jonny fez um chute giratório acertando-o diretamente no peito e o afastando, meu irmão apenas sorriu dizendo:

–E eu pensando que não poderia melhorar.

–---------------------Sneak Peak - Born to Power-----------------------

Todas as motivações de James serão mostradas: que ele busca, porque matou a namorada do irmão, sua difícil vida como um prematuro alfa e finalmente sua batalha contra Henry. O que fazer quando se nasce para liderar? Quando o poder lhe é entregue desde o berço?


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Notas finais do capítulo

Uhuuuu! Chegando ao final de um capítulo cheio de ação e revelações!
Sinceramente até eu me surpreendi com Max sendo um lobisomem. O modo como James mantém o rapaz sobre controle também é bem novo e vai ser explicado com detalhes no próximo capítulo. Para quem não se lembra um alfa pode acessar e retirar memorias de betas, então é bem fundamentado nisso ai.
Falta apenas mais dois capítulos! o/



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