After All escrita por s2jully


Capítulo 1
After All


Notas iniciais do capítulo

Comentem a vontade, críticas, elogios... Até porque isso foi um desafio pra mim, escrever tudo que eu tinha em mente de acordo com o perfil psicológico de cada personagem. Especialmente o Damon que é tão difícil de definir.

Realmente espero que vocês gostem, e se curtirem, comentem, passem nas minhas outras fanfics e deem suas opiniões.



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Elena? – senti alguém me cutucando no braço.

Assim que consegui acordar, levantei da cama de um dos quartos que o hospital nos reservava para descanso. Olhei pra frente e vi que era a Jane quem tinha me acordado.

— Passou do seu horário de descanso já – ela falou me entregando meu pager que vibrava feito doido.

Isso me despertou por completo.

— Nossa, dormi demais. Obrigada Jane – agradeci já colocando o meu sapato e tentando dar uma arrumada no meu cabelo.

— Nada. Seu almoço é que horas? – perguntou mexendo no seu pager que também começou a vibrar.

— Daqui 3 horas, por que?

— Nós estamos pensando em testar o restaurante italiano que abriu na rua de baixo, cansei um pouco da comida dessa lanchonete. Quer vir junto?

— Com certeza – afirmei e sai da sala pra ir atender os pacientes da emergência.

Ser médica era algo extremamente exaustivo, mas era também algo maravilhoso. Minha paixão pela medicina foi uma das poucas coisas que não mudaram em mim depois de eu ter tomado a cura.

Minha personalidade e minha visão de futuro foram as mudanças mais radicais na minha vida. Depois de ter me transformado, tive que aceitar ter que viver a mesma vida diversas vezes por décadas e décadas e talvez mudar de cidade a cada 10 anos; ter que me despedir de tudo que já me apeguei e nunca evoluir, sempre continuar a mesma garota de 18 anos que morreu no mesmo lugar onde os pais morreram. O pensamento 'ser vampira é maravilhoso' era mais uma forma de auto hipnose que eu fazia comigo mesma, quanto mais eu falasse em voz alta, mais fácil seria acreditar. Acho que tudo se tornaria ainda pior quanto eu tivesse que fazer minha primeira despedida – ter que mudar de lugar porque já estavam desconfiando que eu não envelhecia. Por ser uma pessoa que já ligou tanto com a morte, deveria ser mais fácil me despedir de alguém. E por ser vampira, tudo seria ainda mais fácil, era só apagar a memória de que já conheceram Elena Gilbert e tudo ficaria bem.

A minha sorte foi não ter que passar por mais despedidas na minha vida, pelo menos não desse tipo. Tudo mudou na noite de despedida da Jo, quando o homem que eu escolhi pra passar o resto da minha vida me deu a única coisa que eu pensei estar perdida: minha chance de ser humana novamente. E pra melhorar tudo, ele me deu uma das maiores provas do amor dele por mim: ele se tornou humano também.

Nem em um dos meus mais loucos sonhos esperava que o Damon tomasse a cura comigo. Sonhos esses que quase se dissiparam depois daquela noite na ilha quando estávamos atrás da cura e eu praticamente implorei pra ele se tornar humano e ele disse não. Ou então na noite da minha formatura e ele confessou que preferia morrer a ser humano novamente. Depois disso tudo, foi mais que obvio o meu pedido ao Stefan de fazer ele desistir de tomar a cura. Por mais que eu amasse – e amo – o Damon, não iria suportar fazê-lo infeliz mais uma vez só pra me ter feliz. Mas mais uma vez, ele me surpreendeu. Ele já tinha pensado em tudo e cobriu possivelmente todo e cada ponto de ser humano. Desde o lugar onde iríamos morar, trabalhar e construir uma vida nova, só nós dois. Ele me mostrou cada detalhe do seu plano ainda na festa de casamento da Jo e do Alaric. Vendo como ele estava pronto pra vida que nós tínhamos comentado tanto nos últimos dias, resolvi que ele estava pronto. Lembro que dei um beijo nele, e desejei poder voltar ao estábulo que estávamos antes do casamento começar. Falei pra ele que estávamos prontos e que ele podia tomar a cura de mim quando ele quisesse. Damon disse que antes tinha algo que tinha que ser feito, fiquei confusa mas aceitei qualquer coisa que ele estivesse planejando.

Uma semana depois do casamento, acordei no Camaro que estava em movimento e quando perguntei ao meu namorado onde estávamos indo, recebi um 'Georgia' como resposta. Não fomos ao mesmo bar que da primeira vez – até por que isso seria mórbido já que a dona do bar foi morta pelo meu namorado – mas fomos em outro e nos divertimos da mesma forma que da primeira vez. Na volta, pegamos a estrada onde nos conhecemos. Ele parou o carro falando que o motor tinha dado problema, saiu e me chamou pra ajudá-lo. Quando saí do carro, me deparei com ele em um joelho só com uma caixinha pequena tinha um anel com um diamante não muito grande e nem muito pequeno – do tamanho certo. Certo falar que eu não conseguia parar de chorar e que terminamos a noite no quarto da mansão Salvatore, onde tudo começou.

Com a lembrança, me distraio do senhor de 60 anos que está reclamando de dor nas costas pra mim no pronto socorro e encaro meu anel que brilha quando a luz bate no diamante. Outro brilho chama minha atenção e olho minha aliança fina e delicada. Não posso evitar de sorrir quando penso que o Damon também está usando uma igual. Queria ainda uma mais grossa, para todas as mulheres que pensassem em chegar perto dele vissem que ele era casado e que era meu. Posso afirmar que depois de me tornar humana de novo, fiquei mais possessiva. O vampirismo me deu mais confiança sobre quem eu era e o que eu queria, e eu levei comigo isso até depois da humanidade. Mas todo o poder que eu sentia sendo vampira, foi embora e com ele também foi parte da minha confiança que nada poderia me atingir. Isso foi somente uma pequena desvantagem que eu aceitei feliz considerando toda a vida que eu tinha pela frente.

Nos casamos um pouco depois daquele dia, e confesso que não foi tudo que eu imaginei que fosse. Foi ainda melhor, pra ser sincera. Quando eu era pequena, eu e as meninas imaginávamos um casamento enorme pra cada uma de nós. Uma festa grande com diversos convidados e tudo aquilo que uma garota de 11 anos sonha. Mas essa mulher de quase 19, sonhava em ter o homem da sua vida ao seu lado e ponto. E foi esse o meu requisito pro nosso casamento. Algo parecido com o da Jo e do Alaric, porém com menos convidados. Todos nós tínhamos perdido muitas pessoas que amávamos, e não tinha restado muitas então queríamos o mais reservado possível. Meu vestido não foi cheio de pedras igual a Caroline queria, ele tinha o seu brilho natural e por mais sem detalhes que fosse, ele era lindo. Pelo menos era isso o que eu achava e foi o que o meu noivo me disse na nossa noite de núpcias antes de tirar ele. Não fizemos questão de lua de mel. Iríamos ter todo o tempo do mundo depois que mudássemos. E essa foi a parte mais difícil.

Adiamos por uma semana a transformação do Damon e a nossa mudança. Quando ele tomou a cura de mim, confesso que ainda estava receosa. Entretanto era mais com o resultado do que com a vida de humano em si. Mas tudo correu bem, como era o esperado, e o Damon sendo Damon soltou uma reclamação como seu primeiro comentário como humano. Pelo menos foi uma brincadeira, o que não conseguiu dispersar minha preocupação. O pior foi dizer adeus a todos. Por todo mundo saber com quem estava a cura e onde estava, era muito perigoso saberem o endereço da nossa nova casa. Então passamos mais uma semana nos despedindo de todos. Lembro do rosto de decepcionados do Ric e da Jo, a intenção deles era ter eu e o Damon como padrinhos dos gêmeos. E ainda tinha a indignação do Stefan que achava ridícula a ideia de ir para um lugar totalmente desprotegidos, sabendo que possuíamos algo incrivelmente valioso para os vampiros de todo o mundo. Daí surgiu a ideia: compelir Jo e Alaric a quando perguntados sobre Damon e Elena Salvatore, não soubessem responder quem eram e onde estavam. A escolha foi difícil mas óbvia. Sendo humanos, eram os únicos poderiam ser compelidos a isso e Alaric era um caçador por natureza, ele conseguiria nos proteger.

Fui contra a ideia em todas as formas possíveis. Ele estava construindo uma família e pela primeira vez na vida estava feliz e bem. Era injusto ele ter que viver em nossa função mais uma vez e correr o risco de perder tudo de novo. Mas foi o próprio Ric que contestou e disse que era quase uma obrigação cuidar de mim – por ser quase uma filha pra ele – e do Damon que era seu melhor amigo. Me segurei pra não chorar e aposto que meu marido fez o mesmo. Quando nos mudamos, Jo e Alaric vieram conosco. E confesso que foi muito bom não ter que vir para um lugar novo sozinha.

Nosso apartamento era em cima do bar que o Damon tinha comprado, e um ano mais tarde era metade do Ric também. Eu sinceramente achava que isso não ia dar certo. Você fazer planos que na sua visão de vampiro dariam certo porque você faria dar certo é uma coisa, agora realizá-los como humano é outra coisa. Mas para a minha surpresa o bar deu certo. A experiência do Damon em tantos bares por tantas décadas trouxe algo bom e o 'Georgia' – ele fez questão do nome pela ironia – era um sucesso.

A minha faculdade de medicina terminei três anos depois da nossa mudança. Foi um pouco triste não poder terminar os estudos com as minhas amigas como sempre sonhamos, mas conseguíamos matar a saudade por vídeos. Completamente errado, eu sei. Era pra termos cortado nossa conexão desde quando fui embora mas tinha vezes que a saudade era demais pra aguentar.

Os gêmeos nasceram alguns meses depois que saímos definitivamente de Mystic Falls. Peter e Emma eram lindos. E o melhor de tudo pra mim foi ver o Damon interagindo com eles. Tinha certeza que ele iria querer ficar a 100 metros de distância dos dois, mas depois de segurar a Emma no colo – depois de muita insistência da parte de todos – ele se apaixonou por eles também. E agora, era a nossa casa o destino deles todo sábado. Por enquanto, nenhum sinal de bruxaria neles e é isso que preocupa a Jo e o Ric. A perspectiva de um futuro não muito distante, no qual um deles irá matar o outro por uma briga inútil de poderes.

Percebi que me perdi demais nos meus pensamentos e esqueci do paciente a minha frente. Receito um remédio pra dor, mesmo sabendo que ele não vai tomar e vai voltar reclamando que as costas continuam doendo. Já está na hora do almoço e vou me encontrar com a Jane e mais duas médicas do hospital. O restaurante era maravilhoso e posso falar que comi por umas 3 pessoas só nessa refeição. Na sobremesa, todas pediram tiramissu e meu estômago embrulhou com a visão do doce.

— Tem certeza que você não quer Elena? – perguntou a Vanessa trazendo seu prato pra perto de mim e eu me esquivei mais – É a sua sobremesa favorita, não é?

— Absoluta – disse segurando a respiração – Acho que eu comi demais no almoço.

Não estava mais aguentando olhar para o doce então sai mais cedo da mesa falando que meu horário já tinha acabado. Tomei um remédio pra enjoo assim que entrei no hospital novamente. E passei o resto da tarde tranquila atendendo o resto dos pacientes do pronto socorro.

— Elena! – olhei pra trás pra ver quem me chamava e vi uma enfermeira correndo atrás de mim com uma pasta azul – Esses aqui são os resultados do exame da sua paciente de hoje de manhã – falou me entregando a pasta.

— Brigada Rose. Você sabe se ela tá aqui ainda? – perguntei abrindo a pasta e dando uma olhada por cima.

— Sim, vi ela no corredor 9. Quer que eu a chame pra sua sala?

— Sim, por favor.

Fui pra minha sala e senti o cansaço me pegando quando sentiu na cadeira e respirei fundo. Me ajeitei de novo quando ouvi a porta abrindo e peguei os resultados.

— Boa tarde Dra. – entrou a mulher de uns 30 anos.

— Boa tarde senhora Sims, eu estou com o resultado dos seus exames.

— Então? – perguntou ela ansiosa e eu não consegui segurar o sorriso.

— Como eu suspeitava, nada de grave – disse fazendo um suspense – A senhora está grávida de 7 semanas.

Ela começou a chorar de emoção e duvido que prestou atenção quando eu comecei a falar dos cuidados durante a gestação e o pré-natal. Mesmo não podendo e não querendo, acabei me comovendo também. Essa era uma das melhores partes da medicina. Meu plantão não demorou pra acabar e logo eu estava no elevador pra chegar ao estacionamento.

— Hey meninas – cumprimentei as médicas que por acaso foram linhas colegas de turma e agora eram minhas colegas de trabalho.

— Hey Elena – falaram de volta.

Percebi a Angela batendo o pé impaciente no chão.

— Se você mandar o elevador ir mais rápido, acho que ele te atende – brinquei.

— Super engraçada Elena – respondeu fazendo graça — Tenho que pegar os meninos na escola e ainda combinei de passar um tempo no shopping com a minha mais velha.

— Sinceramente, não sei como você dá conta de trabalhar aqui no hospital e cuidar dos filhos, Angela – se intrometeu a Megan.

— Quando é em relação à filhos, nós conseguimos nos desdobrar e ainda arranjar tempo pro marido – brincou a Suzy.

— Não acho que essa vida de mãe é médica da pra mim – reclamou a Megan de novo – Acho que não deve valer a pena, é muito cansativo.

Resolvi me manifestar.

— Acho que deve ser ótimo ter essa vida dupla, não é Angela? – sai em defesa.

— E é sim Lena, não trocaria por nada nesse mundo – respondeu com um sorriso no final – Mas e você e o Damon, quando vão encomendar o de vocês?

Com essa eu fiquei sem palavras. Era mentira falar que eu não sequer pensei na possibilidade de ser mãe de um filho do Damon. Eu sentia essa vontade, e muita. Ela só aumentou desde que eu vi o quão bom ele era com os filhos do Ric. Não via a hora de ver ele com uma criança que fosse nossa, metade minha e metade dele. Entretanto, não acho que o desejo era compartilhado. Durante os nossos 5 anos de casados, ele nunca soltou uma palavra sequer sobre filhos. E eu tentava me convencer que era porque ele não queria me pressionar, e conhecendo o Damon como eu conheço, não era difícil de acreditar nisso. E era nisso que eu iria continuar acreditando até ter coragem de abrir o envelope que estava com o meu nome do lado de fora e continha um exame de sangue.

— Ainda estamos aproveitando a nossa fase de lua de mel – respondi vagamente.

— Então aproveite bem, porque depois que o primeiro chega, vocês não terão mais tempo pra nada – brincou a Suzy.

O resto das meninas riram no elevador e a porta abriu. Mandei um tchau pra elas e me tranquei no quentinho do meu carro. Soltei uma respiração profunda e abri bolsa pra pegar a chave do carro e dei de cara de novo com o bendito envelope branco. Não iria doer ver o resultado, não é mesmo? O que quer que tivesse escrito ali seria algo que eu o Damon poderíamos lidar juntos. Disso eu tinha certeza.

Soltei outra respiração e abri o exame. Olhei rapidamente para as taxas de hormônio e outras coisas que se tem nesse tipo de exame, até que cheguei na parte que me interessava.

Positivo.

Não importa o que a medicina afirme, mas eu senti que naquela hora meu coração parou. Me sentia entorpecida e só sai desse estado quando senti lágrimas quentes no meu rosto. Acho que comecei a soluçar porque minha mão que estava segurando o exame começou a tremer.

Eu estava esperando um bebê.

Tinha uma vida dentro de mim.

Um ser humano que eu e o Damon formamos.

Eu estava sentindo vontade de gritar e um sorriso enorme estampava o meu rosto. Várias imagens de um futuro passavam pela minha mente. Um bebê perfeito, rechonchudo com olhos azuis e cabelos escuros, as primeiras palavras, os primeiros passos. Todas pareciam ainda mais perfeitas do que eu tinha imaginado quando ainda não estava grávida. Isso fez com que eu me sentisse uma vampira novamente, sentia como se cada sentimento meu fosse aumentado e estava disposta a tudo para que isso continuasse.

Minha mão disparou para a minha barriga, onde eu apertava de forma quase protetora e comecei a viajar nos cenários que eu tanto via com a família da Jo e do Ric, e que agora eu veria com a minha família. Mas um barulho de mensagem me chamou a atenção e me tirou do meu devaneio.

Hey, hoje não vou conseguir pegar o jantar. Se importa de passar em algum lugar e comprar? – Damon

A mensagem conseguiu remover a aura de magia que eu sentia e me trouxe para a realidade. Eu definitivamente não sabia cozinhar. Damon até se arriscava de vez em quando na cozinha mas nós sobrevivíamos da comida de restaurantes e algumas vezes, da comida do 'Georgia'. Meu filho não iria ficar comendo comidas alheias e principalmente, o monte de besteiras que nós comemos. A partir de agora eu teria que me dedicar mais à arte da culinária, ou fazer o Damon se dedicar por nós dois.

Damon.

Como será que o homem que estava me esperando em casa iria reagir?

Eu particularmente tinha minhas dúvidas e meus medos, mas o meu maior desejo era ele aceitar e amar tanto essa criança como eu já amo. Era tudo que eu pedia por pensamento e foi a única coisa que esteve na minha cabeça enquanto dirigia para um restaurante italiano, e depois me dirigia pra casa.

Assim que abri a porta, soltei um suspiro de alívio ao perceber que eu tinha chegado primeiro em casa. Teria tempo pra me preparar psicologicamente pra essa noite. Deixei as chaves na mesa perto da entrada e fui colocar as sacolas com o nosso jantar pronto em cima da bancada da cozinha. Fui em direção ao quarto principal com a intenção de tomar um banho e não pude evitar de parar na frente do quarto vazio que tínhamos.

Nosso apartamento não era muito grande. Possuía três quartos, uma sala de estar perto da sala de jantar, cozinha e os banheiros. Um dos quartos era o meu e o Damon, o outro acabou se transformando em um quarto pros gêmeos já que eles passavam o final de semana conosco, e o outro era uma tentativa de escritório pro Damon mas ele acabou desistindo no começo da reforma porque cansou de ter 'coisas construindo' na casa.

E agora esse quarto teria uma utilidade. Conseguia imaginar as paredes em um tom claro, quase pastel e um berço no meio dele. Meu coração pra variar, disparou com a visão. Estava começando a ficar preocupada com a minha pressão se continuasse desse jeito.

Passei pro meu quarto onde tomei um banho de banheira relaxante. A banheira na verdade foi um pre-requisito meu e do Damon, já que não poderíamos ter a da mansão Salvatore, teríamos uma só nossa. Coloquei uma roupa confortável e fui arrumar o jantar. Enquanto estava colocando a comida no prato, escutei o barulho de chave na porta e estremeci de ansiedade.

— Elena? – escutei meu marido perguntar ainda na entrada.

— Na cozinha! – gritei.

Ouvi seus passos atrás de mim e estremeci quando senti seus lábios na minha nuca e seus braços na minha cintura.

— Hey – ele falou baixo no meu ouvido.

— Hey – cumprimentei de volta deixando minha cabeça cair em seu tronco.

— Senti saudades – falou apertando seus braços ao meu redor – Eu realmente odeio esses seus plantões longos. Parece que faz um século desde que eu te vi.

— Concordo, não via a hora de acabar e encontrar você – falei quase ronronando e me apoiando toda nele – Como foi seu dia?

— A mesma coisa no bar, o de sempre. E o seu?

— Péssimo, porque eu passei o tempo todo pensando em você.

Seus beijos aumentam na base do meu pescoço e eu perco totalmente a concentração do que eu estava fazendo.

— O que nós vamos comer hoje? – ele perguntou e eu precisei de alguns segundos pra conseguir responder.

— Massa – respondi finalmente me soltando dele – Não consegui pensar em mais nada.

— Pra mim ta bom – e soltou seus braços da minha cintura – Acha que da tempo de um banho?

— Se você for rápido, sim – virei pra ele.

— Okay, então eu já volto – ele foi em direção à porta da cozinha e virou pra mim – Ta afim de vir junto? Você sabe, economizar a água do planeta e tudo mais?

— Nah – balanço a cabeça – O planeta vai ter que me desculpar dessa vez mas já tomei banho – brinco com ele.

— Coisa feia Elena Salvatore, muito feia – e com isso ele saiu e me deixou sozinha no ambiente.

Balancei a cabeça com ele. Ele gostava até demais de me chamar pelo meu novo nome. E pra ser sincera, eu também. Mudar ou não o sobrenome dele, e por consequência o meu também, foi outra discussão nossa. Era perigoso continuarmos com o nome da família que mais aprontou no mundo – com exceção talvez dos originais. Mas depois de uma semana discordando de todas as sugestões possíveis de sobrenomes, acabamos concordando em permanecer Salvatore. Era uma das poucas lembranças de 'casa' que tínhamos.

Arrumei a mesa nos mínimos detalhes. Eu não costumava ser tão perfeccionista, mas isso se tornou uma boa distração.

Ele saiu do banho rápido, comemos normalmente, falando do nosso dia. Damon já estava acabando o seu prato e eu ainda não tinha criado coragem para contar ele. Fiquei quieta tentando pensar em uma forma de começar o assunto sem assusta-lo demais, mas ele passou na minha frente.

— Ric falou que esse final de semana estamos liberados de sermos babás – falou dando uma pausa pra beber água – Peter e Emma vão pra algum tipo de acampamento da escola, pro desespero da Jo.

Ri com ele do comportamento da ex-bruxa. Mas sinceramente, agora mais do que nunca eu entendia ela. Levando em consideração tudo que eu já vi e experimentei nesse mundo – coisas que eu nem sequer pensei que existisse – não iria querer meu filho longe de mim por nenhum momento.

— Eles estão tão grandes – falo nostálgica – Parece que foi na semana passada que o Ric ligou desesperado de madrugada pedindo pra nós irmos pro hospital.

— Eles crescem muito rápido – e levantou da mesa levando os pratos pra cozinha. Bingo! Ótima forma de começar a conversa.

— Damon? – chamo parando na porta da cozinha.

— Que? – pergunto de costas pra mim.

— Você nunca pensou em finalmente, nós termos os nossos?

— Nossos o que?

— Filhos, é claro – consegui ver suas costas tencionarem.

— Pensei, claro que pensei Elena. Eu te disse que isso fazia parte do nosso plano.

— E...? – perguntei dando a deixa que eu estava esperando.

— E que eu achei que você estava contente em ter gêmeos por enquanto. E achei que era melhor continuar desse jeito – e veio o balde de água fria.

— Peraí, eu não consegui te seguir nesse pensamento – falo confusa e me soltando do batente.

— Elena pensa comigo – falou virando pra mim e andando na minha direção – Nós fomos sortudos o suficiente por não ter nos acontecido nada depois de tomar a cura, algo totalmente raro considerando o nosso histórico. Estamos bem, um pouco fugitivos mas bem.

— Ainda não peguei a sua ideia Damon – respondi um pouco teimosa.

— Elena, nós não sabemos de algum tipo de efeito colateral que possa acontecer conosco, não é como se existisse experimentos sobre isso. Agora imagina colocar uma criança no meio da equação – disse olhando nos meus olhos e pude notar um brilho de preocupação – Não somos um casal normal que pode seguir pela biologia e pela ciência. Somos ex-vampiros. Um de quase 200 anos de idade. Querendo ou não, nós temos algo mágico, eu mais que você já que a cura corre no meu sangue. As chances de algo dar errado são enormes, tanto comigo quanto com você e até mesmo com essa futura criança. Não sabemos o que pode acontecer. E tenho certeza que você não suportaria a possibilidade de mais magia no nosso mundo novo, já temos nossa carga cheia convivendo com um ex-caçador e ex-bruxa com seus dois futuros bruxos. Uma hora ou outra, isso iria se voltar pra nós.

— Mas e se não der errado? – perguntei baixinho sentindo meu olho encher d'agua. Sem querer minhas mãos foram pro meu ventre. Com toda minha empolgação, nem sequer pensei na possibilidade de algo dar errado porque não éramos totalmente normais.

— Prefiro não pensar nem na possibilidade Elena. Por mais incrível que seja, eu gosto da nossa vida desse jeito, não quero mais nada. E eu não conseguiria suportar te perder ou algo te acontecer, babe – ele acaricia meu rosto e seguro as lágrimas o mais forte que eu posso.

Damon deu um beijo doce na minha testa e saiu da cozinha me deixando sozinha. Olhei pro teto pedindo sorte pra esse momento e segui o Damon pro quarto onde ele estava indo escovar os dentes.

— Damon? – pergunto com a voz já de choro e ele larga a escova em cima da pia quando escuta minha voz.

— Huh? O que foi Elena? – questiona preocupado.

Respiro fundo. É agora ou nunca.

— Eu to grávida – solto de uma vez.

Vi o seu peito parar por um segundo e logo depois subir e descer de forma extremamente rápida. Seus olhos ficaram arregalados e suas mãos se fecharam em punhos.

— Você o que Elena? – perguntou baixo quase sem voz.

— Eu to grávida Damon – repito.

Ele continua sem falar nada então começo a falar sem parar.

— Não foi planejado, eu juro que não foi Damon – tentei explicar e as lágrimas caiam sem a minha autorização – Você sabe que eu queria isso, mas eu nunca, nunca Damon, faria algo assim sem conversarmos antes. Nós estamos juntos nessa, nunca tomaria uma decisão dessa sozinha.

— Há quanto tempo você sabe disso Elena? – perguntou olhando pro chão.

— Eu suspeitava há um tempo – admiti baixinho – Mas só descobri hoje.

Ele balançou a cabeça como se tentasse entender o que estava acontecendo e continuava de cabeça baixa.

— Quanto tempo?

— Eu não sei exatamente, não tive tempo de marcar uma consulta. Só fiz o exame de sangue. Mas não deve ser mais que 9 semanas. – se fosse mais que isso, estaria com sinais muito mais óbvios.

— Tudo bem, tudo bem. Ainda é cedo, da tempo – franzi com isso e rezei pra não ouvir as próximas palavras – Quando vamos resolver isso?

— Damon ... – não acreditava no que estava ouvindo – Resolver isso?

Ele ficou quieto.

— O que seria resolver isso? – pergunto ficando nervosa – E eu espero pro seu bem que não seja o que eu estou pensando – coloco a mão em cima da minha barriga de modo protetor. Mesmo não conhecendo a pessoa dentro de mim, eu já a amava de forma incondicional e não conseguia suportar a ideia de alguém machucá-la ou tirá-la de mim.

— Você sabe bem do que eu to falando Elena – finalmente levantou o rosto e me encarou – Você não escutou o que eu disse antes? Nós não sabemos o risco que isso pode ser, nem nada do gênero – justificou – Não podemos nos dar a sorte de algo dar errado.

— Damon isso não é mais sobre possibilidades, já está acontecendo – falo exaltada – Não existe a mínima chance de eu fazer o que você está propondo.

— Elena... –

— Não Damon! Eu me recuso a sequer pensar que você disse isso – falo balançando a cabeça em negação.

— Você acha mesmo que essa era a minha primeira opção Elena? – pergunta alto – É óbvio que não, mas eu simplesmente não posso aceitar a remota chance de te perder – falou fraco.

Isso consegue derreter parte da raiva que eu sinto por ele no momento. Chego perto e beijo levemente seus lábios, acariciando um lado do seu rosto.

— Eu sei disso, eu sei – falo acariciando sua nuca – E eu também não posso suportar o pensamento de perder Damon. Mas isso não vai acontecer – asseguro – Pela primeira vez, estamos longe do perigo, estamos bem. Tudo vai ficar bem, eu te garanto, Dam.

— Você não pode prever isso – falou baixo e vi mais uma vez o medo nos seus lindos olhos azuis. Não posso segurar o pensamento de que talvez nosso filho tenha olhos azuis iguais aos dele.

— Posso sim – falo brincando e o beijo novamente. Tudo que eu quero é tirar todo sentimento negativo dele pra que ele possa perceber o quão maravilhoso era o que estava acontecendo conosco.

Ele se afasta e percebo a frieza nele. Sinto minha cara fechar e cruzo os braços me preparando.

— Não pode Elena, ninguém pode. Nem mesmo quando éramos vampiros podíamos. E é por isso que essa discussão acaba agora. – fala e vai em direção à nossa cama – Não vou dar a oportunidade disso se tornar um 'Crepúsculo' da vida real. Amanhã nós vamos a alguma clínica resolver isso.

— Damon – ele me interrompe.

— Eu já falei Elena-

— E eu já disse que eu não vou fazer isso com o meu bebê – grito e sinto que a realidade da gravidez atinge ele quando eu falo 'bebê' – Nosso bebê, Damon – falo baixo – Eu não posso acreditar que você não se importe nenhum pouco com isso.

Ele continua de costas pra mim e para de arrumar a cama.

— Quantas vezes eu vou ter que dizer que eu sempre vou escolher você? – ele pergunta baixinho e eu não consigo segurar um soluço – Sempre vai ser você Elena, disso eu não tenho nenhuma dúvida.

Balanço a cabeça desacreditada no que estou escutando e sinto uma onda de raiva me invadir de um jeito que eu nunca senti.

— Pois então vai ter que mudar de pessoa, porque eu posso fazer minhas próprias escolhas e 'resolver isso' – coloco em aspas com as mãos – Não está nos meus planos.

Ele não me responde e eu vou em direção ao banheiro, mas paro na porta.

— Faz um favor e não aparece mais pra mim hoje – e fecho a porta com um estrondo.

Não consigo me aguentar e me apoio na porta por equilíbrio. Meu choro piora e dessa vez não evito. Não sei se eram os hormônios se manifestando em mim ou se era somente eu, mas não tinha mais vontade de parar de chorar. Tentava me controlar porque sabia que isso não faria bem pro bebê mas simplesmente não conseguia. Acho que passei uma hora sentada no chão com as costas na porta até conseguir me acalmar, e ficar encarando o chuveiro a minha frente. Duas batidas na porta me tiram do estado catatônico.

— Eu vou estar no sofá da sala se precisar de mim – escuto o Damon falar pela porta mas não me importo. Não queria mais ver ele por hoje definitivamente.

Depois que escuto a porta do quarto fechar, levanto e lavo o rosto. Não consigo evitar uma careta ao ver minha cara inchada. Sai do banheiro com cautela, só pra ter certeza de que estava sozinha no quarto. Deitei do meu lado da cama e tentei ignorar o lado frio vazio do meu marido. Fiquei encolhida como uma bola e como todas as noites que eu ficava sozinha na cama, chorei baixinho pedindo que amanhã fosse um dia totalmente diferente.

Vencida pela exaustão, acabei pegando no sono um tempo depois. Não lembro de nenhum sonho, mas lembro do medo de acontecer algo com o meu bebê. E foi com esse pensamento que eu acordei, junto com uma cólica no meu baixo ventre. Sabia que mulheres grávidas sentiam cólicas no começo da gestação então tentei me acalmar com respirações curtas pra diminuir a dor. Mas então senti algo quente molhando minha cama e pedi a Deus pra que não fosse o que eu estava pensando. Me descobri lentamente com medo e vi uma poça de sangue começando a molhar o lençol branco. Meus batimentos triplicaram de velocidade e comecei a chorar sem nem perceber. O desespero me tomou e nem sequer pensei no que tinha acontecido há horas atrás.

— Damon! – gritei do quarto desesperada. Com o esforço senti as cólicas aumentarem e me curvei com a dor pressionando a minha barriga.

Gritei de novo e dessa vez ele apareceu ofegante na porta como se tivesse corrido. Meu olhar provavelmente denuncia o que estava acontecendo mas o dele dispara pra mancha de sangue na cama.

— Damon... Por favor...– peço com uma súplica esperando que ele me entenda.

Ele vem na minha direção e me pega no colo delicadamente para a minha surpresa. Percebo que estamos saindo do quarto e em direção à porta de casa. Quando ele me coloca no carro, outra cólica me atinge e não impeço um gemido de dor.

— Shi shi, babe – ele fala como se falasse com uma criança que acabou de se machucar e acaricia o meu rosto – Vai ficar tudo bem, tudo bem... – repete me lembrando as minhas palavras de antes.

Passo a viagem de carro inteira de olhos fechados, encolhida chorando de dor. Essa última que era tanto física quanto emocional ao estar perdendo a minha mais nova razão de vida. Damon não falou nada no caminho mas de vez em quando sentia suas mãos nas linhas costas ou nas minhas próprias mãos que apertavam com força a blusa do meu pijama. Percebo que o carro parou e a porta do meu lado abre. Damon me pega no colo de novo e agarro a gola da sua blusa. Ele volta a fazer barulhos como 'sh' pra me acalmar e fala que vai dar tudo certo, que tudo vai ficar bem. Prefiro não pensar naquela hora o sentido daquelas palavras pra mim ou pra ele, mas que sim, tudo ficaria bem no final.

— Doi tanto, Damon – falo no seu pescoço enquanto uma nova cólica me atinge.

— Shii... Nós já estamos no hospital, vai ficar tudo bem.

Escuto ele falando com a recepcionista e em seguida sou colocada em uma maca. Não sei se acabei desmaiando por causa da dor que estava sentindo ou se introduziram algo na minha veia. Só sei que tudo apagou pra mim e não tive mais controles dos meus movimentos.

Acordei com barulhos de bipe me perturbando e com uma picada de agulha me incomodando. A claridade do quarto branco de hospital me incomoda e é difícil de abrir os olhos. Tento me acomodar na cama ignorando o pensamento do porquê de eu estar em um hospital e vejo a porta abrindo. Uma médica que eu desconheço entra com um rosto neutro e não consigo analisar o meu diagnóstico.

— Bom dia, acordou há muito tempo? – pergunta indo pro final do meu leito onde tem uma prancheta provavelmente contendo minhas informações.

— Agora pouco – respondo com a voz fraca, sentindo minha garganta seca.

— Ótimo, vou informar seu marido assim que sair daqui – ela termina de fazer as anotações e vem pro meu lado – Alguma reclamação, dor ou incômodo?

— Um pouco de dor no corpo, só isso.

— Isso é normal, você ficou muito tempo deitada – ela dá uma pausa – Você lembra por que veio parar aqui Elena?

Balanço a cabeça e meus olhos começam a encher ao pensar nas possíveis palavras delas.

— Você teve um princípio de aborto, provavelmente ocasionado pelo stress. Seu marido contou que vocês brigaram um pouco antes dele te trazer pra cá – fecho os olhos ao lembrar de nós dois gritando um com o outro e eu chorando feito uma doida – Esse tipo de coisa na gestação é extremamente perigoso Elena, principalmente nas primeiras semanas. Mas a sorte de vocês, é que seu bebê é um lutador.

Abro meus olhos instantaneamente com isso e escuto o barulho da máquina de batimentos disparar.

— Então ta tudo bem? Meu bebê ta bem? – pergunto ansiosa.

— Sim Elena, tudo bem com ele. Seu marido foi rápido em te trazer pra cá e conseguimos evitar o pior por muito pouco.

Começo a agradecer mentalmente muitas e muitas vezes. Solto uma respiração de alívio e sinto a mão da médica em cima da minha.

— Agora é descansar, evitar mais stress e aproveitar os próximos meses. O que me lembra, você já começou o pré-natal?

Enxugo minhas lágrimas e tento segurar o choro.

— Na verdade, eu descobri ontem então não tive tempo ainda.

— Então minha recomendação é que você comece o mais rápido possível. Pra evitar outros sustos como esse. Bem, já que você não se consultou ainda, que tal dar uma olhada no seu bebê? – pergunta empolgada.

— Vai fazer um ultrassom? – pergunto besta pela ideia de ver meu filho pela primeira vez.

— Sim, vou aproveitar que está em jejum e também vou pedir uns exames – ela vai em direção à porta – Só vou pedir pra trazerem o aparelho pro seu quarto e chamar o seu marido.

A ideia de chamar ele me aflige e chamo a médica antes dela ir embora.

— Doutora, acho que seria melhor meu marido ficar do lado de fora – falo indecisa. Ela não iria entender o meu pedido mas eu sabia as razões por trás do meu pedido.

— Tem certeza? O senhor Salvatore parecia estar bem preocupado com vocês dois – ela fala com a testa franzida.

Isso me pega de surpresa e eu não sei o que fazer.

— Isso é sério? – pergunto desacreditada – O Damon estava preocupado?

— Mais do que absoluta – ela fala com uma risada – Nunca conheci um pai que fizesse tantas perguntas sobre gravidez como ele. Acho que ele me perguntou se vocês dois estavam bem umas dez vezes só hoje de manhã. Tive que expulsá-lo do quarto hoje de manha pra você não ficar nervosa e ter outras complicações.

As palavras dela me surpreendem e não consigo ver o que poderia ter mudado nele.

— Elena, eu te falo agora não como médica mas como mãe e mulher. Não conheço seu marido, mas pelo que percebi ontem e hoje, ele te ama e muito. E pode estar até assustado com a situação mas ele se importa com o filho de vocês – por essa eu não esperava – Ele deve ter feito algo de muito errado pra você não querer ele aqui, mas posso te garantir que ele esta sofrendo por isso e já aprendeu sua lição – ela abre a porta e me encara – Quer que eu chame ele ou não pro ultrassom?

Hormônios de grávida eram horríveis. Sinto eles pressionarem cada nervo meu pra dizer que sim, que eu queria o cara da minha vida na sala comigo e que ele tinha mudado. E ao mesmo tempo, tentava escutar a voz racional da minha cabeça que ele ainda não tinha sofrido o suficiente e também provavelmente não tinha mudado de decisão. Balanço a cabeça que sim pra e vejo um sorriso nascer no seu rosto. Péssima decisão, Elena. A primeira de muitas que irão seguir os noves meses. Mas pelo menos você pode culpar os hormônios.

— Vou chamá-lo e volto daqui a pouco – e sai.

Fico sozinha e minha mão escorrega pro meu ventre de forma carinhosa.

— Muito obrigada, Deus – agradeço olhando pro teto – Prometo que não vou deixar nada te acontecer, bebê. Vou ser muito mais cuidadosa a partir de agora – falo olhando pra minha barriga.

Batidas na porta me distraem e vejo Damon entrando devagar no quarto.

— A doutora Bailey disse que estava acordada, ta tudo bem? – balanço a cabeça pra ele e percebo seus olhos vermelhos e cansados. Olhar pra ele me quebra o coração ainda mais do que deveria.

— Brigada por ter me trazido pra cá – agradeço sem saber o que dizer exatamente – Sei que não era sua vontade-

— Elena me desculpa – ele me interrompe e senta na cama comigo – Me perdoa, babe. Você não tem noção do inferno que eu passei nessas últimas horas, preocupado e me sentindo culpado pelo o que estava acontecendo. Você sabe que eu não sou nenhum um pouco religioso, droga, provavelmente Deus deve me odiar por tudo que eu já fiz! Mas eu pedi tanto pra ele pra não deixar nada de mal acontecer a vocês.

Meu cérebro cheio de hormônios não deixou escapar o plural da frase e xinguei mentalmente a maldita máquina de batimentos que denunciavam o quão rápido meu coração estava.

— Merda Elena, a médica disse que você não pode se estressar mais – falou levantando em direção ao botão do quarto pra chamar enfermeiras.

— Ta tudo bem, Damon – tranquilizo – Eu to bem.

— Mas ela disse-

— Eu também sou médica, esqueceu?

— Como se você me deixasse esquecer isso – fala por baixo da respiração e eu dou um tapa no seu braço.

Nos dois rimos da idiotice e eu percebo como tudo é fácil entre nós dois, mesmo quando estamos brigados.

— Eu não queria ter sugerido o aborto – ele fala olhando pra baixo – Não mesmo Elena. Isso eu te juro. Mas eu não queria pensar no quão perigoso poderia ser.

— Por isso você fez um interrogatório com a médica, ignorando o fato de eu poder te responder todas as perguntas? – pergunto baixo.

— Sim, e acho que ela deve estar se escondendo de mim agora – ri do comentário dele – Ela disse que estava tudo bem, que vocês dois estavam bem e não tinha nenhum motivo pra isso mudar.

— E agora? – pergunto nervosa com a resposta.

Sua mão esquerda pousa sobre a minha que estava na minha barriga e um meio sorriso nasce no rosto dele.

— Minhas preocupações não sumiram, se é isso que você pensa. Eu não posso me dar ao luxo de deixar as neuroses de lado levando em conta tudo que já passamos – ele aperta minha mão – Mas por enquanto, acho que tudo bem curtir a nossa vida nova desse jeito.

Sorrio com isso e quando abro minha boca pra falar, a médica entra com o equipamento.

— Okay, pronto pra conhecerem o mais novo Salvatore? – pergunta animada.

E a partir desse momento, não teve mais nada que pudesse roubar a minha felicidade. Chorei quando escutei o coraçãozinho do meu bebê e percebi o Damon emocionado também. Vi seu peito encher de orgulho quando a médica mencionou o quão forte ele era, que era até grande pro seu tempo e que tínhamos feito um bom trabalho. Vi ele perguntar ansioso se era menino ou menina e escutei a piadinha de que se fosse menino, era melhor não puxar pro lado vaidoso do Stefan.

Enquanto via ele discutir com a médica sobre as vitaminas pré-natais que eu deveria começar a tomar, percebi o quão sortuda eu era e quão grata eu estava por ter chance de vivenciar tantos milagres na minha vida. Quem um dia pensou que a vida de Elena Gilbert poderia dar tantas voltas assim? Eu sei que eu não.


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Notas finais do capítulo

O que acharam???
Deve rolar um bônus ou não?
E se sim, do que???
Espero ansiosa hein
Beijos



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