Derby Girl - Um Mundo sob Rodas escrita por issiawa


Capítulo 6
Posso me esconder?




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/63195/chapter/6

Até que o primeiro dia de aula não tinha sido assim, tão ruim. E quando Ang passou para me pegar pela manhã não imaginei que o meu dia seria diferente. Claro que não sou nenhuma doida que é fã de escola e tudo mais, mas eu realmente fiquei mais animada para ir, acho que principalmente pela a idéia que a minha vida tava tomando um rumo bem diferente agora.

Claro que ao olhar de verdade o meu guarda roupa, eu só tive a constatação que A) Minha mãe me odiava a ponto de me querer que eu fosse algo inspirado em uma Britney Spears evangélica, B) Ela realmente achava que uma garota com 17 anos deveria usar tanto rosa, salto alto e roupas da loja da Disney que ainda fosse possível ou C) todas as anteriores com muita mais maldade. Então eu acordei cedo, porém atrasada, logo corri para tomar café e sair de casa, Ang já estava em seu carro buzinando. Claro que peguei a roupa que mais gritava DISCRETRO no meu guarda roupa, mas mesmo assim não tenho muita certeza que um casaco roxo com botas de inverno brancas, são a cara de quem quer passar desapercebido.

- Tá afim de ir a Port Angeles nesse fim de semana?

- Fazer?

- Tava pensando em algo como, roupas, cd´s, talvez um cinema, e muito muuuuuito Milk shake. O que acha?

- Hummm, que romântico. Tá me chamando para um encontro, Srta. Webber? Por que eu estou realmente precisando de roupas.

As risadas explodiram dentro do pequeno New Beetle amarelo de Angela.

- Pode pensar no que quiser minha cara amiga, mas lembre-se somente nos gatinhos. E sinceramente eu to precisando de um pouco de contato físico. Se é que você me entende. – Novamente rimos como bobas, e logo chegamos a escola.

Aparentemente se o segundo dia de aula não mudou o fato de eu ser nova na escola, por que novamente eu me senti como o centro das atenções de FHS. Como se não bastasse isso, não sei se foi minha distração, mas realmente não vi de onde veio um carro vermelho extremamente barulhento que quase me atropelou, senão fosse Ang. Ter me puxado, provavelmente seria a vida escolar mais curta da história.

- Cuidado Bella. – Ang falou, e nos viramos a tempo de ver que o motorista imprudente era na verdade uma garota.

A pequena garota saiu do carro saltitando, ela tinha a pele mais clara que já tinha visto, usava uma saia rodada bem curta, com meia calça colorida por baixo, o coturno preto estava todo remendado com fitas coloridas e apesar do preto ser a cor dominante nela, ainda assim ela parecia uma fada, com aquele cabelo curto e repicado. E foi quando ela chegou perto de mim que notei o quanto os seus olhos eram verdes.

- Hey Alice, cuidado! Você quase matou a Bella.

Ela se aproximou com um lindo sorriso.

- Desculpa Barbie. – Ela sorriu e foi em direção a escola.

- Do que ela me chamou? – Perguntei ainda um pouco aturdida.

- Ah, Bella, eu realmente não queria falar isso, mas você vai descobrir de todo jeito.

- O que foi Ang, fala logo!

- Ai, Bella, a Tanya viu ontem quando as suas coisas caíram no chão do corredor, ela viu a boneca da sua irmã, e espalhou por toda a escola. Desculpe.

- Cretina. – Eu falei simplesmente e segui para minha aula ao lado de Angela.

Até a hora do almoço eu já tinha escutado todos os tipos de piadinhas e aquilo estava começando a me irritar.

- Por que ela fez isso?

- Eu acho que sei o por que. – Angela falou colocando uma pedaço enorme de pizza na boca. E balançou a cabeça em direção a alguém, que logo identifiquei sendo o Cullen. – Ele não tira os olhos de você desde que nós sentamos aqui.

Olhei novamente para o Cullen que realmente não parava de me olhar, o que deu uma sensação esquisita no estomago, logo que eu vi Tanya o abraçando eu desviei o olhar, que acabou por cair em outra mesa, onde a garota que quase me atropelou estava com algumas pessoas.

- E quem é a garota que quase me atropelou?

- Hum, parece que você está atraindo a atenção da família Cullen. Aquela é Alice Cullen, a garota mais ultra, mega, legal dessa escola, ela pode parecer um pouco doida demais, ou avoada, mas ela é assim mesmo. Tá vendo aquela loira do lado dela? – Olhei para mesa e vi que ela estava as gargalhadas, com uma loira com roupas bem apertadas. – Aquela é Rosalie Hale, a melhor amiga de Alice, elas são inseparáveis, mas ao contrario de Alice que esbanja simpatia, a Hale não é muito de sorrir, ela é mais séria, e ninguém se mete muito com ela, nem mesmo Tanya.

Fiquei as olhando e logo a baixinha de nome Alice se virou para mim e deu um belo sorriso.

- Pare de encarar. Ninguém gosta de ser encarado. – Angela falou contendo o riso.

Minha última aula naquele dia era Educação Física, logo vi Tanya e duas garotas conversando com olhares significativos para mim, definitivamente o meu dia não estava sendo um dos melhores.

Ao final da aula fui seguindo para o estacionamento lotado para encontrar Angela, mas ao por os meus pés no pátio, senti que alguém havia me empurrado, fui com tudo para o chão, ralando assim as minhas duas mãos e fazendo com que os cadernos que eu segurava voassem longe. Olhei para cima para ver quem tinha sido o causador da minha desgraça.

O tênis branco, acompanhado por uma saia extremamente curta do uniforme de líder de torcida já não me deixava duvidas de quem havia feito algo. Claro que imaginei que as técnicas de Tanya Denali fossem mais sutis, e um empurrão no meio de um estacionamento lotado não está condizente com sutileza.

- Hey Barbie, cuidado por onde anda. E lembre-se que no meu caminho ninguém se mete. – A loira, de olhos azuis falou quase cuspindo, tendo ao seu lado mais duas hienas vestidas de lideres de torcida.

- Tanya deixa a garota em paz. – A loira alta de roupas insinuante, conhecida como Rosalie, apareceu de algum lugar. Na hora eu já nem estava entendendo muita coisa, eu só queria me levantar e me esconder.

- Tanto faz! – A loira vinda dos infernos vestida de líder de torcida falou e saiu rebolando como se nada tivesse acontecido.

- Você tá bem? - Ela me perguntou me ajudando a levantar.

- Estou sim, obrigada. – Respondi limpando a minha roupa.

- Que seja. Olha, Barbie... – Eu a interrompi

- Bella, meu nome é Bella. – Eu falei

- Como eu estava dizendo, Barbie, não se meta com quem você não pode lidar. Você vai acabar mal se continuar assim. – Ela falou e foi embora.

E lá se foi o meu segundo dia de aula.

Angela passou todos os dez minutos do percurso que levava da escola até a minha casa tentando me convencer que Tanya se sentia ameaçada por mim, e que era por isso que ela estava me dando tanta ‘atenção’. Quando ela me deixou em casa e a única coisa que eu queria fazer era me enterrar no quintal de casa pra nunca mais ver ninguém. Pois é, quem disse que eram os gordinhos que recebiam bully nas escolas estava enganado. E eu estava me sentindo um lixo.

Corri escada a cima sem falar como ninguém. Entrei no meu quarto e fechei a porta, mas logo Sue bateu na porta.

- Bella? Bella? Aconteceu alguma coisa?

Dei um longo suspiro e abri a porta.

- Eu caí no estacionamento da escola. – Eu não ia contar para ela que uma líder de torcida vinda das profundezas do inferno tinha me empurrado a ponto de eu me machucar. Humilhante não era só uma palavra, era uma constatação. Sue estava se mostrando bem melhor que qualquer madrasta de conto de fadas, logo ela viu minhas mãos e fez um curativo na palma de cada uma.

Ao terminar os curativos fiquei olhando o lago congelado pela minha janela. Olhei para minha estante e vi meus patins. Como se um click tivesse feito em minha cabeça. Eu logo estava correndo porta a fora. Só escutei Sue gritar ao longe para que eu tomasse cuidado.

 Sentei na beira do lago já com a adrenalina vindo na boca do meu estomago. Senti como se eu estivesse afastada daquela sensação a mais tempo do que me era necessário. Não posso dizer que andar de patins em um lago era a mesma coisa do que no ringue. Claro que é diferente, mas, mesmo assim estava tão excitada que mesmo o gelo imperfeito não tirou a minha alegria.

Horas, minutos ou segundos, já não fazia a mínima idéia de quanto eu estava ali rodopiando e girando. Eu só sabia que estava escurecendo, mas nem isso me fazia querer sair dali.

- Hey, garota! – Alguém gritou. Eu me virei rápido de mais para ver quem era, um passo em falso e eu fui com tudo para o chão.

Tudo apagou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!