Travessuras do Destino escrita por Mystical Girl


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Olhaaaaaaa só quem ressurgiu das trevas! Sim, euzinha! Peço perdão a todos os meus leitores... passei por um momento terrível de bloqueio criativo, estive muito tempo sem escrever... porém agora retornei, e espero ansiosamente pela opinião de vocês! Bjocas.



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Após longas e cansativas horas de estudo, eu estava faminta. Meu corpo ainda estava doído da correria de mais cedo e minha cabeça não parava de latejar enquanto tentava conciliar as inúmeras fórmulas matemáticas que eu acabara de decorar e as lembranças da tarde humilhante de hoje. Levantei da mesa e, após uma boa esticada no corpo, resolvi ir até a cozinha; e foi exatamente na hora que abri a porta do quarto que dei de cara com Hana-san a me trazer uma bandeja com um pedaço de bolo, biscoitos, e chá.

— Ah, querida! — exclamou, enquanto adentrava o quarto e pousava a bandeja em cima da escrivaninha. — Ia descer, não é? — ela soltou uma risadinha. — Não pense que me esqueço de você, viu? Não subi antes para não atrapalhar os seus estudos, mas agora é hora de parar. Tudo demais é veneno! Relaxe e coma um pouco, está delicioso!

— Oh, Hana-san! Não precisava ter se preocupado, imagina! Assim eu fico até sem graça... — eu estava, de fato, com muita vergonha. Já havia tanto tempo que eu me virava sozinha, que ter uma figura materna se importando comigo daquela forma me emocionava; principalmente pelo fato de eu ser uma estranha ali.

— Não diga isso, querida. O prazer é todo meu! — ela deu uma piscadela, me puxando para sentarmos em algumas almofadas gigantes e fofas que tinham no chão. Peguei o chá e sentei ao seu lado, cuidadosamente. —Você não sabe o quanto eu estou feliz com sua presença nesta casa! Finalmente eu tenho uma companhia femina, a companhia que eu tanto queria! - gesticulava ela. Eu apenas sorri e bebi um pouco do líquido, enquanto ela prosseguiu em sua fala. — Sabe, eu sempre quis uma filha. Sempre! Tanto que, quando descobri estar grávida, eu quase enlouqueci! Desejei tão arduamente que fosse uma garota, que já estava convicta disto.

"Imagino sua decepção quando ela viu saindo de sua barriga o Naoki, pobrezinha."

— A questão é que, ao final, não era uma menina... — disse, um pouco melancólica, como se tivesse lido meus pensamentos. — Não que eu não ame o meu filho, longe disto! Naoki é o meu bem mais precioso nesse mundo. — Será que ela realmente conhece o filho que tem? — Mas é que ter uma garota sempre fora o meu sonho. Tanto que — ela soltou uma risadinha, e eu não entendi o porquê. — Eu já havia comprado o enxoval inteiro! Eu não quis saber o sexo do bebê antes de ele nascer, queria provar que minha intuição estava certa.
Parei de tomar o chá por um momento. Será que ela fez o que eu realmente estou pensando?

— Então, você...

— Sim, vesti o Naoki de garota durante algum tempo! — ela caiu na gargalhada. Mas, não mais do que eu.

O que era aquilo? O universo conspirando a meu favor?

— Hana-san, desculpe a intromissão — soltei. Eu não perderia essa chance. — Mas a senhora teria fotos desse tempo?

— Mas é claro! As guardo com todo o meu amor. Naoki pensa que eu as queimei, mas elas estão bem escondidas! Você gostaria de ver?

— Com toda certeza — respondi, com um sorriso no rosto.

Rapidamente, ela levantou-se e foi até o seu quarto. Aproveitei esse tempo para comer o bolo e os biscoitos. Estava me deliciando com aquela história. Quer dizer então que o 'grande', 'inabalável' e 'invencível' Shinohara Naoki tinha um passado comprometedor. Tenho certeza que, se este segredo viesse à tona, as pessoas nunca mais o olhariam da mesma forma.

Mas, seria eu capaz de tamanha crueldade?

Nesse momento, Hana-san surgiu com um enorme álbum de fotos. Sentamos novamente e ela tornou a me mostrar as fotos, narrando juntamente como e quando havia tirado cada uma delas. Eu simplesmente não me contive, e ri durante o tempo inteiro. Ele era mais feminino do que eu naquela idade!

— Ah, essa está muito linda! — acabei dizendo, sem perceber. Ele estava com um vestidinho vermelho e um chapeuzinho da mesma cor, sorrindo ensolaradamente em um campo cheio de flores.

— Quer pra você? — fui surpreendida pela pergunta. Vendo minha reação, ela não pensou duas vezes: tirou a foto do saquinho do álbum e me entregou prontamente. — Eu vi o jeito que você olhou pra ele nesta foto. E vi também o jeito que o estava olhando esta manhã... — agora sim, eu realmente fui surpreendida. Estaria ela, de certa forma, supondo que eu sentia algo por seu filho? Eu me segurei para não gargalhar alto em sua frente.

— Hana-san, eu não estou interessada em Shinohara-san. — sua expressão feliz se desfez.

— Você já tem namorado, então?

— Oh, não!

Subitamente, sua expressão feliz voltou.

— Mas que ótimo! Agora eu preciso guardar isso, antes que meu marido veja — ela riu um pouco. — Descanse bem, queria!

— Obrigada pela noite e pela foto — sorri, e ela saiu.

Pensei um pouco no que faria, e finalmente cheguei à uma conclusão. Eu guardaria a foto; usaria como vingança apenas em um caso extremo. Eu não teria coragem de usá-la em algo bobo como aquela briga da tarde. Decidi que o melhor a fazer é simplesmente ignorá-lo. Ignorar suas arrogâncias, seu mau-humor, suas provocações e suas implicâncias. Eu era maior do que tudo aquilo, e tem algo pior que ser ignorado?

Por fim, peguei a bandeja e a levei para a cozinha, aproveitando para tomar um copo d'água. Deparei com Koda a me rondar, balançando o rabo. Me abaixei para lhe fazer um carinho; eu adorava animais, e ele era extremamente dócil.

— Tire suas patas do meu cachorro — a voz ríspida de Naoki ecoou na cozinha. Já era um pouco tarde, e todos já estavam em suas camas. Apenas respirei fundo e prossegui com o carinho. — Você é surda, garota? — ele fez um sinal e Koda partiu para perto dele, me deixando sozinha e no vácuo.

Levantei devagar, e só então percebi que usava um short moletom um pouco curto demais, e uma regata colada de algodão. Eu não gosto de me gabar, mas tenho um corpo considerável. Vários anos de ballet me proporcionaram pernas bem definidas e firmes, uma cintura bem curvada e uma postura ereta. Meus seios eram um pouco maiores que o tamanho normal, mas nada que me incomodasse. Eu sabia que atraía com frequencia o sexo oposto, porém eu, de fato, não fazia questão de atenção, e muito menos de alguém ao meu lado.

E, bem, Naoki também reparou. Por que eu não podia provocar também, afinal?

Passei desfilando em frente à ele e bebi um pouco de água, enquanto ignorava sua presença por completo. Koda me seguiu novamente e eu dei um último carinho no cão.

— Pra sua informação — falei, antes de subir. — O seu cão está gostando mais de mim do que de você.

— Você é ridícula — foi o que ouvi, pouco antes de deixar a cozinha por completo.


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