Herdeira do Trono - Parte I escrita por NandaHerades


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Desculpe o atraso, acabei ficando sem internet esses dias!
Mas o capítulo está aí...
Quero agradecer a Adriana pelos comentários super empolgantes, você me anima muito com essa história!
Beijos ♥


Nanda Herades



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Não havia treinamento. Acordei no mesmo horário dos dias anteriores e fiquei pensando em tudo que havia acontecido. A luta, a discursão com Merl e Lukiel e o beijo de Irriel. Tudo estava ficando mais complicado. Levantei uma hora depois e encontrei tia Lavínia no telefone conversando com meu pai. Minutos depois ela me chamou para falar com ele.

— Como você está, Sara? — papai perguntou, seu tom de voz estava descontraído — Sua tia disse que está fazendo corridas matinais.

— Estou bem — respondi — Estou correndo, gosto de me exercitar — menti.

— Isso é ótimo — ele comentou.

— E como vai minha mãe? — perguntei percebendo que eu sentia muito a falta deles.

— Ela acabou de sair para trabalhar. Está um pouco chateada porque a cadelinha desapareceu, ela passou horas a procurando na rua — suspirei. Eu sabia muito bem onde Vênus estava.

— Diga que mandei um beijo — falei.

—Digo sim — ele me respondeu — Eu te amo querida. Quando estiver disposta pode voltar para casa, estamos morrendo de saudades.

— Eu também te amo — falei e senti uma lágrima cair do meu olho. Era bem provável que eu demoraria a voltar e isso fez eu odiar o meu destino.

Desliguei o telefone e comecei me arrumar para o trabalho, mas tia Lavínia me impediu.

—Não vamos abrir hoje, tenho que ir a cidade vizinha para visitar uns fornecedores. Quer ir comigo? —ela disse.

—Não —falei — vou ficar descansando.

—Aqui está seu pagamento — ela abriu a bolsa e me entregou o salário — Por que não sai para se divertir? Tenho certeza que João vai adorar — ela sorriu.

—É — concordei só para que ela não falasse mais nada — Mas não tenho o telefone dele, então...

—Eu tenho! — ela ficou animada — É da casa dele, está na agenda perto do telefone. Vou ligar para você! — como sempre ela interferia na minha vida pessoal.

Ela correu ao telefone, discou o número e depois me entregou. Coloquei no ouvido e esperei alguém atender. Eu não fazia ideia do que falar. Uma empregada atendeu e eu pedi para chamar João. Minutos depois ele atendia com a voz feliz.

—Pensei que você nunca fosse me ligar — ele riu. Olhei para tia Lavínia com desespero e ela entendeu.

— Chame-o para o cinema — ela sussurrou.

—Ah... Eu também... — respondi sem graça — Quer ir ao cinema? —perguntei rápido demais, mas ele havia entendido.

— Claro! — ele respondeu animado — Eu te pego às duas.

—Tudo bem — respondi — Tchau!

Olhei para tia Lavínia e ela sorria de orelha a orelha. Fiquei irritada com aquilo, mas eu precisava sair um pouco. Ela me analisou e disse:

—Acho que vou te emprestar um vestido — Lavínia entrou em seu quarto e eu fui atrás — Você só usa jeans e camiseta, um vestido não vai fazer mal!

Ela abriu o armário e me mostrou uma infinidade de vestidos. Acabei me decidindo por um azul, sem muitos enfeites. Ela sorriu satisfeita e saiu para visitar seus fornecedores. Fiquei em casa e tentei pensar em algo para acalmar Merl e Lukiel, se eles descobrissem que eu estava saindo, talvez me impedissem e eu não iria aceitar aquilo.

Passei a manhã arrumando a casa e tentando me distrair. Quando faltava uma hora para João aparecer eu fui tomar banho. Coloquei o vestido azul e fiz um penteado no meu cabelo rebelde, abri minha caixinha de joias e encontrei a pedra vermelha que Neur me deu, ignorei-a e escolhi um brinco e um colar. Coloquei-os e corri para passar um brilho labial, olhei-me no espelho e gostei do que vi. Fui para sala e sem nenhuma surpresa encontrei Lukiel me esperando.

— Antes que você diga algo, eu vou sair com meu amigo — falei e a expressão dele enrijeceu — Vocês podem ficar me vigiando, mas não quero interferência.

— Nós não vamos te atrapalhar — ele disse e eu me irritei com a paciência infinita daquele anjo — Só queremos sua segurança.

— Ótimo — falei satisfeita.

— Não vim por isso — ele disse e ficou sério — É sobre Irriel — meu coração disparou — Nós vimos o que aconteceu e, sinceramente, isso não pode acontecer.

— Isso o quê? — fingir não saber o que era.

— Irriel é um Caído, quando você se decidir tudo vai mudar — ele continuou ignorando minha resposta — Ele jurou que te mataria, nunca o vi mudar de ideia, nem mesmo por uma mulher — fiquei sem reação — Eu sei que é duro, mas eu o conheço há muito tempo.

—Por que você está me falando isso? — segurei para não gritar — Lukiel, isso não é da sua conta. Você não o conhece tanto quanto acha. Não acredito que você veio aqui para falar de Irriel e eu, isso é demais!

—Ele vai te magoar — Lukiel falou — ou pior, ele pode te machucar. Te impedir de cumprir sua missão.

— Você só se importa com essa missão. Está com medo que eu escolha o outro lado? É isso? — gritei.

— Não — ele gritou também e eu me assustei com a força da voz dele — Você não entende. Vou embora — Lukiel desapareceu em sua luz.

— Isso foi muito estranho — falei para mim mesma. Lukiel me deixou confusa, ele estava tão preocupado com o meu destino que se achava no direito de interferir na minha vida. Eu confiava em Irriel, ele já havia me provado isso, mas isso não quer dizer que eu o amo ou estou apaixonada, foi só um beijo. As pessoas se beijam apenas para se sentirem bem, não é mesmo? E eu sou apenas uma jovem querendo aproveitar a vida, só isso. Lukiel parecia estar com... Ciúmes! Será?

Alguém bateu na porta, era João. Ele sorriu quando me viu e não conseguiu disfarçar quando seus olhos me encararam da cabeça aos pés.

— Você está linda — ele falou, saímos da casa de tia Lavínia e fomos para o carro dele — Azul é minha cor favorita — ele completou.

— Obrigada — falei, não estava com vontade de conversar.

— Que filme vamos ver? — João deu partida no carro — O cinema fica na cidade vizinha, não é muito longe...

— Não sei. Você pode escolher — respondi. Eu não fazia ideia dos filmes que estavam passando, eu só estava ali porque Lavínia havia insistido.

João fez como sempre fazia, me enchia de elogio e perguntas e eu sorria e respondia. Não sei o que ele havia visto em mim, não éramos parecidos. João era decidido e eu era apenas uma garota que não sabia o que fazer. E, além disso, estava morrendo de medo de que alguns Caídos viessem me procurar, não queria que ele também virasse uma vítima. Chegamos ao pequeno shopping, João foi comprar a pipoca enquanto eu corria para comprar os ingressos.

Acabei escolhendo um filme de ação, não queria ver nada muito romântico. Entramos na sala e nos sentamos no meio, João se equilibrava com um pote de pipoca e dois copos gigantes de refrigerante. Ofereci-me para ajudar, mas ele como um perfeito macho se recusou, eu apenas sorri e concordei enquanto o guiava para nossos lugares. As luzes ainda estavam acessas e as pessoas ainda chegavam.

— Quase não acreditei quando você ligou — João falou enquanto comia a pipoca —Você praticamente me abandonou na praia aquele dia.

—Me desculpe — falei envergonhada, ele tinha razão — Eu não estava me sentindo bem. Considere esse convite como um pedido de desculpa formal.

— Tudo bem — ele disse, as luzes se apagaram — Acho que vai começar.

Passaram os trailers e o filme começou. Muitos tiros, sangue, bombas, carros capotando, na maior parte do tempo eu me segurava para não rir daqueles efeitos previsíveis. Olhei para João e ele via o filme como uma criança vendo desenho animado. Na metade do filme ele passou a mão sobre meu ombro, o velho sinal possessivo dos homens. Ficamos assim até o final. O filme terminou, mas João continuou sentado. A sala já estava vazia.

— Me segurei para não fazer isso — ele disse e quando vi já estávamos nos beijando. Não estava preparada. A mão de João segurava minha cabeça com leveza e eu fiquei sem reação, enquanto nos beijávamos senti a sensação de estar sendo observada. João me soltou e eu olhei para o fundo da sala, encontrando os olhos negros que estavam tão pertos dos meus no dia anterior. Irriel estava lá o tempo todo, afastei-me de João rapidamente.

— O que foi? —João perguntou — Não gostou?

— Nada — respondi rápido.

— Desculpa, pensei que você também quisesse — ele falou e percebi que ele estava chateado.

— Não é isso... É que eu não estou tão acostumada com encontros — tentei descontrair.

— Foi seu primeiro encontro? — ele perguntou agora um pouco mais animado.

—Foi — respondi — Podemos ir embora? — perguntei.

Olhei para trás e vi que Irriel não estava mais lá. Fiquei pensando se ele estaria com raiva de mim por tê-lo beijando e menos de 24 horas depois beijado outro. Mas nós tínhamos decidido esquecer aquele beijo...

João me deixou em casa, o caminho de volta foi muito mais silencioso. Ele parecia chateado e eu não podia o ajudar muito, já que a culpada era eu. Fiquei parada em frente à casa de Lavínia enquanto via o carro dele sumir pela rua. Entrei e encontrei minha tia sentada em frente à TV vendo outro programa de culinária.

— Como foi? — ela disse cantando.

— Foi legal — respondi.

— Sua voz não diz isso — ela falou — Aconteceu algo lá?

— Não, só estou cansada. O cinema é um pouco longe — falei e corri para não ter que falar mais nada.

Torci para que meu quarto estivesse vazio, não estava disposta a ouvir os sermões de Lukiel e Merl e muito menos encarar Irriel. Acendi a luz e não tinha ninguém. Tirei o vestido de tia Lavínia e coloquei meu pijama, só queria dormir e esquecer tudo que estava acontecendo em minha vida.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Saraí fica com Irriel ou com João? Me responda nos comentários! :)



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