Herdeira do Trono - Parte I escrita por NandaHerades


Capítulo 10
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para meus lindos leitores!

Obrigada pelo comentário luzilane, Saracipriano, Victoria e LillyS2 ♥

Beijos



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/631717/chapter/10

A praia estava cheia de jovens. João me levou para perto de Scarlet, Julia e Igor, eles estavam perto de uma barraca de bebidas. Scarlet correu para me abraçar e me puxou para longe de João, fiquei um pouco aliviada por isso.

— João é muito grudento às vezes — Scarlet disse e eu apenas concordei — Vamos beber algo? O que você toma?

—Nada — falei porque nada que havia naquela barraca me interessava — Depois eu pego alguma coisa.

Voltei para perto dos outros, mas eu não prestava atenção no que eles diziam. Fiquei observando a fogueira e a roda de pessoas cantando, estava distraída. Até que eu vi uma cadelinha passar, ninguém havia visto, mas eu sabia quem era. Era Merl. Sai apressada atrás dela e ouvi João me chamar, eu o ignorei.

Andei um pouco e a encontrei parada. A mulher usava o mesmo vestido branco e o seu rosto exibia um semblante preocupado. Merl me olhou e continuou parada.

—Aconteceu alguma coisa? — olhei para Merl intrigada.

— Não —ela disse — Só vim ver como você está.

— Incrível como vocês me tratam como uma criança — falei e me virei para ir embora.

— Queremos te proteger, mas está difícil. Você não ajuda muito — Merl disse.

—Não ajudo? — perguntei com raiva — Vocês querem que eu me exile até tomar minha decisão? Eu não vou obedecer vocês! Estou cansada das ordens que você e Lukiel dão para mim. Chega!

— Você precisa se afastar de Irriel — parecia que ela estava ignorando tudo que eu falava.

— Já chega! — falei e a deixei para trás.

Voltei para perto de João e disse que precisava ir embora, ele não entendeu o motivo, mas me levou para casa sem reclamar. Ele passou boa parte do tempo me elogiando e puxando papo comigo, eu sorria e respondia. Estávamos perto da casa.

— Espero que tenha gostado — ele disse e eu me senti culpada por ter estragado a noite dele.

— João, você foi muito gentil em me convidar. Obrigada! — abracei-o — Boa noite — falei e corri para entrar em casa, ele acenou e sorriu.

É claro que ele esperava muito mais que um abraço, mas eu não podia fazer isso com ele, não podia dar falsas esperanças. Entrei em casa e fui direto para meu quarto, Lavínia já estava dormindo. Por sorte não havia nenhuma visita inesperada e pude deitar em paz. Fiquei pensando nos avisos de Lukiel e Merl, eles queriam que eu ficasse longe de Irriel, mas ele era o único que me ajudava. Por causa dele eu sabia me defender, não estava à deriva. Eu tinha receio em ficar perto do anjo caído, mas ele não me faria mal, eu tinha que acreditar nisso. Adormeci tão rápido que nem percebi.

O anjo caído Irriel estava na sala dos seus aliados. Eles não tinham nome, mas a missão era a mais importante: matar a garota da profecia. Os anjos caídos que estavam ali não estavam do lado de Sheol, se sentiam traídos e humilhados e por isso queriam se vingar acabando com a única maneira de terminar com a guerra dos Tronos. Irriel não era o líder, mas ele era o que mais sabia sobre a Salvadora. Ele se posicionou ao lado do anjo caído mais velho e olhou para as centenas de rostos que clamavam por vingança contra os dois reinos que os rejeitaram.

— A Salvadora é uma garota tola que não faz ideia do que pode fazer, mas existe um problema — os caídos prestaram mais atenção — ela tem a proteção dos anjos. E eu conheço aqueles dois anjos, um era meu irmão e a outra uma amiga, e ambos são poderosos. Não medirão esforços para proteger a garota. E por enquanto os demônios não fazem ideia da existência dela, se continuar assim teremos uma pequena vantagem. Eu peço permissão para acabar com a ela.

Os caídos o olharam com curiosidade. O líder encarou Irriel.

— E por que você quer fazer tudo isso sozinho? — ele falou.

— Eu posso terminar com isso, o direito é meu. Eu conjurei a profecia e eu quero destruí-la. Fui traído por minha família e amigos, Sheol prometeu proteção, mas me expulsou antes mesmo que eu pudesse me recompor. Quero matar a garota com minhas próprias mãos e ver o sofrimento que isso causará.

Não era um pesadelo. Era uma lembrança não vivida, como Merl havia me dito dias antes. Eu estava em choque, se aquilo fosse verdade eu estaria mais encrencada do que imaginava. Aquela lembrança era antiga, agora os demônios já sabem de minha existência e Irriel está do lado de Sheol, mas aquelas centenas de Caídos estão à minha procura. Irriel já havia me alertado, mas eu não imaginava que eles fossem tão numerosos e ele disse que havia humanos, eu estava com medo. Será que é disso que Merl e Lukiel tanto me protegem? Por que eles não me falaram? Olhei para o relógio e vi que estava quase na hora do treinamento com Irriel, eu poderia conversar com ele.

Sai de casa correndo, a areia estava fria e o mar calmo. Queria dá uma corrida antes de me encontrar com Irriel, como havia perdido o sono ainda tinha tempo antes de encontra-lo. Minha cabeça estava confusa, eu estava com medo, mas ao mesmo tempo sentia vontade de lutar e enfrentar aquilo tudo. O vento batia no meu rosto e fazia-me ficar mais calma. Olhei para o céu e vi que o sol nascia, continuei correndo até perceber que estava sendo seguida. No começo pensei que fosse Irriel me pregando uma peça, mas depois vi que não era ele. Era um homem vestido de preto, mais alto que qualquer outro que eu tinha visto e seus braços estavam cobertos com tatuagens parecidas com as de Irriel. Ele correu em minha direção e corri mais rápido. Peguei o punhal que estava preso na minha calça, não queria ter que usá-lo, mas o homem estava se aproximando. Resolvi enfrenta-lo.

Parei e me virei. O homem também parou de correr e veio caminhando ao meu encontro. Escondi o punhal na parte de trás da calça e o esperei temendo por minha vida.

—O que você quer? — gritei assim que ele estava bem próximo.

Ele não respondeu e fui surpreendida por outro homem que me segurou por trás. Eu me contorci para que ele me soltasse, mas foi inútil, ele era o dobro de mim. Minhas mãos estavam presas. O homem que estava na minha frente segurava uma espada, e eu não fazia ideia de onde havia saído aquilo, o encarei com os olhos lacrimejando. Ele colocou a espada bem próxima a minha garganta e eu soube que esse era meu fim.

— Até que você é bem bonitinha, entendo porque Irriel não te matou — o homem falou enquanto pressionada a espada em mim — Mas eu não falho. Vou levar sua cabeça para que todos vejam o que sobrou da Salvadora — ele riu.

— Então me mata logo — cuspi, eu tinha que o enrolar — O que está esperando? Já não basta me fazer sofrer?

O homem que me segurava me soltou e eu cai de costas na areia. Meu punhal ainda estava na parte de trás da calça e me perguntei como eles não perceberam que eu estava armada. Fiquei caída na areia tentando pensar no que fazer, eu não conseguiria atacar com um simples punhal.

—Me dá o seu braço — o homem ordenou. Puxou o meu braço e quando me dei conta ele estava cortando minha pele, gritei com a dor repentina — Esse sangue é poderoso... — ele disse enquanto admirava o líquido vermelho escorrer pela lâmina.

Juntei todas as minhas forças e aproveitei que os homens estavam entretidos olhando para meu sangue e se vangloriando por terem me capturado. Levantei rapidamente e enfiei o punhal na barriga do homem que segurava a espada ensanguentada, ele cambaleou e aproveitei para arrancar a espada da mão dele.

— Fiquem longe mim — gritei descontrolada apontando a espada para os dois, meu braço machucado ardia e eu lutava para não cair ali mesmo.

— Você não vai se safar, nós sabemos onde você está — o homem estava com a barriga sangrando. Eu sabia que aquilo não era o suficiente. Torci para que Irriel estivesse por perto — Você precisa morrer ou todos nós pagaremos por seu erro.

—Cale a boca ou corto a sua garganta — gritei e os dois homens riram.

—Nós não morremos mesmo, pode cortar nossas gargantas, prometo que estaremos aqui amanhã para consumar sua morte — o homem que me segurava minutos atrás disse debochando de mim.

Ele tinha razão. Nada adiantaria, eles não morreriam e algum dia estariam ali prontos para me matar. Olhei para meu braço e vi que o sangue ainda escorria, eu estava ficando fraca e zonza. Mas que droga! Eu não estava mais com força e acabei caindo com força na areia, a espada ficou a alguns centímetros de mim. Percebi uma luz se formando atrás dos anjos caídos e me senti aliviada, Lukiel havia chegado.

— Saraí — Merl me chamou batendo no meu rosto — Acorde!

Abri os olhos e vi que ainda estava na praia. Levantei a cabeça e encontrei figuras inusitadas reunidas, pensei que estivesse sonhando. Lukiel, Irriel e Neur estavam juntos na praia, não necessariamente perto uns dos outros, mas também não via nenhum tipo de conflito. Merl me ajudou a levantar e eu percebi que meu braço estava curado, lancei um olhar interrogativo para todos.

— Vocês. Estão. Juntos? — perguntei pausadamente tentando entender a situação.

—Nós estamos aqui por um bem maior, Saraí — Lukiel falou — Temos que te proteger, pelo menos até você se decidir.

— É minha querida — Neur disse eu senti o cheiro de queimado invadir minhas narinas — Vamos fazer uma pequena trégua — ele ria.

Olhei para Irriel e fiquei esperando ele falar alguma coisa. E pela primeira vez seus olhos pretos estavam diferentes, ele parecia triste. Ele ficou em silêncio e eu percebi que nossa conversa seria mais tarde.

— O que você passou hoje foi gravíssimo — Merl me alertou — Aqueles Caídos estavam dispostos a tudo. E você se saiu muito bem se defendendo, mas não podemos correr mais riscos, aqui não é mais seguro. Você precisa ir para outro lugar, está me ouvindo? Não vamos aceitar seu comportamento irresponsável!

— Eu não sou irresponsável — reclamei.

— O que Merl quer dizer é que você tem que ser mais atenta — Lukiel disse — Sair de casa antes do amanhecer não foi uma atitude inteligente — me irritei.

—Você está me chamando de burra? — esbravejei.

— Claro que não — ele se defendeu — Só estou dizendo que você não pode se arriscar tanto.

— Isso de novo — gritei — Por que não me deixam decidir? A decisão é minha, a vida é minha.

— Eles têm razão, Saraí — Neur interveio — A decisão é sua, mas nós temos a missão de te manter em segurança, seja por sua vontade ou não.

— Então não vão me deixar em paz? — perguntei cruzando os braços.

— Não até você se decidir — Lukiel respondeu com toda paciência do mundo.

Passei por eles e corri de volta para casa. Tinha certeza que nenhum Caído me atacaria com o meu mini exército atrás de mim. Cheguei à casa de Lavínia e constatei que ela não estava mais lá, olhei para o relógio e vi que estava na hora do meu trabalho. Tive que tomar um banho porque meu corpo estava ensanguentado, troquei de roupa e corri para a lanchonete 15 minutos atrasada. Por sorte não estava cheio, apenas um cliente que estava devidamente atendido. Quando entrei na lanchonete, Lavínia me olhou preocupada, tive que inventar uma desculpa.

— Desculpe o atraso — falei —Fui fazer minha corrida matinal e acabei caindo em um buraco no meio da praia, me sujei toda e tive que voltar para casa para me lavar.

— Meu Deus! — ela exclamou e correu para ver se eu estava mesmo bem — Você se machucou?

—Não, por sorte — falei e fui colocar meu avental.

A lanchonete ficou vazia até o horário do almoço. Quando Aline chegou já estávamos cheios, eu corria para anotar e servir todos os clientes. Fiquei na lanchonete até anoitecer, o movimento diminuiu após o almoço e depois só tive que limpar as mesas. Voltei para casa antes que Lavínia porque ela devia fechar o caixa e acertar os pagamentos, não me preocupei com isso porque ela me pagaria quando chegasse em casa. Entrei em meu quarto e encontrei Irriel sentado em minha cama.

— Você é o meu segurança particular? — perguntei sem paciência.

—Não vim por causa deles — ele falou e percebi a mesma tristeza que tomava conta dos olhos dele mais cedo — Vim me desculpar.

— Por quê? — eu olhei intrigada.

— Foi minha culpa eles terem te atacado — Irriel se levantou e ficou na minha frente —Eu não devia ter me aproximado, era óbvio que eles iriam me seguir!

— Você foi o único que me ajudou — falei o reconfortando — Não foi sua culpa. A culpa foi minha, eu não devia ter saído tão cedo... Eu só queria pensar.

— Pensar no quê? — ele se afastou um pouco.

— Tive uma lembrança não vivida, imagino que você saiba o que é isso — ele assentiu e eu continuei — Eu estava em uma sala repleta de Caídos e você estava lá — os olhos de Irriel se estreitaram — você comunicava que havia me encontrado e pedia permissão para me... Matar.

— Isso faz muito tempo — ele se justificou.

— Eu sei — falei e me aproximei dele. Quando eu havia passado a me preocupar com ele?

— Eu só quero te proteger, Saraí. Diferente dos outros eu sei que você não deve ser trancafiada a sete chaves, eu vi como você é poderosa. Eu vou te ajudar.

— Obrigada — falei e percebi que Irriel olhava para meus olhos e eu senti algo diferente dentro de mim, ele também parecia diferente. Quando percebi já estava o beijando e foi maravilhoso. Coloquei a mão no pescoço dele e ele segurava minha cintura. O beijo tinha uma mistura de paixão e desespero. Quando nos separamos senti meu rosto ficar vermelho. Ele também ficou sem graça.

— Me desculpa — ele falou e se afastou de mim — Não sei o que está acontecendo, nunca aconteceu isso... Eu...

— Tudo bem — tentei o tranquilizar — Vamos esquecer o que aconteceu!

Mas eu sabia que não esqueceria aquilo tão cedo. Não depois de sentir os lábios quentes e macios de Irriel sobre os meus. Eu sabia que aquilo era impossível, há algumas semanas ele queria me matar e agora estávamos nos beijando. Irriel foi embora minutos depois me deixando confusa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada!
Comente...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Herdeira do Trono - Parte I" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.