Coração Malandro escrita por Li


Capítulo 12
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)



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Rose e Ezra continuavam a encarar-se. Nenhum dos dois era capaz de desviar o olhar. Rose continuava expectante sobre o que Ezra lhe tinha para dizer. Já Ezra parecia ter perdido a fala. Quando bateu à porta do quarto de Rose estava convicto do que iria fazer mas agora que estava frente a frente com ela essa coragem evaporou-se.

Rose começava a ficar impaciente. Sensação estranha para ela pois considerava-se uma pessoa bastante paciente. Mas, o simples facto de ter a pessoa por quem está apaixonada na sua frente encarando-a como Ezra a estava a encarar, estava a tirá-la do sério.

—Rose. – sussurrou Ezra lentamente. Rose continuou a olhá-lo à espera que ele continuasse. Mas Ezra não continuou. Ezra voltou ao estado apático em que se encontrava segundos antes.

Ezra sentia-se uma autêntica criança. Fogo, ele já tinha vinte e dois anos e estava a agir como se tivesse quinze. Até parecia que nunca tinha falado com nenhuma mulher na sua vida.

—Rose o que é que tu fizeste comigo? – perguntou Ezra para si mesmo sem ter reparado que na realidade tinha pensado em voz alta. Rose apenas o continuou a encarar agora incrédula. Ela tinha ouvido bem?

—O que é que disseste? – conseguiu perguntar Rose. Ezra olhou para ela, curioso. Ele não falara nada…ou falara?

—O quê?

—O quê pergunto eu, Ezra. Tu entras no meu quarto a dizer que precisas de falar comigo e depois ficas aí parado como se fosses uma estátua. Além disso, ainda estás aí a dizer coisas sem sentido. – desabafou Rose. Ela não sabia de onde tirou coragem para falar e criticar Ezra, aquilo simplesmente saiu.

—Tu estás a dar-me completamente a volta à cabeça. – desabafou Ezra sem realmente ter notado o que acabara de dizer.

Rose arregalou ainda mais os olhos. Ela só podia estar a sonhar. Ezra não estava realmente ali, aquilo era tudo um sonho. Levantou-se e aproximou-se de Ezra. A seguir, para surpresa de Ezra, beliscou-o e beliscou-se a si própria para ter a certeza se aquilo era ou não um sonho.

—Au! – queixou-se Ezra. Rose olhou para ele e o castanho e o verde voltaram a encontrar-se mas agora muito mais próximos.

Estavam próximos. Aliás, estavam muito próximos. A vontade de Ezra era acabar com aquela distância, tomar Rose como sua. Mas Rose era diferente das outras mulheres. Rose não era como aquelas mulheres com quem ele se envolvera. Rose era delicada, inocente, tímida. Ezra tinha de pensar antes de agir. Com Rose não existia o agir por impulso.

Rose não sabia o que fazer. Ezra continuava a encará-la com os seus olhos verdes. Por ela acabava-se a distância que existia entre os dois mas a vergonha que sentiria do que aconteceria a seguir fazia com que ela permanecesse estática no mesmo sítio.

—Esquece o que eu disse. – disse Ezra desviando o seu olhar de Rose e dirigindo-se para a saída.

Rose, num ato de coragem e total impulso, agarrou no braço de Ezra impedindo-o de sair. Os seus olhares voltaram a cruzar-se e Rose conseguiu sussurrar.

—Não vás…

—Rose, eu preciso de ir antes que faça alguma estupidez. – confessou Ezra.

—Então faz Ezra. Faz o que queres fazer sem receios, porra! – explodiu Rose assustando Ezra e a ela própria.

Ezra rapidamente recuperou do grito de Rose. Rose dissera para ele fazer o que queria e seria isso que iria fazer. Encostou Rose à porta e aproximou-se lentamente como se de um filme se tratasse. A cada milímetro que Ezra diminuía, o coração de Rose acelerava. Ele vai fazer aquilo que eu penso que ele vai fazer, pensou Rose.

Quando os seus lábios se tocaram, milhões de sensações passaram pelos dois. Aquele simples toque fez com que ambos quisessem mais, por isso não demoraram a aprofundar o beijo. As suas línguas estavam completamente sincronizadas. Tudo neles estava completamente sincronizado.

Afastaram-se quando ambos precisaram de ar. Rose, consciente do que acabara de fazer, corou ficando da cor dos seus cabelos. Ninguém sabia mas tinha sido o seu primeiro beijo. E para primeiro beijo tinha corrido muito bem e com alguém de quem gostava.

—Rose isto está errado. – falou Ezra. Abriu os olhos e viu o quanto corada Rose estava. Involuntariamente, sorriu. Sorriu porque sabia as sensações estranhas que causava em Rose. Recompôs-se e continuou – Tu não mereces um relacionamento assim, repentino. Aliás, tu não mereces alguém como eu.

—Mas e se eu quiser? – perguntou Rose. Ela não sabia de onde tinha tirado toda a coragem para falar tudo o que tinha dito até agora, as palavras simplesmente fluíam. Aliás, ela já nem parecia lembrar-se do que viu na noite anterior.

—Rose…

—Vamos tentar. – pediu Rose.

—Rose, eu quero. Aliás, eu quero muito. Mas… - Ezra não conseguiu concluir a frase porque Rose interrompeu-o.

—Não inventes desculpas esfarrapadas, não gastes o teu latim. – disse Rose já sem qualquer esperança.

—Não são desculpas esfarrapadas. Fogo Rose, eu tenho medo de te magoar.

—Sabes que ao dizeres essas palavras já me estás a magoar. – disse Rose. Pegou nas mãos de Ezra e fez com que ele olhasse para ela – Vamos tentar.

—Vamos tentar. – disse Ezra e Rose sorriu e aproximou-se de Ezra para o beijar mas ele afastou-se – Vamos tentar mas vamos fazer do jeito certo, Rose. Para já, nada de beijos. – Ezra sorriu ao ver a cara de Rose desiludida – Hoje às quatro na Starbucks.

Ezra preparou-se para sair. Quando já estava na porta voltou atrás e beijou de leve Rose, sem aprofundar o beijo. Depois deixou o quarto de Rose com uma Rose sorridente. Nunca na vida ela pensaria que aquilo poderia acontecer. 

—----//-----

Mara procurava as chaves de casa. Procurava-as pela mala e não conseguia encontra-las. O seu telemóvel tocou. Era uma mensagem. Abriu o bolso do casaco e reparou que ao lado do telemóvel se encontravam as chaves. Riu-se. Não se lembrara que as chaves estavam ali. Pegou no telemóvel e reparou que tinha muitas chamadas de Benjamin. Ele devia estar preocupado pois ela esquecera-se de dizer que não dormia em casa. Além dessas chamadas também tinha uma mensagem de Rose. Por isso é que o seu telemóvel tocara.

Rose (11:07)

TENHO UM ENCONTRO COM O EZRA =D Depois conto-te tudo.

Mara respondeu rapidamente que depois queria saber tudo. Ela ficou muito feliz por eles. Afinal Ezra tinha tomado a decisão certa. Só esperava que ele não magoasse Rose senão ele estava tramado com ela.

Abriu a porta e viu Benjamin no sofá. Parecia adormecido. Mas isso durou pouco. Quando Mara fechou a porta, o mais silenciosamente possível, Benjamin acordou. Benjamin reparou que era Mara a chegar e rapidamente se levantou aproximando-se dela.

—Onde te meteste? – perguntou Benjamin preocupado. Aliás, muito preocupado. Ele passara a noite toda em branco por não saber onde estava Mara. Ela costumava avisar e desta vez não disse nada o que gerou esta preocupação toda.

—Fiquei em casa da Rose. – respondeu Mara. Ela sabia que tinha deixado Benjamin preocupado mas simplesmente esquecera-se de avisar quando vira o estado da amiga. 

Benjamin inquietou-se. Rose era irmã de Alexander, logo ele esteve toda a noite perto de Mara. Benjamin detestava ver Mara perto dele. Conhecia aquele estilo bad boy e riquinho e de todo gostaria de ver Mara a sofrer.

—Para a próxima avisa, por favor. – Mara ia responder mas Benjamin não deixou – Eu preocupo-me muito contigo e não saber onde estás faz-me entrar em desespero.

—Está bem papá. – brincou Mara – Para compensar, eu faço o pequeno-almoço.

Mara preparou o pequeno-almoço enquanto Benjamin se ia vestir. Pouco depois, já se encontravam os dois sentados a tomar o pequeno-almoço.

—Até me esqueci de perguntar. – começou Benjamin chamando a atenção de Mara – Passou-se alguma coisa com a Rose?

—Longa história. – respondeu Mara – Mas agora já está tudo bem. Finalmente está tudo a encaixar-se. – Nem tudo, pensou Benjamin. – Olha nem imaginas quem encontrei ontem. Tenta adivinhar.

Benjamin pensou e ninguém lhe ocorria. Aliás, ele pensou em uma possibilidade mas não queria de todo que fosse essa pessoa.

—Por favor diz-me que não encontraste o Richard. – disse Benjamin referindo-se ao ex-namorado de Mara.

—Não, claro que não. Como é que te lembraste dele? Eu já não falo com ele há mais de quatro anos. Nem sei o que é feito dele. – Mara não percebeu mas depois da sua afirmação, Benjamin relaxou. Ele não gostaria de ver Mara amiguinha de um ex-namorado seu. Não queria admitir mas achava que estava com ciúmes. Ele não percebia como tinha chegado àquele estado.

—Então vais dizer quem foi? – perguntou Benjamin. Reparou que Mara assumiu uma postura mais séria.

—Ivy…

Benjamin não sabia o que responder. Ele sabia o quanto a menção dela atingia Mara. Elas foram melhores amigas e essa amizade acabou por uma estupidez de Ivy. Ivy acusou Mara de esta se fazer ao seu então namorado, Scott. Claro que aquilo tudo era mentira. Mas Scott manipulava muito bem Ivy e depois de Mara o ter rejeitado, afinal ele era o namorado da sua melhor amiga, ele foi contar uma porrada de mentiras a Ivy, que acreditou. Benjamin já não ia muito com a cara de Ivy mas depois do que ela fez com Mara, simplesmente detestou-a.

—Onde?

—Ela estava na festa de aniversário do Anthony. Sinceramente não sei como é que ela foi lá parar. Ela estava com o Ezra quando me viu. Ela teve o descaramento de dizer que queria conversar comigo.

—E tu?

—Eu estava pouco me lixando para o que ela queria. Naquele momento, a minha prioridade era a Rose. Mas… - Mara travou. Sabia que o que diria a seguir não iria deixar Benjamin feliz – Eu disse que conversava com ela depois.

—Disseste o quê?

—Benjamin, eu sei que a tua antipatia por ela só cresceu ainda mais depois do que ela fez mas…

—Mas nada Mara. Ela humilhou-te frente à escola toda. – censurou Benjamin. Mara olhou para ele com cara de desgosto. Ela odiava quando ele falava naquele assunto. Aquilo era algo que ela queria, simplesmente, esquecer. – Como queres voltar a falar com ela?

—Chega Benjamin! Eu sou maior de idade e tenho poder sobre as minhas decisões. Se eu quiser falar com ela, eu falo.

—Então faz o que quiseres. – disse Benjamin levantando-se e pegando no seu casaco – Depois não digas que eu avisei.

Benjamin saiu, deixando Mara sem hipótese de resposta. Ela sabia muito bem a vergonha que a Ivy a tinha feito passar e o quanto a tinha feito sofrer. Ela não precisava que a ficassem lembrando disso a cada cinco minutos. Mas ao mesmo tempo, Mara lembrava-se de todos os anos de amizade delas. Ela nunca admitira para o Benjamin, mas ela sentia falta da Ivy. Afinal durante muitos anos, elas foram melhores amigas. Decidiu não pensar mais nisso. Quando voltasse a encontrar Ivy logo pensaria o que fazer.

—----//-----

Benjamin caminhava sem rumo. Ele odiava discutir com Mara mas por vezes parecia ser necessário. Ele não conseguia acreditar como é que Mara era tão madura e realista para umas coisas mas para outras parecia tão inocente. Ele não conseguia compreender como é que Mara colocava a hipótese de voltar a ser amiga de Ivy. Simplesmente não entendia.

Como se fosse obra do destino, Ivy passeava pela mesma zona que Benjamin. Quando Benjamin a viu, agiu totalmente por impulso. Dirigiu-se até ela e agarrou-a num braço para que ela o encarasse.

—Mas que…

—Nós os dois vamos ter uma conversa. – disse Benjamin irritado encarando Ivy que o encarava com um sorriso debochado.


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Notas finais do capítulo

Espero saber a vossa opinião sobre a história e o rumo dos personagens. Que acham deles?
Espero ver-vos nos comentários, ficaria muito feliz :)



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