A carta escrita por magalud


Capítulo 8
Vovozinha querida




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/631662/chapter/8

Aquela semana parecia não ter fim para Harry, apesar de todo o tempo que ele passara com Hermione e Rony. Eles ficaram muito espantados por Snape ter mãe, uma vez que ele nunca a mencionara. Hermione disse:

– Harry, dá para ver que você ficou feliz com isso.

– Eu jamais imaginei ter uma avó. Como é isso?

Ela disse:

– É muito bom.

Rony respondeu:

– É só um velho da família. Nada demais.

– Rony! – escandalizou-se Hermione – Harry está entusiasmado com a avó dele. Não deve falar assim.

– Hermione, a avó dele é mãe do Snape. O que você imagina que ela seja? Uma bruxa velha, ora! Provavelmente ela inspirou todas as bruxas más das histórias trouxas!

– Rony!

Harry disse:

– Ele pode ter razão, Hermione. Eu já pensei nisso.

A menina não se conformou:

– Mas você não disse que ela estava ansiosa para conhecê-lo? E que ela gostou da ideia de ter um neto?

Rony insistiu:

– Hermione, ela é uma Snape! Ela ensinou Snape a ser como é! Sabe, nojento, babacão e seboso!

– Acho que você está exagerando, Rony. Harry e seu pai estão se dando muito bem, dadas as circunstâncias. Não é verdade, Harry?

Harry teve que concordar:

– Melhor do que eu esperava. De vez em quando ele faz algumas coisas que eu não espero.

– Como assim?

– Tipo, deixar Sirius ser meu padrinho. Eu pensei que ele fosse me fazer afilhado de Lúcio Malfoy. Ele odeia tanto Sirius. Por que me deixou ser afilhado dele?

Hermione deu de ombros:

– Provavelmente há mais coisas a respeito de seu pai do que sabemos, Harry. Por isso você tem que passar mais tempo com ele e conhecê-lo bem. Eu tenho certeza de que há bastante espaço para vocês dois chegarem a um acordo satisfatório sem se esganarem.

– Antes eu tinha medo – confessou Harry – Como meu pai, ele podia me maltratar ainda mais do que como apenas aluno. Mas ele não tem feito isso.

Rony insistiu:

– Eu não acredito que Snape tenha virado bonzinho. Ele ainda faz Harry voltar para a masmorra logo depois do jantar. E proibiu Harry de fazer as coisas mais divertidas!

– Por causa da saúde dele, Rony. Sua mãe teria feito o mesmo se você tivesse passado o que o Harry passou.

Rony protestou:

– Não mesmo. Ela teria feito pior. Eu ia ter sorte de voltar a voar numa vassoura.

Harry pensou e achou que Rony estava certo. Pais, mães – todos eles eram muito estranhos.

Foi naquela noite, depois do jantar, que Snape entrou no quarto de Harry e disse:

– Madame Pomfrey acaba de me escrever dizendo que você está fora da zona de perigo. Você e seus amigos podem começar a se arriscar em vassouras e no lago quando quiserem.

– Que bom.

– Procure se conter. Madame Pomfrey está em Gales e não vai poder vir costurá-lo se algo lhe acontecer.

– Está bem.

Ele se virou para ir embora, mas disse:

– E vamos visitar sua avó assim que ela permitir.

Harry disse, todo animado:

– Ela me escreveu. Disse que está ansiosa para me conhecer assim que for possível.

– Então tenho certeza de que o encontro será em breve – disse Snape – Ela sempre cumpre o que promete.

Harry precisou ficar mais alguns dias na expectativa. Durante esse meio tempo, ele foi com Hermione e os Weasley até o Beco Diagonal para comprar os livros para seu último ano. Foi um dia agradável, que eles passaram com os Weasley, e mais tarde Harry voltou por flu até Hogwarts. Rony e Hermione foram passar o fim de semana com a família, e Harry iria passar com a sua.

Ele foi visitar vovó Snape.

Seu pai preferiu ir usando pó de flu, então Harry não pôde ver o lado de fora da mansão assim que chegou. Sacudindo as cinzas de sua capa, ele ajeitou o cabelo, quando Snape disse:

– Ela deverá chegar a qualquer momento. Lembre-se: viemos passar o fim de semana. Se ela falar em passar o resto das férias...

Foi interrompido por uma voz vinda do andar de cima:

– Severo, é você?

Snape ergueu a voz:

– Sim, mamãe. Já chegamos.

Harry nem conseguiu olhar direito a sala ricamente decorada de móveis de couro, tapeçarias e retratos que o olhavam curiosamente. Ele seguiu Snape, que foi até a escada. Então ele viu descendo, usando uma bengala, uma senhora um pouco mais velha do que a Profª McGonagall, com vestes bruxas e jóias, magra, os cabelos presos por um coque leve. Harry observou-a, o coração acelerado de ansiedade. Notou que, apesar de usar a bengala, ela se movia com agilidade, as mãos enrugadas segurando firmemente no apoio da escadaria de mármore.

– Oh, finalmente – ela disse, descendo os últimos degraus – Vocês chegaram. Bem-vindos.

Snape beijou-lhe a fronte:

– Como tem passado, mamãe?

– Longe do meu filho desnaturado que não vem me visitar.

– Aqui estou eu.

Os olhos pretos de Hisurta Snape se voltaram para Harry e ela abriu um sorriso:

– E você trouxe o meu neto. Eu esperava uma criança, mas é um homem. Vamos, rapazinho, cumprimente a sua avó.

Harry estendeu a mão, polidamente:

– Como vai a senhora?

– Muito melhor, agora que o vejo pessoalmente. Suas cartas me causaram uma ótima impressão. Vamos, vamos nos sentar. Onde estão suas malas?

Snape apressou-se em dizer, sentando-se numa poltrona:

– Viemos apenas passar o fim de semana, mamãe. Temos que estar de volta a Hogwarts na segunda-feira pela manhã.

– Mas o menino está de férias. Por que ele tem que voltar com você?

– Dificilmente está em férias – ressaltou Snape – Ele precisa da proteção de Hogwarts contra o Lord das Trevas.

Aquilo pareceu satisfazer a velha senhora, que disse:

– Entendo. Isso me cheira a alguma coisa de Dumbledore, aquele velho danado.

– Precisamente, mamãe.

– Mas deixe-me ver meu neto – ela se voltou para Harry – Harry Potter. Quando Severo me contou, eu tive dificuldade em acreditar.

Sem jeito, Harry sorriu:

– Eu... ainda estou me acostumando a isso também.

– Você tem sorte de ter chegado à família tardiamente. Se meu falecido marido estivesse vivo, ele teria simplesmente deserdado os dois – Severo e você.

Harry arregalou os olhos:

– Ele ouviu falar de mim?

Vovó Snape estreitou os olhos e disse:

– Acho que você o matou, rapaz.

Harry ficou apavorado e Snape disse:

– Mamãe, que exagero!

– Eu... eu....

Hisurta Snape colocou a mão no braço de Harry, sorrindo:

– Não precisa ficar terrificado, meu jovem. Eu quis apenas dizer que Solemnus era um grande partidário de Você-Sabe-Quem. Quando você o derrotou, foi um grande golpe para ele. Acho que ele jamais se recuperou. Acabou morrendo de desgosto. Por isso é que eu sou duplamente grata a você.

Harry arregalou os olhos: ele não estava entendendo direito aquela avó. Ela parecia ser meio maluca, mas Snape não tinha dado essa impressão. Ela deu um tapinha no braço dele, satisfeita:

– É, meu neto, você livrou o mundo de duas pestes.

– Mamãe, olha a linguagem – disse Snape.

– Estamos todos em família, Severo. Além disso, os retratos já sabem como eu penso. Quando seu pai era vivo, eu não podia falar o que pensava em voz alta. Mas mantive minha cabeça. Graças a ela, consegui sobreviver a seu pai. Mas chega de falar desses assuntos desagradáveis. Aposto como Harry vai querer conhecer a casa. Mostre a ele, Severo. Eu vou para o jardim da ala oeste, preciso olhar meus bulbos de tulipas.

– Sim, mamãe. Venha, Harry, vamos levar nossas coisas para cima.

Snape subiu as escadas e Harry viu dois corredores – obviamente um era da ala oeste e outro da ala leste. Snape o levou até seu quarto, no lado oeste da casa. Ele viu os móveis antigos, os grandes quadros e tapetes até chegar ao quarto e teve um choque. Ali dentro, havia uma cama de quatro postes, um pôster bruxo na parede dos Chudley Cannons e um quadro bruxo de um piquenique em família, provavelmente no século 18. Harry não pôde deixar de imaginar que aquele quarto tinha sido decorado especialmente para ele. Sorriu para Snape:

– Esse é o meu quarto?

– Se quiser – disse ele, observando os jogadores do Cannons se movimentando rapidamente no pôster – Tomei a liberdade de mandar trazer o pôster desse time de quadribol. É o seu preferido, não é?

– Como sabia?

– Eu presto atenção aos detalhes, Harry. Essa é uma das qualidades dos sonserinos. Bem, pronto para a grande tour pela sua nova casa?

Harry sentiu o estômago afundar. Sim, aquela casa era dele também, e ele não tinha percebido isso. Ele ainda teria que pensar muito até aceitar totalmente as implicações de ter uma nova família.

– Harry?

Dando-se conta de que tinha ficado parado, Harry logo se corrigiu:

– Sim, sim, claro.

Snape começou a mostrar os quartos do andar de cima, e em pouco tempo Harry ficou com medo de se perder dentro da casa. Embaixo, a coisa parecia um pouco mais clara, com o salão de jantar, a sala de estar, a sala de estar íntima, a biblioteca, o estúdio, o escritório da vovó e os jardins. Eles foram encontrar vovó Snape no jardim, cuja varinha em riste revestia com gelo um canteiro onde a terra estava revolvida.

– Os bulbos precisam de temperatura fria, e esse verão pode acabar com eles – explicou ela, recolhendo sua varinha e andando pelas demais áreas – Você gosta de plantas, Harry?

– Eu estudo Herbologia.

– São uma grande terapia. Aprende-se muito cuidando de plantas. Falando nisso, Severo, eu pedi que Twinky colhesse suas ervas e deixasse no seu laboratório, caso você fosse precisar levar alguma coisa para Hogwarts.

Snape disse:

– Estão colhidas?

– Foram retiradas essa manhã. Eu sei que você gosta delas bem frescas.

Ele disse:

– Preciso começar a processá-las imediatamente, ou elas perderão suas propriedades mágicas.

Hisurta sorriu, os olhos negros faiscando:

– Então vá para o porão, meu filho. Eu e Harry estaremos bem.

Snape soube naquele instante e Harry desconfiou que vovó Snape tinha armado para os dois ficarem sozinhos. Com as capas esvoaçando dramaticamente, Snape entrou para tratar de suas preciosas ervas.

– Ah, ele é tão previsível... Mas agora estamos mais à vontade, não é, Harry?

– Sim, senhora. Er... Como quer que eu a chame? Madame Snape, Vovó Snape... Sra. Hisurta?

Vovó Snape riu-se:

– Se quiser me chamar de vovó, está tudo bem, Harry. Eu acho que estou acostumada à ideia. Mas só que você é um homem feito, não um netinho para eu contar historinhas! Mas eu quero saber de tudo, hein?

– Tudo?

– Caso você arrume uma namorada e pretenda me dar bisnetos, eu tenho que ser avisada com antecedência. É preciso um preparo psicológico para certas coisas.

– Oh – disse Harry – Está bem.

– Espero que nós sejamos muito unidos. Nossa família não é muito grande, então é importante que fiquemos juntos. Severo mantém distância por medo que eu entre na luta contra Você-Sabe-Quem. Você sabe que seu pai tem um trabalho muito importante nessa luta, não sabe?

– Sei. Mas isso não deveria ser secreto?

– Exato. Para todos os propósitos práticos, Severo e eu não nos falamos desde que ele se juntou aos Comensais da Morte. O que não está longe da verdade. Só recentemente eu vim a saber que ele realmente está do outro lado. Eu fiz de tudo para ele não se juntar a eles, mas Solemnus foi peremptório. Foram dias muito difíceis até seu pai finalmente concordar em se unir a Você-Sabe-Quem. Solemnus o coagiu de todas as maneiras possíveis. Seu avô era um homem terrível, Harry. Eu sempre tentei criar Severo com carinho, mas seu avô me tolhia as ações. Seu pai praticamente não teve infância, e foi forçado a aprender todas aquelas mágicas das trevas. Ele também me tratava muito mal. No dia em que Severo se juntou aos Comensais, ele me prendeu no quarto, e lá me deixou três dias, com ordem para os criados apenas me levarem comida. Ele temia que eu convencesse Severo a desistir. Eu quase consegui, mas no fim as ameaças dele prevaleceram.

Harry disse:

– Foi isso que o separou de minha mãe.

Vovó Snape pôs-se a caminhar pelos canteiros floridos, dizendo:

– Eu não sei muito sobre sua mãe, só o que apareceu nos jornais da época de sua morte. Eu jamais soube que Severo sequer teve uma namorada. O que você sabe sobre ela?

– Ela nasceu numa família de trouxas. Eu vivia com a irmã dela, que tem pavor de bruxos.

– Severo me contou o que aconteceu com você na semana passada – o rosto dela adquiriu uma afabilidade forçada - Depois deixe o endereço deles, para eu dar uma visitinha, quem sabe agradecer por terem cuidado de você esses anos todos.

Harry sentiu que esse não era o verdadeiro objetivo da visita. Ele também sentiu que Vovó Snape não era uma pessoa para ser subestimada.

– Isso não vai ser necessário, obrigado.

– Mas acho que isso é necessário. Afinal de contas, se sua mãe tivesse procurado Severo quando estava grávida, seu avô teria expulsado vocês três – se não fizesse coisa pior. Seu pai me disse que você é um grifinório legítimo, e ela também era.

– É verdade.

– Bom, eu mesma era de Corvinal. Mas isso faz muito tempo, você não vai querer saber de histórias antigas.

Harry ficou espantado:

– Eu pensei que a senhora fosse Sonserina.

– Eu? Como você acha que mantive minha cabeça durante todos esses anos, hein?Ah, mas é claro que fui pegando uma coisinha ou outra dos sonserinos. Severo teria se dado bem em Corvinal. Ele é muito inteligente, sempre foi, desde pequeno. Mas até que foi bom. Solemnus teria tido uma síncope se ele não tivesse entrado em Sonserina.

– Como a senhora foi se casar com ele, se ele era um homem tão terrível?

Ela se riu:

– Ah, vocês jovens às vezes se esquecem dos costumes antigos. Foi um casamento arranjado. Sabia que a família Snape não produz mulheres há cinco gerações? Você mesmo é prova da tradição. Nem sempre bruxas de sangue puro estão disponíveis para casar com os Snape homens, então era costume fazer arranjos com outras famílias de não tão alta estirpe, como a minha. Sou filha de bruxo com uma trouxa. Meu pai se esforçou muito pelo meu casamento. Eu não queria casar com Solemnus de jeito nenhum, mas minha família queria muito por causa do prestígio dos Snape – eu soube mais tarde que houve troca de ouro envolvida na transação. De qualquer modo, isso pertence ao passado. Eu sobrevivi ao casamento e hoje posso me dar ao luxo de fazer o que eu quiser por minha família. E isso inclui você, Harry.

– A senhora preferiria um neto mais criança? Ou um não tão famoso?

Ela o olhou seriamente e disse:

– Harry, eu estou lhe dando as boas-vindas à família. Não importa se você tem essa cicatriz na testa ou não. Para mim, você é filho do meu filho, só isso. Espero deixar isso bem claro. Sou uma mulher idosa, tenho as minhas manias, e uma delas é tratar as pessoas pelo que elas são. Sei que você optou por não mudar seu nome para Snape, e não posso culpá-lo por não querer o nome: a família está cheia de bruxos das trevas. Mas você é um Snape e vai ser reconhecido como um, tanto quanto eu sou uma Snape.

– Obrigado. Às vezes é difícil fazer as pessoas olharem além da cicatriz.

– Não precisa se preocupar que não vou exibi-lo por aí para as demais famílias bruxas. Na minha idade, eu não frequento mais a sociedade. De vez em quando alguém vem me visitar para ver se ainda estou viva. Mas isso não é nem uma vez por mês.

– Então a senhora vive sozinha?

– E estou muito bem assim. Os criados me ajudam com a casa, e eu cuido dos negócios. Talvez eu possa interessá-lo nos negócios da família, Harry. Afinal, um dia isso tudo vai ser seu. O que você pretende fazer quando deixar Hogwarts?

– Eu quero cursar o treinamento para auror.

– Ah, mas meu neto tem mania de herói! – Harry ficou vermelho – Eu disse isso no bom sentido, Harry. Não quero constrangê-lo. Você deve fazer de sua vida o que achar melhor.

Ela se sentou numa varanda de frente para os jardins. Harry se sentou na cadeira ao lado.

– Aqui é bonito. Não imaginei que fosse tão bonito.

– Fico feliz que goste. Severo me contou que você é ofidioglota. É uma habilidade rara. Gostaria de ter uma cobra como bicho de estimação?

Harry disse:

– Eu tenho um bicho de estimação. É uma coruja chamada Edwiges. Ela não ia se dar bem com a cobra.

– Oh, não, claro que não. Bem, foi uma ideia. Eu gostaria de lhe dar um presente. Soube que seu aniversário foi há pouco tempo.

– Não precisa não, vovó. Eu já recebi um monte de presentes nas últimas semanas.

– Você é um bom menino, Harry. Vou gostar de tê-lo como meu neto. Diga-me: você é bom na escola? Gosta de Poções?

Harry deu de ombros:

– Eu não tenho talento para Poções. O Prof. Snape sempre me deixou em detenção por causa disso.

– Severo lhe deu detenção uma vez?

– Não, na verdade foi bem mais de uma vez.

– E você lhe deu motivo?

– Bem, nem sempre. Ele não gostava muito de mim, por causa de meu... er... quero dizer, por causa de Tiago Potter.

Vovó Snape parecia cada vez mais espantada:

– Então ele era injusto com você?

Harry tentou consertar:

– Mas isso foi antes! Agora ele não é mais assim.

– Oh, meu pobre rapaz – disse a avó – Severo puxou um pouco do temperamento do pai. Ele é teimoso quando quer. Espero que as coisas entre vocês tenham melhorado.

– Muito – garantiu Harry apressadamente – Muito mesmo.

– Tenho certeza de que isso vocês poderão resolver com o tempo. Mas todo esse negócio de segredo... Isso pode ser muito ruim. Quando se guarda um segredo, muita coisa pode se imiscuir em torno dele. Não, um segredo sempre arrasta consigo um bando de outras consequências.

– Mas a senhora guarda um segredo. A senhora sabe das atividades dele junto aos Comensais.

– E não é um segredo fácil de guardar, tanto é que nós nos falamos muito pouco, meu filho e eu. Espero que com você as coisas sejam diferentes, Harry. Mas Severo mudou totalmente desde que entrou em contato com Você-Sabe-Quem. Primeiro, ele resistiu. Ah, sim, ele resistiu a Solemnus, mas ele era um homem terrível.

– Mamãe disse que ele estava sob muita pressão. Ela lutava contra Vol- contra Você-Sabe-Quem.

A velha se espantou:

– Você pronuncia o nome dele?

– Sim. Medo do nome só aumento o medo da coisa em si.

Ela deu uma risadinha:

– Está aí alguma coisa que Dumbledore diria. Mas eu não pronuncio o nome dele. Eu o odeio com todas as minhas forças. Esse desgraçado foi o motivo de Severo ter se tornado uma pessoa difícil. Ele não queria se tornar um Comensal, mas o pai tanto o pressionou que o fez se unir àquele homem horrível. Severo o desafiou abertamente. Mas eu jamais soube o que o fez desistir. Quase morri de desgosto. Fiquei sem falar com ele. Até que um dia eu descobri por acaso que ele era um espião. Mas nossa relação já estava desgastada.

– Eu sinto muito.

– Oh, que amor. Hoje voltamos a nos falar, mas é muito raro. Ele não me visita há dois anos. Se não fosse você, acho que ele não teria vindo.

Num impulso, Harry levou a mão à testa, pois sua cicatriz começou a arder. Mas era diferente de antes. Parecia que havia uma dupla ardência.

– O que foi, Harry?

– Nada – mentiu ele – A cicatriz às vezes arde.

A esperta Vovó Snape sentiu que havia algo mais ali, mas resolveu não insistir. Ela começou a falar que o almoço seria servido logo, mas Snape voltou do laboratório, segurando o braço e disse:

– Surgiu um imprevisto. Precisarei sair e não sei quando voltarei.

Harry arregalou os olhos, pois ele sabia qual era o imprevisto: um chamado de Voldemort. Ele convocara seus Comensais através da Marca Negra, por isso Snape segurava o braço.

Vovó Snape indagou:

– Tem certeza que não pode adiar? Eu esperava um almoço em família.

– Lamento, mamãe, mas não posso adiar.

– Está bem, meu filho. Tenha cuidado.

Snape se virou para Harry:

– Faça companhia à sua avó e não a aborreça.

Harry entendeu aquilo como sendo um aviso para não contar que ele sabia aonde Snape estava indo. Harry assentiu e o Mestre de Poções virou-se indo para a sala, de onde Aparatou sem demora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A carta" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.